FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS
CECI VAI PARA O CRUZEIRO
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Ceci, Adelino e Didico no Cruzeiro. Ceci pegou tempos dificeis entre o tricampeonato de 43/44/45 até voltar a vencer em 56.
Cruzeiro final dos anos 40 - Em pé a partir da esq.Ceci, Adelino, Vicente, Oldack, Geraldo II e Duque . Agachados : Helvecio, Guerino, Nonô, Paulo Florencio e Sabu
A MELHOR FASE DA CARREIRA NA PORTUGUESA
Ceci atualmente com fotos dos tempos de Portuguesa a quem ele tanto dedicou amor.
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O Craque disse e eu anotei - CECI
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O
Ceci é um velho conhecido do meu amigo Mário Américo Netto, que tive a
oportunidade de entrevistar para o Blog. Ele que fez o intercâmbio.
Trata-se (junto com Djalma Santos) do único representante da grande
Portuguesa de Desportos da década de 50. Tivemos uma conversa natural,
em que ele se lembrava de muitos fatos da Portuguesa e dos outros clubes
que atuou, como o Villa Nova e o Cruzeiro, falando com extrema
naturalidade. Uma pessoa que guardei um carinho especial, juntamente com
as suas simpáticas filhas (Elza e Cida). Confiram a matéria.
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DE TODOS OS TEMPOS: Você começou a jogar no Villa Nova da cidade de
Nova Lima, em Minas Gerais, onde nasceu. Este time, na década de 30, era
muito bom, pois tinha jogadores como Zezé Procópio, Perácio e Canhoto.
Como jogava essa equipe?
CECI:
O Zezé Procópio jogava muito, ficava jogando sozinho nos treinos para
adquirir mais domínio de bola. Já o Perácio chutava bem forte, em
qualquer posição do campo. E o Canhoto também era excelente, cabeceava
muito bem. Havia também o Prão e o Alfredo Bernardino que foi jogar no
Vasco. O meu padrinho foi o grande zagueiro Chico Preto, que veio do
América Mineiro, jogando depois no Villa Nova e Campeão Paulista pelo
Corinthians em 1941.
Villa Nova em 1943. |
FTT: Em Nova Lima você também jogou no Retiro. Qual dos dois times tinha mais torcida?
CECI:
Joguei também no Retiro. O time acabou porque não conseguia ganhar do
Villa Nova ou subir. Mas o Villa tinha mais torcida. Na época que
comecei a jogar sofri muito pressão do meu pai pra parar, porque jogador
de futebol era considerado vagabundo, diferente de hoje que os pais até
gostam quando os filhos vão jogar em um grande clube.
FTT: No Villa Nova jogou como atacante de 1941 a 1947. Quais eram os grandes adversários da época? Foi artilheiro no Villa?
CECI:
Jogava como meia-direita. Os grandes adversários eram mesmo o Atlético,
Cruzeiro e América. Joguei no estádio de Lourdes, Barro Preto e
Alameda. Marquei bastante gols pelo Villa Nova. Joguei muito contra o
Kafunga e Niginho. Eram craques de bola. Outro que gostava bastante foi o
Guará, mas não cheguei a enfrentá-lo.
CECI VAI PARA O CRUZEIRO
FTT: A
partir de 1947 você é contratado pelo Cruzeiro na mais cara transação
do futebol mineiro. Por sinal você era um jogador bem polivalente, pois
jogou como centro-médio, meia-direita e centroavante, jogando bem em
todas as funções. Qual é a sua recordação de jogadores como o Paulo
Florêncio, Guerino Isoni, Geraldo II, Abelardo (que foi entrevistado
pelo Bruno em Belo Horizonte) e Sabu?
CECI:
No Cruzeiro jogava também como meia-direita, depois o time começou a
precisar de jogadores na defesa, passei a jogar como volante e me
adaptei bem à função. O Paulo Florêncio veio do Siderúrgica, foi jogador
da Seleção Brasileira e jogava demais, como os outros que você citou.
Jogadores do Cruzeiro preparados para uma viagem nos anos 40.WWW.FUTEBOLRETRO.NET
FTT: E os jogos contra o Atlético?
CECI: Eram
bem disputados, mas sem as brigas que tem hoje. Eles tinham um time
muito bom, com o Murilo que foi um dos melhores zagueiros que vi jogar.
Tinha também o Lucas Miranda, Carlyle, Nívio, Zé do Monte e Lauro. Eram
todos excelentes jogadores.Ceci, Adelino e Didico no Cruzeiro. Ceci pegou tempos dificeis entre o tricampeonato de 43/44/45 até voltar a vencer em 56.
Cruzeiro final dos anos 40 - Em pé a partir da esq.Ceci, Adelino, Vicente, Oldack, Geraldo II e Duque . Agachados : Helvecio, Guerino, Nonô, Paulo Florencio e Sabu
FTT: Você jogou na Seleção Mineira. Eram jogos difíceis contra os Paulistas e os Cariocas?
CECI: Eram bem complicados. Os gaúchos e baianos também davam muito trabalho.
A MELHOR FASE DA CARREIRA NA PORTUGUESA
FTT: No
início de 1951 você foi contratado pela Portuguesa de Desportos e
participou daquele que é considerado o maior time da história do clube.
CECI:
O time foi melhorando. Fizemos um bom Campeonato Paulista e ganhamos o
Rio-São Paulo no ano seguinte. A equipe jogava com Muca, Nena e Noronha;
Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci; Julinho, Renato, Nininho, Pinga e
Simão. Oswaldo Brandão era o nosso técnico, o melhor com quem trabalhei. Djalma Santos e Brandãozinho, meus companheiros da linha-média, eram fantásticos. O Julinho Botelho foi o maior ponta-direita que vi jogar.
FTT: Fale sobre aqueles famosos 7 a 3 contra o Corinthians.
CECI: O Julinho fez quatro gols. Se tivéssemos mais 10 minutos, faríamos uns dez gols.
FTT: Comente sobre as excursões da Portuguesa no exterior.
CECI:
Na Turquia fui duas vezes. Joguei também contra o Atlético de Madrid,
ganhando na casa deles. Nosso time era muito bom. Ganhamos a Taça San
Izidro.
Portuguesa x Atlético de Madrid |
FTT: Porque você não foi convocado pra Copa do Mundo de 1954?
CECI:
Eu quase fui. Acabou indo o Bauer, que era um grande jogador. Fora dos
clubes que atuava, só joguei na Seleção Mineira. Nem na Paulista eu fui
convocado.
FTT: Em 1955 veio a conquista do segundo Rio-São Paulo, o seu último título pela Portuguesa.
CECI: Foi um título bem importante. Mas o time de 52 era melhor e a primeira conquista marcou mais.
Jogadores da Portuguesa sendo Ceci o primeiro a esquerda abanando a mão, comemoram o titulo do Rio-Sp de 1952
Ceci na Portuguesa |
FTT: Qual foi o jogador que te deu mais trabalho ao longo da sua carreira?
CECI:
O Luizinho do Corinthians era bem complicado de marcar, porque driblava
demais. Ele jogava muito contra os outros adversários, mas comigo era
diferente por causa da minha marcação, pois eu jogava sério e não
aceitava brincadeiras, sendo que por ser bem mais forte, conseguia
pará-lo com o meu corpo.
FTT: E quem te inspirou mais como jogador?
CECI:
Tive mais influência quando passei a jogar na defesa. Quem eu mais
gostei foi o Domingos da Guia, o melhor zagueiro que vi. O filho dele
(Ademir da Guia) fazia no meio o que ele fazia na defesa.
Ceci em clássico da Portuguesa x Palmeiras. |
FTT: Você
parou de jogar em 1956. O Pelé fez a sua estréia pelo Santos neste
mesmo ano. Nunca se enfrentaram. Se isso acontecesse, como seria a sua
marcação?
CECI:
Realmente nunca enfrentei o Pelé. Se acontecesse, jogaria do mesmo
jeito duro, como fazia contra o Luizinho, que era muito habilidoso.
FTT: Depois de encerrada a carreira na Portuguesa de Desportos foi trabalhar nas Divisões de Base do clube.
CECI:
Tomava conta da concentração. Eles tinham confiança em mim, pois passei
muitos fundamentos aos novos jogadores. Tenho muito carinho pela
Portuguesa, que nunca me atrasou o pagamento, um clube muito correto. O
Jair da Costa passou por mim.
Djalma Santos, Brandãozinho e Ceci |
FTT: O que você tem a dizer da Portuguesa atualmente? Ainda acompanha o time?
CECI: Antigamente ganhávamos de 5. Hoje, ganhar de 2, é difícil. Atualmente tem jogadores que você nem sabe de onde vieram.
Ceci atualmente com fotos dos tempos de Portuguesa a quem ele tanto dedicou amor.
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Mauricio Sabará e Ceci |
REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz.
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