brasil1970

domingo, 9 de outubro de 2011

O craque disse e eu anotei - JULIÃO


Desde quando comecei as minhas entrevistas, sempre tive interesse em entrevistar o Julião, por ser um dos remanescentes do time corintiano da década de 50. Obtive o contato do filho dele (Antonio de Assis Souza Julião) através do Blog do Silvinho (http://blogdosilvinho.wordpress.com/2009/04/12/2808/). A entrevista foi mais um bate-papo, puxando assunto com ele através do que eu conheço do Corinthians desta época, além também dos outros clubes que ele atuou. Quem também participou da matéria foi o seu filho, que também foi jogador de futebol. Confiram a matéria.

FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Você nasceu em Piracicaba no dia 11 de Abril de 1929. Lembra-se de quando começou a gostar de futebol, se já torcia por algum time e quais eram os jogadores que admirava?
ANTONIO ELIAS JULIÃO: Nasci em Piracicaba. Comecei a jogar no Clube Atlético Piracicabano, onde eu era Amador, jogando em um time da roça. Desde garoto já era corintiano. Fui fã do Teleco e Servílio. Gostava também do Brandão e do Dino Pavão, pois eram todos negros como eu (risos). Quando vim para o Corinthians, todos eles, inclusive o Jango, já tinham parado.

FTT: Chegou ao Corinthians em 1950. E no ano seguinte conseguiu ser Campeão Paulista depois de dez anos, sendo que a linha-média era formada por Idário, Touguinha e Julião.
JULIÃO: Eu era o titular e o Roberto Belangero na reserva. O meu estilo de jogo, no início, era técnico, mas depois de uma fratura na perna, mudei a minha forma de jogar, passando a ser mais viril. Da mesma forma que o Idário e o Goiano, eu batia muito, mas éramos viris. O Roberto já era um jogador bem técnico, sendo que jogou também muitas partidas em 1951. No ano seguinte, quando fomos Bicampeões Paulistas, ele já era o titular e eu jogava mais atrás, como lateral-esquerdo. Sempre fui um jogador bem defensivo.
Campeão Paulista de 1951 - Idário, Touguinha, Lorena, Cabeção, Julião, Murilo e o Técnico Rato. Agachados: Claudio, Luizinho, Baltazar, Jackson e Carbone


FTT: Você participou daquela excursão à Europa, em 1952, sendo que, a partir dela, o Corinthians estabeleceu o recorde brasileiro de partidas internacionais sem perder, um total de 32 jogos. Tem lembranças desta excursão, onde jogaram na Turquia, Dinamarca, Finlândia e Suécia (http://www.youtube.com/watch?v=692RAsjMWfw)?
JULIÃO: Foi a primeira excursão do Corinthians à Europa. O time foi muito bem, perdendo apenas no jogo de estréia, contra o Besiktas, da Turquia.
Idario, Touguinha e Julião

FTT: Falarei de alguns nomes da época pra você comentar. O que achava de jogadores como o Cláudio, Luizinho, Baltazar, Mário e do presidente Alfredo Ignácio Trindade?
JULIÃO: O Cláudio Cristovam de Pinho era um excelente ponta-direita, o nosso chefe e batia muito bem as faltas; Luizinho costurava os adversários, driblava bem e acabava com o jogo; Baltazar era o Cabecinha de Ouro, saltava mais que os zagueiros, com o Cláudio centrando e ele cabeceando; o ponta-esquerda Mário era o bailarino, que driblava como ninguém; e o presidente Alfredo Ignácio Trindade exigia que ganhássemos os jogos, pois era bem bravo.

FTT: Em 1954 você foi emprestado para o Linense e não foi Campeão Paulista do IV Centenário da cidade de São Paulo.
JULIÃO: Fui bem em Lins. O Linense não estava muito bem, então acabei indo pra lá para ajudar. Dei sorte, o time não foi rebaixado, me trataram muito bem lá e no ano seguinte retornei ao Corinthians.
Julião jogou no Linense em 1954.


FTT: Começa 1955, com o Corinthians acabando de ser Campeão Paulista, você retorna ao time e jogando mais dois anos. Depois é contratado pelo Botafogo de Ribeirão Preto, tendo a honra de jogar com o seu irmão, o Benedito Julião. Gostou dessa nova fase? Fale também do clássico Come-Fogo entre o Comercial e o Botafogo.
JULIÃO: O Benedito era zagueiro-central e eu jogava como lateral-esquerdo, quarto-zagueiro (quando formava a zaga com ele) e de médio-volante. Havia o Come-Fogo contra o Comercial, que era um clássico forte e não havia favorito.

FTT: Como você jogou muito na lateral-esquerda, perguntarei de um jogador que sofreu muito a sua marcação, o Julinho Botelho.
JULIÃO: Cheguei a marcá-lo bastante. Ele era muito bom.
Botafogo RP 1957 -  Digão, Tarciso, Tiri, Guina, Antonio Julião e Machado. Agachados : Laerte, Silva, Antoninho, Henrique e Géo


FTT: E o Garrincha também?
JULIÃO: Também. Tanto ele, como o Julinho, eram infernais.

FTT: Fiquei sabendo da sua esposa que você também marcou o Pelé.
JULIÃO: Quando ele estava começando, mas foi mesmo na época do Botafogo. Eu tentava (risos). Tinha que marcá-lo duro, senão ele marcava muitos gols.

FTT: Lembra-se também de ter jogado no Jaboticabal?
JULIÃO: Também joguei. Acho que encerrei a carreira nele ou no Botafogo de Ribeirão Preto. Fiquei pouco tempo neste clube, uns três ou cinco meses, ou seja, uma passagem bem rápida pelo Jaboticabal. Parei de jogar em 1962.

FTT: Depois você foi treinador do Botafogo de Ribeirão Preto.
JULIÃO: Fui sim. Uma boa experiência.


FTT: Na Seleção Brasileira jogou apenas uma partida, no dia 24 de Janeiro de 1956, derrota por 4 a 1 para o Chile, jogo válido pelo Sulamericano do Uruguai, quando você ainda era jogador do Corinthians.
JULIÃO: Foi muito bom. O Brasil era representado nesta competição por uma Seleção Paulista e o Oswaldo Brandão foi o nosso técnico.

FTT: Você acompanha o Corinthians atualmente?
JULIÃO: Não muito, mas estou sempre no Parque São Jorge.

FTT: Gostou daquela homenagem feita pelo Movimento Pró-Corinthians, quando completou 80 anos, ganhando inclusive uma camisa com o seu rosto estampado nela?
JULIÃO: Gostei muito e fiquei bem emocionado.
Julião com Mauricio Sabará segurando uma foto dos seus tempos de idolo corinthiano



FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Agora falarei com o filho do Julião, o Antonio de Assis Souza Julião, que foi quem me ajudou a conseguir o contato com o pai. Curiosamente também era jogador de futebol. Você nasceu em 1952, quando o Julião estava excursionando com o Corinthians na Europa.
ANTONIO DE ASSIS SOUZA JULIÃO: Correto, ele estava, se não me engano, na Suécia. Havia dois recém-nascidos naquele time, que eram os filhos do Julião e do Rodolfo Carbone. Quando voltaram, as crianças já tinham quarenta dias. O filho do Carbone é conhecido como Nenê.

FTT: Como foi a relação com o seu pai como jogador de futebol? Chegou a vê-lo jogar?
ANTONIO DE ASSIS: Mesmo sendo muito novo, cheguei a vê-lo jogar no Corinthians. Morávamos na Rua São Jorge número 575. Naquela época não havia a Marginal Tietê. Nos dias dos jogos do Corinthians, com três anos de idade, já descia pra lá, todo mundo me conhecia no Parque São Jorge, via os jogos e tenho boas recordações. Quis ser jogador de futebol, porque queria ser igual ao meu herói, querendo imitar o meu pai. Mas o vi jogando mais no Botafogo de Ribeirão Preto.
Corinthians nos anos 50 - Alan, Idário, Julião, Gilmar, Olavo e Roberto Belangero . Agachados estão Cláudio, Luizinho, Rafael, Paulo Pedra e Zezé


FTT: Além do seu pai, você tinha outro ídolo no futebol?
ANTONIO DE ASSIS: Os próprios companheiros do meu pai e, indubitavelmente, o Pelé.

FTT: Nunca jogou no Corinthians?
ANTONIO DE ASSIS: Minha carreira começou no Corinthians, indo treinar nos Juvenis. Os outros garotos ficavam brincando comigo, dizendo que estava lá porque o meu pai havia jogado no clube. Resolvi ir pra outro time, pra provar que sabia jogar. Passeis pelos Juvenis do Juventus, uma temporada na Portuguesa de Desportos e fui contratado pelo Palmeiras, onde me profissionalizei.

FTT: Curiosamente foi reserva do lateral-direito do Eurico, na segunda Academia do Palmeiras.
ANTONIO DE ASSIS: Exato. Inclusive na decisão de 1974, morávamos ainda na Rua São Jorge e era uma briga pra sair de casa depois da vitória por 1 a 0. A coisa ficou difícil lá no pedaço (risos).

FTT: Chegou a jogar partidas por este time?
ANTONIO DE ASSIS: Joguei algumas partidas amistosas e, se não me engano, enfrentei o Jorge Wilsterman, da Bolívia, pela Libertadores da América, curiosamente numa Sexta-Feira da Paixão. Foi uma passagem boa, ficando lá por quatro anos. Cheguei a ser emprestado ao Pontagrossense do Paraná.
Julião, Antonio Julião (filho) e Mauricio Sabará


FTT: Como você era conhecido lá?
ANTONIO DE ASSIS: Era Julião mesmo. Tem algumas matérias dos jornais da Gazeta Esportiva da época, contando sobre este fato de ter jogado nos dois Parques, o São Jorge e o Antarctica. Foi um tempo muito bom.

FTT: O time do Palmeiras realmente era uma Academia?
ANTONIO DE ASSIS: Sim, um time muito regular e pra conseguir uma vaga ali era muito difícil. O nosso treinador era o Oswaldo Brandão, que também treinou o meu pai no Corinthians da década de 50. Inclusive ele comentava que era muito mais fácil o futebol na época dele do que no tempo que comecei a jogar, pois o preparo físico já era mais acirrado, os espaços no campo eram mais diminutos e hoje ainda é mais difícil.

FTT: Tinha também o irmão do seu pai, já falecido, que também foi jogador de futebol.
ANTONIO DE ASSIS: Correto, o Benedito Julião, falecido em 1972, por causa de um problema renal, acabou partindo.
Na foto aparece Julião jogando no Botafogo RP ao lado do ex companheiro Olavo do Corinthians


FTT: Ele formou a zaga do Botafogo de Ribeirão Preto com o seu pai.
ANTONIO DE ASSIS: Jogava de beque-central e meu pai às vezes como quarto-zagueiro. Batiam até na mãe se passasse pela frente (risos).

FTT: A sua mãe comentou que você estudou com o Sócrates.
ANTONIO DE ASSIS: Quando morava em Ribeirão Preto. Ele estudava Medicina e eu me formei em Administração de Empresas.


REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz.
FOTOS: Estela Mendes Ribeiro.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Encontros Eternizados - PELÉ & GEORGE BEST

Dois genios do futebol mundial se encontrando nos anos 70.

Revista do Dia - ESPORTE ILUSTRADO 1956


O ponta esquerda Zagallo do Flamengo foia capa da Esporte Ilustrado de 12 de Janeiro de 1956.

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