brasil1970

sexta-feira, 16 de março de 2012

Nova camisa do Cruzeiro 2012 Olympikus


Foram lançadas ontem as novas camisas do cruzeiro pelo novo fornecedor esportivo do clube, a Olympikus, a nova camisa segue os padrões da já lançada camisa do Flamengo. Detalhes ficaram para a triplice coroa, agora na nuca e a volta da estrelas soltas no bordado da camisa, sem o escudo em volta. Gostei da camisa de goleiro também, principalmente pelo fato de patrocinio ficar praticamente camuflado nela.

1986 URSS (Home e Away)


Os Diabos Vermelhos passou em primeiro em seu grupo após estrear goleando a Hungria por 6x0, empatar com a França e vencer o Canadá. Depois seria derrotada pelos também vermelhos Belgas por 4x3, na prorrogação, após 2x2 no tempo normal.

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O Craque disse e eu anotei - VANTUIR


Vantuir foi uma das entrevistas mais elaboradas que realizei. Conhecedor do futebol, fala muito bem e lembra de detalhes vividos no futebol. Tem uma visão bem esclarecida sobre o que foi o futebol em seu tempo e como anda hoje em dia. Confiram o bate papo com o zagueiro que faz parte da maior parte das seleções de todos os tempos do Atlético.


FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Vantuir você começou no futebol de varzea em Belo Horizonte.
VANTUIR - Eu comecei jogando de centro avante. Um amigo me levou pra disputar uma partida no time do Brasil Palace (Hotel em BH). Ele era garçom lá. Me perguntou de que eu jogava e disse que de centro avante. Nós jogamos uma vez e na segunda vez que fomos jogar faltou o lateral esquerdo. Este amigo perguntou se eu não quebraria o galho jogando na lateral , que todos sabiam que não era minha posição mas só para ajudar. Eu joguei , me sai bem e continuei jogando nesta posição.

FTT - A diminuição nos campinhos de bairro , cada vez mais ocupados por predios tem contribuido para a ausencia de tantos jogadores revelados como antigamente?
VANTUIR - A sem duvida. Na minha época os meninos chegavam para treinar nos clubes vindos da varzea com "dom " de jogar bola. Aprendia as coisas nos campinhos dos bairros. Era um dom natural. Hoje os meninos chegam as escolinhas e tem gente dizendo o que tem de fazer, como tem de fazer. A escola antes era a varzea e você ve jogadores como Pelé e Garricnha chegaram ao natural aos clubes, sem preparações. Hoje os tecnicos dos juvenis teem que formar jogadores porque não chegam mais jogadores prontos. Tem que trabalhar os caras para tentar achar um. Antigamente os times tinham pelo menos dois ou tres grandes jogadores na base. Aliado a isto tem o crescimento de outros esportes como o volei, basquete, tenis e a internet. Muitos escolheram outras coisas ao invés de jogar futebol.



FTT - Em 1976 você viu surgir um time praticamente todo feito nas bases com João Leite, Getulio, Danival, Cerezo, Marcelo, Paulo Isidoro, Heleno, Marinho e Reinaldo. Você acha que isto é praticamente impossivel de voltar a acontecer nos dias atuais?
VANTUIR - Muito. Você ve que estes jogadores tinham a parte tecnica que  era excelente e tinha  a parte de amizade e comprometimento com o clube.

Nos juvenis do Atletico nos anos 60. Vantuir é o segundo em pé a partir da direita. O primeiro agachado a esquerda é o ponta Romeu.


FTT - E como você foi para no Atletico?
VANTUIR - Um amigo me levou para fazer teste no Atlético. Eu fiz quatro testes e não fui aprovado. Este mesmo amigo me levou então para fazer um teste no Cruzeiro. Porem o Cruzeiro tinha muita gente para a posição. Na saida do treino um senhor chegou perto de mim e disse: "moço você joga no Cruzeiro?" Eu disse que não , que fui fazer um teste. Ele me perguntou de que eu jogava. Eu disse que de lateral esquerdo. Ele então me perguntou se eu queria fazer uma experiencia lá em Acesita. Eu disse que sim. Fiquei lá por 10 meses. Foi quando novamente este meu amigo me perguntou se eu não queria fazer outro treino no juvenil do Atlético.Eu ainda tinha idade e eu disse que não porque já tinha ido lá quatro vezes e não fui aprovado. Então ele me falou que o treinador mudou que agora era o Dequinha, ex jogador do Flamengo quem cuidava dos juvenis. Eu faltei um treino numa terça feira e fui escondido a Belo Horizonte fazer o treino. Joguei por 20 minutos e o Dequinha já avisou: este aqui não vai embora não. Pode ir lá em cima conversar com a diretoria e nem precisa voltar em Acesita pra buscar suas coisas porque nós mandamos buscar. Eu fiquei então jogando nos juvenis do Atlético.

Atletico 1970 - Em pé a partir da esq. Careca, Humberto Monteiro, Grapete, Vanderlei, Vander e  Vantuir .  Agachados: Vaguinho, Oldair,  Lacy , Lola e Tião. Aqui Vantuir ainda jogando como lateral esquerdo.


FTT - E sua subida aos profissionais foi rapida?
VANTUIR - Na verdade depois o Barbatana assumiu os juvenis do Atletico e eu tive um desentendimento com ele. Me afastou do time por 15 dias. Foi então que o Yustrich que era tecnico dos profissionais chegou e comentou que tinha um menino que jogava bem nos juvenis e que ele queria me ver. Ele ja sabia o que tinha acontecido. Me chamou e eu fiquei frente a frente com aquele homão, parecia um armario. Ele me perguntou o que eu havia aprontado para ser afastado e eu disse que tinha dado uma porrada no auxiliar tecnico. Yustrich então botou o dedo no meu nariz e saiu pressionando minha cara e dizendo "olha esta boca". Eu meio assustado nem sabia op que fazer. Foi quando ele disse: "você vai treinar comigo e quero ver você fazer o que fazia lá". E assim eu comecei. Ele mandava eu fazer uma coisa eu fazia duas. Ele mandou aumentar o meu salario e foi aí que eu vi o que era ser um jogador profissional. Quem me tirou do buraco e me lançou nos profissionais foi o Yustrich.


FTT - Mas explique esta historia. Você começou então no Atlético como lateral esquerdo?
VANTUIR - Foi. Só que eu quase não jogava porque tinha o Cincunegui e depois ainda chegou o Oldair. Foi quando o Tele chegou ao clube . Ele me deixou fora um tempo. Chegou o campeonato mineiro de 70 e o Tele me falou: Vantuir você vai jogar de zagueiro. Eu falei: "não vou não Telê". Nós começamos a andar no campo de um gol até o outro. Ele foi falando comigo que precisava de um quarto zagueiro, que eu era alto, rapido, sabia jogar pelo lado esquerdo. E eu dizia que não queria jogar. Fomos até lá embaixo no outro gol. Fizemos a volta e fomos caminhando em direção ao outro gol novamente. E ele falando, argumentando. Quando chegamos no meio campo eu já não tinha mais tanta certeza do que eu queria. Foi quando eu falei que jogaria uma partida mas se não gostasse voltaria para a lateral esquerda. Tele Santana falou que a resposabilidade era toda dele. Fiz um jogo então contra o Villa Nova e ao final da partida ganhou um trofeu como o melhor em campo. No jogo seguinte de novo outro premio. No final do ano fui eleito na seleção do Trofeu Guará (eleição da Radio Itatiaia). Não sai mais da posição.


Atlético 1970 campeão mineiro - Em pé a partir da esq. Careca, Humberto Monteiro, Vanderlei Paiva,  Grapete, Vantuir e Cincunegui. Agachados Vaguinho, Oldair, Dario, Lacy e Tião.



FTT - Você começou a jogar como quarto zagueiro mas chegou a jogar como zagueiro central. Você que já jogou nas duas acha que quem é zagueiro central tem dificuldades em jogar de quarto zagueiro e vice versa ?
VANTUIR - Depende. Eu era destro jogando da quarto zagueiro então tinha muita facilidade em jogar de um lado ou de outro. Eu procurei aprimorar a minha cobertrura pelo lado direito e isto só com treinamnetos. Joguei entãoinueras partidas como zagueiro central. O jogador tem de querer treinar as deficiencias que possui para poder jogar dos dois lados, ele tem de se completar. Se você joar somente numa posição estranha um pouco mas  se jogar dos dois lados acaba acostumando.


FTT - No campeonato brasileiro de 1971 a zaga variou com Vantuir e Grapete ou Vantuir e Normandes. Você tinha mais facilidade de jogar com quem?
VANTUIR - Eu não tinha problema com nenhum dos dois. Quando eu jogava com o Grapete eu era quarto zagueiro e quando jogava o Normandes eu era zagueiro central. O Normandes era mais tecnico mas conversava pouco. Já o Grapete era mais incisivo nas jogadas e falava mais. Ele jogava pegando a bola do adversario e logo entregava para um companheiro. Já o Normandes tentava dar um chapeuzinho, um drible e eu jogava sempre um passo atrás com medo dele perder a bola.

Vantuir sobe com Jairzinho observado por Grapete.




FTT - Na campanha de 71 teve algum jogo que você destacaria como o melhor?
VANTUIR - Teve. Na verdade teve dois que foram decisivos. É que nós tinhamos de fazer dois jogos seguidos fora. O primeiro foi contra o Santos lá em São Paulo. O Telê falou para mim colar no Pelé. E eu sempre joguei bem contra o Pelé exatamente porque eu procurava não deixar ele receber a bola, porquye se a bola chegasse nele ficava complicado. E foi assim o jogo todo, eu e Grapete colados no Pelé. Faltavam 10 minutos para acabar o jogo e o placar estava 1x1. Foi quando o Pelé foi lá no meio campo conversar com o Nenê. Conversaram, conversaram e eu falei com o Grapete pra gente ficar esperto porque eles estavam armando alguma. Foi quando na primeira jogada o Pelé pega a bola e vem pra cima da gente. Veio com ela e não passava pra ninguem, caminhando em nossa direção e foi aí talvez que eu e Grapete erramos pois fomos recuando, arredando para trás e Pelé com a bola . De repente ele pisa na bola e sai correndo e eu e Grapete fomos atrás dele mas a bola tinha ficado para trás. Pelé tinha pisado nela e correu pra gente ir junto e foi quando o nenê veio de trás e de bico chutou emarcou o gol. Foi uma jogada espetacular. Acabou o jogo e o Pelé veio passando do nosso lado e brincou dizendo: é hoje não deu pessoal. Depois teve o jogo contra o Inter lá em Porto Alegre e necessitávamos da vitoria por que aviamos perdido do Santos. Vencemos por 4x1 e no jogo de volta ganhamos do Santos pr 2x0. Este jogo contra o Inter nos deu muita moral pois ganhar de 4x1 dentro do Beira Rio não é para qualquer um.


FTT – O seu bom futebol no Atlético lhe rendeu frutos. Foi chamado para a seleção brasileira e disputou a Taça Independencia em 1972.
VANTUIR - Foi. A zaga foi formada por mim e o Brito. Jogamos 4 partidas e não levamos nenhum gol. O Brito mais experiente e eu com muita vontade. Fomos campeões da Taça e eu tive uma experiencia muito boa na seleção. Infelizmente quando eu voltei ao Atletico tive uma fratura da tibia em um jogo em Belem contra o Remo que me afastou dos gramados por tres meses. Fiquei um mes com a perna engessada e depois mais dois meses de fisoterapia. O medico do Atletico então viu meus exames e falou que eu podia voltar que estava tudo otimo. Eu podia jogar voltar a jogar como antes.Seus exames estão perfeitos. Pois bem, na primeira bola no treino que entrei com vontade e abriu minha fratuta. Aí complicou e eu tive de ficar mais 4 meses sem jogar. Isto me atrapalhou demais a voltar a seleção. Certamente eu seria chamado para a seleção depois da Taça Independencia. Poderia até não ser titular porque tinham grandes jogadores mas tinha convicção que estaria no grupo e na Copa de 74.


Elenco brasileiro na Taça Independência em 1972. Em pé: Mário Américo (massagista), Leão, Rodrigues Neto, Vantuir, Brito, Gérson, Tostão, Leivinha, Sérgio e Nocaute Jack (massagista). Ao centro: Eurico, Dirceu Lopes, Clodoaldo, Jairzinho, Rivelino, Rogério, Marco Antônio e Wilson Piazza. Embaixo: Zé Maria, Luís Carlos, Dario, Marinho Peres, Paulo César Lima e Lula


FTT - E como foi jogar com o Brito?
VANTUIR - O Brito era um zagueiro seguro, experiente. Fizemos uma zaga muito boa, tanto é que em 4 jogos não sofremos nenhum gol.

FTT – Na final você teve de marcar uma legenda do futebol mundial, Eusebio.
VANTUIR - Nossa, ele era muito rapido e inteligente. Vocvê tinha que marcar em cima mesmo. Excelente jogador.

BRASIL 1 x 0 PORTUGAL
Data: 9 de julho de 1972.
Competição: Taça Independência.
Local: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (Brasil).
Público: 99.138 pagantes.
Árbitro: Abraham Klein (Israel).
Gols: Jairzinho 89'.


BRASIL: Leão (Palmeiras-SP), Zé Maria (Corinthians-SP), Brito (Botafogo-RJ), Vantuir (Atlético-MG) e Marco Antônio (Fluminense-RJ) depois Rodrigues Neto (Flamengo-RJ); Clodoaldo (Santos-SP), Gérson (Fluminense-RJ) e Rivellino (Corinthians-SP); Jairzinho (Botafogo-RJ), Leivinha (Palmeiras-SP) depois Dario (Atlético-MG) e Tostão (Vasco-RJ). Técnico: Mário Jorge Lôbo Zagallo.


PORTUGAL: José Henrique Marques, Arthur Correia, Humberto Coelho, Timula Messias e Adolfo Calixto;  "Toni" Oliveira, Jaime Graça e Peres; Jordão (Arthur Jorge Teixeira), Eusébio  e Joaquim Diniz. Técnico: José Augusto de Almeida.




                      VANTUIR VAI PARA O FLAMENGO


FTT – Pouca gente se lembra mas você jogou no Flamengo também.
VANTUIR - Foi. Me perguntaram no Atlético se eu gostaria de jogar no Flamengo pois eles estavam querendo me levar. Eu disse que topava e me transferi.

FTT - E porque ficou pouco tempo no rubro negro?
VANTUIR - Poxa sai do Atletico com 3 meses de salarios atrasados. Cheguei no Flamengo e fiquei 4 meses sem receber. Aí não dá. Fomos campeões cariocas e quando inteirei seis meses resolvi vir embora.

Flamengo 1974 - Em pé a partir da esq. Renato, Vanderlei, Jaime, Vantuir, Pedro Omar e Rodrigues Neto; Agachados: Paulinho, Geraldo, Doval, Zico e Arilson


FTT – No meio campo brilhavam dois talentos, Geraldo e Zico.
VANTUIR - Os dois eram fora de serie. Tinha o Junior que estava começando tambem e começou jogando na lateral direita.

FTT - O Geraldo era muito tecnico mas parecia um pouco lento.
VANTUIR - Era um jogador alto, magro, rápido e de muita visão de jogo. O craque quando a bola chega nele já sabe o que vai fazer e ele sabia. Pensava na frente dos outros. Foi lamentavel a sua morte.

FTT - Você saberia escalar aquele Flamengo?
VANTUIR - O Renato que foi campeão comigo no Atletico, Junior, Jaime , Eu e Rodrigues Neto. Liminha, Geraldo, Zico. Rui Rei,  Doval e Arilson. (Este time teve tambem participações de Vanderley Luxemburgo, Luis Carlos Gualter, Ze Mario e Paulinho)


FTT - Dario ainda estava no Flamengo?
VANTUIR - Não, Dario foi exatamente a moeda de troca comigo. Eu fui e ele veio de volta para o Atlético.


                                       A VOLTA AO ATLÉTICO


FTT - Então depois de seis meses você tambem voltou ao Atletico.
VANTUIR - Voltei.
Na primeira fila, em pé, a partir da esquerda Paulo Benigno (preparador), Barbatana, Vantuir, João Leite, Modesto, Ortiz, Gregório (massagista) e Waltinho (massagista); na fila do meio estão Silvestre, Ângelo, Danilo, Marcio, Flávio, Toninho Cerezo, Dionísio e Getúlio; sentados na primeira fila estão Reinaldo, Marinho, Alfredo, Wallace, Marcelo, Paulo Isidoro, Heleno e Marcinho


  

FTT - E pegou aquela geração fantastica de Cerezo, Reinaldo e cia. Você é quem comandava a moçada ali dentro do campo?
VANTUIR - Era um dos lideres pois fazia o que o tecnico me pedia. Mas sempre conversavamos eu, Cerezo e João Leite. Nós acompanhávmos os nossos jogadores e se chegasse alguem no treino com cheiro de bebida a gente se reunia e dava uma dura. Teve vez da gente chegar no meio campo e pedir o Barbatana para nos deixar sozinhos que queriamos resolver um problema entre nós e falamos o que estava acontecendo. O cara não queria se enquadrar e depois foi reclamar com o Barbatana dizendo que queriamos tira-lo do time. O Barbatana falou que iria ver o que estava acontecendo. E nós falamos o que estava acontecnedo então. Porem raramente levávamos o problema até o Brabatana, pois resolviamos entre nós mesmos. Era um grupo de amigos.

FTT - Você jogou em dois grandes times do Atlético, o campeão brasileiro de 71 e o mineiro de 76. O primeiro com Oldair, Vanderlei, Lola , Dario e Ronaldo. O segundo com Cerezo, Danival, Marcelo, Paulo isidoro e Reinaldo. Em um hipotetico jogo entre os dois times quem venceria?
VANTUIR - O time de 71 era mais treinado. Vinha jogando a mais tempo junto. O time de 76/77 era mais tecnico mas eu acho que o time de 71 venceria.

Atlético de Todos os Tempos - Nelinho, João Leite, Luisinho, Vantuir , Cincunegui e Toninho Cerezo . Agachados: Oldair, Paulo Isidoro, Reinaldo, Dario e Eder


FTT - Você travou duelos memoraveis contra grandes atacantes do Cruzeiro como Tostão, Dirceu Lopes, Evaldo , Palhinha e Joãozinho. Quem dava mais trabalho?
VANTUIR - Teve aí ainda o Roberto Batata. Agora dentro da minha concepção, não tem como não falar de Dirceu Lopes e Tostão. Os dois jogavam mais no meio de campo e chegavam no ataque. O Evaldo abria pros lados e os dois entravam ali. Dirceu Lopes e Tostão tocavam a bola sem olhar. Um dava um tapa pra lá olhando pra cá porque sabia que o companheiro estava lá. Estavam acostumados a jogarem juntos. Eram geniais. Depois destes dois o que pode se aproximar mais deles foi o Joãozinho. Joãozinho era craque na concepção da palavra. Os outros já eram diferentes. Grandes jogadores mas em outro nivel. Agora Tostão, Dirceu Lopes e Evaldo eram impossiveis. Você não sabia onde que os caras estavam. Você procurava e eles já tinham mudado de posição. O Dirceu Lopes era tão inteligente que não dividia as bolas. Imagine ele baixinho daquele jeito dividindo comigo que sou alto. Então ele já pensava antes e dava dribles fantasticos. O Tostão, a primeira coisa que ele fazia era enfiar a bola embaixo das pernas do Vanderlei Paiva e o Vanderlei ficava puto, falava que ia pegar o Tostão e era isto que ele queria. Aí o Tostão deitava e rolava o resto do jogo

Vantuir a esquerda sempre tendo muito trabalho para conter o ataque do Cruzeiro com Dirceu Lopes e Tostão . Grapete está a direita.


FTT - Mas quem era mais dificil de marcar um catimbeiro como o Palhinha ou um tecnico como o Tostão?
VANTUIR - Sem duvida que eu preferia marcar o Palhinha. Ele vinha catimbar , conversava muito com os zagueiros e vinha com aquele papo " é hoje tá dificil " e coisas do tipo pra tentar distrair a gente eu já falava "sai pra lá Palhinha". Vai te catar" . Já o Tostão e Dirceu Lopes não conversavam com agente não. Nem perto chegavam. Depois do jogo sim , eramos amigos. Agora marcar Tostão e Dirceu Lopes. Deus me livre. Era dificil. Tostão jogava de atacante e não era. O Evaldo era atacante a abria nas pontas. Dirceu Lopes chegava de trás toda hora. Você não sabia quem marcava.


Vantuir x Gil

FTT - Antigamente tinhamos craques de verdade .
VANTUIR - Nossa, na minha epoca você fazia seis ou sete seleções muito fortes. Se você tivesse os campeonatos de seleções a diferença era o Pelé jogando em São Paulo. Todas eram muito fortes. O Rio, Minas tinha inumeros craques, Bahia, Pernambuco e Rio Grande do Sul.

VANTUIR VAI PARA O GRÊMIO GANHAR TITULOS



FTT - E falando em Rio Grande do Sul porque você foi para o Grêmio?
VANTUIR - Eu saí do Atlético porque o time não queria pagar o dieito de Arena que era um direito dos jogadores. O Atletico tinha um contrato com a Rede Globo eu fui sozinho na emissora para procurar informações. Claro que a diretoria ficou sabendo. Os jogadores tambem e então o Ziza que era ponta esquerda que veio do Guarani veio me falar que apoiaria e coisa  do tipo. Eu então lhe disse para não fazer isto porque eu já era veterano e se acontecesse alguma coisa eu saia fora, não que estivesse fazendo algo para sair. Disse que eles deveriam continuar. Eu passei a ser um lider negativo para a diretoria.

FTT - Foi chegando ao Grêmio e sendo campeão gaucho?
VANTUIR - O Grêmio montou um grande time. Nosso ataque era muito forte com o Tarciso, Paulo Cesar Caju, o Baltazar e o Eder.


FTT – E a dupla de zaga com Ancheta?
VANTUIR - Jogando com o Ancheta eu aprendi demais. Jogava muito. Tive muita sorte de jogar com ele e depois o De Leon.

FTT - E quem jogava mais o Ancheta ou De Leon?
VANTUIR - Olha , o Ancheta era melhor nas bolas de cabeça , pelo alto. Era mais rápido tambem. Agora o De Leon era mais tecnico, saía mais para o jogo. Eu ficava mais atrás para ele poder subir. De Leon tinha muita noção de cobertura, de espaço.

Vantuir e De Leon

FTT - Chegou o ano de 1980 e o Grêmio fez com o Atletico uma famosa troca, envolvendo o Eder pelo Paulo Isidoro. Você analisando apenas o lado gremista acha que foi melhor o Paulo Isidoro vir ou o Eder deveria ficar?
VANTUIR - O Eder ficou menos tempo no clube. Se não me engano tres anos. Era um jogador dfierenciado mas era meio de "veneta". Tinha dia que ele estava de um jeito, no outro estava diferente. Era muito temperamental. O Paulo Isidoro já era mais de grupo, mais extrovertido e para o sistema do time acho que foi mais importante. Ajudava na marcação, corria o campo todo .


FTT - E não foi apenas o Paulo Isidoro que chegou para reforçar o Grêmio. Um velho rival veio se juntar a voces: Nelinho.
VANTUIR - Fomos eu e Paulo isidoro que intermediamos a vinda do Nelinho para o Grêmio. Já o conheciamos demais por jogar sempre contra ele e sabiamos que tinha muito para dar ao Grêmio. Foi muito importante no nosso bicampeonato.



FTT – Você jogou com grandes cobradores de faltas como o Oldair, Zico, Eder e Nelinho. Destes quem mais te impressionava ?
VANTUIR - .Noossaa (pensativo) o Nelinho e o Eder chutavam demais. Teve uma partida contra o Cruzeiro que eu e meus companheiros falamos para não fazermos falta perto da area pois sabiamos da capacidade do Nelinho. Conseguimos o jogo quase todo mas teve uma hora que não teve jeito e fizeram uma falta perto da area. Já haviamos combinado que se tivesse falta algum jogador nosso deveria passar na frente do Nelinho quando ele fosse correr para bater pois iria tirar o foco dele. Antigamente não era como hoje que o juiz daria um cartão amarelo por isto. E fizemos isto umas quatro vezes. Nelinho então foi até perto da bola, ajeitou e deu um passo apenas pra trás. Bateu na bola com uma curva lá na gaveta. O Careca esperava a bola de um lado e o Nelinho cobrou de outro. Quando saiu para comemorar o gol Nelinho passou perto da gente e gritava:" passa lá na frente, passa lá na frente. Voces são bobos, eu poderia perder na primeira se voces não passassem na frente."

FTT - E porque você não jogou em todos os jogos do Brasileiro em 81?
VANTUIR - Eu joguei diversas partidas mas depois tive uma contusão na panturrilha e fiquei muito tempo afastado. Porem me considero campeão brasileiro tambem porque joguei em muitos jogos.


FTT´- Você acha que este time do Grêmio era mais de pegada do que de tecnica?
VANTUIR - Não, este time era muito bom. Tinhamos o Leão, De Leon, Newmar, Paulo Isidoro, Renato Sá que veio no lugar do Eder, Baltazar, Tarciso. O time era muito forte.


FTT – No final de carreira você atuou no Rio Branco .
VANTUIR - Na verdae eu já tinha parado. Depois do Grêmio eu joguei um tempo no America de Rio Preto mas depois me desentendi com o João Avelino rescindi meu contrato e tinha terminado minha carreira. O presidente do Rio Branco me procurou e me pediu para fazer uma proposta. Eu pedi alto pois não queria jogar mais. Acabou que ele concordou em pagar e me mandou embarcar para Vitoria. Mas eu fiquei lá somente tres meses.
FTT – Mas deu tempo do Rio Branco vencer o Cruzeiro por 3x1 dentro do Mineirão. Se lembra deste jogo?
VANTUIR - (Rindo) Pois é, vencemos o Cruzeiro dentro do Mineirão depois de alguns anos que eu não jogava lá. No jogo de volta eles nos venceram no ES por 2x0 mas o que valeu mesmo foi esta vitoria no Mineirão.

FTT - E neste time do Rio Branco jogava o goleiro Zé Carlos que depois foi para o Flamengo?
VANTUIR - Ele estava começando e jogamos juntos.

FTT- O que faltou ao futebol do Espirito Santo para decolar como os outros estados do Sudeste?
VANTUIR - Acho que alguem que realmente gostasse e tivesse capacidade para organizar o futebol. Não adianta apenas empresarios investirem se não tiver organização. Você ve que a Vale injetava dinheiro e patrocinava a Desportiva. Depois parou e nem sei como anda o time hoje.

FTT – Você chegou a disputar algum clássico contra a Desportiva? Era acirrado como um Cruzeiro x Atletico ou um Grenal?
VANTUIR - Claro que a midia envolvendo um Atletico x Cruzeiro ou um Grenal é muito maior. Agora dentro da realidade do estado é muito acirrado a rivalidade sim. A midia local dá repercussão ao clássico e todos querem vencer. Porem não dá para comparar com os clássicos que eu participei no Mineirão com publicos  acima de 100 mil pessoas.



FTT - Quais foram os maiores zagueiros que você jogou a favor ou contra?
VANTUIR - Luisinho foi inigualavel. Ele só não gostava de disputar bolas na cabeça mas sabia se precisasse. Luisinho era craque. Tinha a excenssia do futebol pois procurava tirar a bola dos adversarios sem fazer faltas. O atacante se distraia e deixava  a bola rolar meio metro e ele dava o bote e tirava a bola. Tinha o Figueroa que era mais de força . Jogava com as asas parecendo uma galinha ciscando mas era o jeito dele, muito bom. Ancheta e De Leon jogavam demais tambem. Aprendi muito com eles. Perfumo era fantastico. Joguei com ele uma partida pela seleção mineira e ele me orientando pois eu estava começando. Procurava fazer tudo que ele me pedia e vi toda sua qualidade. O Grapete foi um zagueiro firme, que jogava sem enfeitar mas era muito seguro. Luis Pereira tambem foi outro que jogava demais. Todos estes que eu falei sabiam jogar. Jogavam limpo e saiam para o jogo tambem. Eu fico feliz por tambem ser lembrado como um dos melhores zagueiros na historia do Atletico juntamente com o Luisinho.

Vantuir atualmente

FTT – Aponte os sete maiores jogadores que você viu em campo.
VANTUIR - Pelé, Tostão e Dirceu Lopes estão em um nivel acima. Eram genios e era muito dificil marca-los. Teve o Lacy que foi injustiçado, merecia melhor sorte. O Reinaldo , minha nossa, está para nascer outro atacante como o Reinaldo. Antes da bola chegar nele , já tinha pensado o que ia fazer e dava só um toque na bola levando o zagueiro. Foi genial.

Bruno com Vantuir


FTT - Você ve algum craque no futebol brasileiro atualmente?
VANTUIR - Não vejo nenhum. Temos o Neymar que é um bom jogador mas ainda tem de provar que é craque de verdade. Quando tem jogos pela seleção ou na Libertadores ele não tem aparecido. Basta lembrar que Pelé com 17 anos foi decisivo e participou da conquista do titulo de campeão do mundo.
Hoje não temos craques. Antigamente pra você marcar um Tostão, Dirceu Lopes, Pelé, Reinaldo era muito dificil. Eles driblavam pra qualquer lado, ja pensavam antes da bola chegar o que fazer. Joãozinho por exemplo não tinha como você marcar. Você fechava por dentro ele cortava pra fora, driblava tanto pra lá como pra cá. Dirceu Lopes era impressionante pois a gente não conseguia nem dividir com ele tamanha a sua inteligencia. E eram jogadores que decidiam. Aliás eu sempre digo que eu fui um privilegiado de jogar de 68 a 84 porque peguei a nata do futebol. Já disse e repito dava para fazermos umas seis seleções brasileiras muito fortes e hoje não conseguimos formar uma.

Vantuir e a Bola de Prata de 1971

Papeis de Parede - Musas do Atlético MG


Wallpapers da musas do Atlético Mineiro

Julia Leal

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Mirian Barreto (Musa do Brasileirão 2011)

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Roberta Pereira (Gata do Brasileirão 2011)

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Luana Kwy (2010)

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Renata Leal (2009)

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Daniele Rocha (2008)

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Tatiane Lopes (2007)

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Wallpapers da musas do Atlético Mineiro

Julia Leal 2011

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Mirian Barreto (Musa do Brasileirão 2011)

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Roberta Pereira (Gata do Brasileirão 2011)

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Renata Leal (2009)

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Daniele Rocha (2008)

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Tatiane Lopes (2007)

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