brasil1970

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O Craque disse e eu anotei - ADEMIR DA GUIA




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ADEMIR A GUIA: Joguei 4 anos de muita alegria no Bangu. Este clube me deu a oportunidade de começar. Joguei a primeira vez em 1957 nos Infantis, quando ficamos em terceiro lugar no Campeonato Carioca. Depois joguei em 58, quando terminamos em segundo lugar. E em 59 o Bangu foi Campeão Juvenil. Foi uma festa muito grande, porque fazia muito tempo que o Bangu não era Campeão Juvenil. Inclusive disputamos em 60 o primeiro Torneio Internacional de Nova York. Levou 4 jogadores deste time que foi campeão. Então com 18 anos tive o privilégio de estar lá. Nunca tinha viajado de avião, só andava de trem em um bairro tranqüilo como Bangu. Pegamos um Super Constellation no Galeão, levamos 23 horas pra chegar à Nova York. Chegamos lá, aquela cidade, tinha que ser dólar e eu nem sabia o que era isso. Tinha que aprender Inglês, queríamos comprar alguma coisa e falar how much. E foi esta a minha primeira viagem, fomos campeões do Torneio Internacional de Nova York. Não éramos titulares, mas fui escolhido como o melhor jogador do torneio, me deram um prêmio que era um envelope cheio de dólares. Pensei até que tinha uns 2000 dólares, guardei e quando cheguei ao hotel eram 21 dólares e fiquei muito feliz, fui para o Mac Donalds fazer a festa. Então foi assim, voltamos no ano seguinte, em 61, fizemos uma excursão pra Europa, começamos em Portugal e terminamos na Escócia. O Bangu me proporcionou estas coisas e, muita gente não sabe, foi uma passagem muito boa, feliz e, depois , em agosto de 61, acertou o valor para que o Palmeiras me contratasse e isto foi muito bom



 


MAURÍCIO SABARÁ: Foi ele e o Tim na ocasião.







 Julinho Botelho, Vavá, Servilio, Ademir da Guia e Tupazinho - O ataque impossivel do Palmeiras em 64.

ADEMIR DA GUIA: Nesta passagem jogaram o Dudu e eu no meio-de-campo nos três jogos no Maracanã. Se não me engano, o técnico era o Feola. Jogamos bem. Depois fomos até a África e aconteceu uma coisa inédita, porque nós chegamos a um país que não me lembro, jogava Pelé e eu, o time era muito bom, tivemos uma facilidade muito grande, porque em 20 minutos ganhávamos por 3 a 0 e eu saí. Existia uma coisa diferente, pois um técnico não tira um jogador com 20 minutos. Entrou o Gérson, que também era um grande jogador, um craque. Depois jogamos na Suécia. Na outra convocação, eu não fui e levaram os 44 jogadores. No Palmeiras foram o Djalma, Servílio e o Valdir. Foi uma opção do técnico. Aqui no Brasil temos esta dificuldade porque temos 3 ou 4 jogadores para uma opção e o técnico tem que escolher um. Depois a Seleção não foi bem, perdemos pra Portugal, fomos desclassificados e Pelé se machucou. Mas é sempre bom você estar no Campeonato Mundial, pois o jogador luta e trabalha pra isso. Se você não consegue ir, tem que continuar a vida.
Ademir da Guia no jogo em que o Brasil venceu a Alemanha no Maracanã por 2x0. A partida foi realizada em 6 de Junho de 1965 e teve alem de Ademir as presenças de Djalma Santos, Dudu e Rinaldo , todos do Palmeiras.




Palmeiras x Santos - Sempre grandes jogos nos anos 60 e 70. Aqui Pelé x Ademir da Guia - Dois genios.


MAURÍCIO SABARÁ: Foi neste ano de 65 que começou a Academia.


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ADEMIR DA GUIA: Então, em 74 fui convocado. Era algo que eu esperava na minha carreira, merecer uma convocação. Eu tinha um desejo, porque o meu pai tinha convocado em 38, na França, pois sabia que pai e filho jogarem uma Copa do Mundo realmente foram poucos. Quando fui convocado, o Zagallo disse pra mim que o Rivellino era o titular, ele tinha jogado em 70, com uma Seleção que encheu os nossos olhos, conseguiu em uma final contra a Itália ganhar de 4 a 1, jogando muito bem. Eu falei pra ele que o Rivellino é o titular e estou aqui com o grupo, se precisar de mim, vou jogar, caso não precise estarei junto para que possamos chegar e sermos campeões. Infelizmente tivemos a Holanda, com uma equipe diferente, jogando um futebol moderno e que ainda tivemos dois lances que podíamos ter feito os gols, fomos surpreendidos e eles venceram. Você estar lá, sentir a alegria da vitória, como encarar uma derrota, tudo isso eu tive a oportunidade de estar sentindo. Fiquei muito contente quando o Zagallo falou que eu iria jogar o último jogo. É uma coisa meio que complicada, pois eu fiquei três meses sem jogar, totalmente fora de ritmo, mas quando ele disse que ia jogar, foi ótimo, porque era uma coisa que estava esperando conseguir, estar jogando uma Copa do Mundo, mesmo que fosse um terceiro ou quarto lugar. Eu fui, desempenhei e joguei o primeiro tempo. O segundo tempo estava 0 a 0 e ele quis mudar a maneira de jogar, me tirou e colocou um centroavante para ganhar o jogo. É como eu falo, o técnico tem que entender a maneira que está fazendo, mas pra mim foi muito bom, pois consegui alcançar este desejo e se eu pudesse ter jogado seria uma coisa sensacional. Se pudéssemos ser campeões do mundo, teria sido muito bom. Mas pra mim, só de ter ido à Copa e ter jogado também foi importantíssimo pra minha história.


 MAURÍCIO SABARÁ: Na época também tinha a Portuguesa de Desportos. Era um time difícil de enfrentar, com Enéas e Badeco?

ADEMIR DA GUIA: Então, em 74 fui convocado. Era algo que eu esperava na minha carreira, merecer uma convocação. Eu tinha um desejo, porque o meu pai tinha convocado em 38, na França, pois sabia que pai e filho jogarem uma Copa do Mundo realmente foram poucos. Quando fui convocado, o Zagallo disse pra mim que o Rivellino era o titular, ele tinha jogado em 70, com uma Seleção que encheu os nossos olhos, conseguiu em uma final contra a Itália ganhar de 4 a 1, jogando muito bem. Eu falei pra ele que o Rivellino é o titular e estou aqui com o grupo, se precisar de mim, vou jogar, caso não precise estarei junto para que possamos chegar e sermos campeões. Infelizmente tivemos a Holanda, com uma equipe diferente, jogando um futebol moderno e que ainda tivemos dois lances que podíamos ter feito os gols, fomos surpreendidos e eles venceram. Você estar lá, sentir a alegria da vitória, como encarar uma derrota, tudo isso eu tive a oportunidade de estar sentindo. Fiquei muito contente quando o Zagallo falou que eu iria jogar o último jogo. É uma coisa meio que complicada, pois eu fiquei três meses sem jogar, totalmente fora de ritmo, mas quando ele disse que ia jogar, foi ótimo, porque era uma coisa que estava esperando conseguir, estar jogando uma Copa do Mundo, mesmo que fosse um terceiro ou quarto lugar. Eu fui, desempenhei e joguei o primeiro tempo. O segundo tempo estava 0 a 0 e ele quis mudar a maneira de jogar, me tirou e colocou um centroavante para ganhar o jogo. É como eu falo, o técnico tem que entender a maneira que está fazendo, mas pra mim foi muito bom, pois consegui alcançar este desejo e se eu pudesse ter jogado seria uma coisa sensacional. Se pudéssemos ser campeões do mundo, teria sido muito bom. Mas pra mim, só de ter ido à Copa e ter jogado também foi importantíssimo pra minha história.

MAURÍCIO SABARÁ: Você disse que estava três meses sem jogar e fora de ritmo. Mas recentemente eu assisti esta partida no Grandes Momentos do Esporte junto com meu pai, que te mandou um abraço e falo o seguinte: “Observei bem você jogando, não errou um passe sequer nesta partida e estando fora de ritmo. Imagine se você estivesse treinando, entrosado com o elenco, o que teria feito nesta partida, como em todo o Mundial! E no final do jogo li inclusive que o técnico da Polônia, se não me engano o Gorski, comentou ‘como o melhor jogador do Brasil poderia ser substituído’? Esta é a minha pequena e singela homenagem ao fato de achar que não deveria ter ido somente em 74, mas também em 66 e 70, pois futebol pra isso você tinha de sobra”.
ADEMIR DA GUIA: É verdade, fazemos aquilo que realmente é possível, mas quando você está jogando com ritmo, se sente à vontade na partida. Quando fica parado como fiquei, você vai, procura desempenhar, mas não tem aquela mesma confiança, volta cansado, o que tira um pouco o ritmo. Mas tenho orgulho de ter jogado um Campeonato Mundial e ter recebido estes elogios. Pra mim foi importante, nunca havia jogado uma Copa e quem sabe o meu filho possa jogar, o que é um sonho pra mim.








ADEMIR DA GUIA: Como você falou, tivemos estas duas passagens boas, mas com a Parmalat a equipe foi sensacional, tivemos possibilidade de contratar grandes jogadores, fomos Bicampeões, foi uma época de ouro para o Palmeiras. Tivemos algumas épocas boas e dificuldades. Recentemente tivemos uma equipe que a torcida pedia jogadores, os diretores e o presidente fizeram um esforço muito grande, trouxeram jogadores como o Kléber e o Valdívia, veio o Felipão para que a equipe pudesse melhorar, então estávamos vivendo um futebol difícil, com poucas rendas, financeiramente os jogadores ganham muito, mas estamos indo e os torcedores estão torcendo, indo ao estádio e estamos esperando a nova Arena daqui há uns dois anos, a equipe às vezes vai muito bem e tem dificuldade com um campeonato muito difícil que é o Brasileiro. Infelizmente não conseguimos ganhar em 2009, parecia que estava com a mão na taça, mas a equipe não conseguiu nos últimos jogos um bom futebol, o Flamengo foi campeão, mas é mais ou menos assim, o torcedor está aí, ajudando e lutando, diretoria fazendo um esforço muito grande para que o Palmeiras possa ser o que sempre foi, uma grande equipe tradicional, com bom elenco e vencendo, o que é importante no futebol.


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