20 de janeiro
oferecimento: www.futebolretro.net
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Entrei
em contato com o Geraldão na mesma semana que realizei a entrevista.
Muito simples, aceitou de imediato. Quando estive na sua residência pra
realizar a matéria, acabei conhecendo a sua família. São pessoas muito
bacanas e o Geraldão passou a sua história de forma direta e objetiva,
mostrando também o seu lado torcedor e de alguém que passou por muitas
dificuldades pra chegar onde chegou. Confiram a matéria.
FUTEBOL DE TODOS OS TEMPOS: Você nasceu em Presidente Prudente.
GERALDÃO:
Nasci em Álvares Machado, 10 km de distância, comecei a jogar bola por
lá e fui me destacando. Vários senhores da minha cidade viram que eu
estava jogando bem, passaram a tentar ajudar o meu pai e eu. Sou de
família pobre, estudava na cidade, trabalhava no sítio, era
praticamente um bóia fria, dependia de muita coisa desta parte, fui
orientado e levado aos clubes para fazer testes, antes de assinar
contrato com o Marília de São Bento. Fiz teste no América de Rio Preto,
ficando uma semana lá. Também fiz teste em Lins, ficando 21 dias. Só não
fiquei nestes clubes porque estava no começo de carreira, era caipira,
vinha do sítio, não tinha muita coisa e dependia de outras pessoas pra
ajudar a minha família. Voltei para minha cidade e fui jogar na
Prudentina, de Prudente, o Campeonato Amador e Regional, porque o time
havia caído em 1967. No ano de 68 estava brigando pra voltar para a
Divisão Principal. Ela caiu devido ao mal entendido da Federação, porque
naquele ano era pra cair dois clubes e acabaram derrubando três, com a
Prudentina caindo também. Ficamos brigando neste em 68. No começo de 69,
a Prudentina percebeu que não iria conseguir voltar à Divisão Principal
e acabou com o futebol, dispensando todos os jogadores que estavam lá.
Joguei com o finado Lidu, que veio pra São Paulo, com o Polaco, pra
jogar no Corinthians, depois houve aquela tragédia envolvendo o Eduardo.
Depois apareceu pra mim uma oportunidade na Diamantina através de um
ex-jogador deles, o Vicente. Ele soube que eu estava na Prudente fazendo
muitos gols no Campeonato Amador, eles estavam formando um time pra
disputar a Segunda Divisão e foram me buscar. Fiz teste durante três
meses, mas não assinei o meu primeiro contrato, porque a Diamantina era
um time pobre que estava começando o campeonato naquela época. Apareceu o
São Bento de Marília, que era um time mais tarimbado, que havia
disputado vários campeonatos, acabei indo pra lá e assinei o meu
primeiro contrato em 1969. Foi
uma história engraçada, porque quando resolvi parar, 20 anos depois,
foi em Garça, que é uma cidade vizinha de Marília. Tive algumas
dificuldades no São Bento, que formou um bom time, estávamos em primeiro
lugar no turno inicial e fazíamos uma boa campanha. Quando começou o
segundo turno, o São Bento começou a sofrer pressões da Federação, de
ex-jogadores do clube que cobravam as rendas dos jogos de Marília. A
Federação pegava tudo, passamos a ficar sem comida na Concentração, não
recebíamos ordenado e, com estas dificuldades, o time passou a quebrar,
começando a cair, tirando o mando dos jogos de Marília. Cheguei a passar
fome lá, uma fase que não gosto muito de relembrar, pois era na época
que estava iniciando. Fui chamado de pinguço, sendo que naquela tempo eu
nem sabia o que era cerveja, só tomava refrigerante. No time de
Marília, só tinham dois que não bebiam, que era eu e um ex-jogador que
mora aqui em São Paulo, que ficou desgostoso, não quis mais saber de
bola, começou a trabalhar como Segurança, hoje é aposentado e de vez em
quando nos encontramos. Taxaram nós como beberrões, saí de lá bem
magoado, voltei pra minha cidade, sentido, pois eles deveriam averiguar o
que realmente estava acontecendo e saber quem eram as pessoas. Apareceu
o presidente do Epitaciana, que ia disputar a Segunda Divisão. Tinha um
rapaz de lá que soube que havia voltado pra Machado e, como eles
procuram um centroavante, foi me buscar. Perguntou se eu queria fazer um
teste, aceitei, mas disse dependia do meu pai, porque éramos pobres,
conversaram com ele, que acabou aceitando. Chegando lá, disseram que ia
jogar no Segundo Quadro. Fiz três gols. Pediram pra eu ficar na reserva
do time principal que iria jogar em seguida. Foi aí que a minha carreira
começou. O jogo era difícil, entrei no segundo tempo e, graças à Deus,
eu fui bem.
FTT: Você teve esta oportunidade na Epitaciana. Como foi a sua estréia?
GERALDÃO:
Entrei, fiz um gol, fazendo o passe do outro e ganhamos o jogo por 3 a
1. Fui pra casa, disseram que iriam analisar e até terça-feira me dariam
uma resposta. Mas na segunda, eles já foram atrás de mim, disseram que
se interessaram e queriam fazer um contrato. Como eu tinha passado fome
em Marília, disse que aceitava somente se me arrumassem um emprego.
Arrumaram-me um emprego em uma gráfica e era registrado. Na hora de ir
para os treinamentos, eu era liberado e depois voltava pro serviço.
Surgiram propostas da Ferroviária de Araraquara e do Paulista de
Jundiaí, pois passei a jogar bem, tinham juízes que pareciam olheiros,
porque perguntavam da minha situação. Até o América, que fiz teste em
68, se interessou também. O último que apareceu foi o Botafogo de
Ribeirão Preto e acabei indo pra lá.
FTT: Foi
justamente no Botafogo de Ribeirão Preto que realmente começou a sua
carreira, sendo muitas vezes artilheiro, jogando ao lado do Doutor
Sócrates. Como esta a sua passagem?
GERALDÃO:
Cheguei no dia 16 de novembro de 1970. O primeiro ano (71) foi difícil,
com os ordenados atrasados. Passamos a crescer depois de 72, apareceu o
Maritaca e outros jogadores. Já 73, foi um ano muito bom pra nós.
Infelizmente o Sócrates não estava jogando ainda. O Botafogo foi faze um
amistoso em uma cidade vizinha e o Maritaca se machucou em uma jogada
boba, levando uma pancada no joelho e ficou afastado durante seis meses.
Foram buscar o Sócrates nas Categorias de Base. Como o time já estava
em ascensão, ele entrou com facilidade.
FTT: Ele já era este talento?
GERALDÃO:
Sim, ele já tinha uma inteligência fora do normal. Não era um jogador
de buscar a bola lá atrás, mas inteligente do meio pra frente, pois
podia deixar pra ele que fazia mesmo. Passamos a jogar juntos e nos
entrosamos. Terminamos 1973 com o Botafogo sendo campeão do Paulistinha.
Em 74 começamos com o mesmo time, fui artilheiro do Paulistinha e do
Paulistão, com o Sócrates encostando. No Paulistinha fiz 15 e ele fez
10.
FTT: Você
chegou em uma época muito difícil, tinha acabado de ter aquela decisão
contra o Palmeiras em 1974, ficando 20 anos na fila sem ser campeão. A
pressão era muito grande?
GERALDÃO:
Naquela época não era fácil. Qualquer lugar que íamos jogar, se
perdesse um jogo e, encontrar um torcedor pelo caminho, era duro. Até
dentro de São Paulo, se empatasse uma partida, pra sair do vestiário
depois, era complicado. Graças a Deus eu tenho a minha filosofia, podia
jogar ruim e perder um monte de gols, mas corria, mostrava pra torcida
que estava dando tudo de mim. Não era muito molestado, nunca fui
molestado por torcedor para brigar. Teve jogo que tentei ajudar
jogadores nossos que partiam pra cima dos adversários e nós tirávamos.
Sempre saí tranquilo e nunca levei pancada. Eles viam o que eu fazia
dentro do campo, perdia os meus gols, mas eu lutava, mostrava que queria
vencer, consegui ter a torcida do meu lado pelo esforço dentro do
campo. Com isso os gols foram aparecendo e o Corinthians foi crescendo.
FTT: Por sinal, nesta época do Botafogo, você chegou a jogar na Seleção Paulista.
GERALDÃO:
Joguei duas vezes em 74, contra a França, no Pacaembu. Joguei convidado
na Seleção do Rio. Foi um ano espetacular, deu tudo certo, o Botafogo e
eu tivemos os nossos méritos. Foi excelente.
FTT: Quando você jogava com o Sócrates, ele já aplicava naquela época os toques de calcanhar?
GERALDÃO:
Aplicava. Nesta parte ele sempre foi inteligente. Quando o Sócrates
entrou no time, passamos a jogar os dois na frente. Um entendia o outro.
Eu conhecia a jogada dele. Por isso que passamos a fazer vários gols e
tivemos muito entrosamento. Quando ele despontou, foi aí que o Botafogo
subiu, conseguimos fazer aquela boa campanha e o meu mérito de ir para o
Corinthians.
FTT: Chega
o Brasileirão de 1975 e você é contratado pelo Sport Club Corinthians
Paulista pelo saudoso presidente Vicente Matheus. O que significou esta
contratação pra você?
GERALDÃO:
Esta contratação foi uma surpresa. Naquela época quem queria me
contratar era o São Paulo. Mas eles tinham aquela filosofia de tentar
investigar a vida do jogador. Nisso, o Matheus foi para o Botafogo,
perguntou quanto era, que estava precisando de centroavante, deu o
dinheiro e me trouxe. Eu sabia que estava pra vir ao São Paulo e de
repente chega a notícia de ir para o Corinthians. Pra mim e pra minha
esposa foi uma surpresa, levamos até um susto, mas foi uma surpresa
agradável, eu sendo corintiano doente. Ficava ouvindo jogo do
Corinthians pelo radio prendido no barbante, queria ser como o
centroavante Flávio que fazia muitos gols, sendo eu centroavante,
pensava, quem sabe, chegar à altura dele. Quando cheguei, foi uma
surpresa, porque nem o treinador Dino Sani sabia que eu tinha sido
contratado. Eles ainda estavam disputando o Campeonato Paulista, porque o
Botafogo tinha saído e o Corinthians não, tentando se classificar pra
outra fase. Não fui muito bem recebido por ele, mas como no futebol
queremos vencer na vida, quis mostrar pra eles.
Corinthians 1976 : Ze Maria, Tobias, Moisés, Zé Eduardo, Givanildo e Wladimir. Agachados estão: Vaguinho, Neca, Geraldão, Ruço e Romeu.
Inter 1983 - Luiz Carlos Winck, Benitez, Mauro Pastor, Ademir,Mauro Galvão e André Luiz.
Agachados: Cleo, Dunga, Geraldão, Ruben Paz e Silvinho
Geraldão fazendo o gol sobre o São paulo de Waldir Peres.
FTT: Falando
em crescimento, isso aconteceu mesmo no Campeonato Brasileiro de 1976,
sendo que houve um jogo contra o Internacional, em São Paulo, que você
marcou um gol, aquela formidável invasão corintiana no Maracanã contra o
Fluminense, além do vice decidido com o mesmo Inter lá no Beira-Rio.
Fale sobre este Brasileirão.
GERALDÃO:
Este Brasileirão foi um caminho como aconteceu no Botafogo. O
Corinthians com os mesmos jogadores, passou a se entrosar. O Campeonato
Paulista foi no começo do ano, não fomos bem. Mas dentro do Campeonato
Brasileiro, começou a subir, porque estava mantendo os mesmos jogadores.
O time subiu de produção, fizemos uma excelente campanha, houve aquela
invasão no Rio. O jogo de Porto Alegre até hoje não consigo entender. O
que o Corinthians jogou lá e não conseguiu ganhar. Nós matamos o
Internacional. Fizeram dois gols de bola parada. O primeiro foi de
falta, bateu na barreira, uma bobeira nossa, porque a bola subiu, ficou
aquela indecisão, sai Tobias ou Moisés, um ficou esperando o outro, foi
aí que o Dario subiu no meio de todo o mundo, cabeceou e fez o primeiro
gol. No segundo, a bola bateu na barreira, no chão e o juiz deu o gol.
Foi a única coisa que eles fizeram. Se você ver o tape daquele jogo,
tivemos varias oportunidades e não conseguimos fazer os gols. São coisas
que acontecem. Eles fizeram um excelente campeonato desde o começo,
tinham um grande time e não mereciam perder na última partida. Mas foi
um jogo que ficou na história. Depois começou 77, os mesmos jogadores,
chegou o Palhinha pra reforçar mais, foi o ano que o Corinthians cresceu
e chegamos a ser campeões.
Corinthians 1976 : Ze Maria, Tobias, Moisés, Zé Eduardo, Givanildo e Wladimir. Agachados estão: Vaguinho, Neca, Geraldão, Ruço e Romeu.
A famosa invasão corintiana ao Maracanã em 1976 no jogo contra o Fluminense. Cerca de 70 mil alvinegros.
FTT: 1977 começa com um novo Paulistão. Mais uma cobrança por parte da torcida e da imprensa, novas
contratações com o consagrado Palhinha do Cruzeiro e do técnico Oswaldo
Brandão. Vocês percebiam que 77 seria diferente ou não dava pra saber
que seria o ano do Corinthians?
GERALDÃO: Quando
começaram as contratações, chegando o Palhinha e o Sr. Oswaldo Brandão,
o time passou a se desenvolver mais e sentíamos que tínhamos condições
de chegar. Nas partidas finais, não podíamos perder pra ninguém. Íamos
jogar quatro jogos, contra o Guarani, Botafogo, Portuguesa de Desportos e
São Paulo. Perdemos o primeiro, no Pacaembu por 1 a 0. Houve maior
confusão, o Matheus falou “o bicho” pra nós, xingou a gente, já jogou a
bandeira pra cima e saiu nervoso do vestiário. Fizemos uma reunião,
tivemos sorte porque tudo favoreceu a gente, porque os outros times
perderam, sobrando uma oportunidade pra nós. Reunimos-nos, falamos que
teríamos três partidas difíceis e que iríamos chegar lá. Começamos a
treinar e levar à serio, fomos jogar em Ribeirão Preto contra o Botafogo
e ganhamos aos 17 do segundo tempo, com um gol do Romeu. Tinha um jogo
no Morumbi, contra a Portuguesa, que nem podíamos empatar, senão
estaríamos fora. Eu fiz o gol aos 22 do segundo tempo, ganhando por 1 a
0. A última partida foi contra o São Paulo, joguei cinco vezes contra
eles e fiz gol todas as vezes. Jogo difícil, mas conseguimos ganhar.
Chegamos à final. Sabíamos que a Ponte era um time difícil, pois se
fosse um campeonato de pontos corridos, teria sido campeã disparada.
Jogamos com eles lá e aqui e perdemos os dois jogos neste campeonato. Só
ganhamos nas partidas finais.
FTT: Nestes
três jogos finais contra a Ponte Preta, o primeiro foi 1 a 0 com um gol
do Palhinha, perdendo o segundo por 2 a 1 com o Vaguinho fazendo um
gol, sendo que os da Ponte foram de Dicá e Rui Rei. E na final, aquele
famoso 13 de outubro, com o gol do Basílio. As três partidas foram no
Morumbi. E, curiosamente, você não fez nenhum gol nestes jogos, mas foi o
artilheiro do Corinthians neste campeonato.
GERALDÃO:
É mesmo. Só não fui artilheiro do campeonato porque, meio dele, tive
problema com renovação de contrato e fiquei algumas partidas de fora.
Por isso que não consegui ser artilheiro, você está fazendo gols, fica
fora e perde o embalo. Foi o que aconteceu comigo. Quando voltei, os
outros jogadores já estavam lá em cima. O artilheiro foi o Serginho, com
o Toninho (Palmeiras) em segundo lugar. Mas fui o artilheiro do
Corinthians, sendo que muitos jogos que ganhamos por 1 a 0, eu fiz o
gol. O Corinthians sempre foi um time visado e todos os times querem
mostrar futebol. Jogam contra o Palmeiras e São Paulo, é de um jeito.
Jogar contra o Corinthians é diferente, todos querem ter o prazer de
ganhar, porque dará nome pra eles.
FTT: Depois
de 77, aquela festa formidável com o Corinthians campeão, você foi
emprestado para o Juventus, uma passagem até que um pouco rápida.
GERALDÃO:
1978 foi a chegada do Sócrates no Corinthians. Houve uma desavença
entre o presidente e eu, pois, naquela época, não achava que o ordenado
que ganhava, eu merecia. Quando cheguei ao Corinthians, ganhava uma
mixaria, até menos que os caras que ficavam no banco. Era difícil chegar
à um acordo com o Vicente Matheus, que era muito turrão. Acabei não
ficando dentro do Corinthians. O Palmeiras se interessou para eu fosse
emprestado, mas o Matheus não quis. Apareceu também a Portuguesa de
Desportos, mas ele disse que não me cederia pra time grande. Então eu
disse pra ele que me emprestasse pra time pequeno. Apareceu o Juventus,
que estava desesperado, em penúltimo lugar, sendo que naquela época
caíam quatro times, veio conversar comigo e acabei aceitando um ordenado
maior do que ganhava no Corinthians e fizemos uma boa campanha em 78.
O timaço do Juventus - Cedenir, Bracalli, Arnaldo, Tião, Deodoro e Paulinho
Agachados: Ataliba, Luciano, Geraldão, Cesar e Wilsinho.
FTT:
Depois da passagem pelo Juventus, um time que jogava por música, com
Ataliba e muitos outros jogadores de destaque, retorna em 1979 para o
Corinthians, sendo novamente Campeão Paulista e mais uma vez jogando com
o grande companheiro de Botafogo de Ribeirão Preto, o Sócrates. Fale
deste título.
GERALDÃO:
Era um time bem melhor que o de 77, com outras contratações. Já tinha o
Amaral e depois veio o Caçapava. Com a vinda do Sócrates, foi outra
coisa, o Corinthians passou a jogar diferente, um futebol mais objetivo e
com isso conseguiu chegar à final, sendo campeão. Um ano muito bom, o
meu retorno também, fiz muitos gols, só não fazendo nas finais porque
estava no banco. Me tornei campeão novamente e, como corintiano, fiquei
gratificado.
FTT: Em
1981 mais uma passagem pelo Juventus. Neste mesmo ano, você teve uma
passagem muito marcante pelo Sul do Brasil, mais precisamente no Rio
Grande do Sul, sentindo na pele o que era jogar um Grenal, pois, afinal
de contas, jogou naquele time do Grêmio que acabara de ser Campeão
Brasileiro e em 82 foi para o Internacional. Como foram estas duas
passagens?
GERALDÃO:
Exatamente, eu estava jogando no Juventus. No Grêmio estávamos bem no
Octogonal lá do Sul, o Baltazar não estava bem, o que acontece, pois
todos nós temos as fases boas e ruins, não conseguindo fazer os gols e
souberam que eu estava bem no Juventus, o Leão sabia da minha
mobilidade, me indicou para os diretores, vieram pra São Paulo,
conversaram e fui pra Porto Alegre por empréstimo de três meses. Fiz
uma excelente campanha, porque quando cheguei, o Grêmio estava mal,
conseguimos chegar à última partida disputando com o Internacional pra
ser campeão. Só não fomos campeões, massacramos o Inter, deram sorte,
fizeram um gol no nosso campo, conseguimos empatar somente no final e
eles foram campeões. Fiz seis gols em oito partida e o Grêmio começou a
ganhar.
FTT: E logo em seguida você foi para o Inter.
GERALDÃO: Foi
uma guerra terrível a minha renovação de contrato com o Grêmio, mudou a
diretoria e não quiseram dar o braço a torcer. Tinha um repórter que
fez uma campanha pra eu continuar no Grêmio, mas não teve jeito. Acabei
indo para o Internacional, dando continuidade no meu trabalho, fazendo
muitos gols, fui o artilheiro do campeonato e Campeão Gaúcho de 1982.
Foi um ano muito bom. No Grenal, até hoje, eles comentam em Porto Alegre
que sou o jogador que mais fez gols, porque todos que participei , eu
fiz e saí vitorioso.
Geraldão atualmente e a recrodação dos seus bons tempos de Corinthians.
FTT: Tem um jogo no Beira-Rio que vocês ganharam por 3 a 1 do Grêmio, sendo que os gols foram todos seus.
GERALDÃO: Isso. E teve depois no Olímpico que acabei fazendo dois e fomos campeões.
FTT: Vai gostar assim de Grenal!
GERALDÃO:
Eu, graças à Deus, por todos os times que passei, sempre fiz gols.
Quando estava no Botafogo de , existia o Come-Fogo, também fazia e o
Botafogo ganhava todos os jogos. Nesta parte de Grenal e em outros
times, sempre tive sorte. Era um clássico com muita pressão. Fui muito
feliz em Porto Alegre. Consegui ser Bicampeão em 1982/83 pelo
Internacional. Só não ganhei em 84 (o Inter foi Tri) porque não
continuei lá. Pedi pra ir embora.
Inter 1983 - Luiz Carlos Winck, Benitez, Mauro Pastor, Ademir,Mauro Galvão e André Luiz.
Agachados: Cleo, Dunga, Geraldão, Ruben Paz e Silvinho
FTT: Quais foram os outros clubes que você jogou depois desta sua passagem pelo Inter?
GERALDÃO:
Passei pelo Colorado, do Paraná. Depois fui para o Mixto, de Cuiabá.
Voltei para o Estado de São Paulo, pra jogar na Francana. Joguei no
Corinthians, de Presidente Prudente. Fui pra Itararé. Depois passei por
Valinhos. Em 1989 fui para o Garça, meu último time, onde encerrei a
carreira.
FTT: Bom,
Geraldão, estamos praticamente encerrando esta entrevista para o Blog
Futebol De Todos Os Tempos, por sinal, a primeira deste ano. O que você
tem a dizer do Corinthians para 2011? Você acha que dá pra ganhar esta
Libertadores?
GERALDÃO:
Eu acredito que sim. O Corinthians tem excelentes jogadores, deve
contratar mais alguns, espero que consiga conquistar a Libertadores,
pois é um título que ainda falta e todos corintianos estão esperando.
Tenho certeza que os jogadores que estão aí se empenharão ao máximo e
conseguirão esta façanha.
FTT: Na sua época, a pressão era pra ser Campeão Paulista e Brasileiro. Hoje é pra ganhar a Libertadores.
GERALDÃO:
Exatamente, hoje é diferente. Ser Campeão Paulista é uma façanha que
hoje não tem muita graça, então todo o mundo está esperando a
Libertadores e acredito que eles vão batalhar pra conseguir.
REPORTAGEM: Maurício Sabará Markiewicz.
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