FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS
AMÍLCAR:
Em 16 ele não era o capitão da Seleção, que era o Lagreca. O capitão
era também o treinador. Mas nos anos subsequentes ele foi o capitão.
Corinthians campeão paulista de 1916.
Time palestrino em 1929: Em pé a partir da esq. Serafini, Heitor, Bianco, não identificado, Xingo, não identificado, Amílcar,
não identificado ; agachados: Nascimento, Lara, não identificado ,
Ministrinho, não identificado, Pepe, não identificado, Russo e Osses. O jogo foi nas Laranjeiras, mas o rival era o Botafogo.
O tecnico era Amilcar Barbuy.
AMÍLCAR: Era um excepcional jogador que morreu bestamente, depois de uma bolada no nariz que infeccionou, morrendo depois.
Lazio anos 30 - A partir da esquerda : Fantoni II (Nininho) , Ferraris IV e Viani.
sexta-feira, 18 de março de 2011
O Craque disse e eu anotei - AMILCAR BARBUY "FILHO"
Um
dos momentos mais marcantes do filme do Centenário Corintiano é quando o
Senhor Amílcar Barbuy Filho fala sobre o seu pai, que defendeu o
Corinthians e o Palestra-Itália. Como admirador do futebol antigo e
sabendo que são poucas as pessoas que ainda podem falar da época do
Amadorismo, considerei como obrigação prestar uma homenagem à este
grande jogador e de uma época onde os jogadores não ganhavam dinheiro,
mas jogavam por amor à camisa que vestiam. Através do meu amigo Celso
Unzelte obtive o telefone do Senhor Amílcar, que na entrevista mostrou
muita lucidez, conhecimento e emoção ao falar de uma época pouco
conhecida atualmente. Confiram a matéria.
FUTEBOL
DE TODOS OS TEMPOS: O seu pai nasceu na cidade de Rio das Pedras no dia
29 de Abril de 1893. Com quantos anos ele veio pra São Paulo?
AMÍLCAR BARBUY FILHO:
Ele deve ter vindo pra São Paulo com uns 7 ou 8 anos, porque começou
logo jogando num quadro que eu calculo que tenha sido o Infantil, que
seria o Esporte Clube Galopino, o primeiro time que ele jogou. Em 1912,
com 19 anos, estava no Corinthians. Nestes dez anos (1900 a 1912) passou
pelo Galopino, Belo Horizonte (time da várzea) e o mais famoso, que era
o Galo da Várzea, o Botafogo do bairro do Bom Retiro. Aliás, os três
eram do Bom Retiro.
FTT: O
seu pai quando criança tinha algum time de futebol que torcia, já que
quando o Corinthians surgiu em 1910, ele já era um jovem de 17 anos?
AMÍLCAR: Ele não tinha pra quem torcer, mas tinha pra quem jogar. Eu já nasci corintiano, meu pai não, ele se tornou corintiano.
FTT: Ele jogou um bom período no Botafogo do Bom Retiro, que era um time muito forte da várzea na época.
AMÍLCAR:
Isso. Era o Galo da Várzea, muito famoso, brigão, arruaceiro e foi
fechado pela polícia. Este fechamento é que tornou a ida de muitos
jogadores para o Corinthians.
O
time do primeiro campeonato em 1914:Fulvio, Casemiro do Amaral,
Casemiro Gonzalez: Police, Biano e Cesar; Arisitides, Peres, Amilcar,
Dias e Neco.
FTT: Quem eram estes jogadores, alem do seu pai?
AMÍLCAR:
Que eu me lembro dele ter dito eram o César Nunes (irmão do Neco). Os
outros eu não lembro. Mas devem ter ido uns seis ou oito para o
Corinthians.
FTT: O Senhor Hermógenes, irmão do seu pai, foi quem desenhou os primeiros símbolos do Corinthians.
AMÍLCAR:
O meu tio desenhou os três primeiros símbolos do Corinthians. Ele era
desenhista gráfico, coisa que eu fui também. Então ele fez aquele
primeiro, sem o círculo, o segundo já com o círculo e o terceiro e
talvez o quarto. Depois quem complementou o escudo foi um pintor famoso,
conhecido como Rebolo, que por sinal jogou nos segundos quadros do
Corinthians.
FTT: O
que o seu pai dizia ao Senhor do início dele no Corinthians? Em 1913
disputou pra entrar na Liga para participar do Campeonato Paulista.
AMÍLCAR:
Aí ele já estava presente. Disse que foi muito difícil porque naquela
época futebol era de gente de classe alta, sendo que eles eram
varzeanos.
FTT: Em
1913 o Corinthians passou a fazer parte do futebol paulista e no ano
seguinte foi campeão pela primeira vez, com o seu pai jogando como
centroavante. A linha de ataque era Américo, Peres, Amílcar, Aparício e
Neco. O que o seu pai dizia do Neco, que é um dos grandes jogadores da
história do Corinthians?
AMÍLCAR:
Quem levou o Neco para o primeiro quadro do Corinthians foi o meu pai,
porque ele vendo-o jogar nos quadros inferiores achou que ele teria
grandes possibilidades. Um dos irmãos dele já jogava, que era o César
Nunes. Então isso levou o meu pai (que era capitão e técnico) a escalar o
Neco nos primeiros quadros, o que foi uma decisão certa. Ele tinha uma
cara de mau, mas meu pai disse que aquela história do cinto que ele tirava pra bater nos adversários e nos juízes não é tão verdadeira. Ele não era ruim assim.
FTT: Em
1915 o Corinthians não disputou o campeonato, sendo que seu pai, como
alguns outros jogadores, foram emprestados pra outros clubes. E
coincidentemente neste ano o Amílcar participou da primeira partida da
história do Palestra-Itália, vitória de 2 a 0 contra o Savóia.
AMÍLCAR: Savóia de Votorantim. Jogo feito em Sorocaba, no Castelões.
FTT: A partir daí o seu pai passou a ter uma ligação com o Palestra?
AMÍLCAR:
Ele sempre teve porque como oriundi italiano tornou-se sócio do
Palestra-Itália, por um dever de italianismo. Isso fez com que
participasse deste famoso primeiro jogo.
FTT: Depois
o Corinthians voltava a ser campeão em 1916, época inclusive que eu pai
começou a jogar na Seleção Brasileira, disputando o Sulamericano da
Argentina.
Corinthians campeão paulista de 1916.
FTT: De
1917 pra 1918 o seu pai começou a jogar como centromédio (atual
médio-volante), posição da qual ele começou a se destacar muito. Na
época o grande centromédio era o Rubens Salles. O que pai falava dele?
Foi uma referência para ele?
AMÍLCAR: Jogava muito futebol, influenciando o estilo de jogo do meu pai.
FTT: Como jogava o seu pai?
AMÍLCAR:
Ele era muito técnico, um posicionamento perfeitíssimo, bem calmo, não
se afobava com as jogadas, chute certeiro, cabeçada mais certeira ainda,
pois se ele metesse a testa ela, a bola ia direto pro gol. Mesmo
jogando como centromédio, manteve as características de atacante.
O
primeiro confronto entra as equipes das 2 maiores torcidas do País,
também foi o primeiro confronto interestadual do Timão. O jogo aconteceu
em 1º de dezembro de 1918, e o Corinthians saiu-se vitorioso por 2 x 1
com gols de Neco e Amilcar para o Timão, e Carlos Araújo para o
Flamengo.
FTT: Em 1918 aconteceu a construção do primeiro estádio do Corinthians.
AMÍLCAR:
De que meu pai participou, aplanando o terreno. Todos eles, o Neco, meu
pai e outros jogadores. Foram os artesões do campo, que era na Ponte
Grande.
FTT:
1919 foi o ano que seu pai esteve presente na Seleção Brasileira no
primeiro título importante, que foi o Sulamericano, conquistado em Maio
no estádio das Laranjeiras. Existe um jogo, pouco antes das finais
contra o Uruguai, com o Brasil enfrentando a Argentina, ganhando por 3 a
1, com o seu pai fazendo um gol antológico.
AMÍLCAR:
Foi antológico. Ele falava sempre o jogo contra a Argentina estava
muito duro, pois se ficasse no 0 a 0, quem disputaria o título com o
Uruguai seriam os argentinos. A virada começou com o meu pai percebendo
que o goleiro argentino sempre que pegava a bola chutava em direção ao
half-esquerdo dele. Uma, duas, três, vezes. Numa das vezes que o goleiro
pegou a bola batendo ela até o limite da área e chuta em direção ao
médio-esquerdo. Meu pai se antecipou ao médio, mata a bola com o goleiro
no limite da área, ainda vagaroso, pois achava que a jogada estava
morta, com o Amílcar pegando a bola e marcando exatamente aquele que o
Senhor Edson não conseguiu marcar, do meio-de-campo. Esse gol renovou o
ânimo dos brasileiros, tanto que terminou o jogo em 3 a 1. O goleiro da
Argentina era o famoso Isola.
Seleção Brasileira campeã do Sulamericano em 1919. Primeiro titulo internacional de nossa seleção.
Lance da final no estadio das Laranjeiras entre Brasil x Uruguai pelo Sulamericano de 1919.
FTT: Veio
a final, contra o Uruguai. No primeiro jogo, um empate por 2 a 2, com
gols de Neco. Depois houve a última partida da qual o Brasil ganhou por 1
a 0, gol de Artur Friedenreich.
AMÍLCAR: Estavam muito cansados, disputando a prorrogação. Graças à Deus e ao Friedenreich ficaram com o campeonato.
FTT: Já
que falamos de Friedenreich, que é considerado um dos grandes craques
do futebol brasileiro em todos os tempos, o que o seu pai dizia deste
fabuloso centroavante?
AMÍLCAR:
Fabuloso centroavante é o termo técnico, jogava muito, oportunista,
estava sempre presente na hora certa pra terminar uma jogada. Era um
goleador e um jogador bastante técnico. Aliás, praticamente todos os
jogadores desta época eram muito técnicos, porque senão não chegariam em
cima.
FTT: O
time do Brasil Campeão Sulamericano de 1919 era formado por Marcos,
Píndaro e Bianco; Sérgio, Amílcar e Fortes; Millon, Neco, Friedenreich,
Heitor e Arnaldo Silveira
AMÍLCAR:
Eram todos grandes jogadores, gostava de todos eles. Tinha o Petronilho
de Brito, irmão de Waldemar de Brito, um portentoso. Outro grande
jogador era o Feitiço.
Mauricio
Sabará e Amilcar Barbuy Filho com a camisa que Amilcar jogou o
Sulamericano ,inclusive com as manchas de jogo, sem ser lavada. Uma
reliquia de valor inestimavel.
FTT: Depois
da grande conquista do Sulamericano de 1919, levando o futebol
brasileiro a ser levado à sério pela primeira vez, porque antes não
tinha o espaço que tem nos jornais. Dizia-se, inclusive, que nos jornais
outros esportes como o cricket eram páginas maiores que o futebol.
AMÍLCAR: Podemos dizer que com o título de 1919, o futebol nasceu realmente no Brasil.
Seleção Brasileira em 1922.
FTT: Os
anos 20 começaram, sendo que a nova meta do seu pai e de todo o time do
Corinthians é ser novamente campeão. Não consegue em 1920 e 1921. Surge
1922, quando se comemorava o primeiro Centenário da Independência do
Brasil, ganhando o título vencendo o forte Paulistano na final por 2 a
0. O que significou esta conquista ao seu pai e à todos os jogadores?
AMÍLCAR:
Este título pra ele tornou-se muito importante porque além dele, tinha
também vencido o outro Sulamericano neste mesmo ano. Só que depois do
Campeonato do Centenário tiveram problemas, com o meu pai saindo do
Corinthians, sendo ainda campeão em 1923, mas já estava de saída.
Amilcar Barbuy com a camisa da seleção brasileira.
FTT: O seu pai foi jogar no Palestra-Itália. O Senhor sabe o motivo da saída dele?
AMÍLCAR:
Teve um motivo muito forte. O meu pai era extremamente honesto e
amoroso ao quadro que ele jogava. Quando eles construíram o estádio do
Corinthians na Ponte Grande, o meu avô, pai do meu pai, se tornou
concessionário de um bar. Em 1922, um daqueles diretores que todo quadro
tem, que só deseja nepotismo e prejudicar os outros pra ajudar os
amigos em benefício próprio, sendo que nem sei o nome deste diretor,
pois meu pai nunca quis me falar, tirou o bar do meu avô. A reação do
meu foi também sair do Corinthians. O Palestra-Itália já era um grande
rival e meu pai era sócio dele por ser filho de italianos.
FTT: No
Palestra-Itália ele foi Bicampeão Paulista em 1926 e 1927, acumulando a
função de capitão e técnico, o que já fazia no Corinthians. Como foi a
passagem dele no Palestra?
AMÍLCAR:
Pra diretoria do Palestra-Itália ele foi bem vindo, porque era um
grande jogador, duas vezes Campeão Sulamericano, um cartaz a mais para o
Palestra. Assim ele foi levando até 1930, quando começou a se tornar
técnico já remunerado, porque passou a treinar o Antarctica Futebol
Clube. No Antarctica ele levou diversos jogadores para o futebol, como o
nosso Jaú e o Petronilho, que marcava gols de bicicleta antes de
Leônidas.
FTT: Fale um pouco da passagem dele pela Seleção Paulista.
AMÍLCAR:
Em 1929, por exemplo, tem a primeira página de uma Gazeta Esportiva,
cujo título está como Generalíssimo da Vitória. Ele já era considerado
com idade boa pra não jogar e dizem que foi um espetáculo em campo.
FTT:
Em 1929 o seu pai ainda foi Campeão Brasileiro de Seleções, estando
prestes a encerrar a carreira no Palestra-itália no ano seguinte. Já em
1931 aconteceu a primeira grande leva de jogadores do futebol brasileiro
para o exterior, mais precisamente pra Itália, no time da Lazio.
AMÍLCAR: Começou praticamente no final de 1930, por imposição do Senhor Benito
Mussolini, que praticamente o dono da Lazio, pedindo ao Senhor Luiz
Fabbi, que foi inclusive quem marcou o primeiro gol da história do
Corinthians, que contratasse jogadores que aprimorassem o quadro da
Lazio. Ele levou perto de oito ou nove jogadores, como Del
Debbio, Pepe, Seraphini, Tedesco, Rato, De Maria, Filó e os dois
Fantoni de Belo Horizonte (Ninão e Nininho). Isso fez começar um grande
êxodo de jogadores brasileiros, que aliás foram os primeiros a serem
exportados, no que ocasionou um fato muito interessante depois que eles
embarcaram pra Itália, que não era de avião, mas de navio, levando 13
dias. O Mappin Stories tinha uma loja na Rua 15 de Novembro, com
vitrines enormes, sendo que numa dessas eles colocaram a
foto da Seleção Brasileira, fazendo com que o povo arrebentasse a
vitrine rasgando esta fotografia como uma revolta à esta ida para a
Itália. O que ocasionou esta ida para o futebol italiano foi uma
declaração do meu pai dizendo que, infelizmente, eles estavam indo
embora porque os clubes daqui se apropriavam de todo o dinheiro, não
repassando pra benefício dos jogadores. Na Itália começaram como
profissionais, ocasionando o nascimento do Profissionalismo do futebol
aqui no Brasil em 1933.
A
grande Lazio de 1931/32 tambem chamada de BrasiLazio pela grande
quantidade de jogadores brasileiros e pelo tecnico Amilcar Barbuy. O
time a partir da esquerda:
Fantoni
II (Nininho no Brasil) , Spivach, “Filò” Guarisi,
Serafini, “Pepe” Rizzetti, Sclavi, Del Debbio, De Maria, Mattei II,
Fantoni I (Ninão no Brasil) e “Ratto” Castelli.
Completavam o plantel: Bonadeo, Tognotti, Mattei III, Pardini, Furlani,
Malatesta, Tedesco e La Roma Iezzi.O tecnico era Amilcar Barbuy.
FTT: Foi
nesta ocasião que seu pai voltou ao Brasil e trabalhando como
treinador. O que ele dizia desta passagem pela Itália? Foi algo
importante na carreira dele?
AMÍLCAR:
Sim, porque ele se aprimorou como técnico de futebol, inclusive eu
tenho a tarjeta dele como treinador da Lazio. Os jornais italianos
começaram a elevar a Lazio aos píncaros, que era um quadro fabuloso e
chamado de Brasilazio. Dificilmente a Lazio jogou inteira, porque sempre
havia jogadores machucados. No final de 1931, com a falta de jogadores,
a Lazio dependia de um jogo contra o Bari e, se perdesse, iria pra
Segunda Divisão. Não haviam jogadores pra substituir, fazendo com que o
Senhor Amílcar entrasse em campo, sendo que os comentários fora “que a
vitória da Lazio dependeu inteiramente dele”.
FTT:
Teve um jogador da Lazio que veio a falecer, que foi o Nininho, que
jogava no Palestra-Itália de Belo Horizonte, o atual Cruzeiro.
Lazio anos 30 - A partir da esquerda : Fantoni II (Nininho) , Ferraris IV e Viani.
FTT: Na
Itália tentou-se formar um time que muitos jogadores acabaram se
machucando, não indo muito pra frente como se esperava. Seu pai acabou
retornando ao Brasil, trabalhando no Atlético Mineiro, novamente treinou
o Corinthians, as duas Portuguesas paulistas e o São Paulo.
AMÍLCAR:
O São Paulo jogava no campo do Antarctica, na rua da Mooca. Aí eu ia
junto com ele, assistindo muitos jogos do São Paulo lá, apesar de ser
corintiano, mas vi jogar o King, Remo e Zarzur.
Camisa original de jogo da seleção brasileira anos 10/20 e carteira de atleta do Sport Club Corinthians de Amilcar Barbuy
FTT: Quais foram os jogadores que o Senhor viu jogar que mais te agradaram?
AMÍLCAR:
O trio final do Corinthians formado por José, Jaú e Jarbas, uma
muralha, com o José húngaro. Gostava do Brandão, que jogava na mesma
posição do meu pai, sendo levado por ele ao Corinthians quando jogava na
Portuguesa de Desportos. No ataque gostava muito do Lopes, Servílio e Teleco. Um que era excepcional, muito comentado pelo Celso Unzelte, era o ponta-esquerda Carlinhos, um fantástico driblador.
No Palestra-Itália tinha o Pepe, Seraphino, Heitor e Bianco, que jogou no Corinthians. Era a turma que eu gostava.
FTT: O seu pai chegou a comentar sobre algum jogador que lembrava o estilo dele?
AMÍLCAR: O Brandão foi o que mais se aproximou do estilo dele. Inclusive ele chamava o meu pai de mestre.
FTT: E o Senhor não teve vontade de ser jogador de futebol?
AMÍLCAR:
Comecei a jogar futebol, cheguei até o Juventus, mas me machuquei em
uma partida. Naquele tempo o treinador do Juventus era o Eugênio Vanni.
Isso foi mais ou menos entre 42 e 43. Machuquei o cotovelo e o
Profissionalismo terminou. Jogava no gol, depois comecei a jogar como
Amador no Indiano, no colégio da Glória (Cambuci), jogando com o Homero
que jogou no Juventus, Ypiranga e Corinthians. O De Maria também foi do
Ypiranga.
FTT: O Senhor lembra bem do time corintiano dos anos 50, com Cláudio, Luizinho e Baltazar?
AMÍLCAR:
O Cláudio Christovam de Pinho praticamente fez o Baltazar, porque era o
Cláudio centrar e ele marcar de cabeça. Já o Luizinho Pequeno Polegar
fazia o diabo em campo e sentava na bola.
FTT: Tinha
na época um jogador que atuava na mesma posição do seu pai, como
médio-volante, que era o Roberto Belangero. O seu pai gostava do estilo
dele?
AMÍLCAR: Jogava junto com o Goiano. O estilo era parecido, bem técnico. O Roberto sempre foi assim. Meu pai apreciava muito o jogo dele.
Amilcar Barbuy |
FTT: Pra finalizar, como foi o reconhecimento do Corinthians e do Palmeiras ao seu pai depois que ele encerrou a carreira?
AMÍLCAR:
Infelizmente do Corinthians é mágoa, porque nunca fizeram pro meu pai o
que ele fez por eles. Agora no Palmeiras eram outras águas, sendo que
meu pai foi enterrado com a camisa do Palmeiras em 1965.
REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz.
FOTOS: Estela Mendes Ribeiro.
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