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quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Craque disse e eu anotei - EULLER

O Craque disse e eu anotei - EULLER

Pensei em algum jogador que pudesse de alguma forma homenagear o America MG que completa no proximo dia 30 de Abril 100 anos da sua fundação. A entrevista da semana deveria ser com um jogador que fez historia no clube. Após pensar em alguns nomes , notei que ninguem melhor do que Euller para ser o entrevistado. Foi campeão mineiro com o América no inicio de sua carreira. Jogou tambem em outros grandes clubes brasileiros e voltou para encerrar sua carreira no clube onde começou. Na inauguração do Estadio Independencia fará tambem o seu jogo de despedida dos gramados. A nossa homenagem aos torcedores do América através de um idolo eterno: EULLER.


FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS - Você surgiu nas categorias de base do America, um clube tradicionalmente revelador. Foi uma boa leva de jogadores que subiram.
EULLER – Foi sim. Subiram da minha época o Gilson goleiro, o Estevam lateral direito, o Leley zagueiro,  o Gutemberg, o Guiba e eu.
FTT – O America sempre teve um trabalho forte de base pois pouco antes subiram o Palhinha e o Ronaldo Luiz.
EULLER – Foi, eles subiram pouco antes de mim. O America sempre teve um bom trabalho de base porque diferente dos outros clubes que quando necessitam de um zagueiro ou de um meia, tem recursos financeiros para poder buscar. O América não tendo este recurso recorre a base para compor o seu elenco. Tem times que contratam dois ou três para a mesma posição e o America acaba dando chances aquele jogador  da base e assim foi comigo, Palhinha, Ronaldo Luiz, Fred, Alessandro, Wagner, Irenio, Denis, Gilberto Silva e por ai vai.

Euller fazendo um gol contra o Atletico em 1993.
                                                                                                                                                                                FTT - O America foi vice campeão mineiro em 92 e campeão em 93. 
EULLER – Foi o resultado de uma boa sequencia de três anos. O America formou um bom time , um grande elenco. Em 92 America e Cruzeiro se equivaliam, times muito iguais, mas o Cruzeiro tinha um jogador que estava fazendo a diferença naquele ano, o Renato Gaucho. E eles acabaram vencendo. Já em 93 fomos coroados com o titulo.

FTT - O tecnico era o Pinheiro. Era um bom treinador?
EULLER – Pinheirão, velho Pinheiro (semblante e sorriso de carinho de Euller). Rapaz, aquele era um paizão, Muitas vezes ele optava por uma tarde de conversa a dar um treino. A gente ria muito, era uma preleção bem descontraída. O jogador ficava muito a vontade. Ele unia o grupo como poucos.
FTT - Neste seu inicio de carreira ficou quanto tempo no America?
EULLER – Na primeira passagem foram seis anos, de 88 a 93
EULLER REENCONTRA OS AMIGOS PALHINHA E RONALDO LUIZ NO SÃO PAULO
FTT - Você se destacou e acabou sendo vendido ao São Paulo. Lá reencontrou um amigo, o Palhinha.
EULLER – Exatamente! Eu joguei com ele aqui no America, foi uma fase boa e depois chegando ao São Paulo me encontrei com o Palhinha e Ronaldo Luiz.
FTT – E ter um velho conhecido ajuda na ambientação.
EULLER – Muito. O Ronaldo Luiz então me ajudou demais. Ele morava no CT e eu também e então nossa proximidade foi muito importante para minha integração ao grupo
FTT – E como foi esta passagem pelo São Paulo?
EULLER – Foi muito boa. Eu tive o privilegio de ter o Tele Santana como técnico que aliás foi muito mais do que um técnico. Ele foi um pai para mim. Fosse dentro de campo ou fora dele seus conselhos sempre me ajudaram muito. O futebol começava a querer acabar com os pontas e o Tele acreditou em mim e eu jogava nas duas pontas com ele. Ele me fez aprimorar a forma de jogar de dentro para fora ou de fora para dentro, participando mais do jogo.

FTT - 1994. Oitavas de finais da Libertadores. São Paulo x Palmeiras. Se lembra desta decisão onde só um seguiria em frente? (0x0 e SP 2x1)
EULLER – No primeiro jogo era para ter ficado uns 7x1 para o Palmeiras. O Zetti pegou tudo neste dia e nos salvou. . No segundo jogo, muito emocionante e de afirmação para mim. O Palmeiras tinha uma verdadeira seleção , era o time para conquistar a Libertadores , o campeão brasileiro e nós conseguimos reverter isto. Eu fiz os dois gols e me afirmei pra valer naquele jogo.
 
FTT - Voces chegaram a final da Libertadores e tinham tudo para conseguir o tricampeonato. Venceram apenas por 1x0 e perderam nos penaltis. O time entrou nervoso ?
EULLER – Não. A primeira coisa é que o jogo foi muito amarrado e nós fomos muito prejudicados pelo arbitro. O Velez não quis jogar e foi só cera, cera, cera. E eles sabem fazer isto como ninguém e conseguiram o que queriam. Nós ficamos mais preocupados em discutir com o arbitro e tirou o nosso foco. Nos pênaltis o Palhinha foi infeliz e acabamos perdendo.


FTT - Você cobrou um dos penaltis?
EULLER – Cobrei o quarto e converti.

FTT – Um goleiro como o Chilavert acostumado a pegar pênaltis pesa para o cobrador numa hora destas ?
EULLER – No caso do Chilavert o diferencial que vejo foi que ele estudou melhor a nossa forma de cobrar os pênaltis. Você vê que ele vai em todas as bolas e ainda por cima cobrou e fez o gol dele.
EULLER VAI PARA O ATLÉTICO E TEM ESTRÉIA DE GALA

 FTT – Você foi então para o Atletico. Se lembra do jogo de estreia ?
EULLER – Foi um amistoso com o Flamengo que comemorava o seu centenário. O Atletico apresentando o Taffarel, o Paulo Roberto Costa , Gutemberg e eu como novas contratações . Eu consegui fazer o gol da vitoria e logo no grande rival o Flamengo. O Mineirão com 100 mil torcedores e então teve aquele laço imediato da torcida do Atletico comigo. Foi assim por todo tempo que eu estive no Atletico.
Video com as estreias de Taffarel, Paulo Roberto e Euller faznedo o gol decisivo.
Ficha tecnica


ATLETICO 3X2 FLAMENGO
Data: 8 de fevereiro de 1995.

Local: Belo Horizonte, MG.

Estádio: Mineirão.

Público: 51.987 pagantes.

Competição: Amistoso.

Árbitro: Marco Antônio Cunha, MG.

Expulsões: Gutemberg e Fabinho.

ATLÉTICO: Taffarel; Paulo Roberto Costa, Luis Eduardo, Hélio Pescara e Paulo Roberto; Carlos, Gutemberg e Éder (Darci); Euller, Renaldo e Reinaldo Rosa (Zé Carlos) - Tec: Levir Culpi.

FLAMENGO: Adriano; Charles Guerreiro (Gustavo), Jorge Luis, Aguinaldo e Branco; Fabinho, Marquinhos e Nélio (Fábio Baiano); Sávio, Mazinho (Rodrigo Mendes) e Romário - Tec: Vanderlei Luxemburgo.

GOLS: Reinaldo Rosa (18'), Sávio (32'), Paulo Roberto (33'), Jorge Luis (74') e Euller (88').
Euller é o ultimo agachado a direita

FTT – Pouca gente se lembra mas o Ezio jogou no Atletico e você jogou com ele.
EULLER – Jogou e foi muito bem. Foi um bom parceiro e ele tinha como ponto forte o cabeceio. A gente combinava antes qual a melhor maneira para cruzar,posicionamento e ele conferia.

EULLER É DO VERDÃO
FTT – O Palmeiras é o seu destino em 1997. O time vai bem vence o seu grupo na fase final e pega o Vasco ganhador do outro grupo. O Vasco por ter feito melhor campanha jogava pelo empate e foi o que ocorreu. Dois empates em 0x0. O Vasco era mais time ?
EULLER – O Palmeiras foi uma situação em que eu tinha acabado de renovar meu contrato com o Atlético. Nem queria sair do clube pois estava bem. Foi quando o Paulo Cury (presidente do Atletico) me chamou e disse que precisava me vender para o Palmeiras. Disse que precisavam fazer dinheiro, fazer caixa. Então eu fui conversar com o pessoal da Parmalat no hotel e pouco antes desta conversa eu recebi uma ligação do Felipão. Ele disse: “estou preparando o meu time para o ano que vem e conto com você neste planejamento.” Acabei acertando com eles e começamos um trabalho que acabou dando bons frutos. Sobre a final de 2000 foi muito equilibrada e o maior erro que vejo foi ter tirado o jogo do Parque Antarctica e ter levado para o Morumbi.
FTT – Já em 99 a conquista da Libertadores da America.
EULLER – Todo treinador e jogador tem um objetivo que é vencer a Libertadores. Se torna o maior titulo na sua carreira. Um momento marcante e inesquecivel. Foi o objetivo atingido, uma meta que Felipão traçou, o trabalho recompensado.

FTT - Mas as partidas finais contra o Deportivo Cali foram durissimas?
EULLER - Extremamente dificil. Jogo por igual. O interessante é que as duas equipes jogavam em um esquema tático igual e o Felipão não abria mão da sua tática no inicio do jogo. Depois ele mudou colocando o Evair e eu e deixou o time muito ofensivo e rápido. E deu certo. Vencemos o jogo mas tivemos que encarar uma decisão por penaltis e aí o Marcos brilhou novamente. No final sobrou eu e o Zapata , eu fiz e o Zapata chutou para fora. Aí foi só comemorar.
 


FTT - Nos conte como foi eliminar o arquirival Corinthians numa quartadefinal do maior torneio da America?
EULLER - Poxa você estando em um clube onde se elimina numa Libertadores o seu maior rival é tudo.

FTT - E no ano seguinte novamente e ainda por cima com Marcos defendendo o penalti do Marcelinho Carioca (rindo)
EULLER - Aí é perfeito! (gargalhada)


FTT - Como era a forma de jogar quando atuavam você e o Paulo Nunes juntos ?
EULLER - No inicio quando estávamos disputando tres competições, que eram o paulista ,a Copa do Brasil e a Libertadores, sempre tinha um como titular. Sempre atuavamos com um atacante de velocidade que era ou eu ou o Paulo Nunes e sempre com um atacante de area que podia ser tanto Oseias quanto o Evair. O Felipão sempre fazia este revezamento. Agora quando precisava mudar o sistema de jogar ele colocava o Paulo Nunes de um lado e eu no outro. Ficava sempre um centro avante na area e vinham de trás o Zinho e o Alex.
EULLER VAI PARA O VASCO  O MELHOR TIME EM QUE JOGOU
FTT – Em 2000 você foi para o Vasco.
EULLER – Só para registrar a minha ida para o Vasco foi uma aposta para que eu pudesse atuar ao lado do Romário. Eu tinha comigo que a minha característica de jogar poderia casar com a do Romario. Achava que poderíamos nos dar muito bem. Quando meu contrato acabou com o Palmeiras eu tive varias propostas de outros clubes, inclusive da Europa. Recisei todas. Recusei uma que o meu empresário, o Alemão queria me bater. (risos). Mas era um desejo que eu tinha de jogar ao lado do Romario e na seleção brasileira. Quando surgiu a proposta então não pensei duas vezes e fui. 
FTT - E o Vasco era um timaço.
EULLER – Eu cheguei no Vasco e encontrei uma equipe realmente diferenciada. Eu vou te dizer uma coisa, foi a melhor equipe que eu joguei. Tendo jogadores específicos para cada posição e craques que sabiam o que fazer com a bola.
FTT – Você e o Juninho Pernambucano tinham algum tipo de sinal ou jogada combinada ?
EULLER – Olha o time tinha varias jogadas ensaiadas. A começar pelo Elton. A saída rápida com a mão que já nos  proporcionava um contra ataque .Ele saía com as mãos como ninguém, lançava lá no meio sem dar chutão. Esta bola sempre passava ou em mim ou no Juninho Paulista. Eu abria de um lado e ele do outro. E nós armávamos os contra atques pois éramos velozes. Já quando o Juninho Pernambucano recebia a bola, ele olhava para mim , eu fingia que corria em direção a ele mas ele não me lançava a bola ali. Lançava atrás e já sabia onde correr. O Juninho Pernambucano era aquela jogador que enfiava a bola, que lançava, que distribuía o jogo. Já o Juninho Paulista era quem carregava, levava a bola até o ataque. Eu usava de muita velocidade pela ponta e o Romario que era muito fácil jogar com ele.
FTT – Romario foi seu maior parceiro?
EULLER – Foi meu melhor parceiro. Eu não tinha a menor dificuldade em fazer a jogada pelo lado e lançar para ele. Sabia se desmarcar do zagueiro como ninguém. Ele tinha aquela jogada em que fingia que ia na bola na frente e dava um passo para trás. Então eu já sabia e era só lançar no segundo pau que ele estava livre.

FTT – Você jogou com dois grandes armadores, o Cesar Sampaio no Palmeiras e o Juninho Pernambucano no Vasco. Fale um pouco dos estilos de cada um.
EULLER – O Cesar Sampaio já era um jogador experiente, que sabia muito bem o que fazer com a bola, ditava o ritmo. O Juninho Pernambucano estava começando mas mesmo assim você já via seu potencial em distribuir o jogo.
FTT – Na semifinais do Brasileiro você foi fundamental nos jogos contra o Cruzeiro. Na primeira partida no Rio você fez os dois gols do empate por 2x2 e no  jogo de volta no Mineirão estava 1x1 quando você desempatou no segundo tempo.
EULLER - O primeiro jogo foi em São Januario e venciamos por 2x0 com dois gols meus e o Cruzeiro acabou empatando. Sabíamos que não seria facil mas o Vasco era um time que sabia o que fazer. Sabiamos a hora de acelerar, a hora de segurar, quando tranquilizar a partida e acostumadas a lidar com determinadas situações e esta era uma. Nós na segunda partida contra o Cruzeiro sabiamos onde poderiamos ganhar o jogo. Foi justamente onde eu fiz o gol.

FTT - Foi em cima do Cleber usando sua velocidade?
EULLER - Não em cima do Cleber mas nas costas do Sorin. O Sorin era aquele jogador peladeiro, que estava na area, correndo mas não era um lateral. O Cruzeiro jogava com uma linha de quatro mas ele não era lateral. E por mais que você coloque o Cleber para fazer a cobertura ou o volante estando ali já dificulta. Porque tinhamos eu e o Romario. O zagueiro já tinha que se preocupar com o Romario e então tinha a opção de jogada comigo. Então nós optamos por jogar ali e foi assim que saiu a jogada do nosso gol de desempate. Eu recebi a bola e já dei um tapa nela tirando o Cleber da jogada. Na velocidade eu sabia que iria ganhar e foi dito e feito.

FTT - No final da partida o Romário  fez o gol , o terceiro do Vasco.
EULLER - Foi, o Romario ainda fez o gol dele, aliás o primeiro que el fez no Mineirão. Até então ele nunca tinha feito um gol no estadio.

FTT - Você jogou no Vasco de 2000 a 2002 e foi uma peça importante no esquema tático da equipe, especialmente empregando a sua velocidade, que foi uma característica na sua carreira. Como você usou dela naquele jogo histórico em 2000 quando o Vasco virou o jogo de 4x3 sobre o Palmeiras na extinta Copa Mercosul?
EULLER - Foi aquilo que eu disse que nossa equipe sabia o momento certo de atacar, o momento certo de defender e este jogo nos pegou de surpresa. O Palmeiras entrou a 1000, fez um primeiro tempo perfeito, nos deixando atônitos. Na verdade não era para ser só 3x0 porque nós tomamos um "chocolate" e poderia ter sido 4 ou 5 tranquilamente para eles. Nós descemos então para o vestiario pensando o que tinha acontecido.
FTT - E o que foi conversado no vestiario?
EULLER - Primeiro o silencio. Aquela coisa de um olhar para o outro e não entender o que estava acontecendo, nada estava dando certo. Era apenas o segundo jogo do Joel porque o primeiro foi aquele no Mineirão . Ele tentou então nos motivar porque viu que todos estávamos em silencio. Usou a motivação do que qualquer esquema até porque pela equipe que nós tinhamos, não dava para cobrar muito esquema tático pois a equipe era muito tecnica. O diferencial foi na subida para o campo onde nós olhamos um para o outro e falmos: "isto não pode ficar assim. Nosso time não é time para ser goleado pelo Palmeiras. Eu não aceito e o outro tambem disse que não aceitava  e mais o outro e falamos vamos mudar isto e pode contar comigo". Sei que subimos para o campo motivados e arrepiados. Não pensávamos na virada queriamos pelo menos amenizar aquela goleada. porem no decorrer do segundo tempo fomos vendo poderiamos entrar para a historia. tanto que quando fizemos o primeiro (1x3) eu fui lá no banco e falei para o Eurico: "todo mundo nos ajudando porque nós vamos virar esta partida". Nós vimos que isto poderia acontecer. Quando o Junior  Baiano foi expulso nós não tivemos dificuldades. Continuamos atacando, jogando melhor. Então esta partida realmente tem uma historia. Não foi uma virada qualquer. Foi uma virada em cima de uma grande equipe e numa final de competição sulamericana. O jogo ficou marcado na hisitoria.
Video especial do Esporte Espetacular contando a historia desta partida.
FTT - Foi a partida mais emocionante de sua vida?
EULLER - Uma delas. Teve um Palmeiras 4x2 Flamengo em que eu fui o protagonista fazendo dois gols no final, classificando o Palmeiras. Aquilo passou a seer usado como video motivacional. Hoje ele é usado na internet como video motivacional. O Felipão sempre usava na Libertadores antes das partidas  este video mostrando que tudo é possivel.
Está aí o video que é mesmo de arrepiar.
FTT - Aponte os sete maiores jogadores que você viu jogar.
EULLER - Primeiro o Taffarel. Top para mim e pena que não temos mais goleiros como ele. Goleiro sem firula, bem posicionado , calmo. Taffarel com uma mão segurava a bola. Leandro lateral do Flamengo foi maravilhoso. Romario foi fantastico. O proprio Zico que eu vi jogar. Hoje temos o Messi e Neymar destruindo. Alex foi outro craque.
FTT - E qual lateral foi o mais dificil de passar por ele?
EULLER - Olha para ser sincero lateral mesmo, nenhum. Eu tive dificuldades com um jogador, um zagueiro que foi o Juan do Flamengo. O Juan tinha velocidade e por mais que você desse um tapa na bola ele no minimo chegava junto com você. Ele tinha recurso e velocidade e por isto ele foi o que foi. Eu procurava muito forçar jogadas em cima daqueles zagueiros violentos que batiam porque quase sempre eles acabavam levando cartão amarelo e muitas vezes o vermelho.
FTT - Você voltou para o clube onde iniciou sua carreira. O que é o America para você?
EULLER - O América é uma  vida. A chance aos 17 anos de jogar no profissional dada pelo Jair Bala, subi com 19, fiz meu primeiro contrato como profissional, conquistei meu primeiro titulo como profissional. Eu fiquei ao total 12 anos no America nas duas passagens. Hoje dificilmente um jogador fica seis ou sete anos em um clube. Esta geração de idolos dos clubes está acabando. Voltei para o America em 2006 com o objetivo de voltar com o America para a elite do futebol.. Tanto que quando cheguei minha conversa era sobre o planejamento e eu estava incluido neste planejamento . Independente se fosse dentro ou fora do campo eu iria ajudar o América. Não poupei esforços para isto e por isto foi um privilégio muito grande subir com o America para a primeira divisão do futebol brasileiro.
FTT - Você acha que com a inauguração do Independencia e mais o Shopping o América está no caminho certo ou falta algo importante para se reerguer de vez?
EULLER - O America começa a criar uma raiz não apenas para chegar na elite mas sobretudo para se manter lá em cima. Porque você chegar não é tão dificl como você permanecer na primeira divisão. A maior dificuldade que eu vejo para o América é de fazer novos torcedores. O torcedor é o maior patrimonio do clube. Ele é a alma e sem ele o clube morre. Este é o grande desafio do América hoje. Tem uma grande estrutura no Ct? Tem . Precisa melhorar? Precisa. A comçear pelo seu gramado que precisa mudar, adaptar aos gramados dos estadios. Porque não dá para você treinar em um gramado e jogar em outro. Precisa fazer os alojamentos porque hoje não tem mais espaço para jogador treinar de manhã e a tarde ser liberado para ir pra casa e muitos não vão. Vão para o shopping andar, comer coxinha, alimentação desbalanceada. Então algumas coisas precisam melhorar para se manter forte na elite. A estrutura do Shopping vai ajudar na parte financeira que é muito importante e o estadi pode se tornar uma grande arma desde que se consiga formar torcedores e esta torcida apoiar os jogadores. O torcedor no estadio é muito importante porque o jogador se motiva, se desdobra, se esforça mais um pouco.
FTT - Chegou o dia do seu jogo de despedida. Junto com a inauguração do Independencia. Nesta altura do campeonato ainda dá aquele friozinho na barriga?
EULLER - Acho que vai dar sim. Eu ainda não senti mas com certza no momento eu vou me emocionar porque é uma vida, um sonho meu de encerrar minha carreira com a camisa do América este clube que eu tenho tanto carinho. Junto a isto um jogo pelo Centenario do clube e a reinauguração do estadio. Ficou perfeito. Posso dizer que Deus foi  muito bom para mim e eu tenho sempre que agradecer a Ele por tudo que fez em minha vida, em minha carreira e poder estar fechando com chave de ouro .
FTT - Você está falando de Deus e não podemos deixar de lembrar da sua dedicação e fidelidade desde o seu começo de carreira. Sempre se mostrou um evangelico convicto. Você enfrentou muitas restrições por isto, pela sua escolha?
EULLER - Não somente tinha preconceitos como ainda tem. Muitas barreiras, muitas restrições. Não é facil dentro do clube de você receber apoio da maioria. Sempre tem aquela "gracinha", aquele que não te apoia, que te dás as costas só porque você é evangelico. Muitos jogadores só querem ficar falando de muleheres e baladas e como você é evangelico eles te excluem de certas conversas. Então é tudo  isto, não é facil. Porem eu graças a Deus  por onde passei dei bons testemunhos. Não é pelo muito falar mas simpelo agir que vale muito mais.
FTT - Filho do Vento . Como surgiu este apelido?
EULLER - Foi o Milton Naves, radialista da Radio Itatiaia . Foi um jogo do América e ele foi muito feliz em um gol que eu fiz usando de muita velocidade e foi quando ele falou "um gol do Filho do Vento". Hoje é uma marca conhecida por todos, uma marca minha regsitrada. Agradeço a Deus por ter iluminado a ele neste dia e ter surgido este apelido.

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