brasil1970

sábado, 9 de abril de 2011

O Craque disse e eu anotei - GETULIO



O Craque disse e eu anotei - GETULIO

 

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Getulio foi indicação de um amigo de trabalho. Vizinhos que são ele ficou sabendo do blog e perguntou se eu teria interesse em entrevistar o ex lateral da seleção. Eu disse que claro que sim. Getulio tem muita historia no futebol e teria imenso prazer em entrevista-lo. Porem ao conhecer o nosso entrevistado da semana eu passei a conhecer não apenas a historia de um dos grandes laterais do futebol brasileiro. Conheci um ser humano fantástico, um coração pronto a ajudar qualquer um que necessite de uma ajuda, um homem preocupado com seu próximo.

FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Logo que você começou nos profissionais em 74 já ganhou a camisa de titular da lateral direita ou demorou um pouco?

Getulio - Na verdade eu fiz a final do campeonato mineiro de juvenis em Itabira contra o Valério. Um jogo muito dificil em que nós vencemos por 1x0. O jogo  foi no  domingo e na segunda feira eu dava baixa no Exercito. Então o Telê Santana me mandou apresentar nos profissionais na terça feira. Bom, pensei que devia ser para mim completar o time dos profissionais, conhecer o pessoal, bater uma bolinha e ir embora. Cheguei lá e me mandaram ficar concentrado com o time no Brasil Palace porque no dia seguinte (quarta feira) o Atlético ia jogar contra o Flamengo. O time deles tinha o Dario, Doval, Paulo Cesar Caju o Rogerio na ponta direita. Estava o nosso time no vestiario, inclusive o Ze Maria que era o titular , chegou o Telê e falou comigo: se apronte que você é que vai jogar. Poxa eu não tinha levado chuteira nem nada. Eu comecei então a experimentar chuteiras. Uma com apisada desgastada pra dentro, outra pra fora , outra apertada demais até que o Valtinho roupeiro me arranjou uma lá que ficou mais ou menos. Eu falei:vai esta mesmo. Bem entrei no  jogo e logo de cara o Rogerio fez um cruzamento, o Mussula largou e o Doval fez 1x0. Aí aos 28 minutos teve uma falta a nosso favor. Eu fui caminhando e como ninguem se ofereceu para bater eu pedi. Renato nem pediu barreira porque estava muito longe. Eu soltei uma bomba e ela pegou no pé da trave e subiu. A galera vibrou. Depois eu e o Arlem fizemos uma tabelinha na lateral ele foi no fundo e cruzou para o Totonho empatar. Repetimos a mesm jogada e novamente o Totonho virou o jogo pra gente. O Mineirão quase veio abaixo. Faltando cinco minutos para acabar o jogo eu não tinha onde ter caimbras mais. Meu corpo todo (risadas). O tempo parecia uma eternidade mas ganhamos e eu fiquei quase dois dias sem conseguir andar por causa das caimbras. Daí me firmei como titular.


FTT - E você pegou a transição do time campeão brasileiro de 71 e a nova geração com Reinaldo, Paulo Isidoro, Marcelo e Cerezo. Dos antigos quem jogou ao seu lado?
Getulio - O Vantuir, Grapete, Mussula , Vanderley Paiva e o Romeu.

 Getulio com 20 anos e titular da lateral direita do do Atlético



FTT - Você pegou o Mussula no gol do Atlético, um grande goleiro. Mas jogou tambem por dois anos com Mazurkiewicz. O que dizer do goleiro uruguaio?

Getulio -  O Mazurkiewicz era impressionate. A gente jogava contra o Palmeiras com Leivinha, Cesar Maluco, o Cruzeiro com Tostão, Dirceu Lopes e quando a gente via a bola entrando, ele dava dois passos , se posicionava e buscava as bolas.Não era goleiro de ficar dando voos atoa. Estava sempre bem posicionado. O mais impressionante é que depois de fazer uma defesa dificil assim, ele já puxava o contra ataque lançando pro cara lá na ponta esquerda, lá no ataque.







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FTT - Você ter um goleiro de lingua estrangeira dificulta na comunicação, por exemplo: te alertando para uma cobertura ou é indiferente?
Getulio - No começo você fica meio perdido. Eles falam meio embolado, muito rapido. E ficava gritando : bamo...bamo.... adelante. E com o tempo a gente passa a se entender melhor. Ele tambem passou a nos entender melhor.


FTT - Em 75 uma seleção mineira representou o Brasil na Copa América. Você foi convocado e foi titular em todas as partidas mas como lateral esquerdo. Adaptou-se facilmente ?
Getulio - Adaptei sim. Eu tinha facilidade em cruzar com as duas pernas. 


FTT - Minas Gerais vivia um grande momento no futebol. . Muitos craques para uma mesma posição. Na lateral direita dois laterais do seu nivel e de Nelinho. Para volantes tinham Vanderley Paiva , Cerezo, Piazza , Zé Carlos e o Pedro Omar. No ataque o Campos, Reinaldo, Palhinha, Marcelo, Dirceu Lopes, Romeu, Joãozinho , Paulo Isidoro e Roberto Batata. O Atlético era o campeão brasileiro de 71, o Cruzeiro foi vice em 74 e 75 e campeão da Libertadores em 76. Foi o grande momento do futebol mineiro em todos os tempos?
Getulio - Primeiro quero lembrar de outro grande volante desta epoca, o Toninho Almeida do Cruzeiro. Agora quanto ao melhor momento do futebol em Minas Gerais sem sombra de duvidas. Você formava pelo menos duas seleções a nivel de seleções brasileiras. E isto já veio do fim dos anos 60 quando o Atlético venceu a seleção brasileira com Pelé , Tostão e cia (Atlético 2x1 Brasil 1969).

 
Nelinho , Piazza, Amaral, Getulio, Raul e Vanderley Paiva.
Agachados: Roberto Batata, Marcelo, Campos, Danival e Romeu.


FTT - Voces venceram a Argentina dentro de Rosario e em Belo Horizonte. O time deles era fortissimo com Gatti, Pavoni, Gallego, Ardiles, Luque , Valdano e Kempes. Foram os jogos mais dificeis desta Copa America?
Getulio - Sem duvida. Inclusive na Argentina vencemos de 1x0 com gol do Danival . Eles tinham o Gatti no gol, aquel goleiro que usava aquela fitinha pra amarrar o cabelo. Ele era todo metido. Chutaram uma bola em direção ao gol e ele matou no  peito e antes dela cair ele emendou, chutou pra frente. Aí o danival estava ligado, dominou e de longe chutou fazendo um golaço. Jogar em Rosario não foi brincadeira. A torcida deles com bodoque (istilingue)mandando pedras na gente. Pra entrar em campo cheio de polciais com aqueles cachorros pastores alemães. No hotel a noite muito foguetorio pra não deixar a gente dormir. O Raul pegou demais nesta partida. O Kempes chutou umas duas bolas lá que ele defendeu que salvou a gente. Luque tambem deu muito trabalho.


FTT - Mas o Peru tambem tinha um grande time com Chumpitaz, Soria, Oblitas e principalmente o Cubillas.
Getulio - Nossa, uma senhora seleção, um time que jogava bonito.

FTT - Pois o Brasil ganhou deles lá e perdeu no Mineirão por 3x1. O que aconteceu nesta partida?
Getulio - Eu acho que subestimaram o Peru. Teve um espião que foi lá ver um jogo deles e disse que o Oblitas estava em má fase, que eles não estavam tão bem . Imagina se estivessem (risadas).

FTT - E o Cubillas era um fora de serie mesmo?
Getulio - Minha nossa. O homem pegava a bola cortava pra lá, pra cá era tipo Pelé mesmo. Tabelava, cabeceava, tinha uma habilidade fora de serie.Completo.



FTT - Acabou a Copa América mas você continuou a ser chamado para a seleção. E foi campeão da Copa Roca e do Torneio Bicentenario dos EUA. Se lembra da seleção que foi campeã deste torneio ?
Getulio - Me lembro mais ou menos. No gol era o Leão , o lateral era o Orlando Lelé que estava realmente muito bem, na zaga o Miguel do Fluminense, um jogador até comum,o Amaral e o Marco Antonio. O meio de campo com Falcão, Rivelino e Zico. Na frente o Gil, Dinamite e o Lula.

FTT - O Orlando era o titular mas você jogou tambem?
Getulio - Entrei em duas partidas. Inclusive na final contra a Itália, o Oswaldo Brandão me chamou e o Givanildo tambem.Nós estávamos perdendo por 1x0 e ele pediu para mim apoiar mais e o Givanildo ficar mais protegendo a defesa e me liberando. A primeira bola que eu peguei, eu driblei um, outro e cruzei certinho no Dinamite. Ele dominou e empatou a partida 1x1.Depois eu fiz outro cruzamento e o Zico fez o segundo gol. No final vencemos por 4x1.



FTT - Você falou que o Oswaldo Brandão te colocou no time e ele tambem foi o tecnico daquela seleção mineira de 75. O que dizer dele?
Getulio - O Oswaldo era um sujeito com aquela cara de serio mas ele era brincalhão tambem. Tinha aquela jeitão sisudo mas era tipo paizão.Ele procurava o jogador e ouvia o que ele tinha dizer. Aceitava ouvir os jogadores.Era um cara que muita gente se enganava com ele. Era muito atencioso e conhecia muito de futebol, de tática.



 FTT -  E no inicio de 77 você foi comprado pelo São Paulo. Indicação de outro grande treinador.
Getulio - Foi. O Minelli me levou e tambem era este tipo paizão. Ele chegava pra gente e perguntava como estava a familia, se estava tudo bem .Ele se envolvia com o jogador. Cobrava da diretoria melhores condições. Qual treinador que faz isto hoje em dia?

FTT - Você chegou ao São Paulo e logo de cara a final do Brasileiro e justamente contra o seu ex clube, o Atletico. Como foi entrar no Mineirão e encarar aquela torcida?
Getulio - Foi a pior coisa que me aconteceu no futebol, serio mesmo.Estava muito recente  e para você ter ideia, nas entrevistas eu trocava os nomes, falava Atletico em vez de São Paulo . Ficamos concentrados na Toca da Raposa e eu numa ansiedade enorme. Perdi uns 3 kgs neste fim de semana. Quando eu entrei no campo e vi aquela torcida enorme, tinha muita gente ( 102.974) pensei comigo: nossa e agora. O Antenor subiu comigo e ele tambem tinha jogado no Galo e ficamos comentando.Os 15 primeiro minutos foram os piores. Depois você vai se soltando. Acabou que fomos para os penaltis. Eu não queria bater porque o João Leite estava cansado d me conhecer e sabia como eu batia. Porem o Minelli me falou que eu ia ser o primeiro a bater. Bati e não deu outra, o João Leite pegou.Sei que no final acabamos ganhando com o Atlético perdendo tres penaltis.

São Paulo e o primeiro titulo brasileiro do tricolor em 1977.O time campeão :
Waldir Peres, Getúlio, Tecão, Bezerra e Antenor, Chicão, Teodoro (Peres) e
Dario Pereira, Zé Sérgio, Mirandinha e Viana (Neca).
 
 
 
FTT - Os dois times jogaram desfalcados dos seus centroavantes na final. Reinaldo e Serginho estavam suspensos. Você acha que acabou sendo vantajoso para o São Paulo ?

Getulio - Não acho não. Reinaldo vivia um momento magico, era genial mas o Serginho fazia muitos gols tambem. Serginho chutava e cabeceava muito bem. os dois faziam gols em quase todos os jogos. Então, sei lá acho que se eles tivessem jogado sairia um placar de 2x2.
 
 
 
 Getulio fazendo um gol no Morumbi e recebendo os abraços dos companheiros.
 

FTT - E no São Paulo você ganhou outros titulos. Foram bicampeões paulistas em 80 e 81. Este time era uma verdadeira seleção ? 
Getulio - Nossa senhora. Valdir Peres, Getulio,  Oscar, Dario Pereyra e Marinho Chagas; Almir, Renato e Everton; Paulo Cesar, Serginho e Mario Sergio e tinha o Zé Sergio tambem. 



FTT - Este foi o melhor time em que você jogou?
Getulio - Foi !



FTT - Melhor do que o de 1977 campeão brasileiro?
Getulio - ah, foi melhor sim.Tinham mais jogadores que desequilibravam.


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FTT - O que dizer de uma defesa formada por Waldir Peres, Getulio, Oscar, Dario Pereyra e Marinho Chagas?
Getulio - Era mesmo muito boa. O miolo de zaga com Oscar e Dario Pereyra então. Eu e Marinho podiamos subir ao ataque tranquilos.
Inclusive no São Paulo eu tive o Carlos Alberto Silva como treinador. Mas ele as vezes parecia que ainda estava dirigindo a Caldense. Nosso time era temido com este plantel e teve jogo dentro do Morumbi que ele mandava eu ficar na defesa o tempo todo marcando o baroninho por exemplo. Ele nem vinha ao ataque. O Carlos Alberto gostava muito de jogar fechado, mais atrás.Ai acabava que eu não aguentava e ia ao ataque pois via espaços.

FTT - Nos esclareça então uma coisa. Jogador muitas vezes não dá ouvidos as ordens do treinador? Entra em um ouvido e sai por outro?
Getulio - Exatamente. Este time do São Paulo por exemplo. A gente via que os caras estavam jogando diferente do que o tecnico planejou e nós mesmos resolviamos isto. Olha Oscar adianta a marcação com o Dario Pereyra. Eu vou apoiar mais , O Paulo Cesar vai triangular comigo e por ai vai. Aliás eu me entendia muito bem com ele , tinhamos jogadas ensaiadas. A gente ia jogar contra o Corinthians por exemplo eu e Paulo Cesar combinavamos na concentração como fazer pra sair da marcação do Wladimir.


Getulio fazendo um gol para o tricolor, fazendo a alegria de Ze Sergio e Everton.


 FTT - E você trabalhou com alguns dos maiores tecnicos do Brasil. Oswaldo Brandão, Rubens Minelli e Telê Santana. Qual foi o melhor?
Getulio - Eles eram parecidos na maneira de trabalhar. Naquela epoca os tecnicos faziam muitos coletivos. Não tinha este negocio de jogar contra cone. O Tele então parava o coletivo diversas vezes até corrigir do jeito que ele queria.Tive ainda o Carlos Alberto Silva e o Mario Travaglini.


FTT - No São Paulo você viveu o melhor momento da sua carreira?
Getulio - No Atlético eu tambem tive bon momentos mas no São Paulo eu joguei por sete anos. Então foram meus melhores momentos. 



FTT - Bi campeão paulista em 80/81 você voltou a ser convocado para a seleção. Passou a fazer parte daquele grupo maravilhoso que foi a seleção de 82.
Getulio -  Foi. Joguei varias partidas pela seleção e o grupo era sensacional, forte demais. Aquele grupo foi armado aos poucos.

Um das formações da seleção brasileira em 1981.Waldir Peres, Getulio, Oscar, Batista, Luizinho e Junior. Agachados: Tita, Socrates, Reinaldo, Zico e Eder



Aqui na concentração com Pita, Serginho Chulapa e Batista. 


FTT - E porque você foi cortado?
Getulio - Nas eliminatorias fomos convocados eu e se não me engano o Edevaldo. Eu vinha jogando como titular.Iriamos jogar na Bolivia , na altitude. Durante o treinamento o tel^falou que não queria que ninguem parasse a bola. O Juninho, zagueiro que foi da ponte Preta me lançou uma bola muito forte e para não deixar ela sair a lateral dei um pique forte.Me faltou ar e eu abaixei pra tentar respirar, ficando ali parado.O Telê então parou o treinamento, me deu um esporro dizendo que falou que não queria que parasse e me cortou ali. 


Telê foi quem me lançou, devo muito a ele mas ele era assim, guardava magoa por pouca coisa, te tirava do time e muitas vezes nunca mais jogava com ele.


GETULIO MUDA DE TRICOLORES - SAI DO PAULISTA PARA O CARIOCA


FTT - No Fluminense você não se firmou como titular porque?
Getulio -  Eu fui para o Fluminense já em fsae final de carreira. O time tinha uma geração muito boa com Jandir, Delei, Branco começando, Paulinho, Ricardo Gomes e o Aldo. O Aldo estava muito bem, voando mesmo.Merecia a posição. Só que depois mudamos de tecnico e chegou o Carlos Alberto Torres. Ele chegou cheio de pompa e logo nos primeiros treinos reuniu o grupo e começou a falar: Ricardo Gomes você vai ser meu Passarella, Delei vai ser não sei quem,Branco o fulano de tal. E eu só olhando aquilo. Aí ele disse que quem estivesse bem jogaria.Pois bem, teve um jogo contra o Vasco e o Aldo foi expulso depois de dar uma porrada no Silvinho ponta esquerda deles. O jogo seguinte era contra o Botafogo. Sexta feira me empenhei ao maximo no coletivo para jogar o clássico, O Carlos Alberto era cheio de coisa e disse que quem fizesse um gol de falta no jogo ganharia uma televisão. No treino o Paulo Vitor jogava no time reserva e teve uma falta perto da area. Aí ele falou: ai Carão (apelido de Getulio) quero ver se faz gol em mim.Cobrei por cima da barreira lá na gaveta.O treino corrndo solto e chegou um conselheiro do clube que tinha fama de escalar times e foi falar com o Carlos Alberto. Eu pensei: ah com o Carlos Alberto, um tricampeão mundial vai ser diferente.O Carlesso (Raul Carlesso) que era auxiliar foi chamado pelo nosso tecnico então e me disse: o Carlos Alberto quer que você jogue de meia direita e improvisou o Leomir de lateral direito. eu falei de meia direita? Ele falou:é. Na saida do treino na entrada do vestiario eu cheguei para o Carlos Alberto e desabafei. poxa você um tricampeão mundial não tem opinião. Improvisar um volante de lateral enquanto eu estou aqui dando duro e esperando uma oportunidade. Aí xinguei ele de tudo. Cheguei para o presidente o Manoel Schwartz , tirei a camisa e disse a ele: muito obrigado por tudo nestes dois anos presidente e estou tirando esta camisa em respeito ao clube mas a partir de hoje não jogo mais aqui. Foi no domingo o Fluminense tomou de 5 do Botafogo. Ai resolvi parar até que fui chamado para jogar nos Estados Unidos.
FTT - Quem mais te impressionava jogando neste Flu? 
Getulio - Tinha varios. O Delei, o Assis mas o Romerito era fora de serie.Ele corria demais,o folego dele era impressionante. Era muito rapido e tinha tecnica tambem.

FTT - Aliás era um time leve com jogadores como Branco, Delei, Romerito, Tato, Assis, Paulinho.
Getulio - Muito rapido. Saia com velocidade para o ataque e recompunha tambem. 

FTT - Cite os tres maiores zagueiros que você viu?
Getulio - Luis Pereira, Luizinho e Dario Pereyra



Bruno e Getulio

FTT - E quem foi o ponta esquerda que te deu mais trabalho?

Getulio - Ahh sem duvidas o Joãozinho. Ainda bem que eu joguei somente tres anos contra ele. Joãozinho era fora de serie. Ele cortava pra direita, pra esquerda, pra dentro e pra fora.Tinha muito drible de corpo.



FTT - Aponte quais foram os 6 maiores jogadores que você viu. Aqueles craques de primeira grandeza.
Getulio -  Pelé . Reinaldo. Pedro Rocha era forte e jogava muito , Dirceu Lopes, Joãozinho, Rivelino e Falcão.



 FTT - Você trabalha no projeto Curumin. Dá aulas para diversos meninos carentes. Como está o projeto?
Getulio - Eram 32 nucleos e eu trabalhei quase 6 anos no Projeto Curumin, tirando meninos das ruas. O governo acabou com quase todos os nucleos e acho que está ficando dois ou tres apenas. São cerca de 6 mil crianças voltando para as ruas. Lá eles tinham reforço escolar, aula de musica, futebol, teatro.Eles iam pra lá por que na casa deles não tinham nem café e lá tomavam café , depois almoçavam e iam pra escola.


FTT - E você contribuia dando aulas de futebol?
Getulio -  Dava aula. Os meninos ficavam numa alegria...(emocionado e com os olhos cheios de lagrimas dá uma pausa) ...dá uma emoção que vou te falar.

FTT - E estão acabando com o Projeto? 
Getulio - (muito emocionado) Já acabou . Tivemos meninos que sairam do projeto e foram representar o pais no judo, na ginástica.

FTT - Acaba que você se envolve com os meninos. 
Getulio - Envolvia mesmo. Teve o caso de tres meninos lá, que eram bem magrinhos, você ve que faltavam as coisas na casa deles...(nesta hora Getulio não consegue segurar as lagrimas que lhe descem a face e emocionado dá uma pausa) (Chorando tenta voltar a entrevista, limpando os olhos com as mãos)

FTT - Quem sabe não apareça algum empresario.  Alguem que possa ler nosso blog e se sensibilizar por estas crianças.
Getulio - Quem sabe (respirando fundo) 

 

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Encontros eternizados - ZICO & JUARY

Os dois brasileiros cruzaram-se no ‘Calcio’ durante a época 1983/84, Juary jogando no Ascoli  e Zico  na Udinese.

Revista do Dia - MANCHETE ESPORTIVA 1978


A Revista Manchete Esportiva trás em sua capa  de dezembro de 1978 os melhores do campeonato brasileiro. Começando pela primeia fila a esquerda, estão Careca, Zico, Palhinha, na segunda fila Oscar, Zenon e Miranda, na terceira Amaral e Paulo Cesar Carpegianni  e na ultima Leão, Falcão e Zé Maria.

Camisa do Beitar Yerushalaim


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A 16a camisa veio lá de Israel graças ao amigo, guitarrista, zagueiro no futebol e asa no rugby, torcedor da portuguesa e admirador do Nacional, frequente presença no Brunão, dando uma força ao Ramalhão, economista e gente boa ”Rodrigo Lusa”.
Confesso que demorei pra identificar, porque possui um distintivo onde está escrito “Batash Sport” e eu pensava que esse era o nome do time, mas consultando o pessoal do Portal Kadur soube que é uma camisa antiga do Beitar Yerushalaim, um dos times mais tradicionais de Israel, e que tem uma das maiores torcidas no país. O escudo atual deles é:
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Mas já foi esse que tem desenhado na camisa, no início dos anos 90:
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O time, conhecido como os “leões da capital” tem feito muitos investimentos graças ao seu “proprietário”, o milionário russo-israelita (que também tem título de cidadão frances) Arcadi Gaydamak, acusado de uma série de “desvios comportamentais” coomo envolvimento com o tráfico de armas, entre outras cositas
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Particularmente não me agrada essa tendência de um time de futebol depender de um “figurão” cheio de dinheiro, para poder sobreviver, mas a coisa é mais comum do que se parece, principalmente nos países onde o futebol ainda não se desenvolveu muito profissionalmente.
Aliás, que paradigma não? Se evolui perde a graça, se não evolui, aparecem os tais figurões endinheirados e dominam o clube.
E pra quem pensa que falamos de um clube novo, vale dizer que o Beitar Yerushalaim é um clube bastante tradicional, fundado em 1936.
Segundo o ótimo livro “The ball is round: A Global History of Football” (compre aqui), o futebol chegou a Jerusalém com o exército britânico e logo se envolveu nos conflitos amargos da cidade.
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Em 1929, um menino judeu chutou uma bola em um jardim árabe. Na briga que se seguiu, o menino foi morto e seu funeral foi o estopim para grandes tumultos.
Os judeus de Jerusalém assumiram a organização do futebol no início dos anos 30, e as equipes da cidade se dividiram segundo as mesmas linhas políticas que caracterizavam outros aspectos do sionismo (movimento que defende a existência de um Estado judeu).
Três times caracterizam os extremos ideológicos, o Hapoel a esquerda, o Maccabi o centro, e o Beitar a direita.
Com a guerra dos seis dias , Jerusalém se expandiu e transformou-se na “capital eterna” de Israel, o que ajudou o Beitar a chegar à primeira divisão, fazendo com que, apesar de toda sua marginalidade autodeclarada, o time se tornasse popular.
Mas o Beitar ainda não conseguia chegar ao topo do futebol israelense. A velha guarda, como o Maccabi Haifa e o Maccabi Tel Aviv, mantiveram sua vantagem, continuando a estimular o senso de marginalidade da torcida do Beitar. Somente com a chegada de Arcadi Gaydamak, é que foi póssível conquistar o campeonato.
O time joga no Teddy Stadium, com capacidade para 21.600. A própria seleção israelense costuma mandar seus jogos lá.
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Alguns jogadores que passaram e marcaram época foram Sebastian ‘El loco’ Abreu, atacante uruguaio e o brasilerio Rômulo. Segundo João Vitor, leitor e colaborador do blog, Sebastian voltou pro River e o Rômulo voltou pro Cruzeiro.
Os torcedores do Beitar se mostram cada vez mais como militantes antiárabes e pró-assentamentos. Sua torcida organizada é a La Familia, ultras que importaram as técnicas aperfeiçoadas no futebol italiano.
Segundo Guy Israeli, o “chefão” do La Familia “O governo espera que o futebol promova a paz. Mas nós não queremos paz. Nós queremos guerra. Não é possível obter paz sem guerra.
Todo esse ódio, além da chegada de Gaydamak e o aumento do racismo vêm minando o verdadeiro amor dos antigos torcedores com o time. Triste não?
Como sempre, segue um vídeo com a visão das arquibancadas de lá:
E que o amor ao futebol fale mais alto que o ódio aos inimigos étnicos, culturais, políticos e religiosos. E que cante mais bonito que as guerras.

A história da bola no Brasil

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Muita gente acha que o Brasil é o país do futebol, mas cada vez mais percebo que o brasileiro não gosta de futebol, ele gosta é do time dele, e quando está ganhando, caso contrário, ao invés de ver o jogo ele prefere sair com o pessoal e se divertir.
O próprio presidente do Corinthians foi flagrado almoçando outro dia enquanto o timão fazia seu jogo da volta à série A (veja essa história no blog do Juca, num post do dia 10/11, clique aqui para ler).
Além disso, repare quão pequena é cultura nacional gerada em torno do esporte. Ainda são pouquíssimos livros, filmes e estudos abordando a tal “paixão nacional”.
Tentando colaborar nesse sentido, esse post nasce com a idéia de se contar um pouco sobre a história da bola de futebol aqui no Brasil.
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A história que se é contada e repetida pela imprensa paulista é que as primeiras bolas teriam sido trazidas ao Brasil por Charles Miller e Hans Nobiling em 1894.
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Charles trabalhava na São Paulo Railway Company (que depois viria a ser a Estrada de Ferro Jundiaí – Santos, que atualmente liga a capital ao ABC). Baseado nisso, alguns historiadores citam o campo do Lira Serrano, de Paranapiacaba como um dos primeiros do país.
Porém, também dizem que em 1872, os padres do Colégio São Luís, em Itu, no interior de São Paulo, já organizavam partidas entre seus alunos.
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Já no Recife, Guilherme de Aquino Fonseca, pernambucano que viveu por muitos anos na Inglaterra, teria sido o responsável pela primeira bola da região.


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No Rio de Janeiro se fala em Oscar Cox como o responsável por trazer a pelota em 1897 (ano que chegou ao país). Mas ainda em 1878, teria ocorrido uma partida no Rio, em frente à residência da princesa Isabel, entre marinheiros britânicos que ao final do jogo levaram a bola embora.
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 Fala-se também em Thomas Donohoe, um inglês contratado pela fábrica Bangu que teria trazido uma bola por volta de 1891.
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E foi no Rio de Janeiro, mais precisamente em Petrópolis, no começo do século 20, que surgiu o primeiro fabricante de bola de couro cru do Brasil, obra do sacerdote Manuel Gonzales, do Colégio Vicente de Paula.
No sul, as primeiras bolas de futebol apareceram na cidade portuária de Rio Grande e cidades próximas da fronteira com o Uruguai. Existem relatos de jogos nas cidades de Uruguaiana e Santana do Livramento antes de 1900. Podemos citar o alemão Johannes Christian Moritz Minnemann e Cândido Dias da Silva como pioneiros.
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As bolas daquela época eram bem diferentes das nossas atuais. Tinham uma abertura por onde entrava uma câmera inflável de borracha, e pra fechar tal abertura era usado um cadarço que ficava amarrado para o lado de fora, dando chance dos jogadores se machucarem nas cabeçadas, por isso era tão comum se utilizar aquelas touquinhas. Abaixo duas fotos de bolas da época:

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Nos anos 40, as bolas passaram a ter costura interna, sem a abertura e o cordão. Mas seu couro encharcava nos dias de chuva, tornando-as extremamente pesadas, lembrando as bolas de capotão que a molecada usava na década de 80.
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Em 1962, estreou a pelota com 18 gomos, mais leves e estáveis.
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Na copa de 70 foi usada uma bola com 32 gomos, totalmente de couro e costurada a mão.
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Em 78 surgiu o grande ícone, a bola “Tango” produzida pela Adidas para a Copa do mundo, e que foi base pras todas as bolas desenvolvidas até 2002.
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A partir dos anos 90, muito se inventou na área da tecnologia, para melhorar a performance dos chutes, e velocidade da bola, assim como os modelos utilizados. A Copa de 2002 usou a Fevernova:
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 Na Copa de 2006, foi a vez da Teamgeist:
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Para constar, a bola oficial de futebol, como determina a regra, deve ter uma circunferência superior a 68cm e inferior a 70cm.
Seu peso, no início da partida, deverá ser de 450g no máximo e de 410g no mínimo. A pressão deverá ser igual a 0,6 -1,1 atmosferas (600 – 1.100 g/cm²) ao nível do mar.
Isso na teoria, porque na prática, pra quem ama futebol, a bola é o de menos, valem latinhas massadas, limões, bola de plástico e o que mais se quiser usar pra atender aos chamados e a vontade dos deuses do futebol.
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15- Camisa do Yokohama Flugels

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 A 15a camisa vêm de longe, do Japão, país que começou a trabalhar o futebol com maior intensidade somente no inicio dos anos 90, depois da ida do craque Zico para lá. Ganhei de um novo amigo que trabalha comigo, o Oliver.
O time é o Yokohama Flügels, que nasceu como o time da Agência Aérea do Japão (ANA), por isso o nome “Flügels” (asas em alemão) e a forma do seu distintivo (lembra um avião, dá uma conferida abaixo).
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Disputou a liga  anterior à profissionalização do futebol japonês e depois a primeira divisão da J. League entre 1993 e 1998. Em 1999, em meio a uma crise, seu patrocinador mor (ANA) decidiu em reunião com o patrocinador do seu rival local Yokohoma Marinos a união dos dois, formando um único time, o Yokohoma F. Marinos.
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Dá pra imaginar o que aconteceria se, por exemplo, Comercial e Botafogo de Ribeirão Preto se fundissem? Impossível? Vale dizer que aqui no Brasil o Paraná passou por um processo parecido, com os clubes Pinheiros e Colorado, lembra-se?
Porém, os torcedores e dirigentes não se sentiram satisfeitos com a fusão e fundaram em 1999 o primeiro time japonês que funciona com o sistema de sócios (como o Barcelona), chamado Yokohama F.C. que atualmente disputa a segunda divisão da J. League.
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Bom, mas enquanto Yokohama Flügels, por lá, jogaram César Sampaio, Edu Marangon, Zinho e Evair, só pra citar alguns dos jogadores mais conhecidos.
No Japão o futebol tentou surgiur com uma cara de espetáculo, como o basquete nos EUA,então era comum ver os times adotando mascotes com caras comuns e que entravam em campo (como está começando aqui no Brasil). O mascote do Flugels era esse Mickey aí (boniiiiiiiiito):
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Seu estádio é o Mitsuzawa Stadium, com capacidade na época pra 15.046 pessoas.


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Mesmo nunca tendo chegado ao título da J. League, eles sempre tiveram bons elencos, e venceram, por exemplo a Copa do Imperador, a Super Copa da Asia e a Copa dos Campeões da Ásia.
Mas pra muitos, sua maior conquista foi não ter aceitado a fusão com seu rival, preferindo iniciar na segunda divisão um novo clube, do que perder sua individualidade cultural.

14: Camisa do Sport

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Antes de mais nada, se você ainda não entendeu o que é esse blog, leia o post inicial.
A 14a camisa é a do Sport Club do Recife, time que conquistou a Copa do Brasil de 2008 numa das finais mais emocionantes dos últimos anos. Aliás, não só a final, toda a campanha do Sport foi emocionante e um jogador (que nem pode disputar a tal final) representou bem esse espírito, Romerito (um dia ainda entrevisto ele por blog).
romerito
Possui dois grandes sites, o www.sportrecife.com.br/ , ou o www.siteoficialdosport.com.br/ .
Falando de história, o Sport Club do Recife, foi fundado em 13 de maio de 1905 (mais de 100 anos de tradição, é mole?) por Guilherme de Aquino Fonseca, pernambucano que viveu por muitos anos na Inglaterra , e que regressou trazendo consigo a paixão pelo novo esporte daquele país, o futebol.
Dizem que na própria festa de inauguração do clube, já aconteceu uma partida de “football” entre os sócios do Sport e do English Eleven.
Convite para o primeiro jogo
Convite para o primeiro jogo
Em 1916, o Sport disputa pela primeira vez o campeonato Pernambucano e chega ao título em cima do que será seu eterno rival, o Santa Cruz. Dali em diante o Sport inauguraria uma comemoração bastante comum em sua história, ser campeão estadual. Seu primeiro escudo era bem diferente do atual:
Em 1919 chega a atual versão do seu escudo, devido ao troféu Leão do Norte, disputado contra um combinado do Remo/Payssandú e que possuia a escultura de um leão. A torcida paraense inconformada teria tentado retomar o cobiçado troféu, ocasião em que a cauda do leão foi partida. O troféu é mantido até os dias de hoje, com sua cauda partida, unida por um laço, na Sala dos Troféus, na sede do Clube.
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Com isso, o leão acaba se tornando seu mascote também.
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Em 1937, inaugura seu estádio, a Ilha do Retiro, construído sobre uma ilha e aterrada em torno. A Ilha viria a sediar o jogo Chile x EUA na Copa do Mundo de 1950.
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Em 1987 o Sport conquista o campeonato brasileiro, num torneio cheio e plêmicas, uma vez que o campeão deveria sair de um confronto final entre o módulo amarelo (Sport e Guarani) e do módulo verde (Flamengo e Internacional), mas os cariocas e gaúchos recusaram-se em jogar as finais dando o título ao Sport (reconhecido pela FIFA). Na sua participação na Libertadores no ano seguinte, o Sport não conseguiu se classificar para segunda fase.
Para 2009 as expectatvas são grandes para a disputa da Libertadores, afinal o time ganhou muito respeito pela conquista da Copa do Brasil.
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Sempre que jogou contra o Santo André, eu ouvia um grito diferente de sua torcida e só depois soube que era o famoso Cazá, grito de guerra do Sport, iniciado em 1938 segundo seus torcedores. Sendo assim, seria anterior ao grito similar entoado pela torcida do Vasco, que teria aprendido com o ex jogador do Sport Ademir Menezes. Veja como é:
Cazá, cazá
Pelo Sport nada?
Tudo!
Pelo Sport nada?
Tudo!
Então como é, como vai ser e como sempre será?
Cazá! Cazá! Cazá, cazá, cazá!
A turma é mesmo boa!
É mesmo da fuzarca!
Sport! Sport! Sport!”
Falando de torcida e rivaldades, vale lembrar que o time faz com o Náutico o chamado “Clássico dos clássicos”, e com o Santa Cruz, o “Clássico das Multidões”.
Além disso, fiquei sabendo que está acontecendo desde 2007 um movimento chamado “Brava Ilha”, uma torcida que foge dos padrões das organizadas brasileiras e que mostra influência das barra-bravas latinoamericanas, veja o detalhe pra faixa criticando o senado:
  Mas a torcida jovem também, segue firme e forte com seu bandeirão:

Boa sorte em 2009!

Meu adeus ao Chicão – o homem que pararia Pelé.

É, tudo na internet é em tempo real, mas precisei de um tempo pra conseguir escrever esse post. Mais de um mês após sua morte (8 de outubro) essa é minha homenagem. 
Como já disse aqui, tenho uma visão diferente das coisas, do mundo e do futebol. Alguns dirão que é porque nunca fui um jogador habilidoso, no máximo um razoável goleiro e um zagueiro brucutu esforçado (tipo o Camilão do Santos, lembra?).
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Seja lá o motivo, eu sempre valorizei muito mais quem tivesse coragem vontade e amor à camisa do que quem simplesmente gosta de driblar, e muitas vezes parece descompromissado com o time.
Assim, Chicão era um dos meus grandes ídolos, mesmo sem tê-lo visto jogar ao vivo. (Sou de 77, ano em que ele estava no auge).
Francisco Jesuíno Avanzi, o “Chicão” nasceu em Piracicaba, em 30 de janeiro de 1949, e jogou no XV de Piracicaba, Ponte Preta, São Paulo, São Bento, Atlético Mg,  União Barbarense-SP, Mogi Mirim-SP, Londrina-PR, Santos, Botafogo-SP, Goiás e Lemense. No São Paulo, alcançou o auge da sua carreira. Foi símbolo de garra, incansável no desarme.
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Pela maneira viril com que jogava adquiriu um problema crônico do nervo ciático, mas nem parecia que isso o atrapalhava. Além disso, tinha personalidade tão forte, que chegou a levar um cartão amarelo antes do jogo, começar quando gritou para o árbitro José de Assis Aragão “Apita direito essa porcaria! “.
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Tive o prazer de conhecer pessoalmente o Chicão, há cerca de 10 anos, num clube chamado Satélite, em Itanhaém, no litoral sul de São Paulo, e foi por várias vezes que pude bater longos papos e me deliciar ouvindo suas histórias, verdadeiras epopéias perdidas no tempo.
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O Chicão pessoa não tinha nada a ver com o volante. Era calmo, voz mansa. A notícia de sua morte me pegou de surpresa… Sequer sabia que estava internado, ou que tivesse câncer. Como as coisas são… Nunca pensei em tirar uma foto ao lado dele, afinal… eu o via com certa frequência…
Bom, vale relembrar algumas histórias que ele me contou, por exemplo sobre sua mágoa com a imprensa que criticou sua escalação pra copa de 78 (onde foi um monstro marcando Kempes, da Argentina no 0×0 que eliminou o Brasil).

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Além disso, ele sempre fez questão de desmentir a historia de que foi ele quem quebrou o joelho do Angelo, jogador do Atlético MG na final de 77. Ah, pra quem gosta, tem uma entrevista dele após esse jogo em: Chicao2_SP_CAM_77.wma, e outra no youtube em:watch?v=4DFSh0G_8-g
Mas o que eu mais gostava de ouvir, nem era bem uma história… Se era, confesso que fui eu quem a criou. O fato é que sempre que ele se animava relembrando seus feitos eu o desafiava com a pergunta:
“Chicão, mas cá entre nós, se você tivesse chance de enfrentar o Pelé, ambos no auge de suas fases em uma partida decisiva (e digo isso porque eles chegaram a se enfrentar em um jogo que não valia muita coisa) o Pelé ia ter chance de fazer muita coisa??”
No começo essa pergunta o incomodava, porque ele achava que era uma provocação minha, mas com o tempo (eu perguntei isso umas 10 vezes, em cerca de 5 anos, juro) ele parava, como que imaginando o momento e….
Sorria… Apenas isso. Ele dizia…. ” O negão jogava demais”. Eu insistia e dizia: “Mas você é o Chicão, aposto que ele ia ter medo de você.” E na mais ousada de suas respostas uma vez ele disse.. “Vai saber né? Num jogo decisivo… Eu podia aprontar alguma coisa”.
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A camisa 13 é bastante representativa. Nas últimas décadas, a seleção Argentina substituiu o Uruguai como ícone de uma enorme rivalidade com o futebol brasileiro.
Muito disso foi causado pela mídia burra e manipuladora que insiste em transformar grandes jogos em grandes brigas.
Mas acredito que cada vez mais isso está diminuindo, e a prova maior disso é o número de camisas da seleção e dos clubes argentinos que se pode ver nas ruas das cidades brasileiras.
As duas camisas acima são da Argentina, porém a de número 10 é uma camisa comemorativa ao título mundial de 1986 (aliás, ela foi presente do grande amigo Guga, talentoso redator, brilhante profissional de Marketing, além de basqueteiro falido e baterista esperançoso).
Campeões de 1986
Campeões de 1986
Eu confesso me identificar muito com o jeito do jogador argentino, que valoriza mais a identificação e dedicação do que a “firula” e a humilhação. Mas não sou inocente de não perceber que a seleção argentina também passa por um momento delicado e já conta até com uns jogadores que as vezes dão uma de “estrelinha”.
Como superar isso? Que tal chamar a maior lenda do futebol para dirigir a seleção? Para alguns parece piada, pra mim, parece mágica, é ótimo poder vê-lo dentro de campo em pleno século XXI.
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Bom, só pra constar, na minha última ida à Buenos Aires e influenciado pelo meu curto mas esforçado tempo de treino de rugby, comprei a camisa do PUMAS (a eleção Argentina de Rugby), segue-a:
E pra terminar, como sou um profissional da publicidade acho que consigo através de uma pequena sequência de comerciais mostrar um pouco da diferença entre nossa cultura. Se para muitos soa estranho fazer propaganda de cerveja sem apelar pro clichê machista da mulher em biquíni, veja como se cria uma marca de cerveja!
Essa última, da Coca  Cola todos achavam ter sido feita pro Brasil…
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Em defesa do Londrina

Escrevi o texto abaixo como comentário de um post feito pelo amigo Felipe no blog “De primeira”.
Veja o post em www.interney.net/blogs/deprimeira/2008/11/05/o_londrina_e_seus_2000_vagabundos/
londrina
Ah, esse mundo onde as pessoas valorizam cada vez mais os comportamentos óbvios e esperados…
Felipe, vc sabe, sou torcedor do Santo André, Talvez não o time dos 2000 vagabundos e bebados , mas sem dúvida um time também marginalizado em sua própria cidade.
Saudades de uma época em que amar o time da sua cidade era como dar sequência ao amor que se tem pela própria família, pelos amigos, e pela sua própria história.
A tal globalização coloca todo mundo numa mesma panela, e como quem manda é o dinheiro, é óbvio que os mais ricos saem na frente. Aqui no estado de São Paulo é considerado estranho qualquer um que não torça para o trio de ferro (São Paulo, Corinthians ou Palmeiras) ou para o Santos.
Por hora esses times riem e acham que estão ganhando, mas num segundo momento, vão ver o que criaram, porque as crianças de hoje já não querem sequer os grandes brasileiros.
Querem o grandes “de verdade”, os Chelseas, Milans e Barcelonas da vida.
Futebol é um reflexo da sociedade, não deixemos banalizar ou venderem nossos sentimentos de amor às nossas pequenas coisas e causas. Cresca, evolua, mas nunca esqueça do seu bairro, das suas origens..
Sigo torcendo pelo Santo André, mas o Tubarão tem minha total admiração, pois sua simples insistência em existir representa um pouco da nossa luta do dia-a-dia de sermos nós mesmos, e não atores de um grande filme de hollywood.
Abraços

12- Camisa do V.O.C.E.M.

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A 12a camisa é muito especial, pois é do VOCEM, time de Assis, cidade de origem da minha família por parte de pai.
Atualmente o clube está licenciado do futebol de campo profissional, o que é muito triste pela tradição que esse brasão carrega. Pelo que vi, o nome segue apenas no futebol de salão.
O time foi fundado pelos religiosos da Vila Operário (daí o significado da sigla: Vila Operário Clube Esportivo Mariano), e as cores do uniforme (branco e grená) representam o pão e vinho. Era chamado de “Marianinho”.
Outro fato legal é que meu pai conta que chegou a jogar pelo VOCEM e até ajudar na organização do time (na época restrita ao padre Belini da igreja que ficava em frente a casa da minha vó Luzia, já falecida). Coincidência ou não, o time foi fundado em 21 de julho de 1954 e meu pai nasceu em 22 de julho.
Esses dias folheando o livro “Assis de A a Z”, do Marcos Barrero, li um belo texto contando a fatídica história do VOCEM, que em 1984 chegou ao quadrangular final da divisão de acesso, mas perdeu todos os jogos, sendo o último uma goleada de 7×1 para o Paulista de Jundiaí.
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Achei uma imagem meio distorcida do distintivo do time:
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Enfim, o VOCEM se tornou uma ligação muito especial pra mim, por lembrar minha infância, quando passava o Natal em Assis. Além disso tem uma coisa bem engraçada, o apelido do estádio é Tonicão, e meu avô era chamado de Tonico, e aqui em Santo André, o estádio é o Brunão e meu avô por parte de mãe que aqui vive, chama-se Bruno. Coincidência, não? Em breve prometo um post com fotos dos dois estádios e dos dois vôs.
Abraços!!!
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São Caetano muda mascote

 

 

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Sou andreense de coração e consequentemente “rivalíssimo” do time da cidade vizinha, São Caetano, mas sempre tentei levar essa rivalidade de modo ético.
Até porque esse sentimento é bastante recente, há pouco mais de 10 anos atrás era comum ver o pessoal nas arquibancadas do Brunão acompanhando via rádio os jogos deles, e os torcedores da “velha escola” sequer haviam migrado a rivalidade que existia com o extinto SAAD (também da cidade de São Caetano) para a A.D, São Caetano.
Talvez uma das coisas que mais me incomode seja o fato deles terem roubado um dos nossos mascotes, afinal o Santo André era o azulão do ABC (no início da década de 90, o São Caetano usava camisas vermelhas).
Exatamente por isso, fiquei feliz ao ouvir que o time da cidade vizinha havia promovido mudanças no visual e mascote do time.
Pensei… Podiam adotar o baianinho, afinal as Casas Bahia e eles já são bastante próximos e daría pra diferenciar bem os dois times da região.
Mas não…. Ao completar seus 20 anos de existência com o objetivo de tentar valorizar um pouco a marca, foram acrescentadas três estrelas ao escudo, referentes aos títulos Paulista de 2004, campeão paulista da série A-2, em 2000 (estranho né???), e campeão paulista da série A-3 (1991 e 1998) (nossa… recordar é viver…, mas.. A3???). E ficou assim:
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E a mudança do mascote que eu tanto aguardava simplesmente substitui o passarinho azul com cara de bonzinho por um com cara de bravo e traços mais modernos. Os anos de série B terão deixado o pássaro bravo?
Agora vai!
Agora vai!
Brincadeiras e rivalidades a parte, o que você acha?
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11- Camisa do Universidad Católica (Chile)

Essa é especial, pois foi a primeira camisa que consegui após iniciar o blog, e veio diretamente do Chile.
Quem me deu foi o Matheus, um dos Diretores de Arte da Cappucino (www.cappuccinodigital.blogspot.com/) e só me resta agradecer !! Valeu mesmo cara!

Presente bom, não acha?
Presente bom, não acha?
 O Club Deportivo Universidad Católica foi fundado em 21 de abril de 1937, na cidade de Santiago, no Chile, e é uma das equipes mais conhecidas pelos brasileiros, pelas participações em copas Libertadores de América.
Seu estádio é o San Carlos de Apoquindo, com capacidade para 20 mil espectadores e muito bem localizado (veja abaixo).
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Veja mais de perto! Achei essas imagens no www.worldstadiums.com, se você gosta de estádios, dê uma conferida!
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Já conquistou nove Campeonatos Chilenos, dentre outros títulos, como os de Copa Chile Libertadores. Chegou à final da Taça Libertadores de América em 1993, quando perderam para o São Paulo, mas no ano seguinte (1994) levaram a Copa Interamericana.
Seu site oficial é: http://lacatolica.terra.cl/ Seu escudo é bastante diferente não acha?
catolica
E como o pessoal já se acostumou, aí vai um vídeo caseiro da hinchada:
Abraços e até mais!

E a fórmula 1 teve seu dia de futebol

Outro breve comentário sobre o fim de semana.
Até eu, que nunca fui muito fã de acompanhar a fórmula 1 (nem qualquer outra corrida automobilística) acompanhei volta a volta todo o Grande Prêmio de Interlagos.
Parece que Felipe Massa vem mesmo trazer emoção ao esporte que andava meio sem graça. E quem diria, na final do campeonato um gol no último segundo decidindo o campeão…
Sorria, Galvão!


Tuna luso campeã

Notícia rápida sobre uma das camisas que já passaram pelo blog…
A Tuna quebrou um jejum de mais de uma década sem títulos e levou o título da Copa Centenário, após o empate sem gols diante o União Esportiva, no Mangueirão.
tuna

10: Camisa do União São João de Araras

A décima camisa é de uma equipe do interior de São Paulo, o União São João de Araras, fundado em janeiro de 81, e que ficou mundialmente conhecido por ter revelado o cantor lateral Roberto Carlos. Além disso, foi o primeiro time brasileiro a se tornar clube-empresa. O site oficial do time é www.uniaosaojoao.com .
Peguei essa camisa lé em Araras, num dia que fui apresentar um projeto para uma empresa local (o laboratórios Zurita). Rodei a cidade toda e não encontrava nem pirata nem original, fui encontrar essa última como peça de mostruário e num preço bem salgado. Além disso, ao sair da loja, meu carro havia sido multado (tinha parado na zona azul e nem tinha percebido).
Como a cidade possuia uma grande quantidade de Araras às margens dos belos rios e bosques, desde sua formação (segunda metade do século XIX), o mascote do time (e o nome da cidade) acabou sendo a própria ave.

O próprio distintivo leva a Arara estilizada (numa versão mais moderninha):


Em 1996, o União conquistou a série B do brasileiro, seu título mais importante que o levou a disputar a série A em 1997. Infelizmente a partir daí foram apenas quedas. Em 97 caiu pra série B e em 99 pra série C. Atualmente (2008) na A2 do paulista, não disputará a série C 2009.


Time campeão em 1996
Time campeão em 1996

Uma pena para um time que chegou a montar um ótima estrutura para o futebol. Aliás, o estádio do União chama-se Doutor Herminío Ometto Raimundo e tem capacidade para 22 mil pessoas (embora , com as novas normas de segurança nos estádios, não receba mais que 16 mil). Foi nesse estádio que Rogério Ceni marcou seu primeiro gol, em 1997.


Um outro site interessante sobre o futebol de araras é o : http://futebolararense.sites.uol.com.br/
E só pra citar, não sei se o pessoal da Unigarra ainda está na ativa, mas era a principal torcida organizada do time. Abraços aos torcedores de Araras (que sempre nos receberam tão bem quando o Santo André jogou lá).


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