brasil1970

quarta-feira, 11 de abril de 2012

O Craque disse e eu anotei - MARQUES


O Blog FTT - FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS está completando 100.000 visitas. A dois anos atrás demos o pontapé inicial na nossa proposta de resgatar a historia dos jogadores que fizeram a historia do futebol brasileiro e mundial. O primeiro e  segundo entrevistados foram dois jogadores geniais, Reinaldo e Dirceu Lopes. A idéia entretanto, não era mostrar apenas os grandes craques, os jogadores famosos. Queriamos mostrar tambem o outro lado do futebol, daqueles que não tiveram tantos holofotes em cima mas escreveram brilhantemente seus nomes na historia dos seus clubes. Hoje estamos orgulhosos de podermos mostrar aqui neste espaço verdadeiros genios do futebol que nos concederam as entrevistas. Jogadores como Tostão, Dirceu Lopes, Reinaldo, Ademir da Guia que abrilhantaram o Blog FTT. Porem temos o mesmo orgulho em mostrar a historia de muitos que certamente não foram tão famosos mas nem por isto possuem historias menos interessantes. Pudemos mostrar um pouco mais do Yeso Amalfi, Caillaux, Amaury de Castro , Turcão e Vaduca. Para comemorar a virada dos 100.000 acessos escolhemos um ex jogador que marcou a historia recente do futebol brasileiro. Jogou na seleção brasileira e em cinco times de muita torcida,Corinthians, Flamengo, Vasco, São Paulo e Atlético. A presença de Marques no Blog FTT não apenas trás a lembrança grandes momentos recentes do futebol brasileiro mas nos trás tambem a esperança em termos politicos com sangue novo, capazes de mudar o cenario nacional. Conheçam sua historia no futebol e a sua vida na politica que está apenas começando. Aqui o trabalho que ele vem desenvoovendo como deputado estadual .  http://www.olemarques.com.br/



FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Você começou nas categorias de base do Corinthians . Tinha algum jogador que era seu ídolo no futebol?
MARQUES – Quando criança a gente tinha nossos ídolos. Era aquele lance de você imaginar a chance de estar ao lado dele para poder tirar uma foto e de estar alí  com ele. E este era o Zico. Lembro-me muito bem da Copa de 82, eu com meus 8 para 9 anos mas foi uma copa que me marcou muito. Lembro que meu pai fez um esforço tremendo para comprar uma televisãozinha pequena colorida para gente assistir a copa e a casa ficava cheia para ver os jogos. E acima de tudo víamos aquele grande atleta. Um  exemplo de profissional. E eu procurei levar para minha carreira tudo que ele me passava , de correto, de se passar um bom exemplo, principalmente para as crianças. É um cara que eu guardo com muito carinho.

FTT – O Corinthians é o time que mais venceu a Copa São Paulo de futebol Junior. Você que foi criado lá dentro acha que é uma das melhores escolas formadoras de jogadores do Brasil?
MARQUES – Bom Bruno, o Corinthians é o time do povo em São Paulo. Consequentemente o sonho da grande maioria dos garotos é jogar nas categorias de base do Corinthians. Por isto na base daquele clube existe sempre jogadores diferenciados. São torcedores do clube. Lá quem vai fazer os testes são geralmente torcedores do clube e que querem seguir seus ídolos. No meu caso foi um pouco diferente porque eu vim me tornar corinthiano depois porque eu era palmeirense. Foi mais por questão de logística, pelo fato do clube ser mais perto de minha casa e por isto optei pelo Corinthians. Para você ter uma ideia como o Corinthians é querido, na minha época eu fiz o teste com mais de 400 garotos. A disputa era muito grande e é uma historia que eu gosto sempre de lembrar. Em um teste desta magnitude, você vê que a maioria é de atacantes. O Bartolomeu que ministrou o teste perguntou quem era atacante e cerca de 300 garotos levantaram as mãos. E eu também atacante vendo a concorrência me segurei para não levantar as mão para ver no que ia dar. Aí perguntou volante, zagueiro, goleiro e levantou mais um tanto. Quando ele falou lateral tinha  uns 4, 5 ou no máximo 10 e foi ai que eu levantei a mão, mesmo sendo atacante. Foi a percepção ali na hora de estar fazendo o teste onde a concorrência fosse menor. Eu queria era estar dentro, depois era outra historia. No treino eu fui bem, teve uma falta que o treinador me deu a chnace de cobrar e eu fiz o gol e no final de 400 garotos sobraram 5 ou 6. Daí você vê como a concorrência para ser um atleta profissional é difícil. Ali foi muito bacana pois foi o inicio de tudo. Passei por todas as categorias de base dentro do Parque São Jorge até me consolidar como profissional.






FTT - E subiu mais alguem para os profissionais daquele time junior?
MARQUES – Subiu uma galera muito boa. Me lembro do Silvinho, André Santos, Embu, Marcelinho Paulista. E eu não tinha na época tanta moral quanto eles. Nesta fase de transição dos juniores para o profissional nem sempre acontece como a gente espera. Muitas vezes você tem de ter sorte, estar no lugar certo na hora certa, fazer um gol numa chance dada , cair nas graças da torcida. Comigo foi desta forma. Entrei e fiz gol logo na primeira partida. Porem foi um inicio difícil, de lesões. Lesões estas que marcaram minha carreira mas que fazem parte . Ela é o iningo numero 1 do atleta profissional mas ela caminha lado a lado com você. É inerente a profissão, não tem jeito.


FTT - Em 1993 o Corinthians chegava a final contra o Palmeiras. No primeiro jogo vitoria do Corinthians por 1x0. Foi o jogo em que o Viola imitou o porco na comemoração. No segundo jogo uma vitoria espetacular do Palmeiras por 4x0. O que aconteceu? Viola mexeu com o brio dos jogadores palmeirenses ou nada deu certo para voces?
MARQUES – Olha Bruno esta decisão foi  uma das que me marcaram porque fiquei de fora por causa de uma grave lesão. No dia 14 de Abril eu tive uma fratura de tornozelo , tive de colocar parafuso e me tirando a oportunidade de estar nesta final. Na época eu tinha apenas 19 anos. Na verdade, o Palmeiras tinha um time muito mais forte do que o do Corinthians, tecnicamente  falando era um time muito superior. O Corinthians é o time da massa, da raça e conseguiu vencer o primeiro jogo , com marcação muito forte e acabou conseguindo seu gol. Aquele que o Viola imitou o porco.

FTT - Existe isto de uma declaração provocativa ou de deboche de um rival motivar voces ou é mais a imprensa quem dita isto?
MARQUES – Cabe ao treinador explorar isto no dia a dia, durante a semana para motivar os atletas. Na época o Luxemburgo soube usar isto muito bem a provocação do porco e eles entraram mordidos no segundo jogo.


FTT - Já em 95 voce ganhou o paulista dando o troco no Palmeiras. O primeiro titulo a gente não esquece .
MARQUES – Foi o meu primeiro titulo no Corinthians. O jogo foi em Ribeirão Preto , eu um pouco mais experiente com dois anos de profissional. Tinhamos um elenco muito bom, com Marcelinho Carioca que foi um dos grandes reforços . Levávamos a vantagem nas finais e te digo uma coisa Bruno: em finais o time que joga levando a vantagem do resultado é muito importante porque geralmente os jogos são muito iguais, muito parelhos.


FTT – Neste time o Marcelinho Carioca brilhou. Você jogou com o Marcelinho e também com o Neto. Se tivesse que escolher apenas um dos dois para assumir a camisa 10 com qual ficaria?
MARQUES – (Rindo muito) Mas aí um era camisa 7 e outro 10.

FTT – Mas jogavam como camisas 10?
MARQUES – Olha, o Neto com sua precisão e sua técnica deu um titulo brasileiro ao Corinthians com um time limitado. Principalmente em suas bolas paradas. Foi o primeiro titulo brasileiro do Corinthians e marcou muito. Depois ele teve uma queda física e acabou afetando também sua parte técnica. Eu via o Neto como um jogador que necessitava muito do seu condicionamento físico estar cem por cento para desenvolver o seu melhor futebol e depois de 90 ele relaxou um pouco e já não conseguiu ser mais o mesmo. Porem escreveu uma pagina importante na historia do Corinthians. Marcelinho já era diferente. Cuidava muito da sua parte física, jogador muito constante e que conquistou muitos títulos pelo Corinthians como brasileiro, mundial de clubes, vários paulistas. Quem é corinthiano guarda ele com muito carinho tambem. Eu diria que colocaria os dois no meu time, um com a 7 e outro com a 10 e não me aperta mais não (risadas gerais)



FTT - O ano de 95 foi especial pois você conquistou o paulista e a copa do Brasil com o Corinthians. O tecnico era o Eduardo Amorim. Era um bom tecnico ?
MARQUES – Era muito bom treinador e com uma caracteristica que eu via como diferencial entre os treinadores. Ele era aberto ao diálogo. Dava oportunidade também aos atletas de opinarem e muitas vezes ali naquela conversa conseguia acertar uma melhor maneira do time jogar. Eu vejo hoje muitos treinadores que são céticos e a opinião deles é a única e não aceitam intromissão e a opinião deles deve ser a unica. Doa a quem doer.

FTT - Porque você acha que o Eduardo Amorim não vingou como tecnico no futebol brasileiro?
MARQUES – Olha eu não sei o que aconteceu mas ele foi muito bem e logo em seu primeiro ano ganhou dois títulos importantes, o paulista e a Copa do Brasil . Veio para substituir o Mario Sergio no meio do campeonato, em um momento dificil e se deu muito bem. Tinha o ambiente na mão e soube conduzir o time , alem de ser muito querido. Quando acontece do treinador ser querido, todos correm para ajuda-lo e foi isto que ocorreu

SAI DO TIMÃO E VAI PARA O MENGO
 

FTT - Do Corinthians você foi para o Flamengo. São as duas maiores torcidas do Brasil .  Você como jogador notou qual torcida exerce mais pressão e cobrança sobre os jogadores?
MARQUES – Não. É tudo igual. O que acontece é que times como estes a torcida quer sempre vitorias, não aceitam times fracos , sem vontade. Tem de estar sempre vencendo. Tudo toma uma dimensão muito grande . Mas para jogar no Corinthians, Flamengo, Atlético o que necessita é o jogador estar preparado e saber que será cobrado. Ter personalidade e ser profissional.

Em pé a partir da esquerda: Jorge Luiz, Mancuso, Roger, Marcio Costa , Ronaldão e Gilberto. Agachados: Zé Maria, Marques, Sávio, Nelio e Romario

 
FTT - Logo em 96 você foi campeão carioca invicto. O time no papel não era tão forte. Deu liga aquela equipe?
MARQUES – Tinhamos muitos garotos buscando afirmação como o Iranildo, o Sávio , Nelio e eu também. Tinhamos o Mancuso e o Ronaldão mais experientes. Eu acho isto legal. O mais experiente que vai por a bola no chão, vai orientar e o garoto que vai fazer a correría. Tem de ter este equilíbrio. O nosso diferencial foi o Romario. Lá na frente dificilmente ele perdia gols. Vinha motivado pela copa de 94 e estava em grande fase.

FTT – Foi o melhor jogador com quem você jogou?
MARQUES – Olha foi sim. Era muito frio, raciocínio muito rápido para resolver o que fazer. Raramente perdia gols lá na frente.


FTT – E porque mesmo sendo campeão carioca invicto você não continuou no Flamengo?
MARQUES – A gente perdeu o Romario, apesar que veio o Bebeto um jogador fantástico também mas com estilos diferentes. O Romario é mais matador , definia o jogo. Já o Bebeto era mais de cair para os lados, de tocar também. Sairam outros jogadores também, mudou o comando e a coisa não andou como a gente queria. Porem foi um ano maravilhoso para mim pois depois de mais de 10 anos de Corinthians encarei este desafio , fui campeão carioca invicto e valeu demais este ano no Rio.

FTT – Uma passagem curtíssima no São Paulo e então você foi para o Atlético. Como foi esta triangulação Flamengo-São Paulo-Atletico?
MARQUES – O São Paulo foi um clube que eu gostaria muito de ter dado certo. Pelo que ele é, por toda estrutura que oferece. Mas na carreira nem sempre as coisas acontecem como desejamos. Tive algumas lesões e no Brasileiro vi que não teria chances regulares e apareceu o convite do Atletico neste meio tempo. O Paulo Cury me procurou e vim para Belo Horizonte.
Mas quando eu cheguei o Leão falou que não era eu quem ele desejava. Na cabeça dele tinha um time com um atacante alto que no caso seria o Magrão e um rápido do lado que era o Almir . Chegaram eu e o Valdir. Depois veio o Almir também. Lembro que o Leão falou com a gente: “olha, não foi vocês que eu pedi não, mas já que estão aí vamos lá”. O começo foi difícil com três derrotas e fiquei receoso da torcida começar a cobrar. O Leão manteve a gente no time e acabamos acertando e fazendo um bom campeonato brasileiro e depois a Conmebol.

MARQUES VAI PARA O ATLÉTICO ONDE VIVE OS MELHORES MOMENTOS DE SUA CARREIRA



FTT – Falando na Copa Conmebol se lembra das duas partidas finais contra o Lanus?
MARQUES – Lembro bem. O Atlético fez uma ótima campanha. Fomos campeões invictos. No primeiro jogo na Argentina vencemos por 4x1 e foi uma batalha. Para você ter ideia, antes do jogo a policia falou para gente que se ganhássemos o jogo lá eles não sabiam o que podia acontecer. Nós perguntamos: como assim? Lembro que no jogo, o Atlético dominou, foi superior e vencemos por 4x1. Mas depois do final os argentinos não souberam perder e teve aquele final lastimável. Alguns jogadores tiveram de sair carregados, o Leão com aquela fratura no rosto mas vencemos que foi o mais importante. No jogo de volta só administramos e empatamos em 1x1 sendo campeões.

                   Na semifinal contra o Universitario do Peru , Marques cruza e Valdir marca o gol.


FTT – E neste ano começava uma das melhores duplas que o Atletico teve em sua historia, Marques e Valdir.
MARQUES - É , eu e Valdir nos entendiamos muito bem. Ele era veloz e se movimentava muito. A gente fazia tabelinhas rápidas e era uma dupla afinada.


FTT – Mas o time tinha outros destaques.
MARQUES – O time era muito bom. É daquelas coisas que você não explica no futebol. O time foi montado em cima da hora. Chegaram o Taffarel, o Jorginho, eu, o Valdir para se fazer uma equipe sem nenhum preparação. Podia dar certo ou não que é o que geralmente acontece nestas situações. Sei que a gente se completou. O Jorginho era um cara que sabia como poucos deixar o companheiro na cara do gol, tinha eu pelo lado para estar puxando os ataques e tinha o Valdir que era o nosso matador. O time se acertou dentro de campo e fizemos grandes partidas.

Em pé a partir da esquerda : Taffarel, Sandro Barbosa, Sandro, Hernani, Bruno e Edgard. Agachados: Dedé, Valdir Bigode, Jorginho, Marques e Doriva.


FTT – Taffarel foi o melhor goleiro que você viu em campo ou teve algum outro do mesmo nível?
MARQUES – É sempre muito difícil estas comparações porque cada um teve sua época e suas qualidades. O Taffarel por exemplo marcou época aqui no futebol mineiro. Sua experiencia e categoria eram marcantes. Emocionava a todos nós ouvir a torcida do Atlético cantando “ El, El, El sai que é sua Taffarel”. E como esquecer as defesas do São Dida! Dida era um fenômeno, dificil de se batido até nos pênaltis. Sao excelentes goleiros, ótimos profissionais mas quero lembrar aqui de outro grande goleiro:o Velloso. A gente tinha uma tranquilidade muito grande quando ele jogava no gol do Atletico. Varias partidas ele nos salvou de derrotas.


FTT – No brasileiro de 98 teve um grande jogo entre Atletico x Santos na Vila Belmiro . Se lembra desta partida ?
MARQUES – Foi um jogaço. A partida foi na Vila Belmiro e naquele campeonato se classificavam 8 para as partidas de mata mata. Me lembro que no final não nos classificamos por causa de 1 ponto . Na ultima partida empatamos com a Ponte Preta e se vencêssemos estariamso classificados. De repente foram estes dois pontos que deixamos escapar contra o santos pois vencíamos por 4x1 e eles empataram em 4x4. Deixamos 2 pontos no Mineirão contra o Botafogo também naquele empate de 5x5 (o Galo vencia por 5x2). Mas falando especificamente deste jogo contra o Santos que você lembrou foi mesmo um jogaço. Eu e Valdir tínhamos uma sintonia perfeita, diferente da que eu tinha com o Guilherme com quem eu vim jogar depois. Valdir era de mais movimentação, mais velocidade, mais explosão. Fazia tabelas muito rápidas. Neste jogo mesmo como você colocou, fizemos varias jogadas assim e nos 4 gols praticamente foram jogadas trabalhadas por nós dois. (Marques fez 1 gol e Valdir 3)

http://www.youtube.com/watch?v=-gq9TMbA0Sg

FTT – Chegou o ano de 99 e uma campanha sensacional no Brasileiro. Nas quartas de finais eliminaram o rival Cruzeiro em dois jogaços. Se lembra bem destes jogos?
MARQUES – Olha o Cruzeiro era o favorito naqueles jogos. O time terminou em segundo lugar no Brasileiro, brigando com o Corinthians que ficou em primeiro na fase de classificação.Nós ao contrario nos classificamos na “bacia das almas” na ultima rodada vencendo o Grêmio no Mineirão . Só que o Cruzeiro sentiu o peso que seria ter de enfrentar o Atletico naquela fase. Levir Culpi chegou a dizer que o Cruzeiro foi prejudicado pois perdeu toda a vantagem que teria jogando contra outro clube se fosse de fora de Minas. E o Cruzeiro mesmo sendo favorito pegou o Atlético em um moneto de ascensão pois nos classificamos em cima da hora e aquilo deu moral para o time. Aquela vontade levantou muito o astral do time. O jogo estava muito equilibrado e estava empatado em 2x2 e no segundo tempo eu e o Guilherme acabamos fazendo a diferença pois tínhamos um entrosamento muito bom. Me lembro que os adversarios vinham com marcações fortes pra cima de mim e do Guilherme e a gente gostava desta marcação pois nosso momento era tão bom que acabávamos enchendo os jogadores de cartões amarelos e acabavam sendo expulsos no segundo tempo. Fizemos um grande jogo neste dia.

Vejam aqui imagens do clássico sensacional em video:
http://www.youtube.com/watch?v=kY9Q9pn6k20



Atlético-MG 4x2 Cruzeiro
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Data: 14 de novembro de 1999.
Resultado: ATLÉTICO 4x2 CRUZEIRO (MG).
Local: Belo Horizonte, MG.
Estádio: Mineirão.
Público: 64.717 pagantes – Renda: R$ 594.000,00.
Competição: Campeonato Brasileiro de 1999.
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas, MG.
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ATLÉTICO: Velloso; Bruno (Valmir), Galvan, Cláudio Caçapa e Ronildo; Valdir Benedito, Gallo, Belletti (Adriano) e Robert; Guilherme e Marques (Edgar) – Tec: Humberto Ramos.
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CRUZEIRO: André; Gustavo (De la Cruz), Marcelo Djian, Espínola e Donizete Amorim; Donizete, Ricardinho (Geovanni), Paulo Isidoro e Valdo; Muller e Alex Alves – Tec: Levir Culpi.
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GOLS: Guilherme (12’), Paulo Isidoro (21’), Guilherme (33’), Muller (51’), Marques (61’ e 71’).


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FTT – Você disputou inumeros clássicos no Rio, SP e MG. Acha que tem diferença nas rivalidades ou são todos iguais?
MARQUES – Eu acho que em BH é diferente, não há como negar. É o jogo que pára a cidade. Você vai jogar o clássico no domingo e duas semanas antes só se fala no clássico. E dependendo do resultado , como foi o ultimo contra o Cruzeiro se fala até 4 meses depois. Nos outros estados não. Existe a rivalidade forte ali dentro do campo sim , no estádio, mas muitas vezes você perde um clássico nesta semana e na outra já tem outro clássico e pode mudar tudo. Para mim Belo Horizonte e Porto Alegre a rivalidade é maior com certeza.


CHEGOU A VEZ DE SER CAMPEÃO NO VASCO


FTT – Você então foi para o Vasco. Lá se reencontrou com dois velhos amigos, Marcelinho Carioca e Valdir. Se deram tão bem que foram campeões cariocas.
MARQUES – Fui para o vasco em 2003. O time queria retomar a hegemonia estadual e para isto montou um grande time que recebeu um apelido legal de “Selevasco”. Alem destes dois que você falou tinha também o Petkovic que viveu uma ótima fase. Então nosso quarteto ofensivo era de muito respeito e fomos campeões com muito sucesso.


FTT – E neste time do Vasco você jogou com o Fabio atual goleiro do Cruzeiro.
MARQUES – Boa lembrança. Tinha o Fábio que era nosso goleiro titular. Jovem ainda mas com personalidade e qualidade para estar jogando em qualquer time do Brasil. Hoje o Fabio cresceu muito e foi se aprimorando a cada ano. Passa muita confiança aos seus jogadores. Para mim está entre os 3 melhores goleiros do Brasil.



FTT – Sua media de gols no Vasco foi muito boa. Foram 25 gols em 59 jogos. Porque não continuou em São Januario?
MARQUES – O Vasco abriu portas para que eu pudesse jogar fora do país. É uma situação que você tem de pesar muitas coisas. Será que o cavalo dourado vai passar aqui de novo? Eu já com 30 anos, o Vasco entendeu minha situação e sei que o negocio foi bom para os dois lados. Fui então para a Asia.

FTT – Foi jogar no Japão. O povo japonês também é alucinado com futebol.
MARQUES – Demais, são fanáticos por futebol. Adoram seus idolos , sempre com muito respeito e educação.

FTT – E sua adaptação a língua,a cidade. Tinha alguém para servir de interprete ou você saia sozinho?
MARQUES – É um choque muito grande . Você já desce no aeroporto e fica perdido. Parece que você está em outro mundo. De cara você nota que o transito é o contrario com o volante do lado direito. Tudo é muito diferente. No Nagoya Grampus já tinha o Wesley que foi ídolo no Bahia e depois jogou aqui em Minas no Atletico e Cruzeiro. Foi ele quem me ajudou muito. Eu ia quase todos os dias pra casa dele até a família chegar e depois de três meses contrataram uma comissão técnica de brasileiros. Foram o Nelsinho Baptista o preparador físico que era o seu filho, o Mauro . Depois ainda chegou o Clayton para jogar. Então éramos seis brasileiros mais as famílias . Nagoya é a cidade mais facil de adaptação para os brasileiros pois tem todo apoio lá, inclusive escolas para brasileiros. A adaptação foi muito boa, sou muito querido e lembrado na cidade e é uma época que guardo com muito carinho. Joguei lá em 93, 94 e 95 e quando fui sair me lembro que ouve um apelo muito grande tanto da torcida como da diretoria para que eu permanecesse. Fizeram uma grande homenagem no meu ultimo jogo, e no aeroporto foi muita gente para se despedir de mim. O povo japonês é muito educado e agradecido pelas coisas que você faz por ele. Voltei porque já tinha combinado com o Atlético o meu retorno.

O RETORNO AO ATLÉTICO E O FIM DE CARREIRA

FTT – Bem você terminou sua carreira jogando no Atlético. Jogou apenas 30 partidas na ultima passagem. Acha que merecia mais chances com o Luxemburgo ou o que aconteceu?
MARQUES – Bem, me lembro que em 2008 , no ano do Centenario, eu tive uma lesão na cartilagem do meu joelho. Conseguimos levar até o final do ano, com tratamento, treinava pouco. Ía para o jogo até que tomássemos uma decisão no final do ano, se iria operar ou não. As dores eram muito intensas e eu ali com meus 35 anos. Resolvemos por operar então. Operei em fevereiro de 2009 e foi um ano só de recuperação. A lesão de cartilagem é muito diferente da ligamentar. O ligamento quando você tem um problema , reconstitui e ele fatalmente vai se fortalecer e você vai se recuperar. Vai voltar a jogar normalmente. A cartilagem não. Ela vai ficar ali , mesmo que você opere vai vir outro tecido. Mas aquela lesão anterior continua ali. Chegou 2010 e eu tive uma conversa com o Luxemburgo em particular dizendo que queria ir para o jogo desde que meu corpo correspondesse . Eu gostaria de estar treinado como os outros porque isto é que é o legal mas eu sabia das limitações. Luxemburgo entendeu e disse que seguiríamos assim até o fim do ano quando então encerraria. Me deu força na época e disse que se eu conseguisse treinar me daria força pra jogar. Porem as coisas mudaram e tanto ele como a diretoria resolveu trazer jogadores mais novos e acabou sendo um baque para mim do modo como foi. Porque eu tinha uma historia muito grande com o Atlético pois são quase 400 jogos e eu tinha um contrato simbólico. Era um contarto muito tranquilo e eu se fosse para renovar sem receber só para terminar o ano e finalizar minha carreira de forma organizada.


FTT – E sua saída do Atletico você acha que poderia ser de outra forma ou achou normal da maneira que ocorreu?
MARQUES – Hoje olhando com mais calma, mais ponderado a gente vê que acontece coisas como esta sempre no futebol. Me chateou por saber que fui um dos grandes ídolos da historia do Atlético , principalmente recente e terminei a carreira assim sem uma despedida , de uma hora para outra. Assim penso ainda em fazer este jogo de despedida. Não fiz antes porque fecharam o Independencia e o Mineirão e sem desmerecer a cidade de Sete Lagoas mas gostaria de fazer o jogo de despedida em Belo Horizonte .Muitas pessoas me cobram isto e o próprio Kalil achou que deveríamos fazer este jogo.Quero fechar minha historia desta forma, com uma despedida junto a torcida.

Uma imagem que marcou para todos atleticanos. O ultimo gol de Marques colocando sua camisa sobre a bandeirinha de escanteio e levantando para a torcida.

O video do ultimo gol e a comemoração marcante: http://www.youtube.com/watch?v=h2mCiHG5Oi4



FTT – Aponte os sete maiores jogadores que você viu no futebol.
MARQUES – Nossa joguei com muita gente boa.Do meu lado lembro de grandes atacantes que jogaram comigo. No Atletico falo do Guilherme que é o numero 1. Era o cara que me completava e eu dizia pra ele: “Guilherme você fica aí na área que aqui na ponta o serviço eu faço e você fica aí para completar.” E ele fez gol de todo jeito. O Valdir também foi outro que me marcou demais. Romario que não conheci outro jogador como ele para fazer gols, com toda frieza na frente do goleiro. Aqui no Atletico tive outro que eu era fã, o Taffarel. Segurança e categoria no gol. Para bater na bola vi poucos como o Marcelinho Carioca, fenomenal. Ele jogava muita bola. O Alex. Este jogava demais. Na sua tríplice coroa no Cruzeiro eu estava no Vasco e me lembro que nos jogos que fizemos contra eles vendemos caro a derrota. Alex vivia uma grande fase. Atualmente o grande nome sem duvida é o Messi. Joga muita bola. Se formos lá atrás não posso esquecer do Zico que foi meu ídolo.

Bruno e o atual Deputado estadual Marques no seu gabinete



FTT – Quem foi seu grande treinador ?
MARQUES – É difícil. Trabalhei com muita gente boa e tenho receio de acabar sendo injusto. Mas vou lá no meu começo, nas categorias  de base do Corinthians com o Sr. Bartolomeu. Eu tinha 12 para 13 anos e me lembro muito bem dele e do seu trabalho. Então para deixar uma homenagem geral deixo aqui meu voto para o Bartolomeu.


FTT - E teve algum time que você preferiu jogar, que se encaixou melhor?
MARQUES - Olha eu gostei muito do time de 2001. Tinha o Gilberto Silva, o Djair, o Valdo. Um time gostoso de se jogar, de bom toque de bola e comandado pelo Levir Culpi que foi outro grande treinador que eu tive.

Ficha tecnica de um clássico com este time:

CRUZEIRO - 2

André, Maicon, Luisão, João Carlos e Alex Santos; Marcus Vinícius, Ricardinho, Cléber Monteiro e Alex (Leonardo); Jorge Wagner (Sérgio Manoel) e Oséas (Adriano Chuva). Técnico: Marco Aurélio

ATLÉTICO-MG - 2

Velloso; Baiano, Marcelo Djian, Álvaro e Ronildo (Cicinho); Gilberto Silva, Djair (Alexandre), Valdo e Ramon; Guilherme e Marques. Técnico: Levir Culpi

Local: Estádio Mineirão - Belo Horizonte

Público:84.259 pagantes

Renda:R$ 777.761

Juiz:Alício Pena Júnior (MG)

Cartões amarelos:Alex Santos, Marcus Vinícius, Alex, Ricardinho, Jorge Wagner (Cruzeiro); Djair, Valdo, Marques, Marcelo Djian, Ronildo (Atlético)

Gols:Alex, aos 11min e aos 33min, Ramon aos 41min, Marques aos 43min do segundo tempo

 
Marques Abreu

MARQUES ENTRA NA POLITICIA PARA ESCREVER SEU NOME


FTT – Hoje você está na vida política. Foi o segundo deputado mais votado em Minas Gerais. Acha que sua responsabilidade é maior do que a dos demais deputados?
MARQUES – Foram 153 mil votos. Eu não trago esta carga para mim porque eu quero ter uma forma bem transparente na política e apesar destes inúmeros votos quero escrever meu nome na historia bão apenas para os meus eleitores mas para todos , com muita resposabilidade e respeito com o dinheiro publico. Estou no primeiro ano e tenho certeza que depois de quatro anos quando eu olhar para trás terei muito orgulho do trabalho que fiz.



FTT – Historicamente vimos vários ex jogadores eleitos mas poucos se destacaram na política. João Leite foi quase uma excessão. Você espera mudar este conceito  na política.
MARQUES – Eu quero muito mudar isto . No meu plano de carreira , lá com meus 34 anos eu via com muito bons olhos entrar na política. É claro que  a vivencia trás experiência para desenvolver melhor o trabalho. Ter muito cuidado na administração do dinheiro publico, muita responsabilidade com os gastos. Muitos falavam comigo, você está maluco de entrar na política?  Hoje depois de um ano vejo que dá para deixar uma coisa bonita escrita. Estou trabalhando muito e bem satisfeito com o trabalho realizado.





 
FTT – Nos fale sobre o Centro de Treinamento da UFMG.
MARQUES – Muito legal. O Centro de Treinamento é de primeiro mundo . Uma pista de atletismo nos moldes olímpicos, com mdeidas oficiais, uma piscina olímpica e ginásios para treinar . É um centro de formação de atletas. Eu acho que está faltando apenas melhores alojamentos para recebermos grandes atletas em Belo Horizonte. Está ficando muito bom o Centro de Treinamento.




FTT – Os times mineiros foram muito penalizados ano passado com campanhas pífias pois não tiveram um estádio sequer em BH para jogarem . Agora está este embroglio para a liberação do Independencia. A construtora cada hora marca uma data, o governo abriu mão da multa por atraso. Os guarda corpos irão prejudicar e muito a visibilidade do torcedor. O que está sendo feito e como você vê esta situação?
MARQUES – Eu acho que nossas autoridades precisam dar uma posição definitva para o independência. Não pode mais ficar empurrando com a barriga. Não pode mais deixarem de assumir a responsabilidade. É a construtora que fala que é o governo o responsavel,  é o governo que joga a responsabilidade para a construtora. Há de se ter uma atuação definitiva pois o Independencia tem feito muita falta não somente aos times mas aos torcedores de Belo Horizonte. A gente espera que a situação dos guarda corpos seja resolvida o quanto antes. Tem um estudo sobre isto hoje para dar uma solução. É necessário pois a arquibancada do Independencia é muito íngreme e se faz necessário esta proteção. Talvez o equivoco foi no material utilizado e tenho convicção pois estive lá vendo a obra e ficou um estádio de primeiro mundo. O publico mineiro merece este estádio e  ficou muito bonito, posso afirmar.


    O deputado Marques acompanhou o problema dos guarda corpos no estadio Independencia 

Bruno e Marques registrando um momento marcante para o Blog FTT - 100.000 visitas



Entrevista: Bruno Steinberg














  

Revista do Dia - ESPORTE ILUSTRADO


A edição da revista Esporte Ilustrado n. 77 de Dezembro de 1956 trás em sua capa o clássico de Minas Gerais. Tomazinho do Atlético e Nilo do Cruzeiro.

Encontros eternizados - ZÓZIMO, ARMANDO MARQUES & PROCOPIO

Final do campeonato brasileiro de seleções estaduais de 1963  entre Cariocas e Mineiros vencida por Minas Gerais. Os dois capitães se cumprimentam antes da partida

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