brasil1970

sexta-feira, 11 de março de 2011

O Craque disse e eu anotei - VITAL & ARTUR


O Craque disse e eu anotei - VITAL & ARTUR (Resp. pelo Museu da Portuguesa)

No mesmo dia que entrevistei o neto do Mário Américo, pude conhecer o museu da Portuguesa. Quem toma conta dele é o Senhor Vital, que é um profundo conhecedor da história da Lusa. Conversamos muito sobre as glórias deste tradicional clube do futebol brasileiro, que também contou com a participação do Senhor Artur que é diretor do museu. Confiram também esta matéria.

FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Estou vendo a galeria dos presidentes. Fale deles.
VITAL: Já vamos destacar um, que é o fundador do maior grupo industrial do Brasil, a Votorantim, que é o Doutor Antonio Pereira Inácio. Foi campeão pela liga oficial (APEA) nos anos 30 e é avô do Antonio Ermírio de Moraes, que é bem parecido com ele. 
Uma prova que a Portuguesa não é só clube de portugueses e descendentes. Me refiro à Miguel Franchini Netto, descendente de italianos e um grande presidente da Portuguesa nos anos 40. Foi chefe da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo.
Teve também o Doutor Oswaldo Cordeiro e Doutor Mário Augusto Izaías, que ganhou o Rio-São Paulo de 1952. Luiz Portes Monteiro, grande presidente, que na sua gestão comprou o Canindé.
E esse, na minha opinião pessoal, não foi somente o maior presidente da Portuguesa, mas de todos os clubes do futebol brasileiro, o grande Oswaldo Teixeira Duarte. Um homem que amava profundamente a Portuguesa, dava todo o amor na administração deste clube e permanecia aqui todo os dias das 8 da manhã as 10 horas da noite.

 Mauricio Sabará e o sr. Vital tendo ao centro um quadro com o time da Portguesa campeã do Rio-SP 1952


FTT: O Senhor nasceu em Portugal no ano de 1940, veio pequeno para o Brasil e desde 1950 acompanha a Portuguesa, pegando justamente a melhor fase que foi dos anos 50, duas vezes campeã do Rio-São Paulo em 1952 e 1955, três conquistas da Fita Azul, um verdadeiro esquadrão. O que o Senhor tem a dizer da Portuguesa desta época?
VITAL: Tem a equipe que foi campeã do Rio-São Paulo de 1952, onde nós tínhamos quatro titulares indiscutíveis da Seleção Brasileira, com Djalma Santos, Brandãozinho, Julinho e Pinga. Haviam seis titulares na Seleção Paulista de 1953, sendo além destes quatro, o Noronha e o Muca, com mais três reservas, destacando o Renato, um grande jogador da Portuguesa.

FTT: Era aquele famoso ataque com Julinho, Renato, Nininho, Pinga e Simão. Como jogava este  time da Portuguesa?
VITAL: Este time não era somente o melhor do Brasil, mas do mundo. Quando fizemos a primeira excursão à Europa, os espanhóis estavam melindrados porque tinham sido derrotados por 6 a 1 na Copa do Mundo de 1950 e convidaram um clube brasileiro pra tirar a desforra, contratando o juiz e todas as condições pra eles ganharem. Mas contrataram errado, pois levaram o maior time do mundo que os derrotou lá por 4 a 3 e ganharam a Taça San Izidro de 1951, vencendo o Atlético de Madrid, campeão espanhol.


 A sensacional linha de ataque citada pelo sr. Vital - A partir da esq: Julinho Botelho, Renato, Nininho, Pinga e Simão.


FTT: E aquele famoso 7 a 3 contra o Corinthians? Há pouco nós conversávamos com o Senhor falando muito bem deste time do Corinthians, campeão daquele ano.
VITAL: Oswaldo Brandão era o nosso técnico. Ele criou uma onda que os jogadores não estavam bem, tinham sido todos internados na Beneficência Portuguesa e que não iam entrar  com um time mais fraco. Mas na hora H ele colocou realmente o grande time da Portuguesa e nós goleamos o Corinthians por 7 a 3, um dos resultados entre equipes mais famosos do futebol brasileiro.

FTT: Fale sobre o Rio-São Paulo de 1952. Como foi esta conquista?
VITAL: Foi brilhante porque realmente a Portuguesa era o melhor time do Brasil de 1951 a 1955, antes de acontecer a grande fase do Santos. O time campeão do Rio-São Paulo de 55 tinha ainda o Djalma Santos, Cabeção (que tinha vindo do Corinthians), Floriano (que veio do Botafogo), Nena, Brandãozinho, Zinho, Julinho (ainda estava), Aírton no lugar do Renato, o excepcional Ipojucan, Edmur, Ortega e Mário Américo. Temos uma entrevista em nossos arquivos com o Pelé no início de carreira, com o repórter da Gazeta Esportiva perguntando à ele, como grande jogador que já mostrava, quem você gostaria de ser. E ele responde: Ipojucan.

 Portuguesa campeã do Rio-SP em 1952.


FTT: Falamos bastante da Portuguesa dos anos 50 e falaremos agora de outras épocas. Na década de 30 também teve alguns esquadrões, com grandes nomes como o do goleiro Batatais, teve o Brandão que jogou muitos anos no Corinthians, além do Machado que formou a zaga com Domingos da Guia em 1938.
VITAL: O Batatais foi revelado na Portuguesa, defendendo a Seleção no Campeonato do Mundo de 1938 e Brandão que é até hoje o símbolo da garra corintiana. Da Seleção de 38 disputou Batatais, Brandão e Machado, que jogou muitos anos na Portuguesa, indo depois para o Fluminense.

FTT: O Fluminense praticamente contratou toda a Seleção Paulista.
VITAL: Era formada por Batatais, Neves e Machado.

FTT: Tem mais alguma curiosidade de algum time da Portuguesa?
VITAL: Nós temos no campo esportivo uma curiosidade. Trata-se do primeiro jogador brasileiro campeão mundial de futebol em 1934, sem o Brasil ter sido. Ele começou a carreira na Portuguesa e era filho do segundo presidente da Portuguesa. Foi Amphilóquio Marques, mais conhecido como Filó. Depois ele foi para o Paulistano, um time muito forte na época, que fez uma excursão muito famosa na Europa. Jogou também no Corinthians. Foi pra Itália, o Mussolini lhe deu a cidadania italiana pra jogar lá, porque a mãe dele era italiana e o pai era português.
Uma foto curiosa que podemos ver é do primeiro estádio da Portuguesa, em 1927, na rua Cesário Ramalho, no Cambuci. 
 Antigo estadio da Portuguesa no Cambuci.

A Portuguesa também é muito forte nos esportes amadores, como no ciclismo, hóquei sobre patins, futebol de salão e boxe.
O time Bicampeão Paulista de 1935/36 pela APEA, com o famoso goleiro Caxambu, que jogou também no São Paulo e participou de sua Direção Técnica. Foi um time marcante, tinha o Rodigies (ex-goleiro), Duílio que jogou muitos anos na Portuguesa, Fiorotti, Pascoalno que também jogou muitos anos, o grande artilheiro Carioca e o notável que diretor de futebol que se dedicou muito ao clube (Elísio Ferreira).

FTT: Falamos da Portuguesa dos anos 20, 30, um poucos da década de 40 e bastante dos anos 50, vamos falar agora da Portuguesa da década de 60, que tinha como grande craque o Príncipe Ivair.
VITAL: Pelé era o Rei e Ivair o Príncipe. Nair também foi marcante. Teve o Félix, que jogou muitos anos na Portuguesa, foi Tricampeão em 70 quando já era goleiro do Fluminense, mas que saiu da Lusa com mais de 30 anos.

FTT: Passou os anos 60, começando a década de 70, com a Portuguesa sendo campeã em 1973 com aquele grande time que tinha o Wilsinho, Badeco, Basílio e, principalmente, o Enéas.
VITAL: Tinha também o Pescuma, Zecão, Isidoro, Calegari, Xaxá, Cardoso e o grande jogador Cabinho.

 Sala de troféus da Portuguesa. À frente, taça do Rio-São Paulo de 1952.


FTT: Vamos falar agora de uma fase mais recente da Portuguesa, como o time da década de 80, Vice-Campeão Paulista de 1985, contra o São Paulo.
ARTUR: Perdemos por 2 a 1 e foi uma tristeza muito grande.

FTT: Chegou a década de 90, surgindo um dos maiores talentos da história da Portuguesa, que foi o Dener.
ARTUR: Pra nós, o Enéas foi o maior jogador, que fez 179 gols pela Portuguesa, sendo 46 no Brasileirão, um craque com muita tradição. Depois dele vem o Dener, esta jovem promessa. Era um terror das defesas, uma pessoa sensacional, que nos deixou muito cedo, que foi uma lacuna para o futebol brasileiro. Passou também pelo Grêmio e Vasco da Gama. Nos deu muita honra. Foi Campeão Juvenil da Taça São Paulo, ganhando por 5 a 0 do Grêmio no Pacaembu, em 1991. A imprensa o comparava com o Pelé, era o futuro Reizinho, chegando muito perto à ele que é uma coisa à parte.

 Mauricio Sabará com o sr. Artur defronte aos trofeus da Potuguesa.


FTT: Logo depois do Dener tem uma outra fase boa da Portuguesa, que foi o time Vice-Campeão Brasileiro de 1996.
ARTUR: Jogavam o Zé Roberto, Rodrigo Fabri, Capitão que também honrou muito e o Caio que voltou à Portuguesa como gerente de futebol. Quem também era muito importante é o técnico Candinho. Foi  um bom time que perdeu a final para o Grêmio. Perdemos a chance de sermos campeões aqui no Morumbi, quando ganhamos por 2 a 0. Por muito pouco não fomos campeões para a alegria de todo o Brasil que torceu pra Portuguesa. Infelizmente foi no dia do meu aniversario, 14 de dezembro de 1996, mas faz parte da vida.
No ano passado a Portuguesa completou 90 anos, faltando nove para o nosso centenário, com muitas dificuldades, mas também com muita garra. Hoje, para muitos, não é um time grande. Mas nós consideramos ela como grande. Eu sou brasileiro, meu pai é português, me ensinou a torcer pra Portuguesa, morávamos perto do Pacaembu, assisti muitos jogos do Corinthians, do Santos na época do Pelé, mas nunca deixei de ser torcedor da Lusa. Ia ver mais o Pelé do que o Santos jogar.  Meu filho Rogério torce pra Portuguesa com 20 anos de idade, tem um site conhecido como Alma Lusa, tem a mesma garra que tenho por torcer pra Portuguesa, o endereço do site é www.almalusa.net, tem toda a história do clube e é um garoto apaixonado que dorme com a camisa da Portuguesa. Quem quiser conhecer o museu do clube, está aberto todo o sábado das 11 as 14 horas, não importa pra qual time torça, é bem vindo, formamos uma legião de amigos e não de torcedores irados uns contra os outros, nosso negocio é paz nos estádios e a entrada é franca.

Uma homenagem ao Doutor Eduardo dos Campos Rosmaninho, criador do museu histórico, na gestão de Oswaldo Teixeira Duarte, nascido em 16/11/1928 e falecido em 24/11/2009, com recém completados 81 anos de idade.


REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz.
FOTOS: Estela Mendes Ribeiro.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Encontros eternizados - DIRCEU LOPES & RONALDO


Dirceu Lopes entrega a Ronaldo o trofeu Charles Miller da Rede Globo. Duas gerações de craques que vestiram a camisa do Cruzeiro.

Revista do Dia - ESPORTE ILUSTRADO 1951

Capa da Esporte Ilustrado de 1951 com tres idolos do Fluminense : Castilho em pé e Pindaro e Pinheiro agachados. Neste ano o tricolor foi campeão carioca.

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