A FTT vem fazendo um trabalho muito legal de restaurar a historia
daqueles que fizeram o espetaculo dentro de campo, os jogadores. As
entrevistas realizadas tanto em Minas pelo Bruno como em São Paulo com o
Mauricio Sabará tem acontecido em um clima descontraido e onde são
reveladas varias noticias que muitos de nós não conheciamos.
Os frutos deste trabalho é que os entrevistados parecem ter gostado do formato das entrevistas e tem facilitado inclusive o contato com outros atletas. Foi desta forma que Marquinhos passou o telefone para um contato com o Paulo Roberto que jogou com ele no Atletico. Foi feito apenas um telefonema e tudo acertado para mais uma entrevista que voces acompanham a seguir.
1)FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Você começou nas categorias de base do Internacional. Em que ano você subiu para o profissional e quem foi o tecnico que te lançou?
PAULO ROBERTO - Foi em 83 e quem me lançou foi o Ernesto Guedes .
2)FTT - Teve mais algum junior que subiu com você desta turma?
PAULO ROBERTO - Foi uma leva muito boa. Subiu o Luiz Carlos Winck, Tato meu irmão, Jandir, Aloísio, Renê e o Dunga.
Time de juniores do Inter em 1983: Paulo Roberto, Chico, Benê, Aloisio, Jandir e Pedro Paulo.
Agachados: Dunga, Nilson, Otavio, Renê e Tato.
3) FTT - Dunga já era um lider neste time ou esta liderança veio com o tempo?
PAULO ROBERTO - Não ele adquiriu com o tempo. O que ele sempre teve foi uma personalidade muito forte. Eu já estava no Inter quando ele chegou e agente via seu modo de ser. Ele logo se enturmou e foi um dos lideres junto com a gente.
Paulo Roberto com a camisa do Inter de 1998 e Bruno.
4) FTT -Você trabalhou com o Dino Sani. Era um bom treinador?
PAULO ROBERTO - Ele me deu chance, oportunidade no time titular mas infelizmente quando eu comecei a me firmar tive uma seria contusão no joelho e fiquei 4 meses fora, em tratamento. Neste meio tempo o Inter contratou outro lateral esquerdo e eu acabei sendo emprestado ao Botafogo do Rio.
PAULO ROBERTO NO BOTAFOGO
5) FTT - 3) Do Inter você foi para o Botafogo. Era o ano de 84 e o treinador era o Didi. Você acha que ele foi tão bom tecnico como jogador?
PAULO ROBERTO - O Didi era um “gentleman” . Ele era tão educado que nem gritava com o jogador. Faltava um pouquinho disto nele como treinador. Taticamente e tecnicamente ele era um treinador bom. Posicionava bem a equipe, tinha bons treinamentos. Mas ele era um técnico muito calado, extremamente educado , ainda mais se tratando do Rio de Janeiro. O Botafogo tinha jogadores que não eram fáceis (risadas gerais)
5)FTT - Quem eram os destaques deste time ?
PAULO ROBERTO - A maior estrela do Botafogo sem duvida era o Alemão. Ele foi inclusive convocado para a Copa de 86. Tinha ainda o Josimar, o Abel Braga, Paulo Sergio goleiro, Cláudio Adão, Berg.
6)FTT - Você chegou a jogar algum clássico contra o seu irmão, o Tato do Fluminense?
PAULO ROBERTO - Teve um clássico que jogamos contra o Fluminense mas o Tato não jogou. Eu só vim jogar contra o Tato quando vim para o Atlético num clássico contra o Flu. Aliás eu fiquei no Botafogo apenas seis meses desta primeira vez.
PAULO ROBERTO VAI PARA O PALMEIRAS
6) FTT - Do Botafogo para o Palmeiras. O Verdão atravessava uma entresafra de titulos desde 76. A torcida cobrava muito?
PAULO ROBERTO - Era um ambiente muito carregado.Tinha um pessoal que pegava muito pesado. O Parque Antarctica então tinha o campo muito perto. A pressão era muito grande e você não podia errar uma virgula.
Acabava que o pessoal mudava o plantel todo ano. Eram 30 jogadores chegando e saindo.
7) FTT - Leão fazia parte deste grupo e ele estava com 35 anos já se preparando para encerrar a carreira. Como era jogar ao lado de Leão?
PAULO ROBERTO - O Leão era outro cara de personalidade forte. Era acima do normal. Uma certa soberba e era um cara muito difícil. Não era fácil o homem não.
8) FTT - Mario Sergio tambem era deste grupo. Ele não batia de frente com Leão?
PAULO ROBERTO - Nossa, os dois batiam de frente toda hora. Mas o Leão batia de frente com todo mundo. Se algum jogador estivesse causando alguma situação que não fosse o que ele estava esperando, ele chegava e não tinha meias palavras não. Soltava o verbo mesmo.
Dentro do campo ele também não era fácil. Era muito difícil de jogar com ele. Eu então que jogava ali atrás , na parte defensiva tinha de agüentar muita coisa.
9) FTT - E o Mario Sergio , era um belo jogador ,
PAULO ROBERTO - Ahh sim. Mario Sergio era muito técnico, jogava muito. Pena que ele não tinha muito condicionamento físico mas com a bola no pé era extraordinário.
10) FTT - Com quem mais você jogou no Palmeiras?
PAULO ROBERTO - Tinha o Jorginho, Carlos Alberto Borges....quando eu cheguei tinha ainda o Luis Pereira e o Wagner Bacharel. Depois o Luis foi embora mas o Wagner continuou. Tinha o Diogo , lateral da seleção do Uruguai.o Luisinho que foi centro avante no América, tinha o Rocha também.
11) FTT - Você ficou quanto tempo no Palmeiras?
PAULO ROBERTO - Um ano e meio. Eu cheguei no meio de 84 e fiquei 85 inteiro.
Palmeiras 1985: Leão, Rocha, Nenê, Maxwell, Wagner Bacharel e Paulo Roberto;
Agachados: Barbosa, Mendonça, Helio, Jorginho e Mario Sergio
O SUCESSO NO ATLETICO
12)FTT - E então surgiu o interesse do Atlético?
PAULO ROBERTO - É, na verdade eu vim fazer um jogo aqui no Mineirão com o Palmeiras . O Atlético tinha uma ala muito forte pela direita com Nelinho e Sergio Araújo e ainda o Catatau na reserva. E neste jogo eu me saí muito bem, Marquei o Sergio Araújo em cima, depois entrou o Catatau e eu também consgui neutralizar e tive forças ainda para apoiar o ataque.
Foi então que o Atlético resolveu me contratar.
13) FTT - Você estreou no Atletico em 1986. De cara um timaço com Luisinho, Elzo, Zenon, Paulo Isidoro, Renato, Nunes e Sergio Araujo. Este foi melhor time que você jogou ou teve algum melhor?
PAULO ROBERTO - Tecnicamente sim, foi um time muito superior e era para ter ganho muito mais coisa do que ganhou. Perdemos na semifinal para o Guarani por detalhes . Na verdade, o que pesou um pouco também, foi que o time estava entrosado, tinha ganho o mineiro com o Nunes fazendo mais de 25 gols. Só que o campeonato brasileiro de 86 só foi decidido em fevereiro de 87 e aí já não tínhamos mais o Nunes que havia ido embora. O time sentiu sua ausência e perdemos aquele ritmo em que a equipe estava e acabamos perdendo para o Guarani.
Era um time muito tecnico.
Porem alem de 86 teve o time de 87 que era muito forte também.
Atletico Bi campeão mineiro 88/89: Romulo, Luisinho, Batista, Zanata, Paulo Roberto, Eder Lopes. Agachados: Robertinho, Marquinhos, Gerson, Renato e Ailton
14) FTT - 1987. Um time que você apontou como forte, fez uma campanha maravilhosa no brasileiro e na final um velho rival:o Flamengo. Conte um pouco sobre estes dois jogos e sobre a sua expulsão na segunda partida.
PAULO ROBERTO - A gente sabía que o Flamengo tinha uma equipe muito forte com jogadores como Zico, Leandro, Jorginho, Andrade, Leonardo começando, Zinho, Bebeto e Renato Gaúcho. Era uma equipe fortíssima. Era a seleção brasileira. Veja só os jogadores que eles tinham.
E o Atlético sabía disto. Poderia ter jogado o ultimo jogo, um resultado que tiraria o Flamengo (vitória sobre o Palmeiras 1x0) . Porem o Telê naquela sua linha de conduta nem pensava nisto. Se fosse hoje onde os treinadores jogam muito com a atbela na mão sería diferente.
Infelizmente pegamos o Flamengo no Maracanã com um publico de mais de 120 mil pagantes, mas mesmo assim jogamos mutio bem. O Marquinhos perdeu uma grande oportunidade, o Sergio Araújo outra. Enfim jogamos muito bem e levamos um gol do Bebeto onde ele errou o chute, a bola picou e encobriu o João Leite.
E então viemos para o segundo jogo no Mineirão mas com 20 minutos de partida já estávamos perdendo por 2x0. No final do primeiro tempo dei um carrinho no Zico em que eu não o acertei (risadas) pois recebi uma foto de um torcedor mostrando o lance, com meu pé longe do corpo do Zico. O juiz veio e me deu vermelho direto. Tudo bem que foi um carrinho que hoje é banido mas na época foi muito rigoroso.
Nossa equipe ainda teve forças para empatar, quase conseguimos virar, mas o Flamengo era uma equipe muito forte. Possuía jogadores que individualmente resolviam sozinhos e nossa equipe já era o contrario, era um time coletivo.
PAULO ROBERTO - Foram dois jogos duríssimos. O Olímpia tinha um grande time com jogadores como Goycochea, Sanabria, Nunez e Amarilla. O time tinha uma força muito grande. O primeiro jogo nós ganhamos de 2x0 mas não espelhou o que foi o jogo. Demos muita sorte no jogo do Mineirão .
Já com este placar fomos um pouco mais confiantes para o Paraguai. Só que quano chegamos lá, colocaram o nosso jogo para o estádio do Olímpia, com dimensões bem menores. Foi uma pressão terrível. Não conseguíamos nem bater lateral direito. Acabamos consegundo segurar o placar até os 46 do segundo tempo quando eles fizeram seu gol. Enfim fomos campeões.
Porem para te falar a verdade para mim pegar a taça, eu fiquei com medo.(risadas gerais)....sério!
Porque a taça ficava lá no meio da torcida. Você tinha de subir sem segurança nenhuma e eu como capitão tinha de ir receber . Olha, para mi erguer esta taça, o que eu recebi de “cusparada”, de xingamento não foi brincadeira. Mas como capitão eu tive de ir e fui com o maior prazer.
Paulo Roberto divide com raça . O jogo contra o Olimpia foi uma guerra, no Mineirão e principalmente no Paraguai.
A taça Conmebol que o capitão foi buscar no meio da torcida paraguaia.
17) FTT - O Futebol está no sangue da sua família. Seu pai o Luis Carlos foi zagueiro do Inter em qual época?
PAULO ROBERTO - Meu pai jogou no Internacional de 63 a 69 e depois se não me engano jogou no Fluminense e no Santos.
Então seu pai jogou com o Pontes?
Jogou com o Pontes , com o Scala, Sadi, o Bráulio.
18) FTT - Tal pai tal filho? Você e o Tato então resolveram seguir os passos do pai.
PAULO ROBERTO - Pois é , e o gozado é que quando eu cheguei no Internacional eu jogava de ponta esquerda. O Tato chegou então e eu pensei como iria ser. Disputar a posição? Ir jogar no meio? Resolvi então ser lateral esquerdo. Passamos então a fazer a ala esquerda do Inter.
E o interessante é que no Grenal travávamos um grande duelo contra o Paulo Roberto e o Renato gaúcho pela direita.
FTT - Isto nos juniores?
PAULO ROBERTO - É nos juniores. Os dois de um lado e eu e o Tato do outro. O bicho pegava (risada)
19) FTT - Fora de campo vocês eram amigos ?
PAULO ROBERTO - Não, nesta época jogadores de Inter e Grêmio não eram amigos. Não sei como está hoje mas acho que melhorou muito. Me lembro que em 97 voltei a jogar no Inter e senti que as coisas haviam melhorado um pouco, até mesmo porque hoje as comunicações ficaram mais fáceis, a mídia acompanha o dia a dia mais de perto. Não tem mais aquilo do jogador ficar 10 anos no clube. Hoje o circulo é grande. Cad dia está num time e acaba quebrando estas barreiras.
Paulo Roberto e Ricardo Rocha antes de um confronto em 1994.
A Selegalo de 1984 : Paulo Cesar Borges, Adilson, Kanapis, Valdir, Luis Carlos Winck e Paulo Roberto.
Agachados: Renato Gaucho, Darci, Carlos ,Gaucho e Neto.
20) FTT - E hoje você tem um filho que também joga futebol?
PAULO ROBERTO - Tenho. O Paulo Roberto Junior tem contrato com o Atlético. Ele esteve emprestado ao Tupi, fez um belo campeonato mineiro e fez inclusive um gol contra o Cruzeiro mas o juiz anulou. No final o Tupi acabou vencendo por 2x0.
21) FTT - Cite dois ou três pontas que te davam trabalho.
PAULO ROBERTO - O próprio Renato Gaúcho tinha muita força, muita explosão e técnica também. Ele caía pro meio e dava trabalho. Teve o Carlinhos Sabiá que foi um ponta muito técnico e que sabía cruzar muio bem. O Robson também quando eu cheguei no Atlético ele era titular do Cruzeiro. Na verdade eu peguei uma transição do futebol brasileiro da década de 80 para 90 quando começaram a acabar com os pontas.
FTT - E o Mario Tilico? Você jogou contra ele nos clássicos contra o Cruzeiro.
PAULO ROBERTO - Sim, o Mario Tilico joguei contra ele. Tinha suas qualidades mas era mais um ponta veloz. Corria muito. E eu tinha mais dificuldades em marcar pontas habilidosos do que os que corriam muito. O técnico você nunca sabe pra que lado ele vai sair. Já o ponta rápido ele só tem aquela jogada de linha de fundo e então você conversa antes do jogo com seu zagueiro, acerta a cobertura e tudo fica mais fácil.
22) FTT - Você jogou ao lado de grandes jogadores pelos times que passou. Quais seriam os melhores com quem você jogou?
PAULO ROBERTO - Teve dois que peguei em final de carreira mas que foram geniais assim mesmo. O Reinaldo, Nelinho, o Eder, e o Joãozinho ponta esquerda.
23) FTT – Mas o Joãozinho no Palmeiras conseguiu ser aquele do Cruzeiro, pois não temos nada na internet, nem fotos e muito menos vídeos?
PAULO ROBERTO - Ele foi sim. Talvez não igual no Cruzeiro mas me lembro de um gol que o Joãozinho fez no Rodolfo Rodriguez no Pacaembu que foi fantástico. Ele deu uma arrancada do meio campo driblando, e Joãozinho era daqueles jogadores que você não sabe se vai sair pra equerda, pra direita e quando ele chegou na frente do Rodolfo Rodriguez com seus 2 metros de altura, ele com sua perna esquerda deu uma pedalada sobre a bola e com a direita encobriu o Rodolfo fazendo um golaço. O Pacaembu quase veio abaixo. Acabamios ganhando o jogo por 1x0. Uma curiosidade do Joãozinho é que acabava o treinamento, o Joãozinho pegava um menino dos juniores e ficava driblando uma hora sem parar. O menino saia até zonzo de lá. . Aí ele dava 10 reais, 20 reais pro menino, mas o menino não queria voltar nunca mais (muitas risadas). Poxa, Joãozinho eu sei de muitas historias dele. Joãozinho era Joãozinho. E eu te falo porque ele morou comigo lá em São Paulo . Ele chegou, não tinha ainda onde morar, ficou no meu apartamento e acabou ficando. E ele tinha uma coisa interessante. Se chegasse no dia do jogo e ele estivesse 500 ou 50 gramas mais gordo, ele ia pra sauna antes e perdia o que tinha de perder pra entrar bem no jogo. Isto fazia bem pro lado pscicologico dele. Era uma figuraça.
24) FTT - E jogadores que você enfrentou?
PAULO ROBERTO - Teve os dois Carecas, tanto o do Cruzeiro mas principalmente o do São Paulo que era muito bom. O Pita, um cracaço de bola, o Zico que dispensa comentarios.
25)FTT - O que a torcida do Atlético representa pra você?
PAULO ROBERTO - Poxa, eu ganhei 5 ou 6 titulos no Atletico, mais uma Conmebol, um Ramon de Carranza na Espanha .
FTT - Gol do Marquinhos......
PAULO ROBERTO - É , exatamente gol do Marquinhos na vitória por 1x0 sobre o Santos na final.
Enfim, eu tenho um grande reconhecimento na rua, hoje em dia, defendo o Atlético na mídia (Paulo Roberto é colunista em um jornal de BH e em programa espotivo da TV ). Sou um jogador em que o torcedor vê que tive identificação com o clube e não digo isto apenas porque fiz mais de 500 jogos mas sim porque vestia a camisa de verdade. Tenho o maior carinho com esta torcida, com Belo Horizonte e Minas Gerais. Constituí família aqui e sou um autentico atleticano.
26) FTT - Você tem alguma frustração na sua carreira ou se sente feliz com o que conquistou?
PAULO ROBERTO - Tenho frustração sim. Poxa joguei dez anos no Atlético e minha frustração foi não ser campeão brasileiro. Se eu não me engano, de dez anos no Galo chegamos em pelo menos 7 semifinais.
Quase todos os anos nós chegamos exceto 93 que acho foi o pior ano do Atlético. Fomos muito mal . Neste ano o time se desfez dos jogadores e trouxe um monte de jogadores desconhecidos e aí acabou sendo muito ruim. Mas fora este todos os outros anos chegamos muito bem e muito perto do titulo. Por isto minha frustração. A de 87 então , foi de doer. Aí a gente fica uma semana com isto na cabeça sem conseguir dormir. Até hoje eu sonho com isto você acredita? Meu pai também fala isto. Ele hoje está com 71 anos e fala que vira e mexe lembra de partidas assim. Me fala: “Paulo, eu sonho que estou entrando em campo..outras vezes me lembro de situações de vestiário, você conversando com o companheiro. Acontece direto.”
Eu se disser que tenho 12 anos que parei e que sempre sonho ainda com partidas as pessoas não acreditam. Parece que eu estou jogando ainda.
27) FTT - Você acha que por causa destas inúmeras semifinais perdidas, aliadas a uma grande década do rival Cruzeiro que ganhou inúmeros títulos nos anos 90, a torcida do Atlético hoje tem pressionado demais o time?
PAULO ROBERTO - Sem duvida. Eu acho que o jogador que hoje vem jogar no Atlético, tem de estar preparado. Bem fisicamente e tecnicamente pra corresponder. O Atlético ainda tem este estigma de ser um time azarado, acaba que não consegue se sobressair Agora se você pegar os jogadores de hoje em dia eu também não consigo entender. O que falta pra acertar?
Veja que na minha época o que mais me causava incomodo eram os salários atrasados. Ficávamos três meses sem receber. Varias vezes eu e o Taffarel juntamos dinheiro pra comprar cesta básica pra funcionário, pra faxineira, pra roupeiro, Hoje eles tem tudo do bom e do melhor. Centro de Treinamento modelo, comissão técnica de primeira, pagamentos em dia. Então a estrutura hoje para o jogador profissional é muito maior. Eu falo de tudo: do salário melhor, da alimentação que recebem do clube, vitaminas , enfim é um trabalho personalizado, pra cada jogador. Cada um tem sua carga bem dimensionada. Incrível, eu não sei o que acontece com o Atlético.
Dizem né,que na briga do Kalil com o Nélio Brant onde ele pintou o manto da santa (na sede do Galo tem uma imagem de Nossa Senhora) tirando o azul e pintando de preto é que tem dado azar .
FTT – Sobrou pra santa?
PAULO ROBERTO – É sobrou pra santa (muitas risadas), coitada!
Os frutos deste trabalho é que os entrevistados parecem ter gostado do formato das entrevistas e tem facilitado inclusive o contato com outros atletas. Foi desta forma que Marquinhos passou o telefone para um contato com o Paulo Roberto que jogou com ele no Atletico. Foi feito apenas um telefonema e tudo acertado para mais uma entrevista que voces acompanham a seguir.
1)FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Você começou nas categorias de base do Internacional. Em que ano você subiu para o profissional e quem foi o tecnico que te lançou?
PAULO ROBERTO - Foi em 83 e quem me lançou foi o Ernesto Guedes .
2)FTT - Teve mais algum junior que subiu com você desta turma?
PAULO ROBERTO - Foi uma leva muito boa. Subiu o Luiz Carlos Winck, Tato meu irmão, Jandir, Aloísio, Renê e o Dunga.
Time de juniores do Inter em 1983: Paulo Roberto, Chico, Benê, Aloisio, Jandir e Pedro Paulo.
Agachados: Dunga, Nilson, Otavio, Renê e Tato.
3) FTT - Dunga já era um lider neste time ou esta liderança veio com o tempo?
PAULO ROBERTO - Não ele adquiriu com o tempo. O que ele sempre teve foi uma personalidade muito forte. Eu já estava no Inter quando ele chegou e agente via seu modo de ser. Ele logo se enturmou e foi um dos lideres junto com a gente.
Paulo Roberto com a camisa do Inter de 1998 e Bruno.
4) FTT -Você trabalhou com o Dino Sani. Era um bom treinador?
PAULO ROBERTO - Ele me deu chance, oportunidade no time titular mas infelizmente quando eu comecei a me firmar tive uma seria contusão no joelho e fiquei 4 meses fora, em tratamento. Neste meio tempo o Inter contratou outro lateral esquerdo e eu acabei sendo emprestado ao Botafogo do Rio.
PAULO ROBERTO NO BOTAFOGO
5) FTT - 3) Do Inter você foi para o Botafogo. Era o ano de 84 e o treinador era o Didi. Você acha que ele foi tão bom tecnico como jogador?
PAULO ROBERTO - O Didi era um “gentleman” . Ele era tão educado que nem gritava com o jogador. Faltava um pouquinho disto nele como treinador. Taticamente e tecnicamente ele era um treinador bom. Posicionava bem a equipe, tinha bons treinamentos. Mas ele era um técnico muito calado, extremamente educado , ainda mais se tratando do Rio de Janeiro. O Botafogo tinha jogadores que não eram fáceis (risadas gerais)
5)FTT - Quem eram os destaques deste time ?
PAULO ROBERTO - A maior estrela do Botafogo sem duvida era o Alemão. Ele foi inclusive convocado para a Copa de 86. Tinha ainda o Josimar, o Abel Braga, Paulo Sergio goleiro, Cláudio Adão, Berg.
6)FTT - Você chegou a jogar algum clássico contra o seu irmão, o Tato do Fluminense?
PAULO ROBERTO - Teve um clássico que jogamos contra o Fluminense mas o Tato não jogou. Eu só vim jogar contra o Tato quando vim para o Atlético num clássico contra o Flu. Aliás eu fiquei no Botafogo apenas seis meses desta primeira vez.
PAULO ROBERTO VAI PARA O PALMEIRAS
6) FTT - Do Botafogo para o Palmeiras. O Verdão atravessava uma entresafra de titulos desde 76. A torcida cobrava muito?
PAULO ROBERTO - Era um ambiente muito carregado.Tinha um pessoal que pegava muito pesado. O Parque Antarctica então tinha o campo muito perto. A pressão era muito grande e você não podia errar uma virgula.
Acabava que o pessoal mudava o plantel todo ano. Eram 30 jogadores chegando e saindo.
7) FTT - Leão fazia parte deste grupo e ele estava com 35 anos já se preparando para encerrar a carreira. Como era jogar ao lado de Leão?
PAULO ROBERTO - O Leão era outro cara de personalidade forte. Era acima do normal. Uma certa soberba e era um cara muito difícil. Não era fácil o homem não.
8) FTT - Mario Sergio tambem era deste grupo. Ele não batia de frente com Leão?
PAULO ROBERTO - Nossa, os dois batiam de frente toda hora. Mas o Leão batia de frente com todo mundo. Se algum jogador estivesse causando alguma situação que não fosse o que ele estava esperando, ele chegava e não tinha meias palavras não. Soltava o verbo mesmo.
Dentro do campo ele também não era fácil. Era muito difícil de jogar com ele. Eu então que jogava ali atrás , na parte defensiva tinha de agüentar muita coisa.
9) FTT - E o Mario Sergio , era um belo jogador ,
PAULO ROBERTO - Ahh sim. Mario Sergio era muito técnico, jogava muito. Pena que ele não tinha muito condicionamento físico mas com a bola no pé era extraordinário.
10) FTT - Com quem mais você jogou no Palmeiras?
PAULO ROBERTO - Tinha o Jorginho, Carlos Alberto Borges....quando eu cheguei tinha ainda o Luis Pereira e o Wagner Bacharel. Depois o Luis foi embora mas o Wagner continuou. Tinha o Diogo , lateral da seleção do Uruguai.o Luisinho que foi centro avante no América, tinha o Rocha também.
11) FTT - Você ficou quanto tempo no Palmeiras?
PAULO ROBERTO - Um ano e meio. Eu cheguei no meio de 84 e fiquei 85 inteiro.
Palmeiras 1985: Leão, Rocha, Nenê, Maxwell, Wagner Bacharel e Paulo Roberto;
Agachados: Barbosa, Mendonça, Helio, Jorginho e Mario Sergio
O SUCESSO NO ATLETICO
12)FTT - E então surgiu o interesse do Atlético?
PAULO ROBERTO - É, na verdade eu vim fazer um jogo aqui no Mineirão com o Palmeiras . O Atlético tinha uma ala muito forte pela direita com Nelinho e Sergio Araújo e ainda o Catatau na reserva. E neste jogo eu me saí muito bem, Marquei o Sergio Araújo em cima, depois entrou o Catatau e eu também consgui neutralizar e tive forças ainda para apoiar o ataque.
Foi então que o Atlético resolveu me contratar.
13) FTT - Você estreou no Atletico em 1986. De cara um timaço com Luisinho, Elzo, Zenon, Paulo Isidoro, Renato, Nunes e Sergio Araujo. Este foi melhor time que você jogou ou teve algum melhor?
PAULO ROBERTO - Tecnicamente sim, foi um time muito superior e era para ter ganho muito mais coisa do que ganhou. Perdemos na semifinal para o Guarani por detalhes . Na verdade, o que pesou um pouco também, foi que o time estava entrosado, tinha ganho o mineiro com o Nunes fazendo mais de 25 gols. Só que o campeonato brasileiro de 86 só foi decidido em fevereiro de 87 e aí já não tínhamos mais o Nunes que havia ido embora. O time sentiu sua ausência e perdemos aquele ritmo em que a equipe estava e acabamos perdendo para o Guarani.
Era um time muito tecnico.
Porem alem de 86 teve o time de 87 que era muito forte também.
Paulo Roberto sempre apoiando o ataque. |
Atletico Bi campeão mineiro 88/89: Romulo, Luisinho, Batista, Zanata, Paulo Roberto, Eder Lopes. Agachados: Robertinho, Marquinhos, Gerson, Renato e Ailton
14) FTT - 1987. Um time que você apontou como forte, fez uma campanha maravilhosa no brasileiro e na final um velho rival:o Flamengo. Conte um pouco sobre estes dois jogos e sobre a sua expulsão na segunda partida.
PAULO ROBERTO - A gente sabía que o Flamengo tinha uma equipe muito forte com jogadores como Zico, Leandro, Jorginho, Andrade, Leonardo começando, Zinho, Bebeto e Renato Gaúcho. Era uma equipe fortíssima. Era a seleção brasileira. Veja só os jogadores que eles tinham.
E o Atlético sabía disto. Poderia ter jogado o ultimo jogo, um resultado que tiraria o Flamengo (vitória sobre o Palmeiras 1x0) . Porem o Telê naquela sua linha de conduta nem pensava nisto. Se fosse hoje onde os treinadores jogam muito com a atbela na mão sería diferente.
Infelizmente pegamos o Flamengo no Maracanã com um publico de mais de 120 mil pagantes, mas mesmo assim jogamos mutio bem. O Marquinhos perdeu uma grande oportunidade, o Sergio Araújo outra. Enfim jogamos muito bem e levamos um gol do Bebeto onde ele errou o chute, a bola picou e encobriu o João Leite.
E então viemos para o segundo jogo no Mineirão mas com 20 minutos de partida já estávamos perdendo por 2x0. No final do primeiro tempo dei um carrinho no Zico em que eu não o acertei (risadas) pois recebi uma foto de um torcedor mostrando o lance, com meu pé longe do corpo do Zico. O juiz veio e me deu vermelho direto. Tudo bem que foi um carrinho que hoje é banido mas na época foi muito rigoroso.
Nossa equipe ainda teve forças para empatar, quase conseguimos virar, mas o Flamengo era uma equipe muito forte. Possuía jogadores que individualmente resolviam sozinhos e nossa equipe já era o contrario, era um time coletivo.
Paulo Roberto contra Ademir. O lateral atleticano disputou inumeros clássicos contra o Cruzeiro.
15)
FTT - Você foi um dos jogadores que mais vestiram a camisa do Galo.
Foram 504 jogos e 38 gols. O que dizer sobre sua historia no Atletico?
PAULO ROBERTO -
Eu passei por tudo no Atlético. Passei momentos bons, momentos ruins.
Tive momento em que fui vaiado quase seis meses mas botei a cara na
frente. Dei a volta por cima. Ou seja, em 10 anos de clube você passa
por varias situações. Durante 7 anos fui o capitão da equipe, brigando
ali na frente com a diretoria pelo grupo. Foi uma experiencia muito
grande. Devo tudo que tenho ao Atlético. Tanto é que fiquei em Minas
Gerais apesar de ser gaúcho.
Paulo Roberto com a camisa que o Atletico lhe presenteou, homenageando seus 504 jogos pelo clube. |
16)
FTT - Você na virada dos anos 80 para 90 já era o capitão da equipe.
Veio então o titulo da Copa Conmebol em 92. Vocês começaram perdendo
para o Fluminense por 2x1 e depois deram o troco no Mineirão vencendo
por 5x1 e seguiram adiante. E a final contra o Olímpia conte como foi.
PAULO ROBERTO - Foram dois jogos duríssimos. O Olímpia tinha um grande time com jogadores como Goycochea, Sanabria, Nunez e Amarilla. O time tinha uma força muito grande. O primeiro jogo nós ganhamos de 2x0 mas não espelhou o que foi o jogo. Demos muita sorte no jogo do Mineirão .
Já com este placar fomos um pouco mais confiantes para o Paraguai. Só que quano chegamos lá, colocaram o nosso jogo para o estádio do Olímpia, com dimensões bem menores. Foi uma pressão terrível. Não conseguíamos nem bater lateral direito. Acabamos consegundo segurar o placar até os 46 do segundo tempo quando eles fizeram seu gol. Enfim fomos campeões.
Porem para te falar a verdade para mim pegar a taça, eu fiquei com medo.(risadas gerais)....sério!
Porque a taça ficava lá no meio da torcida. Você tinha de subir sem segurança nenhuma e eu como capitão tinha de ir receber . Olha, para mi erguer esta taça, o que eu recebi de “cusparada”, de xingamento não foi brincadeira. Mas como capitão eu tive de ir e fui com o maior prazer.
Paulo Roberto divide com raça . O jogo contra o Olimpia foi uma guerra, no Mineirão e principalmente no Paraguai.
A taça Conmebol que o capitão foi buscar no meio da torcida paraguaia.
17) FTT - O Futebol está no sangue da sua família. Seu pai o Luis Carlos foi zagueiro do Inter em qual época?
PAULO ROBERTO - Meu pai jogou no Internacional de 63 a 69 e depois se não me engano jogou no Fluminense e no Santos.
Então seu pai jogou com o Pontes?
Jogou com o Pontes , com o Scala, Sadi, o Bráulio.
18) FTT - Tal pai tal filho? Você e o Tato então resolveram seguir os passos do pai.
PAULO ROBERTO - Pois é , e o gozado é que quando eu cheguei no Internacional eu jogava de ponta esquerda. O Tato chegou então e eu pensei como iria ser. Disputar a posição? Ir jogar no meio? Resolvi então ser lateral esquerdo. Passamos então a fazer a ala esquerda do Inter.
E o interessante é que no Grenal travávamos um grande duelo contra o Paulo Roberto e o Renato gaúcho pela direita.
FTT - Isto nos juniores?
PAULO ROBERTO - É nos juniores. Os dois de um lado e eu e o Tato do outro. O bicho pegava (risada)
19) FTT - Fora de campo vocês eram amigos ?
PAULO ROBERTO - Não, nesta época jogadores de Inter e Grêmio não eram amigos. Não sei como está hoje mas acho que melhorou muito. Me lembro que em 97 voltei a jogar no Inter e senti que as coisas haviam melhorado um pouco, até mesmo porque hoje as comunicações ficaram mais fáceis, a mídia acompanha o dia a dia mais de perto. Não tem mais aquilo do jogador ficar 10 anos no clube. Hoje o circulo é grande. Cad dia está num time e acaba quebrando estas barreiras.
Paulo Roberto e Ricardo Rocha antes de um confronto em 1994.
A Selegalo de 1984 : Paulo Cesar Borges, Adilson, Kanapis, Valdir, Luis Carlos Winck e Paulo Roberto.
Agachados: Renato Gaucho, Darci, Carlos ,Gaucho e Neto.
20) FTT - E hoje você tem um filho que também joga futebol?
PAULO ROBERTO - Tenho. O Paulo Roberto Junior tem contrato com o Atlético. Ele esteve emprestado ao Tupi, fez um belo campeonato mineiro e fez inclusive um gol contra o Cruzeiro mas o juiz anulou. No final o Tupi acabou vencendo por 2x0.
21) FTT - Cite dois ou três pontas que te davam trabalho.
PAULO ROBERTO - O próprio Renato Gaúcho tinha muita força, muita explosão e técnica também. Ele caía pro meio e dava trabalho. Teve o Carlinhos Sabiá que foi um ponta muito técnico e que sabía cruzar muio bem. O Robson também quando eu cheguei no Atlético ele era titular do Cruzeiro. Na verdade eu peguei uma transição do futebol brasileiro da década de 80 para 90 quando começaram a acabar com os pontas.
FTT - E o Mario Tilico? Você jogou contra ele nos clássicos contra o Cruzeiro.
PAULO ROBERTO - Sim, o Mario Tilico joguei contra ele. Tinha suas qualidades mas era mais um ponta veloz. Corria muito. E eu tinha mais dificuldades em marcar pontas habilidosos do que os que corriam muito. O técnico você nunca sabe pra que lado ele vai sair. Já o ponta rápido ele só tem aquela jogada de linha de fundo e então você conversa antes do jogo com seu zagueiro, acerta a cobertura e tudo fica mais fácil.
22) FTT - Você jogou ao lado de grandes jogadores pelos times que passou. Quais seriam os melhores com quem você jogou?
PAULO ROBERTO - Teve dois que peguei em final de carreira mas que foram geniais assim mesmo. O Reinaldo, Nelinho, o Eder, e o Joãozinho ponta esquerda.
23) FTT – Mas o Joãozinho no Palmeiras conseguiu ser aquele do Cruzeiro, pois não temos nada na internet, nem fotos e muito menos vídeos?
PAULO ROBERTO - Ele foi sim. Talvez não igual no Cruzeiro mas me lembro de um gol que o Joãozinho fez no Rodolfo Rodriguez no Pacaembu que foi fantástico. Ele deu uma arrancada do meio campo driblando, e Joãozinho era daqueles jogadores que você não sabe se vai sair pra equerda, pra direita e quando ele chegou na frente do Rodolfo Rodriguez com seus 2 metros de altura, ele com sua perna esquerda deu uma pedalada sobre a bola e com a direita encobriu o Rodolfo fazendo um golaço. O Pacaembu quase veio abaixo. Acabamios ganhando o jogo por 1x0. Uma curiosidade do Joãozinho é que acabava o treinamento, o Joãozinho pegava um menino dos juniores e ficava driblando uma hora sem parar. O menino saia até zonzo de lá. . Aí ele dava 10 reais, 20 reais pro menino, mas o menino não queria voltar nunca mais (muitas risadas). Poxa, Joãozinho eu sei de muitas historias dele. Joãozinho era Joãozinho. E eu te falo porque ele morou comigo lá em São Paulo . Ele chegou, não tinha ainda onde morar, ficou no meu apartamento e acabou ficando. E ele tinha uma coisa interessante. Se chegasse no dia do jogo e ele estivesse 500 ou 50 gramas mais gordo, ele ia pra sauna antes e perdia o que tinha de perder pra entrar bem no jogo. Isto fazia bem pro lado pscicologico dele. Era uma figuraça.
24) FTT - E jogadores que você enfrentou?
PAULO ROBERTO - Teve os dois Carecas, tanto o do Cruzeiro mas principalmente o do São Paulo que era muito bom. O Pita, um cracaço de bola, o Zico que dispensa comentarios.
25)FTT - O que a torcida do Atlético representa pra você?
PAULO ROBERTO - Poxa, eu ganhei 5 ou 6 titulos no Atletico, mais uma Conmebol, um Ramon de Carranza na Espanha .
FTT - Gol do Marquinhos......
PAULO ROBERTO - É , exatamente gol do Marquinhos na vitória por 1x0 sobre o Santos na final.
Enfim, eu tenho um grande reconhecimento na rua, hoje em dia, defendo o Atlético na mídia (Paulo Roberto é colunista em um jornal de BH e em programa espotivo da TV ). Sou um jogador em que o torcedor vê que tive identificação com o clube e não digo isto apenas porque fiz mais de 500 jogos mas sim porque vestia a camisa de verdade. Tenho o maior carinho com esta torcida, com Belo Horizonte e Minas Gerais. Constituí família aqui e sou um autentico atleticano.
26) FTT - Você tem alguma frustração na sua carreira ou se sente feliz com o que conquistou?
PAULO ROBERTO - Tenho frustração sim. Poxa joguei dez anos no Atlético e minha frustração foi não ser campeão brasileiro. Se eu não me engano, de dez anos no Galo chegamos em pelo menos 7 semifinais.
Quase todos os anos nós chegamos exceto 93 que acho foi o pior ano do Atlético. Fomos muito mal . Neste ano o time se desfez dos jogadores e trouxe um monte de jogadores desconhecidos e aí acabou sendo muito ruim. Mas fora este todos os outros anos chegamos muito bem e muito perto do titulo. Por isto minha frustração. A de 87 então , foi de doer. Aí a gente fica uma semana com isto na cabeça sem conseguir dormir. Até hoje eu sonho com isto você acredita? Meu pai também fala isto. Ele hoje está com 71 anos e fala que vira e mexe lembra de partidas assim. Me fala: “Paulo, eu sonho que estou entrando em campo..outras vezes me lembro de situações de vestiário, você conversando com o companheiro. Acontece direto.”
Eu se disser que tenho 12 anos que parei e que sempre sonho ainda com partidas as pessoas não acreditam. Parece que eu estou jogando ainda.
27) FTT - Você acha que por causa destas inúmeras semifinais perdidas, aliadas a uma grande década do rival Cruzeiro que ganhou inúmeros títulos nos anos 90, a torcida do Atlético hoje tem pressionado demais o time?
PAULO ROBERTO - Sem duvida. Eu acho que o jogador que hoje vem jogar no Atlético, tem de estar preparado. Bem fisicamente e tecnicamente pra corresponder. O Atlético ainda tem este estigma de ser um time azarado, acaba que não consegue se sobressair Agora se você pegar os jogadores de hoje em dia eu também não consigo entender. O que falta pra acertar?
Veja que na minha época o que mais me causava incomodo eram os salários atrasados. Ficávamos três meses sem receber. Varias vezes eu e o Taffarel juntamos dinheiro pra comprar cesta básica pra funcionário, pra faxineira, pra roupeiro, Hoje eles tem tudo do bom e do melhor. Centro de Treinamento modelo, comissão técnica de primeira, pagamentos em dia. Então a estrutura hoje para o jogador profissional é muito maior. Eu falo de tudo: do salário melhor, da alimentação que recebem do clube, vitaminas , enfim é um trabalho personalizado, pra cada jogador. Cada um tem sua carga bem dimensionada. Incrível, eu não sei o que acontece com o Atlético.
Dizem né,que na briga do Kalil com o Nélio Brant onde ele pintou o manto da santa (na sede do Galo tem uma imagem de Nossa Senhora) tirando o azul e pintando de preto é que tem dado azar .
FTT – Sobrou pra santa?
PAULO ROBERTO – É sobrou pra santa (muitas risadas), coitada!
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
Esquadrão Inesquecivel - AMÉRICA MG 1971
Revista O Cruzeiro de 1971 enaltecendo a conquista americana. O Brasil inteiro ficou encantado com este time que fez historia.
Talvez este seja o maior time na
historia do America Futebol Clube. Um time que conseguiu a façanha de
se sagrar campeão mineiro INVICTO exatamente em um ano em que o futebol
de Minas Gerais brilhava e comandava no Brasil.
Basta lembrarmos
que o Atletico acabaría se sagrando o primeiro campeão brasileiro
exatamente neste ano. A equipe atleticana possuia jogadores como
Vantuir, o uruguaio Cincunegui, Oldair, Humberto Ramos, Lola, Ronaldo
Drummond, Dario e Romeu.O Villa Nova tambem se consagrava ao vencer o primeiro campeonato da serie B neste mesmo ano.
O Cruzeiro vinha de um penta campeonato de 65 a 69 tinha fornecido a seleção campeã mundial de 70 no México Piazza, Fontana e Tostão. Alem destes, o time estrelado era verdadeiramente uma constelção de craques como: Raul, o argentino Perfumo, Ze Carlos, Dirceu Lopes, Roberto Batata, Eduardo e Palhinha comçando. Para se ter idéia da força deste time ele perdeu apenas os mineiros de 70 para o Atletico e de 71 para este America, voltando a vencer de 72 até 76.
Nego,
Oswaldo Cunha, Pedro Omar, Alemão, Vander e Cláudio Mineiro em pé e
Hélio, Dirceu Alves, Jair Bala, Amaurí e Hilton Oliveira
Pois
bem, me referi a estes tres times para se ter idéia da grandeza do
feito americano. E não foi uma campanha qualquer, foi de forma
inapelavel e invicta. Não podemos deixar de lembrar aqui dos grandes
craques que levaram o America a este titulo: Vander um xerifão na
defesa, Claudio Mineiro com sua força na lateral esquerda. Pedro Omar o
comandante que armava e ditava o ritmo do time. Perfeito nas cobranças
de faltas que sempre levavam perigo aos goleiros advesarios. Amauri
Horta com sua elegancia ajudava no desarme e sempre chegava a area
adversaria para fazer seus gols. No comando do ataque Dario "Alegria"
que havia feito parte na Academia do Palmeiras nos anos 60. Dirceu Alves
que veio do Corinthians e o craque do time Jair Bala. O camisa 10
americano só não fez chover , pois armou, tabelou e fez inumeros gols o
que acabou lhe rendendo o premio de artilheiro do campeonato com 14
gols.
Jair Bala foi para muitos o maior jogador da História do América-MG. Atuava como meia ofensivo e também no ataque.
Jair teve uma primeira passagem pelo clube em 1964 e foi artilheiro do Campeonato Mineiro com 25 gols. Na segunda vez (1970-1971) em que atuou no Coelho, Jair atingiu o ápice da carreira.
No campeonato mineiro de 1971 foi novamente artilheiro, desta vez com 14 gols.
Jair Bala - Artilheiro e craque do campeonato
O plantel completo em frente ao Mineirão
A CAMPANHA INVICTA
América l x Tupi O
Local: Estádio Salles de Oliveira - Juiz de Fora.
Juiz: Maurílio José.
Renda: Cr$ 10 215,00.
Gol: Jair Bala 28' do 1.° tempo.
20/03
América 2 x Uberaba 1
Local: Mineirão
Juiz: Abel Santos
Renda: Cr$ 12 543,00
Público: 2.861 (3.578 total)
Gols: Jair Bala 37’ do 1º tempo; Dílson 36’ e Jair Bala 39’ do 2º
25/03
América 3x0 Casimiro
Local: Mineirão - Belo Horizonte
Àrbitro: Maurilio J. Santiago
Renda: Cr$ 26.211,00 (rodada dupla)
Público: 6.371 (8.157 total)
Gols: Jair Bala, Dirceu Alves, Zé Carlos Merola
América: Elcio, Batista, Vander, Zé Horta, Claudio Mineiro, Pedro Omar, Dirceu Alves, Amauri Horta, Hélio (Zé Carlos Mérola), Jair Bala (Ferreira II) e Zé Carlos Generoso.
Técnico: Biju
28/03
América 1 x Valério 0
Local: Leonídio Caiado - Itabira
Juiz: Juan de La Pasion Artez
Renda: Cr$ 24 687,00
Gol: Jair Bala 30’ do 2º tempo
América: Elcio, Batista, Vander, Zé Horta, Claudio Mineiro, Pedro Omar, Dirceu Alves, Amauri Horta, Zé Carlos Mérola, Jair Bala (Edson Ratinho) e Zé Carlos Generoso (Dario Alegria).
Técnico: Biju
4/4
América 2 x Atlético l
Local: Mineirão.
Juiz: Maurilo José Santiago.
Renda: Cr$ 141 422,00.
Público: 33.226 pagantes (38.016 total)
Gols: Pedro Omar 2’ do 1.° tempo; Dario (AM) 22' e Dario (AT) 28' do 2.°.
Expulsão: Renato (Atético)
América: Êlcio; Batista (Hale), Vander, Misael e Cláudio Mineiro; Pedro Omar, Amauri e Dirceu Alves; Merola, Jair Bala e Zé Carlos (Dario).
Técnico: Bijú
Atlético: Renato; Humberto, Grapete, Vantuir e Cincunegui; Vanderlei e Oldair; Vaguinho, Dario, Laci e Tião (Careca - G).
Técnico: Telê Santana
8/4
América 3 x Flamengo 0
Local: Mineirão
Juiz: Juan de la Pasíon Artes
Renda: Cr$ 18 720,00
Público: 4.284 (5.450 total)
Gols: Jair Bala 17’ e 28’ (pênalti) do 1º tempo; Dario 17’ do 2º
11/4
América 2 x Atlético (TC)
Local: Mineirão
Juiz: Abel Santos
Renda: Cr$ 21 891,00
Público: 5.165 (6.576 total)
Gols: Ari 2’ do 1º tempo, Amauri 10’ e Jair Bala 18’ do 2º
América: Élcio, Batista, Vander, Misael e Cláudio; Dirceu Alves e Amauri Horta; Merola, Jair Bala, Pedro Omar e Zé Carlos
Atlético (TC): Gilberto, Pedro Lúcio, Itabajara, Lamparina e Hélio Alves; Lio e Adilson; Mauro, Ari, Iaúca e Timbira (Galinho)
18/4
América l x Cruzeiro l
Local: Mineirão.
Juiz: Juan de La Pasión.
Renda: Cr$ 168595,00.
Público: 40.457 (45.212 total)
Gols: Gilberto 7' do 1.° tempo; Jair Bala 3' do 2.°.
América: Élcio; Batista, Vander, Misael (Dario) e Cláudio; Dirceu Alves, Pedro Omar e Amauri; Merola. Jair Bala e Zé Carlos (Ferreira).
Técnico: Bijú
Cruzeiro: Hélio; Pedro Paulo, Mendes, Miro e Darci Meneses; Spencer, Piazza e Toninho; Gilberto, Palhinha (Gil) e Rodrigues.
Técnico: João Crispim
21/4
América l x Vila Nova O
Local: Mineirão.
Juiz: Abel Santos
Renda: Cr$ 20 943,00.
Público: 4.857 (6.444 total)
Gol: Dario 3' do 2.° tempo.
24/4
América 3 x Fluminense 1
Local: Mineirão.
Juiz: Murilo José Santiago.
Renda: Cr$ 14.102,00.
Público: 3.218 (4.427 total)
Gols: Dario 28' do 1.° tempo; Reinaldo 8', Dario 15' e Amauri 20' do 2.°.
1/5
América 2 x Uberlândia O
Local: Mineirão.
Juiz: Juan P. Artez.
Renda: portões abertos.
Gols: Dario 7' do 1.° tempo; Jair Bala 33* do 2.°.
América: Élcio; Batista, Vander, Pedro Omar e Cláudio; Dirceu Alves e Amauri; Merola, Dario (Ferreira), Jair Bala (Valtinho) e Zé Carlos.
Uberlândia: Lourenço; Santana, Wellington, Gilson e Carlinhos; Carlos Alberto e Hamilton; Luís Carlos, Válter (Roberto), Fazendeiro e Toninho.
9/5
América 2 x Tupi 2
Local: Mineirão.
Juiz: Jarbas de Castro Pedra.
Renda: Cr$ 25 336,00.
Público: 5.944 (7.901 total)
Gols: Valmir 42' do 1.° tempo; Valmir 5', Jair Bala 28' e Merola 44' do 2.°.
América: Écio; Batista, Vander, Zé Horta e Cláudio; Dirceu Alves e Pedro Omar; Merola, Amauri (Hélio), Jair Bala e Zé Carlos.
Tupi: Manga; Manuel, Murilo, Jair e Augusto; Divino e Osvaldo; Cafuringa (Eloir), Valmir, Turcão e Guará.
12/5
Uberaba 2 x América 2
Local: Uberaba.
Juiz: Joaquim Gonçalves.
Renda: Cr$ 8000,00.
Gols: Gibe 36' e Amauri 44' do 1.° tempo; Carlinhos 38', Jair Bala 44' do 2.°.
16/05
Casimiro 2 x América 2
Local: Montes Claros.
Juiz- Juán de La Pasión Artez.
Renda Cr$ 16900,00.
Gols: Merola 44' do 1.° tempo; Pedro Omar 8', lldeu 16' e Moisés 41' do 2.°
20/05
América 1x0 Valerio
Local: Mineirão
Renda: 10.717,00
Público: 2.455 (3.707 total)
23/5
América l x Atlético O
Local: Mineirão.
Juiz: Murilo José Santiago.
Renda: Cr$ 106 547,00.
Público: 24.634 pagantes (29.365 total)
Gol: Amauri 21' do 2.° tempo.
Ocorrência: Élcio defendeu pênalti chutado por Lola.
América: Élcio; Batista, Vander, Zé Horta (Dias) e Cláudio; Dirceu Alves e Pedro Omar; Merola, Amauri, Jair Bala e Zé Carlos (Dario).
Técnico: Henrique Frade
Atlético: Renato; Zé Maria, Normandes, Vantuir e Cincunegui; Danival e Humberto Ramos; Vaguinho, Laci, Lola e Romeu.
Técnico: Telê Santana
29/05
América l x Flamengo O
Local: Mineirão.
Juiz: Doraci Monteiro.
Renda: Cr$ 25 721,00.
Público: 6.108 pagantes (8.342 total)
Gol: Dirceu Alves 9' do 1.° tempo.
6/6
América 1 x Atlético (TC) O
Local: Mineirão.
Juiz: Murilo Santiago.
Renda: Cr$ 38.080,00.
Público: 8.327 (10.657 total)
Gol: Amauri 18' do 2.° tempo.
Anormalidade: Jair Bala foi expulso aos 45’ do 2.° tempo.
América: Élcio; Batista, Vander. Dias (Café) e Cláudio; Dirceu Alves (Hélio) e Pedro Omar; Merola, Amauri, Jair Bala e Zé Carlos.
Atlético (TC): Gilberto; Hélio Alves, Itabajara, Barra Mansa e Nei (Ari); Adilson e Pedro Lúcio; Mauro, laúca, Timbira e Zé Quinta.
09/06
América 1 x Cruzeiro 1
Local: Belo Horizonte:
Juiz: Jarbas de Castro
Renda: Cr$ 173 778,00,
Público: 38.673 (43.583 total)
Gols: Dario 2' e Dirceu Lopes 33’ do 1.° tempo.
Anormalidades: Amauri foi expulso de campo.
América: Élcio; Misael, Vander, Café e Cláudio; Pedro Omar e Dirceu Alves; Zé Carlos Merola (Hélio), Amauri, Dario e Zé Carlos (Valtinho).
Técnico: Henrique Frade
Cruzeiro: Raul; Pedro Paulo, Perfumo, Fontana e Neco; Zé Carlos e Dirceu Lopes; Roberto Batata (Toninho), Tostão, Evaldo e Lima.
Técnico: Ílton Chaves
12/6
América 2 x Vila Nova 0
Local: Mineirão.
Juiz: Joaquim Gonçalves.
Renda: Cr$ 18 289,00.
Público: 4.155 pagantes (5.674 total)
Gols: Dirceu Alves 25' do 1° tempo e Hélio 3' do 2º.
19/6
América 1 x Fluminense l
Local: Mineirão.
Juiz: Joaquim Gonçalves.
Renda: Cr$ 20 261,00.
Público: 4.625 (6.203 total)
Gols: Baiano 4' e Amauri 25' do 1° tempo.
26/6
América 3 x Uberlândia 2
Local: Mineirão.
Juiz: Joaquim Gonçalves.
Renda: Cr$ 21 339,00.
Público: 4.744 (6.337 total)
Gols: Hélio 21' do 1.° tempo; Luís Carlos 11'. Amauri 15', Jair Bala 21' e Luís Carlos 39' do 2.°.
América: Élcio; Misael, Vander, Café e Cláudio; Pedro Omar e Dirceu Alves; Hélio, Amauri, Dario e Zé Carlos (Jair Bala).
Uberlândia:Lourenço; Santana, Alex, Gilson e Carlinhos; Jorge e Hamilton; Fazendeiro, Válter (Hugsmar). Alemão (Luís Carlos) e Toninho.
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