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O Craque disse e eu anotei - MARCELO
Conheci
Marcelo numa padaria durante um café de fim de tarde. Quando me dirigia
ao caixa para efetuar o pagamento o vi sentado em uma mesa. Me
aproximei, identificando me e falei sobre o blog FTT . Ele imediatamente
me passou seu telefone e apenas me pediu que lhe passasse o link com as
materias já efetuadas. Feito isto, Marcelo viu a seriedade e a proposta
das homenagens aos ex jogadores e marcamos a nossa entrevista.
Confiram !
Bruno e Marcelo Oliveira
FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Daquela turma do juvenil do Atletico , quais jogadores subiram com você para a equipe principal?
MARCELO - Olha foi a maioria, algo raro de acontecer. Geralmente alguns param, outros saem para equipes do interior mas ali tinhamos uma geração muito boa e eu tive o privilegio de fazer parte. No time profissional logo após tinhamos pelo menos 70% da equipe formada na base.
FTT – E foi uma safra impressionante.
MARCELO - Foi. Eram jogadores de alto nivel pois eu considero o Reinaldo um genio, o Cerezo um craque como poucos, pois ele tinha uma dinamica de jogo maravilhosa. O Paulo Isidoro um jogador muito util que qualquer treinador gostaría de ter no time. Tinha o Getulio excelente jogador na lateral, o Marcio um zagueiro vigoroso, o Alves , João Leite, Marinho, Heleno, Danival, Campos...quer dizer a grande maioria. Aqueles que não deram certo aqui rapidamente arranjaram lugar em outros clubes do Brasil. E este time jogava um futebol moderno para a epoca. Veja que se fosse um meio campo atual teriamos o Cerezo e o Angelo que marcavam e saíam para o jogo. O Paulo Isidoro e o Danival eram jogadores que tambem sabiam marcar muito bem e tinham boa tecnica. Eu chegando no Reinaldo mais na frente. Teríamos apenas que adaptar ao preparo fisico de hoje em dia.
FTT - E não era facil ser titular neste meio campo?
MARCELO - Realmente não era. Veja que no campeonato brasileiro de 1977 chamamos a atenção de todo Brasil pois nosso time tinha a melhor defesa, o melhor ataque e o artilheiro (Reinaldo). Não perdemos um jogo sequer. No primeiro turno o Paulo Isidoro foi titular e eu entrava no decorrer das partidas. Já no segundo turno eu é que fui titular com o Paulo Isidoro entrando no meio das partidas. Depois o Barbatana me colocou de ponta esquerda e o Paulo Isidoro no meio e foi um periodo muito bom pois acabei convocado para a seleção brasileira.
FTT – Na
copa América de 1975 a seleção brasileira foi formada praticamente por
jogadores do Atlético e Cruzeiro. Vocês inclusive venceram a Argentina
duas vezes , uma em BH e outra em Rosario. Foi um belo time este
mineiro.
O ano de 1977 foi o melhor na carreira de Marcelo. Aqui ele reencontra um velho rival, Dirceu Lopes agora no Fluminense.
Botafogo 1979 - Gaucho, Ze Eduardo, Rocha, Serginho, Paulo Sergio e Perivaldo.
Agachados: Edson, Mendonça, Mirandinha , Marcelo e Ziza.
Botafogo de 1981 - Marcelo é o ultimo agachado a direita.
FTT – Na semifinal do Brasileiro de 81 você fez o gol da vitória do Botafogo sobre o São Paulo na primeira partida. Foi o primeiro de dois grandes jogos.
MARCELO – O time do Botafogo não era um time espetacular, maravilhoso mas era um time muito bem montado. Taticamente ele cumpria muito bem o esquema. Nós jogávamos o primeiro tempo com um time e no segundo tempo sempre tinhamos uma estratégia diferente . Jogava o Jerson e o Mirandinha para explorar os contra ataques. Neste jogo , com o Maracanã lotado , o Rocha deu um chute cruzado e eu acompanhei. O Valdir Peres não conseguiu segurar firme e eu aproveitei e fiz o gol da vitória. Fomos então para São Paulo com a condição de empatar o jogo.
A SAIDA DO BOTAFOGO PARA O NACIONAL DO URUGUAI
FTT – E do Botafogo você foi para o Nacional do Uruguai?
FTT – E a rivalidade entre Nacional e Peñarol?
Marcelo no Nacional do Uruguai.
FTT – Cite os cinco melhores jogadores que você viu atuar , seja a favor ou contra.
MARCELO – Eu teria até bem mais para indicar tamanha a quantidade de grandes jogadores nesta época mas eu diria pela ordem dos que eu joguei e convivi que seriam: o Reinaldo que para mim foi o maior após o Pelé, o Rivelino, Toninho Cerezo por tudo que ele representava para o time de futebol, Tostão que eu achava um gênio e o Lola. Eu peguei o Lola pouco tempo no Atlético mas este pouco tempo que peguei eu procurava até imita-lo. Tentava fazer suas jogadas. Foi um jogador que não teve tanta projeção nacional mas tinha uma técnica muito apurada e teve a carreira prejudicada por causa da contusão na perna.
FTT – Quem foi seu grande treinador?
MARCELO – Olha eu tive bons treinadores. O Barbatana foi um que apesar de ser muito rigoroso e rígido sabia trabalhar com os jogadores e por isto mesmo surgiram tantos jogadores naquela época no Atlético. Mas o grande treinador mesmo foi o Tele Santana que me levou para o profissional e é nele em quem me espelho até hoje. Eu tenho minha linha de trabalho mas tem conceitos do Tele que eu trago até hoje e procuro usa-los . Acho que ele juntava bem a parte de campo e tatica com a profissional e pessoal tambem. Dos atuais gosto muito do Levir Culpi com quem trabalhei no Atlético .
MARCELO OLIVEIRA TREINADOR
Confiram !
Bruno e Marcelo Oliveira
FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Daquela turma do juvenil do Atletico , quais jogadores subiram com você para a equipe principal?
MARCELO - Olha foi a maioria, algo raro de acontecer. Geralmente alguns param, outros saem para equipes do interior mas ali tinhamos uma geração muito boa e eu tive o privilegio de fazer parte. No time profissional logo após tinhamos pelo menos 70% da equipe formada na base.
FTT – E foi uma safra impressionante.
MARCELO - Foi. Eram jogadores de alto nivel pois eu considero o Reinaldo um genio, o Cerezo um craque como poucos, pois ele tinha uma dinamica de jogo maravilhosa. O Paulo Isidoro um jogador muito util que qualquer treinador gostaría de ter no time. Tinha o Getulio excelente jogador na lateral, o Marcio um zagueiro vigoroso, o Alves , João Leite, Marinho, Heleno, Danival, Campos...quer dizer a grande maioria. Aqueles que não deram certo aqui rapidamente arranjaram lugar em outros clubes do Brasil. E este time jogava um futebol moderno para a epoca. Veja que se fosse um meio campo atual teriamos o Cerezo e o Angelo que marcavam e saíam para o jogo. O Paulo Isidoro e o Danival eram jogadores que tambem sabiam marcar muito bem e tinham boa tecnica. Eu chegando no Reinaldo mais na frente. Teríamos apenas que adaptar ao preparo fisico de hoje em dia.
FTT - E não era facil ser titular neste meio campo?
MARCELO - Realmente não era. Veja que no campeonato brasileiro de 1977 chamamos a atenção de todo Brasil pois nosso time tinha a melhor defesa, o melhor ataque e o artilheiro (Reinaldo). Não perdemos um jogo sequer. No primeiro turno o Paulo Isidoro foi titular e eu entrava no decorrer das partidas. Já no segundo turno eu é que fui titular com o Paulo Isidoro entrando no meio das partidas. Depois o Barbatana me colocou de ponta esquerda e o Paulo Isidoro no meio e foi um periodo muito bom pois acabei convocado para a seleção brasileira.
Nelinho, Piazza, Amaral, Getulio, Raul e Vanderlei Paiva;
Agachados: Roberto Batata, Marcelo, Campos, Danival e Romeu
MARCELO
– Foi uma ótima seleção e me parece que tinham apenas quatro jogadores
de fora. Me lembro aqui do Ivo Wortman um excelente volante do América
RJ. Veio o Luiz Pereira , o Amaral e o Roberto Dinamite (vieram ainda
Miguel e Geraldo). O time era Raul, Nelinho, Luiz Pereira, Piazza e
Getulio. No meio o Vanderlei Paiva, o Danival e eu. Na frente o Roberto
Batata, Campos e Romeu. Depois jogou também o Dinamite, Palhinha pois eu
joguei somente uma parte da competição já que acabei
sendo convocado para a seleção brasileira que disputou o panamericano
no México. E nós acabamos ganhando lá a medalha de ouro.
FTT – E como foi o ambiente . Ficavam separados os grupos de jogadores do Atlético e do Cruzeiro ou se integraram todos?
MARCELO
– A rivalidade sempre foi muito grande mas por parte dos torcedores e
da imprensa. Nós jogadores nos demos muito bem , ficamos alojados na
Toca da Raposa e o técnico era o Oswaldo Brandão. Criamos uma amizade
muito grande com o Eduardo, o Nelinho que posteriormente acabou jogando
no Atlético e de quem sou grande amigo até hoje. Raul foi um grande
amigo tambem. A rivalidade ficava fora. Muito antes pelo contrario,ali
todos torciam pelo sucesso do companheiro de seleção.
FTT
– Nos esclareça uma coisa. A seleção veio jogando e ganhando
exclusivamente com jogadores mineiros. Depois na terceira partida
passaram a jogar na zaga Amaral e Luis Pereira mas o resto do time era
formado de mineiros. Continuaram invictos. Porque logo na final Oswaldo
Brandão colocou em campo o Miguel e Roberto Dinamite do Vasco e o
Geraldo do Flamengo?
MARCELO – Não
sei ao certo o que ocorreu. Talvez pelo fato do Brandão ser o técnico
da seleção principal também ele desejasse observar alguns destes
jogadores atuando. A seleção vinha atuando bem, não havia nenhuma
fragilidade que levasse a colocar reforços de fora. Porem não houve
nenhuma contestação por parte dos jogadores que receberam muito bem os
que chegaram de fora.
FTT – E o Geraldo do Flamengo ?
MARCELO – Eu
não cheguei a jogar com ele nesta seleção porque como eu disse, saí na
fase final para participar do Panamericano mas joguei com ele na seleção
de Cannes em 73. Tinha eu, o Pintinho, o Rondinelli, o Geraldo. Ahh, o
Geraldo brincava com a bola. Era um jogador que jogava brincando, dono de uma técnica excepcional. Infelizmente teve aquele problema e faleceu cedo.
FTT - E você acabou sendo campeão do Panamericano em 75?
MARCELO -
Fomos. A final foi contra o Mexico os donos da casa. Nosso time era
muito bom e praticamente todos jogadores foram idolos em seus clubes.
Ganhamos a medalha de ouro .
Tecão, Carlos, Rosemiro, Carlinhos, Tiquinho, Marcelo, Claudio Adão, Alberto Leguelé, Batista e Edinho
FTT
– Na final do mineiro de 1976 a final foi contra o Cruzeiro de Raul,
Nelinho, Palhinha, Roberto Batata, Zé Carlos, Piazza e cia .O Atlético venceu por 2x0. Se lembra deste jogo e quem fez os gols?
MARCELO – Claro.
Foi sem duvida ali, que nós começamos a quebrar a hegemonia do
Cruzeiro. Eles tinham um time maravilhoso que vinha desde a década de 60
com alguns remanescentes daquela época e outros que surgiram nos anos
70 como o Eduardo, Joãozinho, Palhinha e o prorpio Nelinho. Eu fiz gols
nos dois jogos das finais e o Reinaldo fez o outro gol deste jogo.
Jogamos um futebol brilhante que não apenas venceu mas que encantou. Era
um time jovem, rápido, de boa tecnica e que tinha uma identificação
muito grande com a torcida porque quase todos foram criados dentro do
clube. Nesta época era diferente pois nós tínhamos o sonho de jogar no
time principal e de lá ir a seleção brasileira. Hoje, talvez o sonho
maior do jovem jogador é ir para a Europa.
FTT - O Atletico fez uma excursão a Asia em 1977. Dos 12 jogos você fez 10 gols. Foi o seu momento de ascensão no Atletico?
MARCELO – Foi.
Eu vinha tendo um conflito com o Barbatana, ele me tirou do time e em
vários jogos nem no banco ele me deixou. Houve então um protesto da
torcida e uma revolta minha também. Ele era um técnico muito duro,
autoritário mas também muito competente. Veio 77 e resolvi que seria
titular. Fizemos um primeiro amistoso do ano e eu fiz 3 gols. No segundo
contra o Nacional do Uruguai eu fiz mais dois e então saímos para a
excursão. Eu amadureci um pouco mais e também sabia
que a concorrência no Atlético era muito forte e eu deveria me doar ao
Maximo. Diferentemente do que ocorre hoje em dia quando um jogador novo
mal começa fazer sucesso e já vai embora naquela época tinham muitos
bons jogadores a disposição do treinador.
O ano de 1977 foi o melhor na carreira de Marcelo. Aqui ele reencontra um velho rival, Dirceu Lopes agora no Fluminense.
FTT – E o ano foi bom mesmo pois você acabou sendo convocado para a seleção principal.
MARCELO – Foi
. E não era fácil ser convocado porque o treinador da seleção naquela
época tinha vários grandes jogadores a disposição para cada posição.
FTT – Então teve um grande jogo contra a Alemanha. Você entrou no segundo tempo. Se lembra desta partida?
MARCELO –
Me lembro bem pois era um jogo preparatório para o Mundialito de Cáli
do qual eu também participei. Nós fizemos dois amistosos sendo um contra
a seleção carioca em que eu fiz um gol e este contra a Alemanha. Me
lembro que entrei e fiz boas jogadas pela esquerda e acabamos empatando a
partida em 1x1.
A escalação da seleção brasileira para esta partida
1 - Leão [Palmeiras]
2 - Zé Maria I [Corinthians]
3 - Luís Pereira [Atlético Madrid]
4 - Amaral I [Guarani]
6 - Rodrigues Neto [Botafogo]
5 - Toninho Cerezo [Atlético-MG]
8 - Zico [Flamengo]
10 - Rivellino [Fluminense] - cap
7 - Gil [Botafogo]
(21 - Marcelo) [Atlético-MG]
9 - Roberto Dinamite [Vasco]
11 - Paulo César Caju [Botafogo]
2 - Zé Maria I [Corinthians]
3 - Luís Pereira [Atlético Madrid]
4 - Amaral I [Guarani]
6 - Rodrigues Neto [Botafogo]
5 - Toninho Cerezo [Atlético-MG]
8 - Zico [Flamengo]
10 - Rivellino [Fluminense] - cap
7 - Gil [Botafogo]
(21 - Marcelo) [Atlético-MG]
9 - Roberto Dinamite [Vasco]
11 - Paulo César Caju [Botafogo]
FTT – Depois, ainda em 77 contra a Iugoslávia a seleção teve 4 jogadores do Atlético . Você se lembra quais?
MARCELO – Lembro
muito bem. Tenho uma foto deste time guardada com muito carinho. Neste
jogo eu joguei de ponta direita, o Paulo César Caju de ponta esquerda.
Jogou ainda o Paulo Isidoro, o Reinaldo e o Cerezo. A partida terminou
0x0 no Mineirão e é claro que pelos jogadores convocados a torcida do
Atlético foi maioria absoluta. Reinaldo fez grandes jogadas mas por
infelicidade não fez nenhum gol
Brasil x Iugoslavia no Mineirão - Ze Maria, Leão, Marinho Chagas, Luis Pereira, Toninho Cerezo e Edinho.
Agachados: Nocaute Jack, Marcelo, Paulo Isidoro, Reinaldo, Rivelino e Paulo Cesar Caju.
FTT
– Você jogou com os dois maiores artilheiros na historia do Atlético:
Dario e Reinaldo. Me fale um pouco dos dois e de sua adaptação ao estilo
de cada um.
MARCELO – Foram
dois grandes jogadores, dois grandes ídolos mas cada qual com seu
estilo e sua característica. O Dario eu joguei com ele em 74 e depois em
78 . Usava lançar as bolas em profundidade para ele porque ele tinha
muita velocidade . Eu também alçava muitas bolas na área porque
ele era muito bom de cabeça. Já o Reinaldo a gente fazia tabelas,
jogadas curtas e se entendia muito bem. Era um jogador de altíssimo
nível. Tinha facilidade pra driblar, para antever a jogada e eu tive o
privilegio de jogar com ele. A gente jogou muito tempo junto na base e
então tínhamos realmente um grande entrosamento. Eu tinha que me virar
para acompanhar ainteligencia do Reinaldo.
FTT – Minas
Gerais teve nesta época 5 volantes sensacionais: Vanderlei Paiva e
Toninho Cerezo no Atlético , Piazza e Zé Carlos no Cruzeiro e Pedro Omar
no América. Quais eram os mais geniais?
MARCELO – Cinco
grandes jogadores. Características diferentes mas tods muito bons. Acho
que o Cerezo se destacou mais porque era técnico, dinâmico e criou uma
nova fase dos volantes pois ele se movimentava muito em campo. O Piazza
pela liderança e era um exímio marcador. Me impressionava porque muitas
vezes eu jogava de lado e pensava que ele não iria chegar e quando
assustava o Piazza tava dando o bote e sem falta, sempre na bola,
limpamente. Zé Carlos era técnica pura. Extremamente técnico e que
marcava muito bem tambem. Ele não errava passes, tanto curto quanto
longos. O Pedro Omar bem equilibrado entre a técnica e a raça e por fim o
Vanderlei o famoso carregador de piano que marcava muito bem mas sai
para o jogo e chutava muito bem fazendo seus gols.
FTT – Porque você saiu do Atlético?
MARCELO – O
principal motivo foi a indefinição entre eu e o Paulo Isidoro pois
acabava que jogava um , hora jogava outro e acabava que nenhum realmente
aparecia tanto e acabamos não indo nenhum dos dois a Copa de 78 apesar
de termos jogado muito bem o Mundialito e estarmos cotados para ir a
Copa. O Atlético então se interessou em trazer um jogador com outro
estilo e eu aproveitei o interesse do Botafogo em me levar. Vi que eu
teria mais chances. Não foi fácil largar o Atlético pois eu cresci ali mas fui alçar novos vôos.
MARCELO VAI PARA O BOTAFOGO
FTT – No Botafogo você jogou com Mendonça. Era um jogador diferenciado?
MARCELO –
Mendonça era um excepcional jogador que batia na bola como poucos. Não
somente em bolas paradas mas durante o jogo mesmo. Jogador que deixou
seu nome marcado na historia do Botafogo.
Botafogo 1979 - Gaucho, Ze Eduardo, Rocha, Serginho, Paulo Sergio e Perivaldo.
Agachados: Edson, Mendonça, Mirandinha , Marcelo e Ziza.
FTT – E este Botafogo teve um grande meio campo com Rocha, Mendonça e você?
MARCELO –
Teve. A principio quando eu cheguei ainda não tinha o Rocha mas ele
chegou logo depois. Então era o rocha , o Mendonça e eu e na frente
tínhamos o Renato Sá, Mirandinha e Ziza com quem joguei no Atlético.Botafogo de 1981 - Marcelo é o ultimo agachado a direita.
FTT – Na semifinal do Brasileiro de 81 você fez o gol da vitória do Botafogo sobre o São Paulo na primeira partida. Foi o primeiro de dois grandes jogos.
MARCELO – O time do Botafogo não era um time espetacular, maravilhoso mas era um time muito bem montado. Taticamente ele cumpria muito bem o esquema. Nós jogávamos o primeiro tempo com um time e no segundo tempo sempre tinhamos uma estratégia diferente . Jogava o Jerson e o Mirandinha para explorar os contra ataques. Neste jogo , com o Maracanã lotado , o Rocha deu um chute cruzado e eu acompanhei. O Valdir Peres não conseguiu segurar firme e eu aproveitei e fiz o gol da vitória. Fomos então para São Paulo com a condição de empatar o jogo.
FTT
– Porem no segundo jogo , aliás um jogaço a vitória o São Paulo por
3x2. O tricolor tinha uma verdadeira seleção brasileira. (Valdir Peres,
Getulio, Oscar, Dario Pereyra, Marinho Chagas, Everton, Renato, Serginho
e Zé Sergio)
MARCELO – O
time deles era muito forte, maravilhoso. Porem o resultado me pareceu
injusto porque o juiz não agüentou a pressão e logo após o intervalo
expulsou um jogador nosso logo aos 10 minutos e deu um pênalti
inexistente no Serginho. Estávamos ganhando o jogo por 2x0 com gols do
Jerson e Mendonça e o São Paulo acabou virando e se classificando para a
final.
A SAIDA DO BOTAFOGO PARA O NACIONAL DO URUGUAI
FTT – E do Botafogo você foi para o Nacional do Uruguai?
MARCELO
– Fui e foi uma experiência maravilhosa. Joguei com grandes jogadores
lá como o Victorino, Rodolfo Rodriguez, Blanco, Moreira, Victor
Espárrago veterano da seleção de 70. Fiquei no Nacional por um ano. Foi
muito bom apesar do estilo deles ser de mais marcação, mais pegada mas
me adaptei bem ao futebol uruguaio.
MARCELO – É
bem parecida com Atlético e Cruzeiro . O Peñarol mais popular e o
Nacional mais da elite. Disputei a final do campeonato uruguaio contra
eles e perdemos com um gol de Morena. Eles também tinham um timaço e
jogava lá o Jair que foi campeão aqui pelo Inter.
Marcelo no Nacional do Uruguai.
FTT – Cite os cinco melhores jogadores que você viu atuar , seja a favor ou contra.
MARCELO – Eu teria até bem mais para indicar tamanha a quantidade de grandes jogadores nesta época mas eu diria pela ordem dos que eu joguei e convivi que seriam: o Reinaldo que para mim foi o maior após o Pelé, o Rivelino, Toninho Cerezo por tudo que ele representava para o time de futebol, Tostão que eu achava um gênio e o Lola. Eu peguei o Lola pouco tempo no Atlético mas este pouco tempo que peguei eu procurava até imita-lo. Tentava fazer suas jogadas. Foi um jogador que não teve tanta projeção nacional mas tinha uma técnica muito apurada e teve a carreira prejudicada por causa da contusão na perna.
FTT – Quem foi seu grande treinador?
MARCELO – Olha eu tive bons treinadores. O Barbatana foi um que apesar de ser muito rigoroso e rígido sabia trabalhar com os jogadores e por isto mesmo surgiram tantos jogadores naquela época no Atlético. Mas o grande treinador mesmo foi o Tele Santana que me levou para o profissional e é nele em quem me espelho até hoje. Eu tenho minha linha de trabalho mas tem conceitos do Tele que eu trago até hoje e procuro usa-los . Acho que ele juntava bem a parte de campo e tatica com a profissional e pessoal tambem. Dos atuais gosto muito do Levir Culpi com quem trabalhei no Atlético .
MARCELO OLIVEIRA TREINADOR
FTT – E então começou sua carreira de treinador no Atlético.
MARCELO – Eu tive um convite do Barbatana pra dirigir o Junior
do Atlético mas na época preferi me afastar e fui mexer em um ramo
totalmente diferente ficando longe por quase 10 anos. Depois fui
convidado para fazer um programa esportivo na TV e que acabou fazendo
muito sucesso. Foi então que vi que sentia saudades do futebol. Resolvi
então fazer um curso de capacitação para Técnico e que me permitiu
coordenar melhor minhas idéias. Rever alguns conceitos e então voltei ao
Atlético para treinar o juvenil. Foi uma coisa impressionante pois eu
havia dito a minha família que gostaria de chegar a ser técnico do
profissional. Era o ano de 2001 e em 2002 eu já dirigia pela primeira
vez o time profissional do Atlético.
FTT – Você acha que faltou um maior apoio do Atlético para você continuar o seu trabalho que era bom?
MARCELO – Não foi o Atlético mas especificamente o Alexandre Kalil. Ele podia ter me deixado começar o ano com um trabalho programado mas não deixou. Só me chamava para apagar incêndio. Teve uma pesquisa na Radio Itatiaia em que a torcida queria que eu continuasse e tive 76% de aprovação,a própria imprensa me deu muita força mas o Alexandre Kalil não quiz. Preferiu trazer outros técnicos de fora que infelizmente não deram certo que foram o Leão, Celso Roth e Luxemburgo.
FTT – O Técnico que é prata da casa tem mais dificuldades em relação ao que vem de fora?
MARCELO – Eu
acho que o técnico nascido em Minas tem muito mais dificuldade e não
apenas o técnico. Acho que o artista em geral tem esta dificuldade.
Muitas vezes ele tem de sair e voltar para ser reconhecido.
Marcelo Oliveira comandou o Paraná em 2010.
FTT – Você já foi jogador e é técnico. Jogador derruba treinador?
MARCELO – Olha
eu estou no futebol a 36 anos e nunca vi um grupo de jogadores
deliberadamente derrubar um técnico. Fazer campanha contra. O que pode
ocorrer é um jogador que não está sendo aproveitado querer jogar o grupo
contra o treinador. Pode sim acontecer de determinado jogador que não
está bem ou não gosta do método do trabalho daquele treinador fazer
corpo mole, não se empenhar pelo time. Se ele tem uma pequena contusão
que ele pode jogar ele fica fora e não se empenha nos treinamentos e nos
jogos. Finge que joga.
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Revista do Dia - GAZETA ESPORTIVA 1958
A Revista Gazeta Esportiva tras em sua edição de Março de 1958 o jogador do Atletico Mineiro, Tomazinho. Neste ano o jogador ajudou o Galo a conquistar o campeonato mineiro e foi um dos seus destaques.
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