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domingo, 19 de junho de 2011

O craque disse e eu anotei - MARIO TRAVAGLINI

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O craque disse e eu anotei - MARIO TRAVAGLINI

 

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O telefone do Mario Travaglini já havia conseguido há algum tempo através da Associação Craques de Sempre. Entrei em contato com ele e de imediato marcamos o dia, local e horário da entrevista. Pra mim foi uma satisfação entrevistá-lo, pois era a primeira vez que entrevistava um técnico de futebol. Já havia entrevistado o Dino Sani, que também foi treinador, mas marcou mais como jogador. Travaglini é extremamente inteligente, tranqüilo nas suas respostas e grande conhecedor da sua profissão, além de ter sido jogador de futebol, presidente do Sindicato dos Treinadores e trabalhar ativamente na melhoria das classes que representava. Confiram a matéria.

FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Você nasceu no bairro do Bom Retiro em 1932. Quando criança, quem eram os seus ídolos no futebol?
MARIO TRAVAGLINI: Comecei a jogar futebol com 14 anos. Tinham grandes craques na época, do Palmeiras, São Paulo e Corinthians. Eu observava eles jogando. Nesta ocasião fui Campeão Paulista Infantil do time do Ypiranga em 1948, que foi justamente o primeiro campeonato que disputei.
YPIRANGA anos 50 - Mario Travaglini é o terceiro em pé a partir da esquerda.

FTT: Parece que você foi descoberto pelo pai do Rubens Minelli, o Francisco Minelli.
TRAVAGLINI: Muitos jogadores da várzea iam para os clubes. O bairro do Bom Retiro foi um celeiro de jogadores e treinadores, como o próprio Rubens Minelli,sendo que seu pai me levou para os Infantis, começando a minha carreira.

FTT: A sua estréia no time Profissional foi em 1953, numa partida contra o Corinthians. Qual é a sua recordação deste primeiro jogo?
TRAVAGLINI: Houve uma surpresa, porque não estava preparado, sendo que nunca tinha treinado pela equipe Profissional. Eu jogava nos Aspirantes, já morava na Barra Funda e  o jogo foi no Pacaembu. Chegando lá, o técnico dos Aspirantes disse que não iria jogar  porque o Sastre, que era o técnico dos Profissionais, queria colocar o substituto para o Giancoli, que era o beque-central, pois houve um problema de saúde com ele. O Sastre, que foi jogador do São Paulo, me disse algumas palavras, dizendo que tinha que jogar o que sei, porque havia me visto jogando. Aquilo foi o meu alicerce. Joguei bem contra o Corinthians e de lá pra cá passei a ser Profissional, sendo depois treinador.
FTT: Você atuava como zagueiro, enfrentando grandes ataques, como o do Corinthians, Portuguesa, São Paulo, Palmeiras e Santos.
TRAVAGLINI: Haviam grandes atacantes. Era muito difícil marcá-los.

FTT: Depois foi para o Palmeiras, jogando em um grande time, com Jair Rosa Pinto, Rodrigues, Waldemar Fiúme e, chegando, depois, o Mazzola.
TRAVAGLINI: Fui contratado pelo Palmeiras em 1955. Lembro que jogavam o Laércio, Manuelito, Mário, Valdemar Carabina (que já tinha jogado no Ypiranga), Dema, Liminha, Humberto Tozzi, Nei, Jair Rosa Pinto e Rodrigues. Essa foi a equipe que joguei. Tive uma contusão e fui emprestado para o Nacional.
Em pé a partir da esq. Laercio, Manoelito, Mario Travaglini, Ruarinho, Gersio Passadore e Waldemar Fiume. Agachados: Renatinho, Liminha, Humberto Tozzi, Jair Rosa pinto e Rodrigues Tatu.


FTT: Se não me engano, você jogou na Ponte Preta no final de carreira.
TRAVAGLINI: Joguei três meses lá. Tinha um emprego na estrada de ferro Santos/Jundiaí, porque em 1955 me formei em Economia. Acabei abandonando o futebol. Passou um tempo e o Palmeiras foi me chamar pra trabalhar nas Divisões de Base, pois o Rubens Minelli era o técnico e havia sido contratado por outro clube, iniciando assim a minha carreira de treinador.
FTT: No seu início de carreira, era interino.
TRAVAGLINI: Comecei em 1963. Fui Campeão Infantil, Juvenil e Aspirante. Era também auxiliar. Naquela época, pra ser treinador, era mais tranquilo. Nessa interinidade, dirigi o Palmeiras por dez vezes, ganhando o Campeonato Paulista de 1966 e a Taça Brasil no ano seguinte. Fiquei praticamente até 1971, quando começou a minha carreira como supervisor, que hoje é o gestor. Fomos dando  sentido à esta gerência e quando havia a saída de um treinador, eu o substituía. Acabei indo para o Rio de Janeiro, que já é uma outra história.

FTT: O time do Palmeiras de 1966/67 era a Academia que havia sido deixada pelo Filpo Nuñes.
TRAVAGLINI: Pude ver as duas Academias, pois em 1971 o Oswaldo Brandão estava chegando, quando fui Vice-Campeão Paulista contra o São Paulo.

FTT: Você comentou que a partir da década de 70 foi para o futebol carioca, que não conhecia tão bem como o paulista e passou a ser treinador do Vasco da Gama.
TRAVAGLINI: Comecei no Fluminense, que precisava de um treinador pra resolver alguns problemas, porque havia uma eleição e tive um contrato de risco, pois se a oposição vencesse, eu estaria fora. Decidimos o título de 1972 contra o Flamengo, pois tínhamos vencido a Taça Guanabara e eles foram campeões. Fui muito bem tratado lá e aceitei o contrato de risco. As portas se abriram pra mim, indo depois para o Vasco em 1973.
A final do campeonato Brasileiro de 1974 vencida pelo Vasco por 2x1 com Mario Travaglini de tecnico.

FTT: No Vasco você viu o surgimento do talento do Roberto Dinamite.
TRAVAGLINI: Exatamente. No Vasco fiquei mais tempo, praticamente uns três anos, sendo Campeão Brasileiro em 1974, indo depois para o Sport de Recife.

FTT: Uma grande final contra um time fabuloso que era o Cruzeiro.
TRAVAGLINI: É bom ressaltarmos as dificuldades da época, com 50 clubes, dois turnos e tinha o quadrangular com Santos, Internacional e Cruzeiro. Tínhamos jogado dois turnos com ida e volta, chegando em primeiro. Talvez se fosse em pontos corridos, teríamos sido campeões. No jogo anterior da final, houve um problema com o Vasco, sendo o juiz muito criticado e o jogo era pra ser em Minas Gerais. O regulamento dizia que qualquer problema em campo, o mando de jogo saía invertido para o adversário, sendo transferido no Maracanã. Até hoje se comenta sobre este título, que o Vasco foi favorecido, algumas jogadas na partida, mas muitos se esquecem que chegamos em primeiro lugar com 50 clubes e não 20, como é hoje, ou seja, um campeonato muito difícil.





FTT: Na década de 70 havia uma grande seleção na Europa, que era a Holanda de 1974. Dizem que você teve uma influência do futebol holandês, adaptando ao estilo dos craques do nosso país.
TRAVAGLINI: Eu tenho que fazer uma justiça, porque quando eu já estava no Palmeiras da primeira Academia, o treinador era o falecido Filpo Nuñes, que era muito polêmico, mas uma pessoa maravilhosa, que Deus o tenha  e conhecedor profundo de futebol. Na Academia que foi começada por ele, dizia duas coisas, que deveria ser dado um só toque na bola, o que faz hoje o Barcelona, do qual não dá três toques, mas no máximo dois. Essa questão da Holanda foi importante, pois os jogadores não tinham posição fixa, a movimentação, tornando-se também uma Academia. Quando fui para o Rio de Janeiro, não se falava na época de 3-5-2, 4-3-3 e 4-2-4. Eu parti para 4-4-2, pra haver mais movimentação, pois este sistema permite que todos os jogadores se movimentem. Após a época de Pelé, o volante se tornou, me desculpe a expressão,  um brucutu, porque ele dava o primeiro combate e o zagueiro entrava depois. Eu lembro do Carlos Alberto Pintinho, que trabalhei com ele quando fui Bicampeão Carioca pelo Fluminense em 1976, tratava-se de um volante que se movimentava dentro deste nível.

FTT: Você falou do Carlos Alberto Pintinho, que jogou naquele timaço do Fluminense, sendo talvez o melhor time que você dirigiu, conseguindo ser Bicampeão Carioca em 1976.
TRAVAGLINI: Antes eu havia sido técnico do Sport de Recife. Lá eu ganhei o título do primeiro turno, sendo que houve um problema, porque é difícil ganhar dois turnos. Eu pedi pra sair. Tinha até um diretor, o Roberto Massa, que era tio do piloto Felipe Massa, querendo que eu retornasse à São Paulo. O pessoal do Fluminense me telefonou, pedindo que eu voltasse ao Rio de Janeiro, em vez de ir pra São Paulo. O presidente era o Francisco Horta.
 

O tecnico Mario Travaglini com o plantel do Fluminense reunido em 1977

FTT: O time do Fluminense nem precisava de tantos esquemas táticos.
TRAVAGLINI: Eu fui premiado com times como esse, Palmeiras e Vasco, pois sempre tive grandes jogadores. O Fluminense tinha na defesa Renato, Carlos Alberto Torres, Miguel, Edinho e Rodrigues Neto. O meio era formado por Carlos Alberto Pintinho, Paulo Cesar Caju, Rivellio e Dirceu. E na frente nada mais que Gil e Doval. Era o 4-4-2. O time era uma máquina. No Palmeiras jogavam Valdir, Djalma Santos, Djalma Dias, Valdemar Carabina, Zequinha, Dudu, Ademir da Guia, Julinho, Servílio, Tupã e Rinaldo. Já quando comecei, tive grandes jogadores e me adaptei fácil. O Vasco embora não fosse tão técnico, era um time de muita garra, com Andrada, Fidélis, Miguel (que depois foi para o Fluminense), Moisés, Alfinete, Alcir, Lê, Zanata, Jorge Carvoeiro e tinha o Luiz Carlos como quarto homem pelo meio. Na frente havia o Dé. Com o tempo, fui ver uma decisão de Juniores entre Flamengo e Vasco, sendo que eu já acompanhava o Roberto Dinamite, pois gostava de ver os jogadores mais novos. No Flamengo jogava o Zico. Vendo o Roberto jogando, quis trazê-lo para os Profissionais. Nessa época tinha o Tostão. Eu lancei o Dinamite ele foi muito bem, sendo que ainda jogaria mais dois anos como Junior. Acabou se tornando titular e foi um grande jogador. Era bem garoto (tinha 18 anos), tendo mais tempo pra jogar nas Divisões de Base. Jogador que buscava a bola e ia pra frente, com o Tostão orientando-o muito, foi longe demais e hoje é o presidente do Vasco da Gama.



Mario Travaglini atualmente


FTT: Depois do Fluminense, você recebeu um convite muito legal como supervisor do técnico Cláudio Coutinho na Copa do Mundo de 1978. Como foi esta função e qual é a sua recordação deste Mundial?
TRAVAGLINI: Tenho uma grande recordação, porque foi uma Copa típica, com o Brasil tendo altos e baixos, foi muito saudável pra mim porque trabalhei com uma pessoa como o Cláudio Coutinho, tratava-se de um ser humano maravilhoso, era do exército, conversávamos muito, enfim, inesquecível. A Seleção teve alguns percalços, abrindo mão de um título que ganharia com justiça. Pude aparecer em uma Copa do Mundo, aprendendo muitas coisas e tendo novos contatos. Passado isso, continuei na CBF (na época era CBD) e fui nomeado pra dirigir as Divisões de Base. Tive mais atenção da imprensa e meu trabalho foi mais valorizado. Ao dirigir as Divisões Sub-20, poderia percorrer todo o Brasil, ver os jogadores  que deveriam ser convocados e me atualizando na safra que iria subir. Evidentemente fiquei muito feliz, disputei o Campeonato Sulamericano, do qual fui Vice-Campeão. Depois participamos do Panamericano de Porto Rico em 1979 e sei que foi o último título que o Brasil ganhou desta competição.

FTT: Jogava o Edson Boaro na lateral-esquerda.
TRAVAGLINI: Exato. Jogava também o Solitinho, que hoje é treinador de goleiros. Jogavam alguns jogadores do Internacional. Era um time coeso. Por coincidência disputei a final contra Cuba e com todo o respeito que tenho por este país, vivia um regime um pouco fechado, com treinadores da Tchecoslováquia e da Rússia, mas tinha um time que chegou à uma decisão, sendo muito valorizado, pois eliminou várias equipes.
 

FTT: Você sonhava em ser um dia técnico da Seleção Brasileira principal?
TRAVAGLINI: No futebol, como qualquer outra atividade, as pessoas trabalham para um dia virar chefe, pois é algo que faz parte da sequência do seu trabalho. Eu estava sempre pensando mais adiante, não chegando a sonhar com isso, mas as coisas foram se encaixando e acabei sendo muito feliz no que consegui.  Fui, desculpe a minha expressão, abençoado, porque tive a oportunidade de dirigir grandes clubes e jogadores, sempre trabalhando em equipes de primeira linha


FTT: Houve uma passagem pela Portuguesa de Desportos.
TRAVAGLINI: Exato. Antes havia dirigido o Botafogo de Ribeirão de Preto e o XV de Piracicaba. O meu último clube foi o São Bento de Sorocaba, em 1992, quando parei. Fui pra Portuguesa em 1980, que tinha um jogador maravilhoso, que era o Enéas. Ganhamos o primeiro turno, com o Santos ganhando o segundo. Antes de disputarmos, venderam o Enéas uns dias antes para o Bolonha, da Itália. O Santos merecidamente ganhou e ficamos de fora. Eu saí por outras razões e acabei indo para o Corinthians, em 1981.

FTT: Em 1981 você é contratado pelo Sport Club Corinthians Paulista. Sem saber, faria parte de um grande momento da história corintiana e do futebol, que foi a Democracia Corintiana, ao lado de Sócrates, Zenon, Biro-Biro, Wladimir e Casagrande, além do próprio diretor Adílson Monteiro Alves. Você teve muita influência neste movimento tão famoso?
TRAVAGLINI: Quando fui para o Corinthians, a primeira coisa que queria saber Ra sobre o elenco. Haviam 36 jogadores, o que é muito difícil pra se dirigir. O time estava na Taça de Prata, que era a segunda divisão, sendo que a Taça de Ouro era na primeira. Se você subisse, a vantagem era que já se estava no campeonato da Taça de Ouro e foi o que aconteceu com o Corinthians. Eu armei o time, escolhi junto com o Hélio Maffia, reuni a Comissão Técnica e avaliar os jogadores sobre vários aspectos. Nós ficamos praticamente com 18 jogadores. Contratamos o Alfinete e o Daniel González (jogou comigo na Portuguesa) e alguns jogadores dos Juniores. No meu início, o Corinthians havia sido desclassificado do Campeonato Paulista. Começamos outra fase. Fiz uma preleção no elenco, dizendo que eu exercia autoridade, mas não era autoritário, haveria uma certa liberdade, porque jogador, acima de tudo, é o artista, que exibe sua arte dentro do campo, sendo que muitas não se dá esse valor, pois ele joga com as pernas, tendo que se equilibrar, sair fora das pancadas, tendo que estar bem tranquilo. Eu fazia isso em todos os clubes. Quando eu estava no Vasco, o Luiz Carlos e o lateral-direito Cesar se formaram em Direito, estudavam à noite quando não estavam concentrados, sendo que sempre agi de forma democrática e sincera, com os jogadores me compreendendo. Na época das Diretas Já, a própria diretoria do Corinthians apoiava este esquema, com alguns jogadores indo para o palanque. Tornou-se uma democracia com direitos e deveres, tendo que se saber respeitar essas opções. Até hoje é a Democracia Corintiana, que eu me orgulho e tenho prazer de ter participado. Há pouco tempo perguntaram ao Sócrates se eu era uma  
pessoa importante na função. Foi no programa do Cartão Verde que ele participa, respondendo que eu era um gênio na coordenação da equipe. O livro que foi escrito sobre mim é citado da Academia do Palmeiras, onde eu estava estudando, chegando à uma democracia consolidada. A obra por enquanto é sobre São Paulo, mas pretendo mais pela frente, se Deus quiser, lançar um livro pro Rio de Janeiro, baseado nesse outro, já conversei com a editora, pra levar o que eu fiz nesses 12 anos no Rio.


FTT: E o título paulista de 1982? Vocês tinham certeza que ganhariam? Vejo entrevista do Zenon e Wladimir, falando que poderiam jogar tantas vezes com o São Paulo e sempre ganhariam pelo o que o time vinha jogando.
TRAVAGLINI: O time estava bem armado dentro daquela filosofia que te falei. Tratava-se de um carrossel, porque  era difícil marcar o Corinthians. Ajudei a mudar a equipe, pois o time é conhecido por sua raça, vontade e luta, mas a parte técnica tem que prevalecer. O time se movimentava e com toque de bola. Há pouco tempo encontrei com torcedores amigos, falando que eu era o único técnico do Corinthians que fazia eles irem ao jogo sabendo que a equipe não iria perder. Da mesma forma que a Academia forte do Palmeiras, o Corinthians também acabou sendo uma academia, dentro de uma democracia, mas com deveres e direitos.

FTT: Em 1983 você sai do Corinthians pra ser treinador do São Paulo, coincidentemente disputando uma final contra o seu ex-clube, que foi Bicampeão Paulista em cima de um time muito bom.
TRAVAGLINI: Saí do Corinthians amigavelmente, sem ninguém falar mal de alguém. O São Paulo já tinha me convidado anteriormente, quando eu estava no Rio de Janeiro, já tinha acabado de assinar contrato com o Vasco, ou seja, um clube que sempre quis o meu trabalho. Perdemos para o Corinthians, um time muito bom. Fui até elogiado na época. Depois voltei para o Palmeiras e pro Corinthians, do qual cheguei a ser supervisor em 1993.
WWW.FUTEBOLRETRO.NETMauricio Sabará e Maro Travaglini


FTT: Teve também uma passagem pelo Vitória da Bahia.
TRAVAGLINI: Ganhei o primeiro turno no Sport. Fiz também um grande trabalho no Vitória, sendo Vice-Campeão contra o Bahia.

FTT: Além da gerência do Corinthians, você também foi presidente do Sindicato dos Treinadores.
TRAVAGLINI: Quando saí do Corinthians, eu parei um pouco. As coisas começaram a mudar com a Lei Pelé. Fiz dois mandatos no Sindicato dos Treinadores do Estado de São Paulo, conseguindo fazer algumas coisas, de nos libertarmos do Conselho de Educação Física (com todo o respeito que tenho por ele), pois achava que a lei 8650 que regulamentava a profissão de treinador. que ele deveria ter o diploma de Educação Física, só que o texto era bem claro, dizendo “ser treinador de futebol preferencialmente deverá ter o diploma ou aquele que tenha trabalhado no mínimo 6 meses no clube”. A lei era bem clara, dizendo “preferencialmente” e não “obrigatoriamente”. O conselho batalhou muito e conseguiu tirar essa parte deles, porque eu fui feliz, entrei com o juiz federal, com o Conselho de Educação Física, tentando apaziguar. Quando eu jogava, fazia parte do Sindicato dos Jogadores, batalhando pra regulamentar, sendo inclusive diretor, conseguindo depois quando já era treinador do Vasco, tendo uma festa em São Paulo. Fui um dos fundadores do Sindicato dos Treinadores, batalhei a favor desta classe, dando condições à eles de gerir uma profissão, regulamentando-a. Também fui presidente do Centro Acadêmico Leão XIII por ser formado em Economia pela Universidade Católica de São Paulo, do qual aprendi muito na parte política. Todas as categorias que estive eu lutei pela classe. Estou muito feliz, ainda assisto futebol e procuro ajudar. Essa é a minha história.
REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz.
FOTOS: Estela Mendes Ribeiro.

 

 

Encontros eternizados - PIAZZA, DOUGLAS & FABINHO


O Cruzeiro fez a alguns anos atrás uma homenagem a seu grande capitão Wilson Piazza. A camisa usada na segunda partida da final da Taça Brasil de 66 contra o Santos foi relançada. Para a festa a diretoria convidou outros dois grandes volantes vitoriosos : Douglas criado no proprio clube e que alem de diversos titulos estaduais venceu o bicampeonato da Supercopa e Fabinho campeão da Copa do Brasil em 96 e da Libertadores em 97 . Tres gerações de volantes reunidas.

Revista do Dia - Placar 1974


A revista Placar de 1974 trás em sua capa os laterais da seleção brasileira: Ze Maria e Marinho Chagas.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Craque disse e eu anotei - CECI

O Ceci é um velho conhecido do meu amigo Mário Américo Netto, que tive a oportunidade de entrevistar para o Blog. Ele que fez o intercâmbio. Trata-se (junto com Djalma Santos) do único representante da grande Portuguesa de Desportos da década de 50. Tivemos uma conversa natural, em que ele se lembrava de muitos fatos da Portuguesa e dos outros clubes que atuou, como o Villa Nova e o Cruzeiro, falando com extrema naturalidade. Uma pessoa que guardei um carinho especial, juntamente com as suas simpáticas filhas (Elza e Cida). Confiram a matéria.

FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Você começou a jogar no Villa Nova da cidade de Nova Lima, em Minas Gerais, onde nasceu. Este time, na década de 30, era muito bom, pois tinha jogadores como Zezé Procópio, Perácio e Canhoto. Como jogava essa equipe?
CECI: O Zezé Procópio jogava muito, ficava jogando sozinho nos treinos para adquirir mais domínio de bola. Já o Perácio chutava bem forte, em qualquer posição do campo. E o Canhoto também era excelente, cabeceava muito bem. Havia também o Prão e o Alfredo Bernardino que foi jogar no Vasco. O meu padrinho foi o grande zagueiro Chico Preto, que veio do América Mineiro, jogando depois no Villa Nova e Campeão Paulista pelo Corinthians em 1941.
Villa Nova em 1943.
FTT: Em Nova Lima você também jogou no Retiro. Qual dos dois times tinha mais torcida?
CECI: Joguei também no Retiro. O time acabou porque não conseguia ganhar do Villa Nova ou subir. Mas o Villa tinha mais torcida. Na época que comecei a jogar sofri muito pressão do meu pai pra parar, porque jogador de futebol era considerado vagabundo, diferente de hoje que os pais até gostam quando os filhos vão jogar em um grande clube.

FTT: No Villa Nova jogou como atacante de 1941 a 1947. Quais eram os grandes adversários da época? Foi artilheiro no Villa?
CECI: Jogava como meia-direita. Os grandes adversários eram mesmo o Atlético, Cruzeiro e América. Joguei no estádio de Lourdes, Barro Preto e Alameda. Marquei bastante gols pelo Villa Nova. Joguei muito contra o Kafunga e Niginho. Eram craques de bola. Outro que gostava bastante foi o Guará, mas não cheguei a enfrentá-lo.


CECI VAI PARA O CRUZEIRO


FTT: A partir de 1947 você é contratado pelo Cruzeiro na mais cara transação do futebol mineiro. Por sinal você era um jogador bem polivalente, pois jogou como centro-médio, meia-direita e centroavante, jogando bem em todas as funções. Qual é a sua recordação de jogadores como o Paulo Florêncio, Guerino Isoni, Geraldo II, Abelardo (que foi entrevistado pelo Bruno em Belo Horizonte) e Sabu?
CECI: No Cruzeiro jogava também como meia-direita, depois o time começou a precisar de jogadores na defesa, passei a jogar como volante e me adaptei bem à função. O Paulo Florêncio veio do Siderúrgica, foi jogador da Seleção Brasileira e jogava demais, como os outros que você citou.
Jogadores do Cruzeiro preparados para uma viagem nos anos 40.


FTT: E os jogos contra o Atlético?
CECI: Eram bem disputados, mas sem as brigas que tem hoje. Eles tinham um time muito bom, com o Murilo que foi um dos melhores zagueiros que vi jogar. Tinha também o Lucas Miranda, Carlyle, Nívio, Zé do Monte e Lauro. Eram todos excelentes jogadores.

Ceci, Adelino e Didico no Cruzeiro.  Ceci pegou tempos dificeis entre o tricampeonato de 43/44/45 até  voltar a vencer em 56.



Cruzeiro final dos anos 40 - Em pé a partir da esq.Ceci, Adelino, Vicente, Oldack, Geraldo II e Duque . Agachados : Helvecio, Guerino, Nonô, Paulo Florencio e Sabu
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FTT: Você jogou na Seleção Mineira. Eram jogos difíceis contra os Paulistas e os Cariocas?
CECI: Eram bem complicados. Os gaúchos e baianos também davam muito trabalho.

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