Dribles curtos, agilidade e irreverência. Essas eram as principais características do ponta-esquerda Joãozinho, um dos maiores ídolos da torcida do Cruzeiro. Nascido em Belo Horizonte, em 15 de fevereiro de 1954, João Soares de Almeida Filho começou a se aventurar com a bola nos pés nas categorias infantis do Inconfidência, pequeno clube da capital mineira.
Antes de se firmar dentro das quatro linhas, o ponta ainda tentou seguir a carreira de mecânico, mas foi em vão. Seu destino seria mesmo brilhar em estádios do Brasil e do mundo, principalmente o Mineirão. Desde criança, nunca escondeu o coração celeste. Seu pai, por sinal, foi motorista de dirigentes da Raposa nas décadas de 1960 e 1970.
Desta forma, sua transferência do Inconfidência para o Cruzeiro era questão de tempo. Ainda criança, costumava furar a segurança do Mineirão para entrar de graça nos jogos do clube, pois não tinha dinheiro para comprar o ingresso e ver os ídolos Dirceu Lopes, Tostão e Wilson Piazza.
Em 1970, participou pela primeira vez de uma peneira na Toca da Raposa, mas foi reprovado. No entanto, no mesmo ano, buscou novamente uma oportunidade entre os juvenis do clube celeste e agradou o técnico João Crispim. Começava dessa forma uma das trajetórias mais marcantes de um atleta com a camisa do Cruzeiro. Naquela época, Joãozinho ainda atuava como meio-campista, sem saber que se consagraria na ponta-esquerda.
foi convocado em 1972 para ingressar na seleção brasileira juvenil, que disputaria o Torneio de Cannes (França). Joãozinho encantou os franceses e foi fundamental na conquista do título para a equipe canarinho.
Em sua volta a Belo Horizonte, ganhou a oportunidade que tanto esperava. O então técnico principal da Raposa, Ilton Chaves, o integrou ao elenco profissional do time. Chegou a vez de brilhar ao lado de seus ídolos Piazza, Tostão e Dirceu Lopes. No entanto, em um time com tantos craques no meio-campo, ficou impossível Joãozinho continuar atuando em sua posição de origem.
Foi neste momento que surgiu a chance de jogar na ponta-esquerda. Não demorou para conquistar a posição de titular e a admiração da torcida celeste. Os dribles curtos e a irreverência com a bola nos pés logo levaram os fãs a chamá-lo de "Moleque da Toca". Sempre que chegava frente a frente com o lateral adversário na linha de fundo, as arquibancadas se alvoroçavam aguardando por mais uma finta desconcertante do jogador.
Mas sua consagração no futebol aconteceu mesmo na Copa Libertadores da América de 1976. Logo na estréia da competição, a equipe mineira mostrou seu potencial ao conquistar uma vitória histórica por 5 a 4 sobre o Internacional (RS), em Belo Horizonte.
Joãozinho marcou dois gols na vitória que serviu como arrancada para a Raposa rumo ao seu primeiro título continental. O Cruzeiro esbanjou qualidade durante toda a competição e chegou com méritos à final do torneio, contra o poderoso River Plate, da Argentina.
Os brasileiros venceram a primeira partida da decisão por 4 a 1, no Mineirão, e chegaram a Buenos Aires com a vantagem de jogar pelo empate. No entanto, o River venceu por 2 a 1 e, como não havia critério de desempate no saldo de gols, levou a decisão para a terceira partida, disputada em campo neutro.
O Estádio Nacional, de Santiago do Chile, foi o escolhido para sediar o confronto. A partida foi muito disputada e chegou aos seus minutos finais com o placar anotando o empate por 2 a 2. Entretanto, nos acréscimos da segunda etapa, o meia Palhinha foi derrubado na entrada da área argentina.
Naquela época, o aproveitamento do lateral-direito Nelinho em jogadas de bola parada era impressionante. Desta forma, o jogador foi a escolha natural da comissão técnica para efetuar a cobrança.
Porém, logo depois que o goleiro Landaburu arrumou a barreira, Joãozinho se adiantou a Nelinho e cobrou a falta para balançar as redes. Estava decretada a vitória do Cruzeiro. Jogadores de ambos os times ainda tentavam entender a atitude do craque enquanto ele corria em direção às arquibancadas
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