brasil1970

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

O Craque disse e eu anotei - GERALDÃO

20 de janeiro


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Entrei em contato com o Geraldão na mesma semana que realizei a entrevista. Muito simples, aceitou de imediato. Quando estive na sua residência pra realizar a matéria, acabei conhecendo a sua família. São pessoas muito bacanas e o Geraldão passou a sua história de forma direta e objetiva, mostrando também o seu lado torcedor e de alguém que passou por muitas dificuldades pra chegar onde chegou. Confiram a matéria.


FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Você nasceu em Presidente Prudente.
GERALDÃO: Nasci em Álvares Machado, 10 km de distância, comecei a jogar bola por lá e fui me destacando. Vários senhores da minha cidade viram que eu estava jogando bem, passaram a tentar ajudar o meu pai e eu. Sou de família pobre,  estudava na cidade, trabalhava no sítio, era praticamente um bóia fria, dependia de muita coisa desta parte, fui orientado e levado aos clubes para fazer testes, antes de assinar contrato com o Marília de São Bento. Fiz teste no América de Rio Preto, ficando uma semana lá. Também fiz teste em Lins, ficando 21 dias. Só não fiquei nestes clubes porque estava no começo de carreira, era caipira, vinha do sítio, não tinha muita coisa e dependia de outras pessoas pra ajudar a minha família. Voltei para minha cidade e fui jogar na Prudentina, de Prudente, o Campeonato Amador e Regional, porque o time havia caído em 1967. No ano de 68 estava brigando pra voltar para a Divisão Principal. Ela caiu devido ao mal entendido da Federação, porque naquele ano era pra cair dois clubes e acabaram derrubando três, com a Prudentina caindo também. Ficamos brigando neste em 68. No começo de 69, a Prudentina percebeu que não iria conseguir voltar à Divisão Principal e acabou com o futebol, dispensando todos os jogadores que estavam lá. Joguei com o finado Lidu, que veio pra São Paulo, com o Polaco, pra jogar no Corinthians, depois houve aquela tragédia envolvendo o Eduardo. Depois apareceu pra mim uma oportunidade na Diamantina através de um ex-jogador deles, o Vicente. Ele soube que eu estava na Prudente fazendo muitos gols no Campeonato Amador, eles estavam formando um time pra disputar a Segunda Divisão e foram me buscar. Fiz teste durante três meses, mas não assinei o meu primeiro contrato, porque a Diamantina era um time pobre que estava começando o campeonato naquela época. Apareceu o São Bento de Marília, que era um time mais tarimbado, que havia disputado vários campeonatos, acabei indo pra lá e assinei o meu primeiro contrato em 1969. Foi  uma história engraçada, porque quando resolvi parar, 20 anos depois, foi em Garça, que é uma cidade vizinha de Marília. Tive algumas dificuldades no São Bento, que formou um bom time, estávamos em primeiro lugar no turno inicial e fazíamos uma boa campanha. Quando começou o segundo turno, o São Bento começou a sofrer pressões da Federação, de ex-jogadores do clube que cobravam as rendas dos jogos de Marília. A Federação pegava tudo, passamos a ficar sem comida na Concentração, não recebíamos ordenado e, com estas dificuldades, o time passou a quebrar, começando a cair, tirando o mando dos jogos de Marília. Cheguei a passar fome lá, uma fase que não gosto muito de relembrar, pois era na época que estava iniciando. Fui chamado de pinguço, sendo que naquela tempo eu nem sabia o que era cerveja, só tomava refrigerante. No time de Marília, só tinham dois que não bebiam, que era eu e um ex-jogador que mora aqui em São Paulo, que ficou desgostoso, não quis mais saber de bola, começou a trabalhar como Segurança, hoje é aposentado e de vez em quando nos encontramos. Taxaram nós como beberrões, saí de lá bem magoado, voltei pra minha cidade, sentido, pois eles deveriam averiguar o que realmente estava acontecendo e saber quem eram as pessoas. Apareceu o presidente do Epitaciana, que ia disputar a Segunda Divisão. Tinha um rapaz de lá que soube que havia voltado pra Machado e, como eles procuram um centroavante, foi me buscar. Perguntou se eu queria fazer um teste, aceitei, mas disse dependia do meu pai, porque éramos pobres, conversaram com ele, que acabou aceitando. Chegando lá, disseram que ia jogar no Segundo Quadro. Fiz três gols. Pediram pra eu ficar na reserva do time principal que iria jogar em seguida. Foi aí que a minha carreira começou. O jogo era difícil, entrei no segundo tempo e, graças à Deus, eu fui bem.



FTT: Você teve esta oportunidade na Epitaciana. Como foi a sua estréia?
GERALDÃO: Entrei, fiz um gol, fazendo o passe do outro e ganhamos o jogo por 3 a 1. Fui pra casa, disseram que iriam analisar e até terça-feira me dariam uma resposta. Mas na segunda, eles já foram atrás de mim, disseram que se interessaram  e queriam fazer um contrato. Como eu tinha passado fome em Marília, disse que aceitava somente se me arrumassem um emprego. Arrumaram-me um emprego em uma gráfica e era registrado. Na hora de ir para os treinamentos, eu era liberado e depois voltava pro serviço. Surgiram propostas da Ferroviária de Araraquara e do Paulista de Jundiaí, pois passei a jogar bem, tinham juízes que pareciam olheiros, porque perguntavam da minha situação. Até o América, que fiz teste em 68, se interessou também. O último que apareceu foi o Botafogo de Ribeirão Preto e acabei indo pra lá.

FTT: Foi justamente no Botafogo de Ribeirão Preto que realmente começou a sua carreira, sendo muitas vezes artilheiro, jogando ao lado do Doutor Sócrates. Como esta a sua passagem?
GERALDÃO: Cheguei no dia 16 de novembro de 1970. O primeiro ano (71) foi difícil, com os ordenados atrasados. Passamos a crescer depois de 72, apareceu o Maritaca e outros jogadores. Já 73, foi um ano muito bom pra nós. Infelizmente o Sócrates não estava jogando ainda. O Botafogo foi faze um amistoso em uma cidade vizinha e o Maritaca se machucou em uma jogada boba, levando uma pancada no joelho e ficou afastado durante seis meses. Foram buscar o Sócrates nas Categorias de Base. Como o time já estava em ascensão, ele entrou com facilidade.

FTT: Ele já era este talento?
GERALDÃO: Sim, ele já tinha uma inteligência fora do normal. Não era um jogador de buscar a bola lá atrás, mas inteligente do meio pra frente, pois podia deixar pra ele que fazia mesmo. Passamos a jogar juntos e nos entrosamos. Terminamos 1973 com o Botafogo sendo campeão do Paulistinha. Em 74 começamos com o mesmo time, fui artilheiro do Paulistinha e do Paulistão, com o Sócrates encostando. No Paulistinha fiz 15 e ele fez 10.



FTT: Você chegou em uma época muito difícil, tinha acabado de ter aquela decisão contra o Palmeiras em 1974, ficando 20 anos na fila sem ser campeão. A pressão era muito grande?
GERALDÃO: Naquela época não era fácil. Qualquer lugar que íamos jogar, se perdesse um jogo e, encontrar um torcedor pelo caminho, era duro. Até dentro de São Paulo, se empatasse uma partida, pra sair do vestiário depois, era complicado. Graças a Deus eu tenho a minha filosofia, podia jogar ruim e perder um monte de gols, mas corria, mostrava pra torcida que estava dando tudo de mim. Não era muito molestado, nunca fui molestado por torcedor para brigar. Teve jogo que tentei ajudar jogadores nossos que partiam pra cima dos adversários e nós tirávamos. Sempre saí tranquilo e nunca levei pancada. Eles viam o que eu fazia dentro do campo, perdia os meus gols, mas eu lutava, mostrava que queria vencer, consegui ter a torcida do meu lado pelo esforço dentro do campo. Com isso os gols foram aparecendo e o Corinthians foi crescendo.
FTT: Por sinal, nesta época do Botafogo, você chegou a jogar na Seleção Paulista.
GERALDÃO: Joguei duas vezes em 74, contra a França, no Pacaembu. Joguei convidado na Seleção do Rio. Foi um ano espetacular, deu tudo certo, o Botafogo e eu tivemos os nossos méritos. Foi excelente.

FTT: Quando você jogava com o Sócrates, ele já aplicava naquela época os toques de calcanhar?
GERALDÃO: Aplicava. Nesta parte ele sempre foi inteligente. Quando o Sócrates entrou no time, passamos a jogar os dois na frente. Um entendia o outro. Eu conhecia a jogada dele. Por isso que passamos a fazer vários gols e tivemos muito entrosamento. Quando ele despontou, foi aí que o Botafogo subiu, conseguimos fazer aquela boa campanha e o meu mérito de ir para o Corinthians.




FTT: Chega o Brasileirão de 1975 e você é contratado pelo Sport Club Corinthians Paulista pelo saudoso presidente Vicente Matheus. O que significou esta contratação pra você?
GERALDÃO: Esta contratação foi uma surpresa. Naquela época quem queria me contratar era o São Paulo. Mas eles tinham aquela filosofia de tentar investigar a vida do jogador. Nisso, o Matheus foi para o Botafogo, perguntou quanto era, que estava precisando de centroavante, deu o dinheiro e me trouxe. Eu sabia que estava pra vir ao São Paulo e de repente chega a notícia de ir para o Corinthians. Pra mim e pra minha esposa foi uma surpresa, levamos até um susto, mas foi uma surpresa agradável, eu sendo corintiano doente. Ficava ouvindo jogo do Corinthians pelo radio prendido no barbante, queria ser como o centroavante Flávio que fazia muitos gols, sendo eu centroavante, pensava, quem sabe, chegar à altura dele. Quando cheguei, foi uma surpresa, porque nem o treinador Dino Sani sabia que eu tinha sido contratado. Eles ainda estavam disputando o Campeonato Paulista, porque o Botafogo tinha saído e o Corinthians não, tentando se classificar pra outra fase. Não fui muito bem recebido por ele, mas como no futebol queremos vencer na vida, quis mostrar pra eles.



Geraldão fazendo o gol sobre o São paulo de Waldir Peres.

FTT: Falando em crescimento, isso aconteceu mesmo no Campeonato Brasileiro de 1976, sendo que houve um jogo contra o Internacional, em São Paulo, que você marcou um gol, aquela formidável invasão corintiana no Maracanã contra o Fluminense, além do vice decidido com o mesmo Inter lá no Beira-Rio. Fale sobre este Brasileirão.
GERALDÃO: Este Brasileirão foi um caminho como aconteceu no Botafogo. O Corinthians com os mesmos jogadores, passou a se entrosar. O Campeonato Paulista foi no começo do ano, não fomos bem. Mas dentro do Campeonato Brasileiro, começou a subir, porque estava mantendo os mesmos jogadores. O time subiu de produção, fizemos uma excelente campanha, houve aquela invasão no Rio. O jogo de Porto Alegre até hoje não consigo entender. O que o Corinthians jogou lá e não conseguiu ganhar. Nós matamos o Internacional. Fizeram dois gols de bola parada. O primeiro foi de falta, bateu na barreira, uma bobeira nossa, porque a bola subiu, ficou aquela indecisão, sai Tobias ou Moisés, um ficou esperando o outro, foi aí que o Dario subiu no meio de todo o mundo, cabeceou e fez o primeiro gol. No segundo, a bola bateu na barreira, no chão e o juiz deu o gol. Foi a única coisa que eles fizeram. Se você ver o tape daquele jogo, tivemos varias oportunidades e não conseguimos fazer os gols. São coisas que acontecem. Eles fizeram um excelente campeonato desde o começo, tinham um grande time e não mereciam perder na última partida. Mas foi um jogo que ficou na história. Depois começou 77, os mesmos jogadores, chegou o Palhinha pra reforçar mais, foi o ano que o Corinthians cresceu e chegamos a ser campeões.

Corinthians 1976 : Ze Maria, Tobias, Moisés, Zé Eduardo, Givanildo e Wladimir. Agachados estão: Vaguinho, Neca, Geraldão, Ruço e Romeu.
A famosa invasão corintiana ao Maracanã em 1976 no jogo contra o Fluminense. Cerca de 70 mil alvinegros.

 
FTT: 1977 começa com um novo Paulistão. Mais uma cobrança por parte da torcida e da imprensa, novas contratações com o consagrado Palhinha do Cruzeiro e do técnico Oswaldo Brandão. Vocês percebiam que 77 seria diferente ou não dava pra saber que seria o ano do Corinthians?
GERALDÃO: Quando começaram as contratações, chegando o Palhinha e o Sr. Oswaldo Brandão, o time passou a se desenvolver mais e sentíamos que tínhamos condições de chegar. Nas partidas finais, não podíamos perder pra ninguém. Íamos jogar quatro jogos, contra o Guarani, Botafogo, Portuguesa de Desportos e São Paulo. Perdemos o primeiro, no Pacaembu por 1 a 0. Houve maior confusão, o Matheus falou “o bicho” pra nós, xingou a gente, já jogou a bandeira pra cima e saiu nervoso do vestiário. Fizemos uma reunião, tivemos sorte porque tudo favoreceu a gente, porque os outros times perderam, sobrando uma oportunidade pra nós. Reunimos-nos, falamos que teríamos três partidas difíceis e que iríamos chegar lá. Começamos a treinar e levar à serio, fomos jogar em Ribeirão Preto contra o Botafogo e ganhamos aos 17 do segundo tempo, com um gol do Romeu. Tinha um jogo no Morumbi, contra a Portuguesa, que nem podíamos empatar, senão estaríamos fora. Eu fiz o gol aos 22 do segundo tempo, ganhando por 1 a 0. A última partida foi contra o São Paulo, joguei cinco vezes contra eles e fiz gol todas as vezes. Jogo difícil, mas conseguimos ganhar. Chegamos à final. Sabíamos que a Ponte era um time difícil, pois se fosse um campeonato de pontos corridos, teria sido campeã disparada. Jogamos com eles lá e aqui e perdemos os dois jogos neste campeonato. Só ganhamos nas partidas finais.


FTT: Nestes três jogos finais contra a Ponte Preta, o primeiro foi 1 a 0 com um gol do Palhinha, perdendo o segundo por 2 a 1 com o Vaguinho fazendo um gol, sendo que os da Ponte foram de Dicá e Rui Rei. E na final, aquele famoso 13 de outubro, com o gol do Basílio. As três partidas foram no Morumbi. E, curiosamente, você não fez nenhum gol nestes jogos, mas foi o artilheiro do Corinthians neste campeonato.
GERALDÃO: É mesmo. Só não fui artilheiro do campeonato porque, meio dele, tive problema com renovação de contrato e fiquei algumas partidas de fora. Por isso que não consegui ser artilheiro, você está fazendo gols, fica fora e perde o embalo. Foi o que aconteceu comigo. Quando voltei, os outros jogadores já estavam lá em cima. O artilheiro foi o Serginho, com o Toninho (Palmeiras) em segundo lugar. Mas fui o artilheiro do Corinthians, sendo que muitos jogos que ganhamos por 1 a 0, eu fiz o gol. O Corinthians sempre foi um time visado e todos os times querem mostrar futebol. Jogam contra o Palmeiras e São Paulo, é de um jeito. Jogar contra o Corinthians é diferente, todos querem ter o prazer de ganhar, porque dará nome pra eles.
FTT: Depois de 77, aquela festa formidável com o Corinthians campeão, você foi emprestado para o Juventus, uma passagem até que um pouco rápida.
GERALDÃO: 1978 foi a chegada do Sócrates no Corinthians. Houve uma desavença entre o presidente e eu, pois, naquela época, não achava que o ordenado que ganhava, eu merecia. Quando cheguei ao Corinthians, ganhava uma mixaria, até menos que os caras que ficavam no banco. Era difícil chegar à um acordo com o Vicente Matheus, que era muito turrão. Acabei não ficando dentro do Corinthians. O Palmeiras se interessou para eu fosse emprestado, mas o Matheus não quis. Apareceu também a Portuguesa de Desportos, mas ele disse que não me cederia pra time grande. Então eu disse pra ele que me emprestasse pra time pequeno. Apareceu o Juventus, que estava desesperado, em penúltimo lugar, sendo que naquela época caíam quatro times, veio conversar comigo e acabei aceitando um ordenado maior do que ganhava no Corinthians e fizemos uma boa campanha em 78.

O timaço do Juventus - Cedenir, Bracalli, Arnaldo, Tião, Deodoro e Paulinho
Agachados: Ataliba, Luciano, Geraldão, Cesar e Wilsinho.


FTT: Depois da passagem pelo Juventus, um time que jogava por música, com Ataliba e muitos outros jogadores de destaque, retorna em 1979 para o Corinthians, sendo novamente Campeão Paulista e mais uma vez jogando com o grande companheiro de Botafogo de Ribeirão Preto, o Sócrates. Fale deste título.
GERALDÃO: Era um time bem melhor que o de 77, com outras contratações. Já tinha o Amaral e depois veio o Caçapava. Com a vinda do Sócrates, foi outra coisa, o Corinthians passou a jogar diferente, um futebol mais objetivo e com isso conseguiu chegar à final, sendo campeão. Um ano muito bom, o meu retorno também, fiz muitos gols, só não fazendo nas finais porque estava no banco. Me tornei campeão novamente e, como corintiano, fiquei gratificado.

FTT: Em 1981 mais uma passagem pelo Juventus. Neste mesmo ano, você teve uma passagem muito marcante pelo Sul do Brasil, mais precisamente no Rio Grande do Sul, sentindo na pele o que era jogar um Grenal, pois, afinal de contas, jogou naquele time do Grêmio que acabara de ser Campeão Brasileiro e em 82 foi para o Internacional. Como foram estas duas passagens?
GERALDÃO: Exatamente, eu estava jogando no Juventus. No Grêmio estávamos bem no Octogonal lá do Sul, o Baltazar não estava bem, o que acontece, pois todos nós temos as fases boas e ruins, não conseguindo fazer os gols e souberam que eu estava bem no Juventus, o Leão sabia da minha mobilidade, me indicou para os diretores, vieram pra São Paulo, conversaram  e fui pra Porto Alegre por empréstimo de três meses. Fiz uma excelente campanha, porque quando cheguei, o Grêmio estava mal, conseguimos chegar à última partida disputando com o Internacional pra ser campeão. Só não fomos campeões, massacramos o Inter, deram sorte, fizeram um gol no nosso campo, conseguimos empatar somente no final e eles foram campeões. Fiz seis gols em oito partida e o Grêmio começou a ganhar.



FTT: E logo em seguida você foi para o Inter.
GERALDÃO: Foi uma guerra terrível a minha renovação de contrato com o Grêmio, mudou a diretoria e não quiseram dar o braço a torcer. Tinha um repórter que fez uma campanha pra eu continuar no Grêmio, mas não teve jeito. Acabei indo para o Internacional, dando continuidade no meu trabalho, fazendo muitos gols, fui o artilheiro do campeonato e Campeão Gaúcho de 1982. Foi um ano muito bom. No Grenal, até hoje, eles comentam em Porto Alegre que sou o jogador que mais fez gols, porque todos que participei , eu fiz e saí vitorioso.

Geraldão atualmente e a recrodação dos seus bons tempos de Corinthians.


FTT: Tem um jogo no Beira-Rio que vocês ganharam por 3 a 1 do Grêmio, sendo que os gols foram todos seus.
GERALDÃO: Isso. E teve depois no Olímpico que acabei fazendo dois e fomos campeões.

FTT: Vai gostar assim de Grenal!
GERALDÃO: Eu, graças à Deus, por todos os times que passei, sempre fiz gols. Quando estava no Botafogo de , existia o Come-Fogo, também fazia e o Botafogo ganhava todos os jogos. Nesta parte de Grenal e em outros times, sempre tive sorte. Era um clássico com muita pressão. Fui muito feliz em Porto Alegre. Consegui ser Bicampeão em 1982/83 pelo Internacional. Só não ganhei em 84 (o Inter foi Tri) porque não continuei lá. Pedi pra ir embora.


Inter 1983 - Luiz Carlos Winck, Benitez, Mauro Pastor, Ademir,Mauro Galvão e André Luiz.
Agachados: Cleo, Dunga, Geraldão, Ruben Paz e Silvinho


FTT: Quais foram os outros clubes que você jogou depois desta sua passagem pelo Inter?
GERALDÃO: Passei pelo Colorado, do Paraná. Depois fui para o Mixto, de Cuiabá. Voltei para o Estado de São Paulo, pra jogar na Francana. Joguei no Corinthians, de Presidente Prudente. Fui pra Itararé. Depois passei por Valinhos. Em 1989 fui para o Garça, meu último time, onde encerrei a carreira.

FTT: Bom, Geraldão, estamos praticamente encerrando esta entrevista para o Blog Futebol De Todos Os Tempos, por sinal, a primeira deste ano. O que você tem a dizer do Corinthians para 2011? Você acha que dá pra ganhar esta Libertadores?
GERALDÃO: Eu acredito que sim. O Corinthians tem excelentes jogadores, deve contratar mais alguns, espero que consiga conquistar a Libertadores, pois é um título que ainda falta e todos corintianos estão esperando. Tenho certeza que os jogadores que estão aí se empenharão ao máximo e conseguirão esta façanha.

FTT: Na sua época, a pressão era pra ser Campeão Paulista e Brasileiro. Hoje é pra ganhar a Libertadores.
GERALDÃO: Exatamente, hoje é diferente. Ser Campeão Paulista é uma façanha que hoje não tem muita graça, então todo o mundo  está esperando a Libertadores e acredito que eles vão batalhar pra conseguir.


REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz.

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