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O encontro com Palhinha foi daqueles que mais se parece uma visita a um
velho amigo. Extremamente simpático ele conversou por quase duas horas
comigo, contando varias passagens sua pelo futebol. Durante a entrevista
o telefone tocou e era um jornalista da Folha de São Paulo querendo
algumas informações sobre a Libertadores de 76 pelo Cruzeiro e a de 81
pelo Atletico. O jornal está preparando uma materia scom a historia
da libertadores. Educadamente Palhinha me pediu licença e atendeu ao
jornalista. Vi o seu prazer em narrar sua vida esportiva.
1)FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - De onde veio este apelido Palhinha?
PALHINHA - Eu estudava em um colégio de BH, o Liceu Salesiano e meu irmão mais velho também estudava lá e jogava na seleção do colégio. Ele era muito bom de bola e seu apelido era “Palha de Aço”, por causa do seu cabelo muito crespo. Depois eu também comecei a jogar na seleção e o pessoal falava: olha o irmão do Palha aí. Daí passaram a me chamar de Palhinha.
1)FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - De onde veio este apelido Palhinha?
PALHINHA - Eu estudava em um colégio de BH, o Liceu Salesiano e meu irmão mais velho também estudava lá e jogava na seleção do colégio. Ele era muito bom de bola e seu apelido era “Palha de Aço”, por causa do seu cabelo muito crespo. Depois eu também comecei a jogar na seleção e o pessoal falava: olha o irmão do Palha aí. Daí passaram a me chamar de Palhinha.
2)
FTT - Voce começou no futebol de salão e depois foi para o juvenil no
futebol de campo. Com quantos anos você estreou no time profissional e
qual tecnico te lançou?
PALHINHA -
Eu comecei a disputar algumas partidas ainda em 1967 com o Airton
Moreira com 17 anos e logo depois dei continuidade com o Gerson dos
Santos.
3)FTT - Como
era ser um jovem atacante , olhar para o time principal e ver que a
concorrencia era dificil pois lá estavam Tostão e Evaldo?
PALHINHA -
Pois é quando eu tinha meus 17 anos eu nem queria jogar no time de
cima. O meu negocio era jogar e eu dizia ao treinador que preferia ficar
no juvenil do que não jogar no time titular. Lá tinham o Natal, Evaldo,
Tostão, Marco Antonio, Dirceu Lopes, Hilton Oliveira e então
dificilmente eu iria jogar. A parte ofensiva do Cruzeiro era muito boa.
Veio então o Furletti (Carmine Furletti diretor de futebol) e me disse
pra aceitar e ir me acostumando com os jogadores de cima mas eu queria
era jogar.(risos).
Meu
problema não era nem saber que os titulares eram Evaldo e Tostão pois
isto me dava até mais disposição pra disputar a posição pois me
espelhava nestes jogadores.
Bruno e Palhinha na frente dos trofeus conquistados pelo craque
4)FTT - Evaldo então se contundiu seriamente e Tostão foi vendido ao Vasco. Você então aproveitou bem a chance .
PALHINHA -
Foi . Na verdade quando eu comecei a subir , eu jogava de centro avante
e meia ponta de lança. Porem se pintasse oportunidade na ponta direita,
ponta esquerda eu jogava também, porque o meu negocio era jogar, era
estar em campo (risos). Mas eu fui me firmar mesmo em 72 quando o
Yustrich me deu esta oportunidade em substituir o Evaldo e o Tostão.
Veio a final do Mineiro e eu tive a felicidade de fazer os dois gols na
vitória sobre o Atlético e então passei a ser o titular definitivo.
Foto
tirada de um grande quadro na casa de Palhinha - Nele o primeiro gol no
clássico contra o Atletico. Na foto estão Oldair, Vantuir e o goleiro
uruguaio Mazurkiewics.
O segundo gol de Palhinha na prorrogação. Vitoria por 2x1 com dois gols dele.
5) Você participou de 3 finais de brasileiros jogando em grandes times e por ironia do destino perdeu as 3: Cruzeiro x Vasco em 74, Cruzeiro x Inter em 75 e Atletico x Flamengo em 80.
Qual foi a mais dolorida ?
PALHINHA -
Todas foram A que menos doeu foi a do Inter. O Dulcidio Boschila estava
longe do lance e deu uma falta que não existiu do Piazza no Valdomiro
que resultou no gol do Inter. Mas eu não culpo ele porque foi um jogão
lá e cá. Qualquer um poderia ter vencido.
Agora
74 foi uma vergonha. Armando Marques nos meteu a mão, anulou um gol
legitimo do Zé Carlos onde o bandeirinha já tinha corrido para o meio
campo validando o gol. O jogo era para ser em Belo Horizonte mas a CBF
forçou o Cruzeiro a aceitar e jogar no Rio. Para vocês terem uma idéia,
quando eu entrei em campo o Armando Marques falou comigo: eu não vou
marcar nenhuma falta em você. O Moisés e o Miguel me atropelavam e ele
ao invés de marcar falta a meu favor, marcava contra. Então o Armando
teve uma participação fundamental na conquista do Vasco, que tinha um
time bom mas foi beneficiado pelos erros deste arbitro.
A
outra que me marcou muito e até hoje eu fico engasgado foi esta de 80. O
Jose Assis Aragão pressionou os jogadores do Atlético o tempo todo, até
expulsar o Reinaldo que já tinha feito dois gols. Então eu fico triste
porque foram três decisões e eu perdi. Não tenho nenhum brasileiro.
Palhinha e Dirceu Lopes contra Miguel e Moisés em 1974
6)FTT - Você
atuou ao lado de excelentes zagueiros como Perfumo e Procopio no
Cruzeiro, Luisinho e Osmar Guarnelli no Atletico e Amaral no
Corinthians. Qual deles te impressionou mais?
PALHINHA -
Olha, um dos maiores jogadores que conheci na posição se chama
Luisinho. A qualidade técnica e a elegância com que ele jogava, sabia
sair jogando muito bem e não era violento. Eu tive a felicidade de jogar com o Luisinho e ser seu treinador. Então posso falar e digo que ele conheceia muito.
7) FTT - E sua rivalidade com o Figueroa. Todo clássico Cruzeiro x Inter voces dois davam trabalho ao juiz.
PALHINHA -
Olha, eu fico até honrado e orgulhoso pois ele que foi escolhido duas
vezes como o melhor zagueiro na seleção do mundo, numa entrevista
recente perguntaram: qual foi o atacante mais
difícil que você marcou em sua vida Figueroa? Ele falou que não tinha
sido o Pelé, nem Tostão, nem Dirceu........foi o Palhinha ! Disse que eu
dava muito trabalho porque eu saia pros dois lados e era muito veloz. Realmente travamos grandes duelos.
FTT - Ele quebrou seu nariz ?
PALHINHA - É quebrou e eu tentei ir para o revide aqui e acabei expulso.
Agora a pouco tempo atrás, nós dois estivemos em uma homenagem em Porto Alegre, a gente se encontrou, nos
abraçamos, nos beijamos e tudo aquilo que passou foi esquecido. Muitas
vezes a gente faz a guerra e não tem oportunidade de encontrar com estas
pessoas depois que a gente encerra a carreira. Cada um toma um rumo,
cidades diferentes. Então foi uma oportunidade muito bacana, nós
brincamos muito e hoje ele está muito bem.
8) FTT - Se fosse para escolher qual dos dois gringos foi melhor: Perfumo ou Figueroa?
PALHINHA - Os dois. Não dá para escolher. Perfumo era muito técnico, chegava junto também sem ser desleal. Então não dá pra optar por um.
9) FTT - Quais seriam os melhores zagueiros contra quem você jogou?
PALHINHA -
Eu sempre tive mais dificuldade com zagueiros técnicos. Aquele que dava
o bote certo na bola como o Luisinho, o Figueroa estes eram os mais
difíceis. Os zagueiros mais violentos que queriam me acertar, como
Miguel, Moisés, Marcio Paulada , estes eu adorava jogar contra. Imagine
que eu com 15 anos treinava contra Procópio, William, Vavá, Benito ,
Pedro Paulo e aprontava aquela correria. Eles me davam porrada e eu
revidava. Eles falavam: poxa este menino de 15 anos é louco (risadas) e
eu não era louco, eu não tinha era medo deles. Eles me batiam e eu
revidava.
10) FTT - Você foi artilheiro da Libertadores com 13 gols e Jairzinho vice com um gol a menos. Foi uma dupla inesquecivel ?
PALHINHA -
Inesquecível. Não foi somente eu e Jairzinho. O ataque todo com Batata ,
Joãozinho e o Eduardo contribuiu para isto. Eu não faria o gol sozinho ,
eu tive ajuda dos meus colegas. Nós fizemos na libertadores mais de 40
gols numa media de 3,5 gols por jogo. (Foram 46 gols)
FTT - Só no jogo contra o Alianza voces dois fizeram sete gols.
PALHINHA - Foi, 4 do Jair e 3 meu
11)FTT - Libertadores antigamente era mais difícil ?
PALHINHA -
Muito mais. Os times eram tradicionais como o Independiente, Peñarol,
Nacional, Boca, River . Eles mantinham seus craques que raramente saiam
para a Europa. Eram grandes times e ainda por cima não tinham os exames
de antidoping e as TVs não transmitiam as partidas. A pressão era muito
grande. Hoje jogam times sem tradição alguma pois os grandes times
perderam seus craques para o mercado europeu.
Você
vê que ganhamos do River que tinha uma seleção Argentina com Passarela,
Perfumo, Fillol, Alonso, Luque, JJ Lopes. Hoje tem time que a gente
nunca ouviu falar.
Outra
coisa, antigamente a gente jogava de cara contra o outro time
brasileiro e só iam dois, o campeão e o vice. Um matava o outro.
Ronaldo, Palhinha e Jairzinho contra o River Plate na primeira partida da final em 76.
12)
FT T- Nos jogos de 75 o Cruzeiro poderia perder por ate 4 gols nas duas
partidas que faria na Argentina que estaria classifcado para a final.
Perdeu para o Rosário (1x3) e depois Independiente(0x3) . Foi muita
pressão ou o que aconteceu?
PALHINHA -
Principalmente no jogo de Rosário foi uma enorma pressão. A noite
jogavam bombas na frente do hotel, tocavam buzinas e não nos deixavam
dormir. Na entrada do nosso time em campo a torcida do Rosário jogou
bomba no corredor de acesso ao gramado e o clima da partida não foi
fácil. Perdemos de 3x1. Já contra o Independiente também teve pressão
mas menos do que em Rosário. O time deles era muito bom com Pavoni,
Bertoni, Bochini. Como jogava bola este Bochini, foi um dos grandes
jogadores que vi atuar.
13)
FTT - Você pegou as duas gerações do Cruzeiro. A dos anos 60 com
Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Natal, Evaldo e a dos anos 70 com Nelinho,
Perfumo, Roberto Batata, Eduardo, Joãozinho. Alguma comparação?
PALHINHA -
Olha, a dos anos 60 tinha muita qualidade técnica. Jogava o fino. A de
70 tambem tinha muita qualidade mas já tinha mais competitividade. Um
futebol mais combativo.
14) FTT - Como foi jogar na neve contra o Bayern de Munique? O time nunca havia enfrentado uma situação como aquela.
PALHINHA -
A gente nunca tinha passado pó uma experiência daquelas. O jogo começou
e aneve caindo cada vez mais. A neve para quem está costumado é normal
mas para gente foi sofrido. Você corre e o frio vem nos ossos. Quando
você cai, leva um tombo, parece que está caindo em caco de vidro.
Tivemos a infelicidade d levarmos dois gols no finzinho do jogo.
15)
FTT - E no jogo de volta no Mineirão um espetaculo. Como foi jogar
contra Mayer, Beckenbauer, Rummenigge, Gerd Muller e Hoeness, todos
titulares da seleção alemã?
PALHINHA
- Aqui tivemos muito azar porque na noite anterior choveu demais em
Belo horizonte eo campo ficou pesado, fofo demais. Para eles que estavam
acostumados foi ótimo. Acho que faltou maldade da nossa diretoria
também. Deveriam ter feito como eles e marcado o jogo para as 3 horas da
tarde, com o sol bem quente e não a noite. Mas este time do Bayern era a
seleção alemã.
PALHINHA NA SELEÇÃO BRASILEIRA
Palhinha estreou na seleção brasileira em 27 de Maio de 1973. Ele entrou no segundo tempo e o Brasil venceu a Bolivia por 5x0. A escalação do jogo era:
Leão [Palmeiras]
Zé Maria I [Corinthians]
Chiquinho Pastor [Flamengo]
Piazza [Cruzeiro] - cap
Marco Antônio [Fluminense]
Clodoaldo [Santos]
Rivellino [Corinthians]
Valdomiro [Internacional]
Leivinha [Palmeiras]
(Palhinha I) [Cruzeiro]
Paulo César Caju [Flamengo]
Edu [Santos]
Zé Maria I [Corinthians]
Chiquinho Pastor [Flamengo]
Piazza [Cruzeiro] - cap
Marco Antônio [Fluminense]
Clodoaldo [Santos]
Rivellino [Corinthians]
Valdomiro [Internacional]
Leivinha [Palmeiras]
(Palhinha I) [Cruzeiro]
Paulo César Caju [Flamengo]
Edu [Santos]
Camisa da seleção emoldurada na casa do Palhinha .
16) FTT - Você se sentiu frustrado por não ir a Copa de 78?
Fiquei
não só com a de 78 mas com a de 74 tambem. Fiquei na relação dos 30
convocados e já me honrou muito mas ficou aquela frustração de nunca ter
participado de uma copa.
PALHINHA - Grandes jogadores não tiveram a felicidade de disputar uma copa, como você e Dirceu Lopes.
Eu
até que menos , mas o Dirceu Lopes foi um absurdo. O Zé Carlos era
outro que merecia, o Joãozinho foi outro absurdo. Eu nunca vi na minha
vida um ponta esquerda como o Joãozinho.
Outros
tiveram problemas como o Reinaldo. Ele teve sérios problemas de
contusão e teve comprometida sua carreira. Ele teve sua carreira no auge
curta. Ele começou com 16 pra 17 anos anos em 76 e em 80 quando nós
jogamos juntos, ele sofria com as contusões do joelho. Se fosse hoje com
a evolução da medicina ele faria a operação no joelho e voltaria a
jogar poucas semanas depois. Poderia jogar por muito mais anos.
PALHINHA É VENDIDO AO CORINTHIANS
FESTA DA FIEL
16)FTT
- O Cruzeiro então te vende ao Corinthians naquela que foi a maior
transação do futebol brasileiro na época. Era um desafio e tanto ir para
um clube que não vencia um campeonato a 23 anos?
PALHINHA -
Foram 1 milhão de dólares o que equivalia na época a 7 milhões de
cruzeiros.Era um desafio mas eu sempre gostei de desafios pessoais. Eu
cheguei a São Paulo e fui muito bem recebido pela torcida corintiana.
Uma coisa que eu jamais me esquecerei foi quando eu fui apresentado
antes de um jogo no Pacaembu e eu estava com meu pai. Eu dei uma volta
olímpica e fui ovacionado pela torcida
17)
FTT - Foi difícil adaptar ao estilos tão diferentes do toque de bola,
cadenciado do Cruzeiro para o de garra e velocidade do Corinthians?
PALHINHA -
Não. Eu era um jogador que já aliava a tecnica a garra. Nunca fui
jogador de fugir do pau e me adaptei facil ao sistema de jogo no
Corinthians. Não era realmente um time tão tecnico como o do Cruzeiro
mas tinha muita determinação e união .
18) FTT - Logo no seu primeiro campeonato o titulo tão esperado. Dá para descrever o que foi aquele titulo?
PALHINHA -
Eu tive a felicidade junto dos meus companheiros de ganhar este titulo
que a torcida tanto esperava. A expectativa era grande. O mais
importante foi a união daquele time.
Palhinha comemorando seu gol na primeira partida da final do paulista de 1977.
19) FTT - A Ponte Preta tinha um grande time também e valorizou demais a conquista.
PALHINHA -
Como time a Ponte tinha mais qualidade do que o Corinthians mas como eu
disse, a união do nosso grupo fez a diferença. Nosso time teve mais
determinação, coragem, vontade. A Ponte tinah um grande time com Dica,
marco Aurélio, Vanderley Paiva, Odirlei mas no futebol nem sempre apenas
técnica resolve. A vontade muitas vezes supera e foi o que aconteceu.
20)FTT - Porque você não jogou no terceiro jogo?
PALHINHA - Eu tive uma distensão no segundo jogo.
No primeiro eu fiz um gol que eu chutei e a bola voltou na minha cara.
Agora
veja como é o destino. Em 1979 novamente a Ponte Preta contra agente.
Só que aí já tínhamos um time mais técnico. Contrataram o Sócrates,
Amaral e o Biro Biro. Na primeira partida eu fiz um gol, na segunda
empatamos e na terceira eu fiz um gol e o Sócrates fez outro.
PALHINHA AGORA FAZ PARTE DO SUPERTIME DO ATLETICO MINEIRO
21)
FTT - Do Corinthians para o Atletico. Era um supertime com varios
craques. Na final do brasileiro no Maracanã com mais de 150 mil
espectadores, o time tinha jogadores experientes como você, Osmar
Guarnelli e Chicão . Faltou alguma coisa para o titulo ou o Flamengo foi
melhor?
PALHINHA -
O José de Assis Aragão teve uma participação direta no resultado do
jogo. Não só pela expulsão do Reinaldo mas ele ia minando o nosso time
com ameaças e cartões. Faltas contra o Flamengo eram marcadas e as
mesmas faltas a nosso favor não. Porque o Atlético quando encontrava com
o Flamengo faziam grandes jogos pois os dois times do meio campo pra
frente eram muito bons. O Atlético levava vantagem no miolo de zaga
(Luisinho e Osmar) que era melhor do que a deles e eles levavam vantagem
nos laterais o Junior e o Toninho. Neste jogo qualquer um dos dois
poderia vencer porque o Flamengo tinha um time muito bom assim como o
nosso e não precisava disto.
João Leite, Orlando, Osmar, Luisinho, Toninho Cerezo e Jorge Valença.
Agachados: Pedrinho Gaucho, Heleno, Palhinha, Reinaldo e Eder
22) FTT - Conte o que realmente aconteceu na celebre partida do Serra Dourada.
PALHINHA -
O Wright entrou em campo contra o Atletico. Ele expulsou o Reinaldo
numa jogada normal que não era pra expulsão. Depois expulsou o Eder
alegando que ele o desrespeitou numa trombada casual entree os dois.
Pensamos
que mesmo assim com 9 dava pra encarar . Porem quando cheguei no meio
campo vi que ele expulsou o Chicão tambem. Não sei se ele falou alguma
coisa para o Wright , pode até ser. Foi então que eu mandei ele pra
aquele lugar e pedi pra ele me expulsar tambem já que ele queria mesmo
era prejudicar o Atletico. Aí não teve mais jogo.
23) FTT - Em um jogo hipotético entre este Atlético de 80 e o Cruzeiro de 76 quem levaria a melhor?
PALHINHA -
Daría um empate em 3x3. Dois timaços. O Cruzeiro nem se fala , um time
excelente que ganhou muitos títulos de 72 a 76 e o Atlético era muito
bom, um timaço. Chegamos eu ,o Chicão e o Osmar Guarnelli mais
experientes e o time cheio de meninos no seus 21, 22 anos como o
Luisinho, Eder, Reinaldo o Cerezo. Então misturamos experiência com
juventude. Nós ganhamos mais com os bichos do que com o nosso salário.
PALHINHA E CHICÃO SÃO VENDIDOS AO SANTOS
No Santos Palhinha continuou jogando junto de Chicão seu companheiro de Atletico.
Em pé: Paulinho, Marcio, Chicão, Marolla, Neto e Washington
Agachados: Claudinho, Eloi, Palhinha, Pita e Nilson Dias
PALHINHA É CAMPEÃO CARIOCA PELO VASCO
24) FTT - E o Vasco da Gama ?
PALHINHA -
Eu tive a felicidade de ser campeão carioca em 1982. Tinha o Dudu, o
Pedrinho que tinha jogado comigo no Atletico na ponta direita, o
Geovani, o Roberto Dinamite. Um bom time e que tive a sorte de ser
campeão no ano em que joguei.
25) FTT - Qual foi seu grande parceiro, aquele que te completava . Jairzinho ,Socrates , Reinaldo ou outro qualquer?
PALHINHA -
Olha Jairzinho foi o principal. Eu e ele nos entendíamos perfeitamente.
Nós fizemos gols de todo jeito. Na Libertadores ele fez 12 gols e eu
13. A gente combinava tanto que até pra dar porrada a gente revezava
(risadas). Naquela época os argentinos e uruguaios davam muita pancada.
Então , aquele beque que dava no Jaizinho, ele não revidava mas eu ia lá
e dava nele. O outro beque que dava em mim, eu não revidava mas o
Jaizrinho ia e dava nele. Então nó dois trabalhavamos assim porque
naquela época era uma guerra. Os caras davam cutuvelada, pontapé,
cuspiam na cara da gente.
O
outro parceiro que eu tive foi o Sócrates. Era um jogador mais
inteligente do que o Jairzinho e eu acompanhava a inteligência dele. Em
78 e 79 a gente fez uma dupla de relembrar Pelé e Coutinho. Fizemos
grandes tabelas desde o meio campo e muito gols.
26)FTT
- Você jogou com alguns dos maiores genios do futebol brasileiro como
Tostão ,Dirceu Lopes, Jairzinho e Joãozinho no Cruzeiro, Socrates no
Corinthians, Pita no Santos, Cerezo, Reinaldo e Eder no Atletico,
Geovani no Vasco alem de Zico , Falcão, Rivelino na seleção. Dá pra apontar os 6 melhores com quem você jogou?
PALHINHA - Era muita fartura nesta época mas eu acho que seriam: Rivelino, Dirceu Lopes, Sócrates, Pelé este nem se fala né, Tostão, Joãozinho.
27) FTT - Qual foi sua partida inesquecível. Aquela que você desequilibrou e jogou muito.
PALHINHA -
O que realmente marcou como espetáculo e nenhum torcedor esquece foi
aqule Cruzeiro 5x4 Internacional. Eu já tinha feito dois gols e
vencíamos por 3x1 com o outro gol feito pelo Joãozinho. Aí eu tentei
revidar aquela cotovelada no Figueroa e acabei expulso. Aí ficou 3x2,
3x3, 4x3, 4x4 até o Nelinho marcar no finzinho.
O
outro jogo foi a primeira partida da final pelo Corinthians contra a
Ponte. Eu fiz um gol de cara .A bolada foi tão forte que nem um soco do
Mike Tayson doeria tanto. Fiquei com o nariz e a cara inchados uma
semana.(risos). Então foi um jogo histórico.
28)
FTT - Você sempre teve fama de catimbeiro, cavador de pênaltis e
azucrinava a vida dos árbitros. Você acredita que acabava sendo
prejudicado quando realmente sofria faltas e os juizes acabavam não
marcando?
PALHINHA -
Vou te dar uma explicação . Quando o Pelé cavava as faltas ele era um
gênio. Quando era o Palhinha ele era catimbeiro (risos). O que acontece é
que eu era um atacante muito rápido e quando tocado acabava perdendo o
equilibrio. Então as pessoas falavam que eu era catimbeiro. Catimbeiro
eu era sim, porque quando eu entrava em campo, todas as artimanhas que
eu podia usar pra ganhar uma partida, eu usava. Nunca de deslealdade.
Agora eu entrava em campo e usava de todas as malicias para ganhar uma
partida de futebol. Era o meu prato de comida. Era muita luta, muita
garra , a catimba......e destas catimbas surgiram muitas situações que o Nelinho fez gols de faltas e de pênaltis (risadas gerais)
FTT - O Kleber do Palmeiras também é um jogador marcado pela arbitragem?
PALHINHA -
Olha, outro dia eu fiz uma defesa do Kleber. O beque, está acostumado
em bater , bater e quando pega um atacante que revida ele vai pensar
duas vezes antes de bater. Porque? Porque ele está acostumado a bater
mas não em apanhar. E eu também não levava desaforo pra casa. O Kleber
apanha o jogo todo e quando revida é expulso.
30) FTT - E o Neymar o que pensa dele?
PALHINHA -
Olha eu já vi inúmeras criticas a sua pessoa. Eu acho que ele tem de
mudar. Chegou o poder, chegou a fama, o dinheiro e ele não está sabendo
lhe dar com isto. Se a cabeça for ruim ele não vai longe.
31) FTT - Está gostando dos times do Cruzeiro e do Corinthians neste brasileirão?
PALHINHA -
Estou. No Corinthians eu fico muito feliz pelo Adilson que é um
treinador honesto, que trabalha duro e não tem esquemas com
empresários. Ele vive o futebol e o time vem jogando muito bem.
No
Cruzeiro coma chegada dos reforços os jogadores que estavam acomodados
passaram a jogar bola e dar duro como o Roger que cresceu muiot após a
chegada do Montillo. O time está muito bem e com um grupo forte.
Palhinha com o trofeu de campeão paulista pelo Corinthians em 1977
33) FTT - O que significou pra você ter jogado nos tres grandes times de Minas Gerais?
PALHINHA -
Olha foi motivo de muito orgulho. Não somente joguei nos tres mas fui
tambem treinador em todos eles. Sinto me orgulhoso de ter vestido as
tres camisas de cruzeiro, Atletico e America.
Quem
passasse neste jogo tinha tudo para ser campeão da Libertadores e do
mundo e foi o que acabou acontecendo com o Flamengo. Eles tinham um
grande time mas o nosso era excepcional. Eu, Pedrinho, Reinaldo e Eder
ali na frente nos entendiamos muito bem. No Atletico eu joguei mais
recuado pois o reinaldo é quem jogava enfiado entre a zaga.
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