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quinta-feira, 5 de maio de 2011

RHUMELL, 2005: A CAMISA QUE ERA PRA SER E NÃO FOI

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Era o ano de 2005. O Bahia terminava uma duradoura parceria com a Penalty, fornecedora nacional que fazia as camisas do time desde 95. Parceria essa que, apesar de vitoriosa nos seus bons tempos, terminava de maneira decadente e vexatória, com uniformes pouco inspirados e verdadeiros "molambos" em campo, já que o contrato tinha terminado no fim de 2004 e o time estreou em 2005 ainda sem uma nova fornecedora, obrigando a equipe a jogar suas primeiras partidas com camisas remendadas do ano anterior. Essa história nós já contamos num post de dezembro de 2009, quando da chegada da multinacional italiana Diadora.
Nesse meio tempo, o Bahia negociava com outra empresa nacional, a Rhumell, que já tinha fornecido uniformes ao Bahia nos idos de 95 (coincidentemente, antes da entrada da Penalty).
A negociação parecia ter tudo pra dar certo e finalmente o Bahia teria roupa nova para jogar o ano de 2005. Inclusive, as camisas e todo o material de apoio (camisas de treino, concentração, etc) já estavam prontos e o clube até já havia recebido um grande lote para uso dos jogadores. Porém, inexplicavelmente (ao menos para nós torcedores), o clube romperia unilateralmente o contrato, conforme nota veiculada no site oficial do clube, onde dizia que o Bahia achou por bem não prosseguir com as negociações. A decisão parece ter sido acertada, pois àquela altura a Rhumell, já praticamente falida, respondia a vários processos e intervenções judiciais, o que a curto e médio prazo poderia vir a trazer problemas para o Tricolor. Nos bastidores, dizia-se que a empresa errou o tom de azul do escudo; por outro lado, também especulava-se que o motivador da rescisão era mesmo financeiro, pois os valores do contrato não eram satisfatórios e o clube teria achado coisa melhor (leia-se Diadora). Mas tudo isso não passava de especulação e boatos.
O fato é que, como já foi dito, muitas camisas já tinha sido fabricadas. O que fazer com esse lote? O jeito foi "queimar" o estoque no comércio local. As tradicionais lojas de material esportivo da Rua do Corpo Santo, no Comércio, passaram a vender uma camisa nova e inédita, mas que já chegava "morta" ao mercado. Já o Bahia, passou a usar as camisas já recebidas como moeda de troca, pagando a pequenos prestadores de serviço do Fazendão com os natimortos uniformes.
Falando da camisa em si, a branca era simples porém bonita; punhos e barra azul, e uma gola em azul e vermelho davam o tom da camisa, que estampava o famigerado patrocínio Muriel; já a listrada, era semelhante à camisa atual da Lotto, só que com as mangas vermelhas ao invés de azul; porém, esta tinha um gosto duvidoso, principalmente por conta da elipse que continha o logotipo da Muriel. Ambas tinham o mesmo corte, incluindo uma espécie de manga "raglan", que descia da gola até as axilas.
Enfim, não sei se caso esta camisa fosse lançada, agradaria a todos. Hoje, pensando melhor e analisando as camisas e a situação em que o time se encontrava à época, talvez devamos agradecer pelo Bahia não ter fechado o contrato com a Rhumell.


CAMISA RETRÔ 1994

Seguindo o planejamento de lançar camisas alusivas a momentos históricos protagonizados pelo Tricolor de Aço, a Lotto presenteou a sua torcida no dia 20/02/2001, justamente num BA-vi, com a reedição de um uniforme marcante e, de alguma forma, pitoresco: a famosa camisa de Raudinei. O padrão usado na época, fabricado pela Proonze, não era uma inovação. Gola pólo branca, ausência de punhos, listras verticais azuis e vermelhas bem largas intercaladas por estreitas listras brancas. Parecia uma novidade, mas para os mais atentos ou para os aficionados pela historia das camisas do Bahia era uma lembrança de outro padrão já usado time no ano de 69. Com aquela camisa, o zagueiro Nildo "Birro Doido" salvou, em plena Fonte Nova, o que teria sido o milésimo gol de Pele. O curioso é que no filme "Pelé Eterno", o protagonista cita um fato que não existiu, segundo as milhares de pessoas presentes ao estádio naquela tarde de domingo: que o zagueiro tricolor teria sido vaiado após salvar o gol sofrido dias mais tarde pelo argentino Andrada no Maracanã... curioso o Sr. Edson Arantes do Nascimento "criar" essa fantasia e reproduzí-la ate hoje...
Camisa usada em 69, no jogo contra o Santos, que seria o do 1000° gol de Pelé (fotos: Flog do Bahia)


Mas voltemos a 1994. Novamente, numa tarde de domingo, decidia-se o campeonato baiano daquele ano. Depois de perder os dois primeiros turnos para Camaçari e Vitória, o Bahia contrata o então pouco conhecido treinador Joel Santana, que, numa virada sensacional, vence o terceiro e quarto turnos. No quadrangular final, apos acirrada disputa, só Bahia e seu eterno rival têm chance de erguer a taça e o Bahia, por ter um ponto a mais, joga pelo empate. O primeiro tempo termina 1 x 0 para o adversário e a torcida tricolor vê o titulo que tinha quase nas mãos se esvair... seria um desperdício, depois da revolução promovida pelo hoje internacional "Papai Joel". Eis que aos 46 minutos do segundo tempo, depois de um chutão vindo da defesa, passado meio perdida pela cabeça de um, pelo pé de outro, a bola encontra o pé esquerdo de Raudinei que, infiltrado entre os zagueiros, manda para a rede de Roger! A torcida do Bahia, que ameaçava ir embora, explode em êxtase, enquanto que a torcida do rubro nego de Canabrava debanda cabisbaixa!
Raudinei e a camisa de 1994, que inspirou o modelo retrô (fotos: Flog do Bahia e acervo pessoal)

Quis o destino, ou o marketing do Tricolor, que a camisa que rememorava este jogo fosse usada justamente num BA - Vi. Com a presença do "pé quente" Raudinei no estádio de Pituaçu, triunfo do Bahia por 2 x 0. Uma curiosidade: em 1994, alem de ter perdido os dois primeiros turnos, o Bahia tomou duas goleadas do time de Canabrava, tendo sido usada como "bode expiatório" a camisa branca da época, sendo "aposentada". Naquele ano, em todos os demais encontros com o rubro negro, ambos entraram com camisas escuras: o Bahia de tricolor e o outro de vermelho e preto, gerando alguma confusão visual. Desta vez, prevaleceu o bom senso o adversário vestiu branco. Deu azar????
Quanto ao uniforme em si, ficou muito bonito, idêntico ao original, só que com tecido mais leve característico dos uniformes atuais. Chama atenção, que como o padrão feito pela fornecedora de 1994, o calção fugia do tradicional azul royal e aparecia em azul marinho com uma faixa horizontal branca, fazendo um bom contraste com a camisa que manteve o tom de azul corriqueiro. Até ao fonte utilizada nas numerações ficou bem semelhante à numeração usada pela Proonze à época.
Como ressalva, apenas a cor do logotipo da Lotto, que poderia ser branco mesmo, já que a original de 94 usava logotipo da fornecedora nesta cor. Não que o dourado não tenha caído bem, mas essa cor foi usada na camisa retrô de 1936 porque a original da ápoca não tinha, por razões óbvias, nenhuma marca de fabricante; porém, nessa, dava pra ser branco. Outra coisa: poderia ter ali um patrocínio da OAS escrito numa fonte "cursiva" semelhante ao logo da Coca-Cola... aí, sim, a camisa ficaria perfeita!!! Mas são detalhes mínimos que, de forma alguma, tiram a beleza desta peça.
Na nossa modéstia opinião, um dos maiores acertos da historia recente das camisa do Tricolor, que infelizmente, está fadada a ser usada apenas em um jogo. Ponto para a Lotto que conseguiu seguir fielmente o original, dando um toque de personalidade e modernidade. A camisa repercutiu positivamente mesmo entre não-torcedores do Bahia, e entre colecionadores de camisas de futebol de um modo geral. Veja a repercussão no blog "Minhas Camisas", o maior site brasileiro sobre camisas de futebol, clicando aqui.
Não posso deixar de citar, modéstia à parte, que eu e Arilde tivemos nossa humilde participação na concepção dessa camisa, já que a nossa consultoria com dados e fotos serviram de inspiração para a atual fornecedora do uniforme do Tricolor de Aço.
Camisas em ação no Bahia 2x0 Vitória em 20/02/2011

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