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sábado, 27 de agosto de 2011

O craque disse e eu anotei - JAIR DA COSTA


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Através do meu amigo Wanderley (Memofut), pude entrar em contato com o Jair da Costa por intermédio do seu filho. A entrevista foi realizada no Centro Esportivo do Jair em Osasco, na Grande São Paulo, onde os seus muros são pintados com as cores da Inter de Milão, contando também com a participação do Alexandre Soares, membro bem participativo da FTT. Confiram a matéria.

MAURÍCIO SABARÁ: Você nasceu na cidade de Santo André, mas veio novo morar aqui em Osasco.
JAIR DA COSTA: Exatamente, nasci em Santo André, no ano de 1940. Fui pra Osasco em 1948, começando aí a minha carreira de jogador de futebol.

MAURÍCIO SABARÁ: E no caso você começou a jogar na várzea. Qual foi o seu primeiro time?
JAIR DA COSTA: Em Osasco foi o Zé Mota. Depois joguei no Duque de Caxias e na Cobrasma.
MAURÍCIO SABARÁ: Nessa época já jogava na posição de ponta-direita?
JAIR DA COSTA: Eu era meia-esquerda na época. O Tony Marchetti, um rapaz que jogava comigo, foi pra Portuguesa de Desportos, me convidou, porque lá estava faltando um ponta-direita. Disse que não jogava nesta posição. Ele respondeu pra mim fazer um teste, pois quem sabe desse certo. Foi o que aconteceu, realizei uns quatro treinos e o técnico Nena (ex-zagueiro) me inscreveu no time juvenil, sendo campeão em 1958.
Portuguesa em 1961 - A partir da esq. em pé estão - Carlos Alberto. Juths. Herminio. Ditão. Vilela
e Mario Ferreira. Agachados: Jair da Costa. Ocimar. Servilio. Ipojucan e Melão.

MAURÍCIO SABARÁ: No seu início de carreira havia algum jogador como referência para o seu estilo de jogo?
JAIR DA COSTA: Não tinha nenhuma referência, aprendi tudo na várzea e também na rua, jogando com bolas de meia e de capotão.

MAURÍCIO SABARÁ: Na época da Portuguesa, você jogou com Servílio, Ipojucan e Sílvio. Era um time muito bom.
JAIR DA COSTA: Chegamos a ser Vice-Campeões Paulistas. Tinha Carlos Alberto, Nélson, Ditão, Jutis, Odorico, Vilela, Sílvio, Servílio, Ocimar e Nílson. Era um grande time, fizemos bastante sucesso e foi daí que saí pra Seleção Paulista e Brasileira.
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Jair da Costa, Didi, Nardo, Servílio e Melão

MAURÍCIO SABARÁ: Na Seleção Brasileira, você jogou apenas uma partida, que foi Brasil 3 X 1 País de Gales, no dia 16 de Maio de 1962 (Pacaembu). Por sinal foi o último jogo antes de ir pra Copa do Mundo.
JAIR DA COSTA: Isso mesmo. Foi um jogo-treino, começando a minha carreira na Seleção Brasileira, indo logo em seguida pra Itália.

MAURÍCIO SABARÁ: Quando você foi convocado para esta Copa, parece que era pra ser o Garrincha e o Julinho, que foi cortado e parece que ele te indicou pra fazer parte da Seleção.
JAIR DA COSTA: O Julinho não me indicou, porque antigamente eram convocados 40 a 42 jogadores, com o treinador cortando aqueles que se machucavam, que não podiam ir ou outros quando haviam melhores atletas.

MAURÍCIO SABARÁ: Qual é a sua lembrança da Seleção Brasileira de 1962? Foi uma grande conquista, com você sendo reserva do genial Mané Garrincha, que jogou uma Copa do Mundo como poucos na história.
JAIR DA COSTA: O particular que houve nesta Copa, além da amizade que tinha entre todos os jogadores, o que era muito importante para o futebol, foi o jogo final, que eu deveria jogar, já que o Garrrincha havia sido expulso, me prepararam a semana toda, mas depois ele foi perdoado e foi o titular. Ainda bem que isso tenha acontecido, pois ele só não fez chover na Seleção Brasileira.
Jair da Costa é o terceiro a partir da esq. na primeira fila embaixo ao lado de Mario Américo e Coutinho
.


MAURÍCIO SABARÁ: Justamente nesta ocasião do Mundial, você, como reserva nos treinos, era muito elogiado na sua performance, tanto que parece que o Milan queria contratá-lo a princípio. Isso é verdade, Jair?
JAIR DA COSTA: Eu ouvi dizer que o Milan me sondou. Mas acabei, graças a Deus, indo pra Inter. Tive muita sorte, pois fui quatro vezes Campeão Italiano, Bicampeão Europeu e Mundial. Em dez anos na Itália, ganhei praticamente tudo.

MAURÍCIO SABARÁ: A sua contratação foi uma surpresa pra você? Como foi a adaptação no futebol italiano, em um país tão diferente do Brasil?
JAIR DA COSTA: A minha ida para o futebol italiano aconteceu porque na quarta-feira faziam jogos amistosos com o time reserva da Seleção Brasileira. Foi aí que o Helenio Herrera, que era treinador da Seleção Espanhola, além de treinar também a Inter de Milão, me viu e contratou-me. Depois de um mês é que tive a notícia que estava sendo contratado.

MAURÍCIO SABARÁ: Na Inter de Milão, quem eram os jogadores que atuavam contigo? Parece que jogavam o Mazzola e o Facchetti.
JAIR DA COSTA: O Facchetti e o Mazzola haviam subido das equipes de base. Mas o time principal era composto por Sarti, Burgnich, Guarneri e Facchetti; Tagnin e Picchi; Jair, Mazzola, Milani, Suárez e Corso. Era um time de seleção.

MAURÍCIO SABARÁ: Coincidentemente nesta época, o Milan também tinha uma equipe muito boa. Como eram os clássicos?
JAIR DA COSTA: Os clássicos são sempre importantes, era o clássico de Milão ou Derby Della Madonnina. Eram jogos difíceis, que poderia ganhar de 1, 2, 3 ou 4 para ambos os lados. Eram partidas maravilhosas.
Jair da Costa driblando o goleiro e fazendo mais um gol pela Internazionale. Até hoje Jair é muito querido por todos no clube italiano.


MAURÍCIO SABARÁ: Você foi quatro vezes Campeão Italiano pela Internazionale.
JAIR DA COSTA: Fui quatro vezes Campeão Italiano, fora os vices. Depois fomos Bicampeões Europeus e Mundiais, sendo que um destes torneios atualmente é chamado de Champions League.

MAURÍCIO SABARÁ: Duas finais deste Campeonato Europeu foram contra times muito bons na época. Na primeira, em 1964, foi com o Real Madrid.
JAIR DA COSTA: O Real Madrid tinha Di Stefano, Puskas e Gento. Era um timaço, com alguns jogadores da Copa do Mundo de 1962.
O timaço da Inter campeão europeu em 1964 - Em pé a partir da esq. Giuliano Sarti, Facchetti , Guarneri, Gianfranco Bedin, Burgnich, Armando Picchi - Agachados: Jair Da Costa, Sandro Mazzola, Joaquim Peirò, Luis Suarez, Mario Corso.


MAURÍCIO SABARÁ: Acredito que na final de 1965, você tenha feito o gol mais importante da sua carreira, do título contra o Benfica de Eusébio, Coluna e Costa Pereira.
JAIR DA COSTA: O gol foi no Costa Pereira, que era um dos melhores goleiros do mundo e jogava na Seleção Portuguesa. Choveu muito neste dia antes do jogo, com a bola e o campo estando muito escorregadios. Teve um contra-ataque, com o Mazzola me lançando, sendo que, quando chutei, acabei escorregando, com ele tentando encaixar a bola, com ela passando no vão do braço e da perna, caindo o Costa Pereira com a bola dentro do gol. Foi 1 a 0.

MAURÍCIO SABARÁ: Título esse que você guarda com tanta recordação.
JAIR DA COSTA: Lógico, tanto que você vê o painel que tenho, com este gol estando lá. Todo mundo que vem aqui me pergunta como foi esse gol. Eu respondo que aconteceu em 1965, num dos maiores goleiros do mundo, que se chamava Costa Pereira.

MAURÍCIO SABARÁ: Você também jogou uma temporada no Roma da Itália.
JAIR DA COSTA: Joguei uma temporada em 1967/68, se não me engano. Foi bom também, fiquei um ano lá, sendo que, logo em seguida, a Inter me recomprou. Ao voltar, fui novamente Campeão Italiano e Vice-Campeão Europeu.

Jair da Costa atualmente com as suas recordações

JAIR DA COSTA VOLTA AO BRASIL PARA JOGAR NO SANTOS

ALEXANDRE SOARES: Em 1972 você foi para o Santos. Como foi a sensação de jogar com o Pelé?
JAIR DA COSTA: A sensação foi de felicidade, satisfação e honra, por jogar com o maior jogador de futebol do mundo.

ALEXANDRE SOARES: O Santos, naquela época, também tinha um grande time.
JAIR DA COSTA: Já estava em decadência, mas ainda era um grande time, tanto que fomos Campeões Paulistas, em 1973.
Santos 1973 - A partir da esq. em pé - Cejas. Marinho Perez. Zé Carlos. Vicente. Clodoaldo e Turcão.
Agachados: Jair da Costa. Brecha, Eusébio. Pelé e Edu

ALEXANDRE SOARES: Falando dessa final, jogando contra a Portuguesa, o time que te lançou. Qual foi a sua sensação de jogar contra o seu ex-time?
JAIR DA COSTA: Foi maravilhoso, acontecendo aquele negócio dos pênaltis com o juiz Armando Marques errando na contagem, o título saindo dividido, sendo que o único que saiu campeão completo fui eu, pois jogava no Santos e havia começado na Portuguesa.

ALEXANDRE SOARES: Passado o período no Santos. Encerrou a carreira no futebol canadense.
JAIR DA COSTA: Fiquei seis meses lá, em uma colônia italiana que havia montado um time (Windsor Star), perguntaram-me se eu aceitaria jogar pra eles. Aceitei e fui passear um pouco com a minha senhora.
Alexandre Soares, Jair da Costa e Mauricio Sabará
ALEXANDRE SOARES: Em 2008 você recebeu uma homenagem da Inter, no ano do seu centenário, no estádio Giuseppe Meazza. Qual foi a sua sensação de ser ainda reconhecido como ídolo depois de tanto tempo, sendo ainda ovacionado?
JAIR DA COSTA: De fato foi uma surpresa boa, porque a torcida italiana da Inter de Milão, não me esqueceram até hoje, tanto é que de vez em quando converso com os meus amigos. Hoje mesmo conversei com uma família de amigos da Itália, dizendo-me que toda a hora na televisão falam do Jair da Costa, Suárez e Mazzola, aquele time que joguei. A Inter virou o meu time de coração.

REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz e Alexandre Júnior Soares.

FOTOS: Estela Mendes Ribeiro.

Encontros Eternizados - Didi & JK

Revista do Dia - Esporte Ilustrado 1950

A revista Esporte Ilustrado trás em sua capa de 12 de Dezembro de 1950 o atacante Carlyle do Fluminense recem contratado ao Atlético Mineiro.

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