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O Craque disse e eu anotei - BUIÃO
Agendei a entrevista com Buião em sua empresa de onibus na cidade de
Vespasiano. Empresario de sucesso começou o seu negocio com o dinheiro
da transação da venda do Atlético para o Corinthians.
Pude notar o sucesso de sua empresa e da amizade com os funcionarios. Lá nos contou detalhes de sua carreira.
Confiram.
Pude notar o sucesso de sua empresa e da amizade com os funcionarios. Lá nos contou detalhes de sua carreira.
Confiram.
FUTEBOL
DE TODOS OS TEMPOS - Você começou a jogar no Atletico pouco antes da
inauguração do Mineirão. Você preferia jogar no Independencia com a
torcida mais proxima ou em um estadio gigantesco e moderno como o
Mineirão?
BUIÃO - O Independencia tráz muitas saudades por ter a torcida ali pertinho da gente. Mas era bom quando se estava ganhando porque quando o time perdia era muita pressão , torcida nervosa. Agora o Mineirão trouxe bem mais condições, um gramado maior e melhoreo que davam toda possibilidade do jogador mostrar seu melhor futebol.
BUIÃO - O Independencia tráz muitas saudades por ter a torcida ali pertinho da gente. Mas era bom quando se estava ganhando porque quando o time perdia era muita pressão , torcida nervosa. Agora o Mineirão trouxe bem mais condições, um gramado maior e melhoreo que davam toda possibilidade do jogador mostrar seu melhor futebol.
Buião, Santana, Edgar e Ronaldo Drummond |
FTT
- Em 1967 o Atlético formou um grande ataque com você, Amauri Horta,
Lacy, Ronaldo e Tião. Quem você destacaria dentre estes?
BUIÃO - O time todo pois o nosso forte era o conjunto que vinha jogando junto a muito tempo. Pegamos porem o Cruzeiro nesta epoca que era realmente uma maquina com Dirceu Lopes, Tostão e os demais. Mas o Atlético era forte tambem. Nós chegamos a ficar cinco pontos na frente do Cruzeiro e acabamos perdendo toda vantagem em apenas uma semana.
CORINTHIANS: Diogo, Osvaldo Cunha, Ditão, Luís Carlos Galter (Clóvis) e Maciel; Édson Cegonha e Roberto Rivellino; Buião, Paulo Borges, Flávio Minuano e Eduardo
Técnico: Lula
SANTOS: Cláudio, Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Joel (Oberdã) e Rildo; Lima e Negreiros; Kaneko, Toninho, Pelé e Edu
Técnico: Antoninho
BUIÃO - O time todo pois o nosso forte era o conjunto que vinha jogando junto a muito tempo. Pegamos porem o Cruzeiro nesta epoca que era realmente uma maquina com Dirceu Lopes, Tostão e os demais. Mas o Atlético era forte tambem. Nós chegamos a ficar cinco pontos na frente do Cruzeiro e acabamos perdendo toda vantagem em apenas uma semana.
FTT
- E neste campeonato de 67 teve aquele jogo historico em que o Atlético
vencia por 3x0 até os 15 minutos do segundo tempo e o Cruzeiro acabou
empatando em 3x3.
BUIÃO -
Me lembro bem deste jogo e me marcou muito. Está engasgado até hoje.
Porque nós estávmos ganhando de 2x0 , Tostão se machucou e saiu e ainda o
Procopio tinha sido expulso . O time deles com 10 jogadores e no
momento em que fizemos o terceiro gol. aquela empolgação toda e fomos
comemorar com a torcida. O juiz então autorizou o reinicio do jogo com
alguns jogadores ainda fora. Natal foi lá e diminuiu. Veio então a
empolgação deles e logo depois Natal fez outro gol, eles empataram e não
perdemos ainda de sorte porque eles mandaram uma bola na trave no
ultimo minuto de partida. Nós ficamos chateados porque era o nosso ano,
estávamos com folga na frente do campeonato e acabamos perdendo. Depois
nas finais que foram jogadas em janeiro de 68 o Cruzeiro acabou vencendo
as duas partidas por 3x1 e 3x0.
FTT - E o Lacy?
BUIÃO - O Lacy era um dos mais badalados do grupo. Vinha jogando muito bem e aliava velocidade e tecnica.
FTT - Fale um pouco das caracteristicas de como você jogava para os mais novos que não tiveram a oportunidade de te ver jogar.
BUIÃO -
Eu era um ponta veloz, driblador que procurava sempre a linha de fundo
para tentar os cruzamentos . Esta aliás era caracteristica dos pontas da
epoca como o Natal, Jairzinho, Tião, Cafuringa, Hilton Oliveira,
Rogerio. Então os pontas naquela epoca procuravam servir aos atacantes.
FTT - E como eram os duelos contra o Neco do Cruzeiro?
BUIÃO -
Quando me perguntam quais os laterais que eu tinha mais dificuldade em
passar digo que foi o Neco. Ele era baixinho,parrudo, ninguem dava nada
por ele mas marcava muito bem, sem dar pancada e jogando bola. Eu
encontrava muitas dificuldades quando jogava contra ele.
Buião x Neco - Grandes duelos nos clássicos |
FTT - E como era trabalhar com o Fleitas Solich?
BUIÃO - Eu trabalhei com ele no Atlético e depois no Flamengo. Era aquele treinador paraguaio tipo paizão. Tranquilo e amigo.
FTT - Foi seu melhor treinador?
BUIÃO - Tive grandes treinadores como o Oswaldo Brandão, Yustrich, Dino Sani, o Lula.
BUIÃO É VENDIDO AO CORINTHIANS
FTT - Você foi então vendido ao Corinthians. Como foi esta transferencia?
BUIÃO -
Foi uma passagem importante na minha vida. Eu era idolo no Atletico,
vinha bem mas surgiu o Vaguinho que tambem vinha entrando e atuando bem.
O Corinthians então procurou o Atlético e os diretores me disseram que
precisavam fazer dinheiro. Ofereceram muito dinheiro e logicamente o
clube não tinha como me segurar. Eu não queria ir, vieram aqui em
Vespasiano buscar meu pai e coversarm com ele tambem. O diretor do
Atletico disse queeu poderia ir e se não desse certo estariam de portas
abertas pra mim voltar. Então eu resolvi ir jogar no Corinthians.
Acertei com eles pra ganhar 10 vezes mais do que eu ganhava. Cheguei a
São Paulo no sabado de manhã e na quarta feira teria um clássico
Corinthians x Santos, este seria meu primeiro jogo.
1968 - A partir da esq: Oswaldo Cunha, Ditão, Diogo, Luis Carlos Galter, Edson Cegonha e Maciel. Agachados: Buião, Paulo Borges, Flavio Minuano, Rivelino e Eduardo |
FTT - E faziam 11 anos que voces não venciam o Santos.
BUIÃO -
Pois é e exatamente neste meu primeiro jogo quebramos este tabu. Foi
uma grande alegria de todos os jogadores e com uma vitoria destas me
animei no Corinthians.
FTT - E este tabu incomodava os jogadores do Corinthians mais antigos?
BUIÃO -
Ahh incomodava e muito. A diretoria queria acabar com isto e trouxeram o
Paulo Borges do Bangu, o Eduardo do America , e eu do Atletico. Era o
Todo Poderoso Corinthians. E esta partida nos marcou muito , tanto é que
qualquer livro que sai contando a historia fala desta partida, da
quebra do tabu. Meu nome está marcado na historia do clube.
"06
de março de 1968, há 43 anos, portanto, um clássico alvinegro entre
Corinthians e Santos, no Pacaembu, entrou para a história. Ficou
conhecido como o jogo da “Queda do Tabu”, pois o Corinthians não vencia
seu rival, em jogos pelo Campeonato Paulista, entre 1957 e 1968. Mais
precisamente, desde 03 de novembro de 1957, quando a equipe de Parque
São Jorge conquistou a Taça dos Invictos ao obter o empate no último
minuto da partida que acabou 3 a 3. Foi o primeiro jogo de Pelé contra o
Corinthians. A ausência de vitórias perdurou até 10 de dezembro de
1967. Foram ao todo 22 jogos pelo Campeonato Paulista."
A súmula do jogo
CORINTHIANS (SP) 2 X 0 SANTOS (SP)
Data: 06/03/1968
Campeonato Paulista
Local: Estádio do Pacaembu / São Paulo (SP)
Árbitro: Roberto Goycochea (Argentina)
Renda: NCr$ 153.390,50
Gols: Paulo Borges (58′) e Flávio (76′)CORINTHIANS: Diogo, Osvaldo Cunha, Ditão, Luís Carlos Galter (Clóvis) e Maciel; Édson Cegonha e Roberto Rivellino; Buião, Paulo Borges, Flávio Minuano e Eduardo
Técnico: Lula
SANTOS: Cláudio, Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Joel (Oberdã) e Rildo; Lima e Negreiros; Kaneko, Toninho, Pelé e Edu
Técnico: Antoninho
FTT
- Como é para um jogador esta historia de tabu sem vencer um time a
longo tempo ou quando seu time enfrenta um contra outro no qual
geralmente se dá mal historicamente. O jogador sente isto mesmo que
passe anos?
BUIÃO -
Muito jogador fala que não tem nada a ver mas no fundo tem. Porque fica
aquela marca, aquela expectativa de ganhar. Todos pensando que hoje vai
ser finalmente nosso dia. Chega na hora do jogo e a gente joga meio
travado. Tenta um lance e não dá certo e você começa a pensar, será que
hoje não é nosso dia novamente? Será que vamos perder? É uma pressão
muito grande que a gente sofre.
FTT - Mas o Corinthians tinha um grande time com bons jogadores.
BUIÃO -
Puxa era um timaço. Tinhao Diogo no gol, o Luis Carlos e o Ditão, o
Edson Cegonha, Paulo Borges, o Flavio Minuano, o Eduardo era muito
forte. Depois que nós ganhamos na quarta feira do Santos, no domingo
ganhamos tambem do palmeiras. Aí nós pensavamos: agora vai e acabava que
sempre dava algo errado. A diretoria contratava e todos jogadores que
chegavam já vinham cheios de pressão sabendo que os titulos não estavam
vindo.
FTT - Como jogavam você e Paulo Borges quando atuavam juntos pois ambos eram pontas direitas?
BUIÃO -
Bem, o Paulo Borges chegou primeiro que eu no Corinthians. Chegou
emprestado por tres meses pelo Bangu e com o passe fixado em um milhão.
Como o Corinthians não ia ficar com ele me contrataram. Porem ele fez um
dos gols naquela quebra do tabu contra o Santos e a torcida do
Corinthians junto com a diretoriaa fez uma campanha para arrecadar este
dinheiro e acabaram comprando o Paulo Borges pelo um milhão pedido. A
campanha foi um sucesso e com isto aconteceu que eles queriam colocar
tanto eu como ele para jogar pois custamos caro ao clube. Deslocaram
então o Paulo Borges para o meio campo e eu fiquei na ponta direita.
Enquanto o time vinha bem estava tudo uma maravilha. Depois o time teve
uma queda e eu fiquei na reserva e Paulo Borges voltou para a ponta.
Revezavamos em quase todos os jogos.
Buião e Paulo Borges |
FTT
- Pois se em 68 voces tiveram esta alegria mas em 69 uma tragedia com
as mortes de Lidu e Eduardo. Como a noticia chegou aos jogadores do
Corinthians?
BUIÃO -
A convivencia de nós jogadores é diaria e acabamos formando uma
familia. Me lembro que tinhamos jogado em Sorocaba e aí voltamos para
São Paulo e eu voltei para a concentração onde eu morava e o Lidu tambem
morava lá. Nós estavamos liberados e o Lidu me chamou para ir comer uma
pizaa e eu disse que não ia porque estava cansado e iria dormir. Eles
foram e na volta aconteceu esta tragedia.
Ali
nós perdemos não apenas dois grandes jogadores mas dois grandes amigos.
O plantel todo ficou muito abatido e entrou em decadencia. Eu passei
inclusive a jogar de ponta esquerda no lugar do Eduardo. Sei que foi um
grande trauma para todos jogadores.
Buião e Lidu. Grandes amigos separados por um acidente | WWW.FUTEBOLRETRO.NET |
Ademir da guia e Buião |
Seleção Paulista de 1969 - A partir da esq. : Eurico, Leão, Baldocchi, Dé, Dias e Dudu -Agachados: Buião, Terto, Leivinha, Paraná e Ademir da Guia | |
BUIÃO NO FLAMENGO
FTT - Do Corinthians você foi para o Flamengo. Como foi a transferencia?
BUIÃO -
Eu estava emprestado a Ferroviaria de Araraquara e me ligaram pedindo
para reapresentar no Corinthians porque eu ia para Porto Alegre jogar no
Inter. Depois surgiu a opção de ir para o Flamengo. Eu fiquei na
duvida pois o Inter formava um grande time mas eu acabei escolhendo o
Rio a Porto Alegre. Todo mundo quer jogar no Flamengo e comigo não foi
diferente. Mas acabou que foi uma decisão muito errada porque o Flamengo
não estava numa grande fase e o Inter estava.
FTT - E se adaptou logo ao futebol carioca?
BUIÃO - Me
adaptei mas o Flamengo é que não vivia um momento bom. Quem comandava o
futebol no Rio era o Fluminense e o Botafogo principalmente que era
chamado inclusive de Selefogo por causa do grande numero de jogadores
que cederam a seleção campeã em 70 como o Jairznho, Paulo Cesar ,
Rogerio, Roberto . Neste campeonato de 1971 o Botafogo estava cinco
pontso a frente do Fluminense e acabou perdendo o campeonato pra eles.
Mas o Flamengo estava mal.
FTT - Você jogou neste Flamengo com o paraguaio Reyes. Era um bom zagueiro ?
BUIÃO -
Quem não conheceu pode ter certeza que se tratava de um grande
zagueiro. Jogava demais. Tinha um estilo parecido ao do Gamarra. Era um
paraguaio espetacular , tanto como jogador como pessoa.
Em pé: Murilo, Ubirajara Alcantara, Reyes, Washington, Tinho e Tinteiro. Agachados: Buião, Liminha, Roberto Miranda, Fio e Caldeira. |
FTT - Na inauguração do estadio Morenão (Pedro Pedrossian) em Campo Grande você fez o gol inaugural . Se lembra desta partida?
BUIÃO -
Como são as coisas. Eu fui emprestado pelo Corinthians ao Flamengo e
acabei fazendo o primeiro gol na nossa vitoria por 3x1 exatamente sobre o
Corinthians.
FTT - Fazer um gol no seu ex-clube teve algum sabor diferente?
BUIÃO -
Não tem diferença não. Apenas fica a vontade de mostrar um bom futebol e
que podia ser util mais nunca tive aquele espirito de vingança.
TROCA DE RUBRO NEGROS - AGORA O ATLÉTICO PR
FTT - No Atletico PR você tambem escreveu seu nome na historia. Fez o primeiro gol do clube em campeonatos brasileiros.
BUIÃO -
É engraçado isto. O Corithians estava com muitos jogadores e eu recebi a
proposta do Atletico Paranaense. Pensei : poxa no Paraná só tem dado
Coritiba não sei como vai ser jogar por lá. Um diretor do Corinthians me
falou que eu me daria muito bem lá e acabei indo. Cheguei e fui muito
bem recebido por todos. Teve então este jogo contra o Ceará que eu fiz o
gol e para falar a verdade nem sabia disto. Fiquei sabendo apenas a
alguns anos atrás quando um jornal de Curitiba soltou a materia que o
Atletico estaria completando os 1000 gols em campeonatos brasileiros e
eu fiz o primeiro deles.
(No
dia 2 de setembro de 1973, em Fortaleza (CE), marcou contra o Ceará o
primeiro gol do Clube Atlético Paranaense num Campeonato Brasileiro)
Atlético paranaense em 1973 - A partir da esq. Claudio Deodato, Zico , Gainete , Di , Sérgio Lopes e Almeida . Agachados :Buião, Orlando, Sicupira, Didi e Torino |
FTT - Você chegou a jogar ao lado de Sicupira?
BUIÃO -
Joguei. Sicupira era um jogador habilidoso, inteligentíssimo, tinha
muita visão de jogo. Ele vinha de trás com a bola e tinha muita
qualidade. Cobrava bem faltas tambem.
(Sicupira é o maior artilheiro do Atletico PR com 131 gols)
POR QUATRO MESES NO GRÊMIO
FTT - E você chegou a jogar no Grêmio tambem?
BUIÃO - Joguei . Cheguei lá em 72 para a disputa do campeonato brasileiro . Fomos eu e o Picasso.
FTT - Com quem você jogou neste time do Grêmio?
BUIÃO -
Peguei o Ancheta, Espinosa, Everaldo, Loivo e o Oberti um argentino.
Fiquei lá quatro meses e voltei para o Corinthians que era dono do meu
passe. Só que eu tinha me dado tão bem no futebol paranaense que resolvi
voltar pra lá. Acabei ficando por lá 10 anos.
BUIÃO CONQUISTA O UNICO TITULO NA HISTORIA DO COLORADO
FTT - No Paraná você acabou sendo campeão pelo Colorado em 80. A partida final não terminou.
BUIÃO -
É , a partida não terminou. Aquele jogo foi interessante porque na
quarta feira jogaram Pinheiros e Cascavel e o Cascavel fez um resultado
de 4x0. Nós teriamos que fazer pelo menos 4x0 tambem em Curitiba para o
Colorado ser campeão. O time deles acho que já sabiam que não
aguentariam a pressão e já vieram preparados para o "cai cai". O nosso
treinador era o Claudio Duarte que jogou no Inter e no dia do jogo na
concentração tinham faixas e cartazes espalhados por todos os lados com
dizeres como : voces são homens ; voces são capazes ; e frases de
estimulo. Estavamos doidos para entrar em campo logo e ganharmos aquele
titulo. Então nós fizemos dois gols e o tecnico dele fez logo duas
substituições para queimar logo e não poder fazer outras . Aí o juiz
expulsou um, depois o outro e fomos para o intervalo vencendo por 2x0.
Pensamos que a gente ia ganhar o jogo facil. Chegou o segundo tempo e
caiu mais um e eles ficaram sem numero suficiente para continuar. Depois
foram declarados na justiça os dois campeões mas nós disputamos a Taça
Ouro(serie A) e eles a Taça de Prata como se fosse hoje a serie B.
Gol de Jorge Nobre na final inacabada de 1980. |
FTT - Você é mesmo um predestinado pois é o unico titulo paranaense do Colorado e você estava lá.
BUIÃO -
Eu costumo dizer que eu sou o maior "pé frio" que existe (risos). Na
minha epoca do Atlético tinha aquele timaço do Cruzeiro. Fui para São
Paulo e peguei o Corinthians naquela fila. Fui para o Rio e o Flamengo
tambem estava mal. Em Curitiba só dava Coritiba. Então realmente eu
peguei os times em momentos dificeis. Mas eu fico feliz porque por onde
passei deixei uma imagem muito boa, boas recordações.
FTT - Porque o apelido de Boca Negra ?
BUIÃO -
Eu tambem nunca soube ao certo mas parece que era por causa de um
indiozinho que eles tinham como mascite que tinha uma boca negra.
FTT - O Colorado tinha muita torcida?
BUIÃO -
Na verdade o Colorado veio de uma fusão como o Atlético tambem. Nasceu
da junção do Ferroviario , Britania e um outro lá (Palestra Italia).
Então vieram os torcedores destes times . Eles diziam que a maior
torcida era do Cortiba mas a do Atlético eu acho que era mais empolgada.
Em terceiro vinha a torcida do Colorado.
Bruno e Buião |
FTT - Mesmo já tendo parado na epoca,como você recebeu a noticia da fusão do Colorado com o Pinheiros surgindo o Paraná?
BUIÃO -
Eu achei que não precisava desta fusão porque os times do Paraná eram
bem estruturados. O Pinheiros tinha um grande patrimonio, o proprio
Colorado tambem tinha. Eles falavam que tanto o Pinheiros como o
Colorado tinham torcidas pequenas mas eu acho que eram tradicionais. Eu
acho que precipitaram um pouco porque era a historia do futebol
paranaense que estavam tirando. Eram times que tinham uma bela historia.
FTT - E como fizeram na epoca com os jogadores vindos dos dois times para formar o Paraná?
BUIÃO -
Juntaram a diretoria dos dois clubes e escolheram os atletas. A
diretoria era e é dividida até hoje com diretores do Colorado e
Pinheiros e em muitas coisas eles não se acertam. Tem que ter um da ala
de lá outro da ala de cá. É meio complicado isto.
Buião contra seu ex clube - Na foto recebendo uma biblia do goleiro do Atlético, João Leite.
FTT - E o Colorado tinha um bom time?
BUIÃO -
O Colorado tinha grandes jogadores. Tinha o Levir, o Edu irmão do Zico,
Jorge Nobre, Tião Marçal, Joel Mendes era o goleiro, Valtencir aquele
lateral esquerdo que morreu inclusive em um jogo lá, era muito bom.
Tinhamso um diretor que tinha muita visão e ele sempre trazia jogadores
que jogaram em São Paulo, no Rio em Minas. Tinha o Humberto Ramos , o
Carlos Alberto Rodrigues.Era uma equipe forte.
FTT - Aponte cerca de sete dos maiores jogadores que você viu em campo.
BUIÃO - Eu
joguei com grandes jogadores e tenho medo de ser injusto com alguns.
Foi como eu disse, fui muito feliz na minha carreira jogando ao lado de
tanta gente boa. Mas cito aí Dirceu Lopes, Tostão, Zico, Falcão, Piazza,
Rivelino com quem joguei . Agora tem um jogador que eu não me canso de
falar dele é o Dirceu Lopes. Era diferenciado mesmo. Eles consideram o
Pelé o melhor do mundo porque ele era perfeito e o Dirceu Lopes era
baixinho e não cabeceava bem mas no resto fazia tudo com perfeição.
FTT - Você hoje tem uma bem sucedida empresa de onibus em Vespasiano. O investimento veio com o dinheiro conquistado no futebol?
BUIÃO - Foi.
Consegui juntar um bom dinheiro e principalmente graças a minha venda
do Atlético para o Corinthians. Na epoca foi uma das transações mais
caras do futebol brasileiro. Investi nos onibus e deu certo.
FTT
- Você acha que muitos jogadores antes dos anos 70 que passam
dificuldades hoje em dia foram porque não souberam investir direito, não
tiveram orientações ou porque recebiam mal ?
BUIÃO - Na
verdade na epoca recebiamos muito menos do que hoje em dia mas não
ganhavamos mal para os padrões. O que acontece é que muitos não tinham
orientação nenhuma e gastavam o dinheiro. Hoje os jogadores possuem
empresarios e outras pessoas que lhes auxiliam a administrar o dinheiro.
FTT - Você tem algum clube em especial no seu coração?
BUIÃO - Tenho, o Atletico. Foi lá que comecei minha carreira pçrofissional e devo tudo a ele.
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